terça-feira, 1 de novembro de 2011

Meça suas palavras

A Universidade Rutgers do estado americano de New Jersey fez recentemente uma pesquisa de opinião que obteve resultados surpreendentes: 52% da população aprovam o casamento gay, e 61% aprovam a igualdade no casamento. Não entendeu nada? Entendeu sim.

"Casamento gay" e "igualdade no casamento" são exatamente a mesma coisa dita de formas diferentes. O estudo veio comprovar a importância de usar as palavras certas ao lidar com o público. A expressão "igualdade no casamento" soa muito mais simpática e mais aceitável para muita gente. E a diferença é ainda muito mais evidente entre as pessoas sem nível superior, onde 66% apoiam a igualdade no casamento enquanto apenas 41% apoiam o casamento gay.

Palavras representam uma arma poderosa. Há pouco tempo, aqui no Brasil, as lideranças evangélicas conseguiram demonizar o kit anti-homofobia ao rebatizá-lo de "kit gay". E certamente continuarão com a mesma tática baixa para tentar brecar qualquer avanço da igualdade de direitos.

Deve-se brigar não por "direitos gays" (que soa como um privilégio de uma classe), mas por "igualdade de direitos" nesta causa que sempre foi uma questão de direitos humanos.

7 comentários:

((ADRIANO)) disse...

Luciano, adoro seus posts...

Uma das coisas na vida que mais desejo e procuro é dominar a esplêndida arte de saber FALAR A COISA CERTA NA HORA CERTA.

Como é valioso quem domina essa arte e consegue derrubar ou erguer impérios com as palavras, salvar vidas, desarmar seu interlocutor.

Mas é dificílimo dominá-la, conseguir conter a emoção, a raiva, a mágoa(as vezes bem antiga), ou o amor também.
E colocar a memória para te ajudar e a palavra fluir da sua boca.

Ah... Eu queria ter esse dom, domínio de emoções e palavras.

Dan disse...

eu sei bem o poder das palavras!

Anônimo disse...

"Igualdade no casamento" e "casamento gay" não são a mesma coisa, definitivamente.
É óbvio que, para a maioria, a referência à "igualdade no casamento", traz à mente a questão dos direitos e deveres iguais entre os pares, estes "automaticamente" héteros, porque aí entra também o tema da mulher ainda inferiorizada na relação e na sociedade. Num ponto secundário, vem o simples fato de que, no Brasil, o casamento gay ainda não foi institucionalizado e não o foi por aquelas razões inexoráveis, arraigadas no íntimo da maioria. Tanto assim o é, que os desdobramentos relativos aos nossos "gay rights" têm sua origem no Poder Judiciário e não no Legislativo ou no Executivo.
Mas, claro, isso não deprecia o que foi colocado no final quanto à "igualdade de direitos".

railer disse...

luciano, como eu mesmo falei na minha postagem sobre 'orações para bobby', a palavra 'gay' ainda assusta os desentendidos e ignorantes.

por um lado, o que você colocou é interessante pois faz diferença mesmo. mas por outro, usar a palavra 'gay' cada vez mais poderia ajudar a acabar com o medo e com a impressão que ela causa.

Uma Cara Comum disse...

Concordo com o Railer... Se até o meu rótulo tiver que entrar no armário pra eu receber algum direito, então a coisa tá osso...

"Igualdade no casamento" pode sim soar como igualdade de direitos da mulher em relação aos direitos do homem num casamento heterossexual. Usar essa expressão é uma forma de confundir o que se propõe.

Agora com relação ao "Kit gay" vs "kit anti-homofobia" existe uma clara deturpação ao rebatiza-lo: ao se falar "kit gay" parece que é um kit que "ensina as crianças a serem gays" e não um kit que combate o preconceito ao gay ("kit anti-homofobia").

não quero camuflar meus direitos. Não acho que a gente tem que ficar escolhendo palavras bonitinhas e ser super simpático e divertido e uma pessoa maravilhosa pra ter nossos direitos reconhecidos.

Tem uma tonelada de heteros FDP por aí com muito mais direitos que eu e eles não fizeram nada pra merecer isso. Por que eu tenho que fazer muito mais pra ganhar igual? Me recuso a ter que agradar pra ganhar o que já deveria ser meu por direito!

Uma Cara Comum disse...

PS: mas concordo sobre igualdade de direitos. Não queremos "direitos gays" porque isso nós já temos. O que existe hoje é "direitos heteros" (já consolidados e pouco questionados) e "direitos gays" (mais reduzidos e restritos).

O mesmo vale para direitos de outras minorias. Não vou ficar satisfeito se gays tiverem os mesmos direitos, mas os portadores de necessidade especiais ainda estiverem na luta pelos seus direitos. Igualdade de direitos é mesmo o que se deve lutar.

Abraços, Luciano!

Anônimo disse...

http://youtu.be/NlxgpB7qdI0 ESSE COMERCIAL DIZ MUITO!!1 IMPOSSIVEL NAO SE EMOCIONAR.