sábado, 11 de maio de 2013

Somos Tão Jovens

Eu só fui descobrir Renato Russo em 1994, dois anos antes de sua morte, com o disco Stonewall Celebration Concert. Foi a partir deste disco, gravado todo em inglês, que passei a pesquisar a obra do trovador solitário e a me interessar por seu trabalho.

Somos Tão Jovens cobre apenas o começo da carreira, antes do sucesso. O filme começa mal, com atores trintões que não convencem como adolescentes de dezesseis anos de idade e cenas tão marcadas e engessadas que tudo soa extremamente falso. Até o texto é artificial. Vai melhorando conforme a história se desenrola, mas gera uma certa má-vontade no espectador por conta do começo canhestro. Os desempenhos melhoram razoavelmente depois da arrancada, mas alguns continuam surpreendente ruins, como Marcos Breda - que interpreta o pai de Renato Russo e passa o filme todo parecendo hipnotizado - e a normalmente excelente Bianca Comparato - que aqui está sub-utilizada e completamente artificial como a irmãzinha do cantor.

Nem tudo está perdido. É animador ver nas telas um capítulo de nossa história recente e entender um pouco mais sobre as bandas de punk-rock de Brasília que injetaram frescor no cenário musical brasileiro nos anos 1980. E vale chamar a atenção para a incrível semelhança do ator Ibsen Perucci com o personagem que ele intepreta: Dinho Ouro Preto, da banda Capital Inicial. Tem-se a sensação de estar frente a frente com um clone mais jovem do cantor.

O filme começa com Renato Russo no final da adolescência, quando ele passa por uma cirurgia na bacia que o deixa preso à cama por um longo período, obrigando-o depois a usar muletas para se locomover. Renato Russo é impaciente, inconformado, vive entediado, julga-se feio, canta mal e toca mal, e tem grilos com a sexualidade mal resolvida - ou seja, é um adolescente absolutamente normal.

Com o tempo o guri (como a mãe o chamava) começa a adquirir a segurança e experiência que o transformariam no ícone da música que é até hoje. Mas o filme termina antes, em sua primeira apresentação no Rio de Janeiro em 1985, limitando-se à fase em que Renato Russo era quase desconhecido fora do planalto central.

Um comentário:

  1. Aqui no Brasil há essa mania de colocar balzaquianos como teen rsrs
    As músicas dele sempre serão lembradas, rola uma identificação por quem tá nessa fase complicada da vida, a juventude.

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