É gostoso assistir cinema em uma cidade como Buenos Aires onde as pessoas fazem um silêncio sepulcral durante o filme e continuam sentadas até o final dos créditos. Aproveitamos para ver duas estreias recentes.
Ontem à noite assistimos a Un Amor, sobre dois garotos adolescentes nos anos 70 que conhecem uma garota avançadinha durante um verão em uma pequena cidade do interior. Ao mesmo tempo o filme mostra o trio no presente, 34 anos depois, quando a mulher retorna à Argentina a negócios e procura os dois homens do passado. O filme é bastante lento e a gente fica esperando o tempo todo para saber exatamente a razão de o trio se sentir tão constrangido e pouco à vontade no presente. A resposta está na ligação com alta tensão sexual que eles viveram no passado, mas não chega a empolgar. Tem cenas bonitas e é bem feito, mas a gente fica esperando o filme decolar e nada acontece. Vale pelos bons desempenhos, principalmente dos atores adultos (um dos homens é feito pelo Diego Peretti, que está em cartaz no teatro em Buenos Aires em um dos principais papeis na remontagem de Um Bonde Chamado Desejo).
Hoje vimos Mia, que estreou neste final de semana, sobre uma travesti que trabalha nas ruas de Buenos Aires e encontra um diário e se impressiona com as narrações do caderno. Ela começa uma amizade com a garotinha Júlia, filha da autora do diário, e toma para si a obrigação de passar para a garota os ensinamentos da mãe. O filme enfoca o drama paralelo dos moradores da Aldeia Rosa, uma pequena favela onde vivem travestis, gays e outros habitantes marginalizados da cidade. Embora a história seja um pouco implausível, é sensível e bem intencionada, e emociona em alguns momentos. Há bons desempenhos, principalmente da atriz mirim que faz a pequena Júlia, e de Camila Sosa Villada, que faz a travesti Ale. Camila Sosa Villada é uma travesti originalmente de Córdoba que começa a fazer carreira no cinema argentino.
Ainda conseguimos retornar ao hotel em tempo de assistir na TV ao programa da peruíssima Susana Gimenez, que está com os cabelos lisos e platinados e usando um vestido preto mais justo que Deus. Susana Gimenez faz a nossa Susana Vieira parecer uma madre Teresa de Calcutá de tão recatada, tem uma risada de serrote, e é um monumento argentino mais tradicional que o Obelisco. Algumas más línguas dizem que ela estava presente na inauguração do Café Tortoni.
A "Villa Rosa" realmente existiu.O que me falaram foi que fizeram um acordo com Macri, mas ele não cumpriu o prometido.
ResponderExcluir@Alvaro:
ResponderExcluirÉ verdade; no final do filme a informação aparece por escrito sobre a verdadeira vila.
Abraço,
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Morri de rir com sua descrição para a Susana Gimenez... Huahuahauhaua
ResponderExcluirEm junho assisti um espetáculo da Camila Sosa Villada aqui em Londrina-PR, que se chama Llórame un río, um monólogo sobre as cantoras Billie Holiday e Tita Merello, foi lindo-lindo. Durante o monólogo ela interpretou algumas músicas da Billie Holiday, foi de arrepiar.
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