terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sai o sol

É normal que depois de se tornar fã do trabalho de um cantor a gente busque conhecer mais sobre sua vida. Comigo em relação à Shakira a coisa aconteceu no sentido inverso. Comecei gostando da pessoa, e depois fui descobrir a artista.

Era 1997 e eu era gerente para o mercado argentino de uma multinacional alemã do setor automotivo no Brasil. Na manhã daquela 3ª feira de sol eu saí da fábrica, deixei meu carro para revisão em uma concessionária de Guarulhos e tomei um taxi até o aeroporto. Já estava resignado a ter os próximos 2 ou 3 dias em Buenos Aires com negociações complicadas e reuniões chatíssimas. No embarque, entre os passageiros habituais, havia umas 8 a 10 pessoas com camisetas pretas escrito SHAKIRA na frente. Logo vi que se tratava da banda mais a equipe de apoio da cantora. Eu já tinha ouvido falar de Shakira, muito vagamente. Assim mais ou menos como uma Wanessa Camargo - a gente sabe que existe mas não tem a menor ideia que apito toca e nem está interessado em saber.

Foi só durante o vôo que eu realmente vi a Shakira. Estava acompanhada de um casal mais velho que parecia ser os pais. Aparentava ter pouco mais do que 20 anos ou talvez nem isso, cabelos ainda pretos como a asa da graúna, muito bonita, e uma simpatia tão grande que quase não cabia na cabine. Sorridente o tempo todo, caminhou várias vezes pelo avião quase vazio talvez testando a própria notoriedade, e toda vez que era reconhecida parava, dava autógrafo, conversava, sorria muito. Mas um sorriso muito natural, não era aquela coisa mecânica e congelada. Sorriu para mim de um jeito que me fez pensar que estava sendo paquerado, como devem ter pensado todos os outros homens do avião. Mas não era nada sensual ou provocante - era uma coisa simpática e quase ingênua.

Na chegada ao aeroporto de Ezeiza havia umas 20 adolescentes histéricas com faixas e flashes. E ela foi de uma simpatia indescritível com o fã clube adolescente. Fiquei apaixonado pela Shakira, a pessoa. Quando voltei de Buenos Aires fui procurar os discos e conhecer a artista. Gostei muito, talvez motivado pela admiração prévia. Ela ainda era pouco famosa e só cantava em espanhol. Hoje talvez a fama internacional a tenha transformado em uma pessoa diferente.

Lembrei de tudo isso agora, ouvindo o disco novo que vazou hoje na internet e sai oficialmente na semana que vem. Sale El Sol tem músicas em inglês e espanhol, tem baladinhas românticas, faixas dançantes - e deve satisfazer os fãs. Mas acho que nunca vou conseguir ver a Shakira como ídolo. Para mim, ainda durante bastante tempo, ela vai continuar sendo a garota simpática do avião.

Um comentário:

  1. Papai Urso do Interior13 de outubro de 2010 às 20:13

    Que saudade da Shakira morena de 1996 a 1999, das músicas com um quê de sofrimento, da voz dramática, das letras em espanhol, de uma certa atitude roqueira (hoje tá mais p/ patricinha de Malibu)... Da Shakira antes da padronização de que artista para ter carreira internacional DEVE gravar em inglês... Não vou esquecer nunca do primeiro album dela, Pies Descalzos, tão inocente e ao mesmo tempo tão emblemático... Nostalgia grau 100 hoje. Anos 90 devem ser revisitados urgente!

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