Assisti ontem a O Artista. Achei criativo, interessante, bonitinho. A história é tão simplesinha que chega a ser ingênua. É interessante como a ausência de diálogos falados dá uma sensação de angústia no início, talvez porque vivamos em um mundo muito barulhento e em um tempo em que estamos acostumados a ser bombardeados por vozes vindo de todas as direções. A voz humana, ao mesmo tempo que pode ser extremamente agradável, pode também ser um dos sons mais irritantes do universo.
Mas, sinceramente, não entendi o sentido de presentear o filme com o prêmio máximo de Hollywood. A mensagem de que precisamos olhar para as origens não faz sentido. A evolução tecnológica que trouxe a cor, o som, os efeitos especiais, os novos formatos de tela, o 3D, é um fator positivo que deve ser comemorado e não desdenhado. Se o cinema está em crise de identidade ou se existem muitos filmes medíocres hoje em dia, a culpa não é da tecnologia. Há filmes bons e ruins de todas as épocas e de todas as faixas de orçamento.
Além disso, não acho necessário fazer um filme com cara de anos 30 para forçar a reflexão. Há dezenas de filmes bons originais daquela época. O Oscar de melhor filme para O Artista faz tanto sentido quanto dar para uma caverna o prêmio de arquitetura do ano só para lembrar como tudo começou.
Lembrei-me de 2008 quando a Academia desdenhou Avatar e premiou Guerra ao Terror, um filme menor que ninguém viu e ninguém gostou.
[...]premiou Guerra ao Terror, um filme menor que ninguém viu e ninguém gostou.
ResponderExcluirSpeak for yourself.
Concordo com o anônimo acima. Não generalize sua opinião.
ResponderExcluirAnônimos:
ResponderExcluirIsto näo ė opiniāo, e fato. Guerra ao Terror foi lançado no Brasil diretamente em vídeo, nem passou pelas telas de cinema. Por isto ninguėm viu. É bonzinho. Mas está muito longe de ser o melhor filme do ano.
Uma coisa é não gostar do filme : você não gostou muito e eu gostei bastante (embora também não o considerasse o melhor ndo ano). Outra é dizer que "ninguém gostou". Recebeu críticas positivas e negativas, e pode ter certeza que o público também se dividiu.
ResponderExcluirE o filme foi lançado primeiro em vídeo e, logo após o anúncio das indicações ao Oscar, foi lançado nos cinemas. Eu mesmo o assisti aqui em SP (capital), no Espaço Unibanco de Cinema, na Rua Augusta. Pergunte ao Tony Goes, que, se não me engano, também assistiu no cinema.
E "O Artista" entra pro hall de "Crash", "Guerra ao Terror", "Shakespeare Apaixonado"...
ResponderExcluirConcordo. "Guerra ao Terror", apesar de bonzinho, não é essa coisa toda.
Perdoem-me por discordar, mas gostei bastante de 'Guerra ao Terror' e achei seu Oscar, em lugar do favorito 'Avatar', muito interessante, e não foi pelo confronto ex- contra ex-. Mas sendo o Oscar e sua Academia sempre acusados de serem vendidos a grandes estúdios e lucros, premiar um filme na contramão do sistema e nada agradável é revelador de que os votantes têm opinião.
ResponderExcluirTambém gostei muito de 'O Artista' - outro na contramão de tudo, mas bem agradável - e de sua premiação.
O Artista fala sobre preconceito no cinema. Não apenas de uma estrela de filmes mudos continuar ou não nessa condição nos filmes falados, mas preconceito de um ator francês falar em filmes americanos. Isso é perceptível apenas no final do filme, na única falar do protagonista, "with pleasure". Ele tem um sotaque carregadíssimo, que os figurões do cinema da época não julgavam interessante para a indústria.
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