quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Superestrela


O primeiro grande musical de fama internacional que assisti foi Jesus Christ Superstar em Londres em 1979. Fiquei maravilhado com as músicas, as coreografias, a perspectiva transgressora da obra. Tenho os DVDs com o filme de 1973 estrelado por Ted Neeley e também com a nova montagem da peça em 2000 que traz o ótimo Jérôme Pradon como Judas. Esta filmagem da peça lançada em DVD com a versão de 2000 tem qualidade excepcional e a remontagem trouxe um novo alento com a reconstrução de todo o vestuário e cenários (o vídeo abaixo é desta versão).

Naturalmente eu fiquei bastante empolgado de saber que a peça está sendo remontada para estreia em São Paulo no próximo dia 14. E puto da vida de ver mais uma vez os fanáticos religiosos de plantão se revoltando contra uma peça teatral que é montada ao redor do mundo há mais de quarenta anos. Se eles não gostam ou não concordam com a proposta, não seria simplesmente o caso de não ir ver?

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Folha saiu do armário

A Folha de S. Paulo, jornal fundado há 93 anos e atualmente a publicação de maior circulação no país, publicou ontem uma compilação sobre o ponto de vista defendido pelo jornal em assuntos polêmicos e delicados como educação, poder, drogas, aborto, união homossexual, cotas, internet, e outros. Vale a pena dar uma conferida.

Em relação às uniões homossexuais: "Casamento civil entre pessoas do mesmo sexo deve ser colocado em pé de igualdade com relações heterossexuais. Cidadãos não podem sofrer discriminação de nenhuma natureza em decorrência de suas escolhas privadas relativas à orientação sexual".

Amor incondicional

Eu ontem acordei cansado, resultado de ter trabalhado intensamente nos dias anteriores para cumprir prazos muito apertados. Quando acordo assim eu demoro um pouco para deixar a cama. Normalmente me ajeito sobre dois travesseiros, alcanço o iPad no criado-mudo e dou uma olhada rápida nos e-mails, nas manchetes dos jornais, nas previsões para o dia. Dependendo do que vejo eu me animo a saltar da cama e ir até a cozinha para uma xícara de café antes de encarar o dia. Ou não. Às vezes me presenteio com mais meia hora na cama, me espreguiçando e ouvindo música, sem pressa para efetivamente começar o dia.

Pois ontem, ainda na cama e no meio dessa preguiça letárgica, eu recebo um link pelo facebook para esta palestra sobre amor e aceitação incondicionais. Fiquei quase hipnotizado ouvindo tudo aquilo, os argumentos tão interessantes sobre amor dos pais (principalmente quando a gente ouve tanta história de rejeição) que acabei tomado por uma energia boa que me acompanhou o dia todo. Eu sempre tentei imaginar o quê deve passar pela cabeça dos pais dos adolescentes que assassinaram quinze colegas na escola de Columbine em 1999, por exemplo, se o amor pelos filhos continua intacto após um trauma dessa magnitude. Andrew Solomon fala sobre este tipo de amor e aceitação nesta apresentação quase poética, com texto inspirador.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Todo amor é igual


E o que dizer deste impressionante ensaio do fotógrafo Braden Summers retratando situações cotidianas de casais gays nos quatro cantos do planeta? TODO AMOR É IGUAL (All Love is Equal) é um olhar curioso sobre a estética de outras culturas com resultado visual que beira o sublime.



segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Do planalto central


Pessoal, ainda se lembram do Alécio e do Luiz Felipe, aquele casal super fofo de Brasília que fez um casamento lindo e de quem eu falei aqui? Eles voltaram a ser notícia esta semana em uma excelente reportagem publicada na Vejinha Brasília sobre a onda de casamentos gays realizados na cidade. Segundo a reportagem nossa capital federal registra o maior número de casamento registrados em cartório e os menores índices nacionais de crimes homofóbicos.

Recomendo a leitura da reportagem todinha. Há aspectos super interessantes sobre aceitação familiar e casais que certamente vão servir de inspiração para muita gente. Nestes tempos de política braba, é reconfortante constatar que nem toda notícia que vem de Brasília é ruim. Parabéns aos colegas de lá por terem conseguido estabelecer este recorde super positivo e por darem uma esperança para o resto do país. E um beijo pro Ricardo pela excelente dica!

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Caçadores de Obras-Primas

Eu tenho uma queda grande pela estética cinematográfica normalmente utilizada para retratar a segunda grande guerra. Adoro os uniformes, as locações no interior da França, as pontes, os sotaques, as cores. Então já tinha, desde o início, uma predisposição para gostar de Os Caçadores de Obras-Primas (The Monuments Men, 2013), história baseada em fatos reais sobre um grupo formado para recuperar grandes obras de arte pilhadas pelos alemães no final da guerra.

O filme começa com a história um pouco retalhada entre os integrantes do grupo, mas logo a gente se acostuma com eles e consegue acompanhar a linha de ação de cada um. Apesar de o elenco sofrer baixas ao longo da história e de haver suspense, a maior parte do tempo o filme pode ser comparado a um episódio de Guerra, Sombra e Água Fresca, série americana exibida por aqui nos anos 70 que mostrava a guerra por uma perspectiva de humor irônico. O elenco é absolutamente fantástico e inclui até Hugh Bonneville (o Lord Grantham de Downton Abbey) e Cate Blanchett no único papel feminino.

Em resumo, é boa diversão e faz a gente sair do cinema pensando sobre o valor de todo o acervo cultural que a humanidade tem acumulado ao longo dos séculos e como tudo isso pode ser destruído por um louco inconsequente. No começo dos créditos ao final do filme são exibidas fotos autênticas dos caçadores de obras-primas que inspiraram a história.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

Ela

Minha paciência é quase zero para discutir a minha própria relação, imagina então para assistir a um personagem discutindo a relação dele por por quase duas horas e ao telefone. Quando li sobre a premissa da história achei que gostaria muito mais - mas tenho que confessar que fui tomado por um tédio esmagador ainda antes da metade do filme.

A história se passa em Los Angeles em um futuro próximo onde os ambientes parecem todos projetados por arquitetos vencedores de concursos de fofura e onde todos os homens usam horríveis calças de cintura alta (popularmente conhecidas como centro-peito). O personagem principal é um homem emocionalmente imaturo e inseguro que está tentando superar um divórcio recente, e que se apaixona pelo sistema operacional de seu celular e computador (um tipo de inteligência artificial com a voz sexy da Scarlett Johansson).

A partir daí o personagem passa o restante do filme expondo toda sua imaturidade psicológica numa sessão de terapia com o telefone celular. Parei de contar meus bocejos quando cheguei no 30.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Calor cafona

Se você também está se sentindo incomodado com este calor cafona que não está dando trégua, faça o seguinte.

Observe atentamente a foto ao lado por alguns segundos. Se você é normal, então deverá sentir um calorão vindo de baixo para cima que vai se encontrar com um queimor indo de cima para baixo. O resultado final deve ser uma sensação prazerosa de refrescamento. De corpo, espírito e alma.

Be my Valentine

Amanhã se celebra nos Estados Unidos o Valentine's Day, uma espécie de dia dos namorados, e este comercial de um lubrificante não poderia ser mais fofo.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Pesagem

E isso nunca passou pela sua cabeça assistindo a uma aquelas clássicas cenas de pesagem dos lutadores de UFC?

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Num outro domingo qualquer

Há cerca de três anos o zelador do meu prédio me convidou para almoçar na casa dele num domingo. Eu sou o síndico do condomínio há quatro anos e a gente tem uma interação muito grande durante os trabalhos do dia. Aceitei com muito gosto. A mulher dele, dona Neusa, fez uma macarronada com frango e ele assou um churrasquinho. Comida simples e farta, muito gostosa. A casa deles era bem simplesinha e pequena, mas muito mais limpa e arrumada do que a minha, e eles fizeram questão de me mostrar tudo com muito orgulho, até as fotos dos filhos que moram longe e dos netos.

Mas isso é só a introdução do que eu estou querendo contar hoje. Algumas semanas após este almoço, a dona Neusa veio buscá-lo aqui no condomínio no final do dia e foi morta no portão de entrada com um tiro na testa durante um assalto. Foi um grande choque e um grande drama que eu acompanhei de muito perto e até hoje ainda trago bem vivas na mente a visão da dona Neusa caída sangrando com um tiro na cabeça e as imagens das câmeras de segurança do condomínio (que eu pessoalmente coletei e entreguei ao delegado) que mostravam o garoto agressor, um rapaz aparentando não mais do que uns 16 anos de idade, de camiseta, bermuda e boné, que voltou para o carro dos companheiros calmamente após assassinar friamente uma senhora de 60 anos, em seguida partindo apressados. O rapaz nunca foi identificado, localizado ou apreendido.

Por isso, entre tantas outras coisas, eu tenho muito ceticismo quando se fala em direitos humanos para bandidos. Porque eu tive contato muito de perto com bandidos que não eram humanos. Acho lindo falar que não podemos partir para a barbárie de fazer justiça com as próprias mãos - mas isso faria muito sentido se morássemos na Suécia, e não em um país onde a polícia e as leis já não conseguem mais garantir a segurança de ninguém. Há duas semanas eu, de carro, fui perseguido por um sujeito de moto que tentou me abordar várias vezes e me forçou a invadir um sinal vermelho e furar o fluxo de veículos para escapar da perseguição. Isso à uma hora da tarde, em plena luz do dia, quando retornava para casa depois do almoço.

Eu não gosto da Rachel Scheherazade há muito tempo, desde que ela demonstrou apoio ao deputado Feliciano para a Comissão de Direitos Humanos com base em suas crenças religiosas. E reconheço que os comentários dela sobre o revide sofrido por um notório bandidinho no Rio de Janeiro foram infelizes. Por outro lado, como é de praxe hoje, tenta-se transformar tudo em uma grande causa social. É porque o pobre rapaz é negro, vítima da injustiça social, vítima do preconceito. Nesta hora tentam fazer a gente se sentir culpado pela longa folha corrida do criminoso. Nesta hora de defender os direitos humanos dos criminosos ninguém se lembra mais da dona Neusa.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Deus existe

Ontem, logo após o parlamento escocês aprovar a lei do casamento igualitário com uma vitória acachapante, um lindo arco-íris coloriu o céu. Sim, Deus existe e é gay.


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A força de um beijo

Gentem, vocês se lembram daquele vídeo que bombou na internet em 2010 mostrando a reação de um grupo de amigos filipinos durante a transmissão do concurso de Miss Universo? Olhem só como encaixou direitinho para ilustrar o clima de copa do mundo que invadiu todo mundo que estava esperando o beijo do Niko com o Félix.

(Obrigado, Heleno. Ri muito aqui...)

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Família... papai, mamãe, e titia

Várias capitais da Europa estão promovendo hoje um grande movimento em defesa da família tradicional: pai, mãe e filhos. Acho lindo. Eu também venho de uma família tradicional e tenho casais de amigos héteros com filhos que formam famílias muito bacanas e equilibradas.

O problema é que as lideranças religiosas conversadoras que normalmente organizam estas marchas não conseguem conceber as outras possibilidades de organização de uma família. Mal informados, sentem-se ameaçados pela aprovação crescente do casamento igualitário. Amargos e vazios de espíritos, não conseguem enxergar formas diferentes de felicidade.

Quando perceberão que os gays vêm, na esmagadora maioria, de pais héteros em casamentos tradicionais? Quando será que entenderão que os gays não têm absolutamente nada contra o casamento hétero? 

sábado, 1 de fevereiro de 2014

The day after

Acordei de mansinho e abri a janela com cuidado para não ser consumido pelas labaredas de fogo logo assim no começo do dia. Surpresa! O mundo não acabou, os relógios continuam marcando as horas, minha vizinha de cima sapateou pela casa às 7 da manhã como faz todo dia, o sol continua lindo e forte, os passarinhos estão cantando.

E o mais importante: as crianças do Brasil não viraram todas gay em um passe de mágica porque viram um beijo entre dois homens no horário nobre.

Só uma diferença: uma sensação de alivio enorme como se tivesse tirado algo preso no peito. Na sequência natural teremos em breve outros personagens gays nas novelas que se beijarão rotineiramente sem virar manchete no dia seguinte. E o mundo continuará girando...