Minha família sempre foi de poucas palavras. Até hoje tenho uma cumplicidade silenciosa com o meu pai que é inexplicável. Sempre que saímos juntos e vemos algo engraçado ou inusitado trocamos um olhar rápido e rimos os dois sem precisar falar ou explicar nada. Tem coisas na vida que se a gente ficar explicando muito perdem a graça. Minha família nunca precisou ficar discutindo a relação para se dar bem.
Hoje não moro mais com meus pais, mas sempre que saímos ou que vou visitá-los e tomamos café juntos, e comemos bolo de fubá ou pastel de carne - que eles adoram! - também curtimos deliciosos momentos de silêncio. Sem nenhum constrangimento.
Mas, voltando ao assunto do início, eu acho extremamente irritante continuar ouvindo a voz de uma pessoa que não se deu conta de que já passou a hora de fechar a boca. Voz vencida, para mim, é o fim! No sábado passado, em um almoço de trabalho, eu me vi sentado ao lado de uma mulher que falava sem parar - daquelas que começam a ficar com a saliva acumulada no lábio inferior e sem piscar vão emendando uma frase na outra, na outra, na outra... Eu cheguei a considerar a ideia de simular um desmaio para ver se interrompia aquele gralha. Um horror!
Talvez por gostar tanto de silêncio eu me sinta tão contente ao descobrir vozes especiais que parecem ter um respeito enorme pelo ouvido dos outros. Como a voz do Antony Hegarty, o vocalista do Antony & The Johnsons. Acho que nunca vão conseguir entender o mistério que existe na voz deste cara. A gente vê aquela cara feia de um quase ogro, e quando ele canta vem aquela voz que ninguém explica... Nossos ouvidos agradecem.
Antony Hegarty |
Eu também adoro o silêncio, mas, infelizmente, minha mãe é dessas que falam feito uma gralha. Só se ouve a voz dela aqui em casa.
ResponderExcluirO silêncio é bom, mas eu gosto muito de ouvir a voz de outras pessoas. Gosto muito de ouvir que tem vida lá fora, sabe?
ResponderExcluirClaro que eu também tenhos meus momentos mais introspectivos, mas em geral, prefiro barulho à silêncio.
E sim, barulho de quem tem o que falar, né?
Eu já tenho uma certa dificuldade em estar com alguém e simplesmente deixar um longo intervalo de silêncio rolar, sem me sentir na obrigação de preencher esse vazio de alguma forma. Fico achando que é minha obrigação. Mas tb não suporto gralhas.
ResponderExcluirEssa questão do silêncio é msm muito engraçada. Às vezes é absurdamente constrangedor e a gnt se sente na obrigação de preenchê-lo como disse o intro. Outras vezes, no entanto, parece que ele (o silêncio) é mais significativo do qq palavra. Como na situação q vc relatou que acontece com vc e seu pai.
ResponderExcluirAgora, pqp!!! Que voz é essa???? Qual o nome da música, please?
Pergunta nada a ver com o post, mas o nome do blog foi tirado da musica da Vanessa da Mata?
ResponderExcluirAdoro a Vanessa. E tô adorando o blog. =)
Johnny,
ResponderExcluirO nome desta música é Hope There Is Someone, e o Antony Hagerty realmente arrebenta. A música é do CD I Am A Bird Now.
Abraço,
**
Luiz,
ResponderExcluirO nome do blog saiu da música sim. Embora a versão da Vanessa da Mata seja também a minha preferida, a música é do Caetano Veloso e é bem antiga. Foi até gravada, também, pela Cássia Eller. Se você quiser conhecer a versão original do Caetano ela está lá no primeiro post to blog. Só clicar no link que você chega lá.
Abraço e espero vê-lo sempre por aqui,
**
Uia, nem sabia que era do Caetano!
ResponderExcluirOuvi lá no post. A versão da Vanessa é a melhor mesmo, hehehe. :P
O blog tá ótimo, vou vir sempre sim. ;)
Abs
Adoro o álbum do Caetano que tem Eu Sou Neguinha...Mas, quanto à voz, a do Antony é uma das mais belas que conheço!
ResponderExcluir