domingo, 19 de dezembro de 2010

Fingindo-se de hétero

O senado dos Estados Unidos acaba de extinguir a terrível política do "Don't Ask, Don't Tell" que determinava que gays só podiam servir nas forças armadas se se fingissem de héteros. A decisão do senado vai agora para assinatura do presidente (Obama já confirmou que vai assinar) e em pouco tempo já estará sendo implementada.

Por mais absurda que a política do DADT possa parecer, não é assim que a sociedade - inclusive a nossa - funciona? Não são os gays mais óbvios os que mais sofrem preconceito e a violência das ruas? Não somos treinados desde cedo a nos fingirmos de héteros? Você nunca ouviu "Você é gay? Nossa, nem parece!" como se fosse um elogio? Ou "Tudo bem ser gay, contanto que não fique rebolando e desmunhecando!". Em outras palavras, a nossa sociedade se sente muito avançadinha e bem preparada para aceitar os gays contanto que eles se finjam de héteros. Simples assim. Esta história de "Don't Ask, Don't Tell" é muito mais familiar e universal do que se pode imaginar.

9 comentários:

  1. E os comentários com adversativas? Ele é gay MAS é legal? Ele é gay MAS é sério?

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  2. É o outing mais careta dos gays, "lutando" pelo direito de ir à guerra matar.

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  3. e assim vamos conquistando nossos direitos ... isto é muito bom ... longo caminho ainda ...

    ;-)

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  4. Quando eu contei a um primo que eu era gay, ele disse "pelo menos vc se comporta como homem. Se fosse diferente eu te metia a porrada".

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  5. Às vezes penso o contrário... seria mais fácil aceitar um gay efeminado, do que um gay másculo. Parece que algumas pessoas assimilam melhor os fatos, quando a imagem se coaduna ao conteúdo...

    Pelo menos, foi isso que senti quando me assumi para algumas amigas.

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  6. E o mais contraditório é que gays reproduzem essa héteronorma nas relações afetivas. Nos Manhunts da vida é comum os perfis com a expressão "não curto efeminados". Ou seja, até no meio gay as pessoas querem que você se finja de hétero. Lastimável.

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  7. Discordo em parte
    Ser gay para mim não tem nada haver com a possibilidade de expressar de forma feminina.
    Fico imaginando que também deve ser muito ruim passar a vida inteira agindo ou tentando ser uma coisa que não se e (mulher).
    Guilherme

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  8. Também discordo. Quer dizer que todo gay legítimo é afeminado? Nunca senti necessidade de me expressar de forma feminina. Sou homem e sinto atração sexual por indivíduos do sexo masculino. E só! Mas tenho amigos que sentem necessidade ou naturalmente expressam um comportamento ligado ao feminino. São diferenças que muitos gays não compreendem e até discriminam (em ambos os lados da questão). Aliás, infelizmente é perceptível que os gays são tão preconceituosos quanto aqueles que os discriminam. Passe dos 40, fique fora de forma, se vista mal, fique no armário, etc, e verás!
    Abraços a todos

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