quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Nem um milímetro

Um dos aspectos que eu mais admiro na luta dos LGBT americanos pela igualdade é que eles não fazem nenhuma concessão. Lutam com unhas e dentes e não abrem mão de um milímetro ou um grama dos direitos, até mesmo em detalhes que poderiam, à primeira vista, parecer de pouca importância.

A batalha desta semana foi com uma das maiores agências distribuidoras de notícias do mundo, a Associated Press (AP), que existe desde 1846. Há cerca de uma semana a AP publicou em seu manual de estilo que apenas usaria as palavras husband (marido) e wife (esposa) para os casais homossexuais se eles já tivessem se chamado assim publicamente, do contrário se referiria a eles com outras expressões, como "companheiro" por exemplo. Foi o que bastou para o mundo vir abaixo em uma onda de protestos encabeçados por entidades e defensores dos direitos GLBT. Afinal, não se usam termos alternativos para os casais heterossexuais - ou alguém já viu alguma manchete do tipo "Barack Obama e companheira chegam para a solenidade".

O resultado veio hoje com a AP corrigindo o manual de estilo para que marido e esposa sejam usados indistintamente para casais homossexuais e heterossexuais. Ou seja, a partir de agora, a AP normatizou o estilo de redação para produzir manchetes do tipo "Jane Lynch e esposa estiveram presentes na recepção".

Pode parecer pouco, mas não é. Estamos criando as bases para a sociedade do futuro e devemos cuidar dos menores detalhes para que todo e qualquer resquício de preconceito seja sufocado para sempre. Os mesmos direitos com os mesmos nomes. Esta história de "igual mas com outro nome" é papo de aranha para permitir que o preconceito persista. Não se pode ceder um milímetro ou um grama. Igual é igual. E estamos conversados.

4 comentários:

  1. Nada mais justo e correto.
    Abraços Luciano

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  2. atenção aos detalhes é tudo. muito bom isso e vamos em frente!

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  3. Existe até um ditado: o diabo está nos detalhes!
    Penso que a conquista de direitos pelos gays e o aumento da tolerância à diversidade tem uma importância maior do que imaginamos. É bom ver diferenças num mundo cada vez mais concordante, transitório e, talvez por isso mesmo, mais depressivo.

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