quinta-feira, 30 de abril de 2015

Guerra


É uma sacanagem muito grande que duas categorias de servidores públicos que têm muito mais em comum do que podem imaginar estejam nesta situação de confronto tão cruel. Professores e policiais são classes de profissionais pouco valorizados, mal pagos, e que muitas vezes só conseguem enfrentar a batalha do dia a dia por muito amor ao avental ou à farda.

A função primordial da polícia é proteger a integridade dos cidadãos e do patrimônio público e privado. A repressão a uma multidão de manifestantes enfurecidos é uma operação esperadamente violenta, não importa quão nobre a causa e quão dignos e íntegros sejam os manifestantes. Somem-se a isso os fatos de que nossos policiais têm treinamento precário e que nossa polícia é cada vez mais violenta (pela simples razão de que nossa sociedade é cada vez mais violenta).

Nesta batalha campal em curso em Curitiba é muito fácil culpar a polícia como se ela estivesse do lado do governo. A polícia não está do lado do governo e nem está contra os professores, ela está do lado da ordem.

Eu me recuso a tomar lados. Apoio a causa dos professores e entendo o trabalho da polícia. E sofro de ver estas duas categorias de servidores públicos se confrontando em praça pública enquanto os verdadeiros inimigos erguem mais um brinde no conforto de seus gabinetes murados.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Suplício


Marta Suplicy entregou hoje formalmente o seu pedido de desfiliação do Partido dos Trabalhadores, promovendo o final anunciado de uma novela que já vinha se arrastando há um certo tempo. De fundadora do partido a um de seus membros mais atuantes, senadora em exercício, de família rica e tradicional, famosa também por falar abertamente de sexo nas manhãs da TV brasileira, mãe de roqueiro, ex-esposa de senador, Marta sempre foi uma figura emblemática no partido. Boa de briga, boa de polêmicas (defendeu ferrenhamente a pauta GLBT mas escorregou no preconceito durante a campanha de oposição a Kassab com o "é casado? tem filhos?', e ficou eternamente colada ao "relaxa e goza" durante a crise dos aeroportos), Marta quer alçar novos voos e não vê mais espaço no PT, um partido que ela diz não reconhecer mais.

Marta Suplicy tem a cara de milionária da elite branca que dava diversidade ao PT. Ao se passar a régua, é o PT que sai perdendo mais uma vez, e que parece não conseguir estancar a hemorragia na moral e no moral do partido que sangra em praça pública. Chegamos a uma situação em que quase toda a intelectualidade de esquerda no Brasil tem o carimbo de "ex-PT" no currículo, a maioria deles tendo se desligado do partido com o pote até aqui de mágoa.

segunda-feira, 27 de abril de 2015

Seis vezes vingança

Só ontem eu finalmente consegui assistir ao argentino Relatos Selvagens e agora, quase vinte e quatro horas depois, ainda estou com o filme na cabeça. Visualmente bem feito, tem cenas que dariam um quadro para por na parede.  Muito bem escrito, bem dirigido, bem interpretado, apresenta seis histórias independentes - cada uma melhor que a anterior - sempre sobre o tema da vingança levada às últimas consequências. 

Para assistir e ficar com a alma lavada, mesmo que seja em sangue. Quem nunca matou um chato e escondeu o corpo, pelo menos em pensamento, que atire a primeira pedra.

O Haiti é aqui

É impossível olhar para as fotos das consequências do terrível terremoto no Nepal e não ver toda a pobreza e a falta de infraestrutura do país, que agravaram ainda mais a tragédia. Mas tudo parece tão distante e afastado que nem nos damos conta que um terremoto da mesma magnitude no Brasil produziria danos talvez piores.

Grande parte de nós vive em uma bolha de prosperidade como se estivéssemos em um país avançado da Europa. Ás vezes até nos esquecemos do "resto". Pois hoje o estado de São Paulo confirmou 222 mil casos de dengue. Isso mesmo, o estado mais rico do país tem 222.000 casos confirmados de dengue neste exato momento! Como ter esperanças quando não conseguimos acabar com uma epidemia que é causada por um simples mosquito? 

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Balança mas não cai

O mundo corporativo ainda está se refazendo do choque da divulgação do balanço auditado da Petrobras há dois dias. Com cinco meses de atraso e correndo o risco de sofrer sanções sérias que penalizariam ainda mais a empresa, a Petrobras divulgou o balanço auditado pela Price Waterhouse que trouxe à tona algumas verdades incontestáveis.

Primeiro: a corrupção na empresa atingiu níveis absurdos e ceifou perto de 6 bilhões de reais.

Segundo: embora "corrupção" seja a palavra mais lembrada e o mal mais combatido, não é o problema mais grave da Petrobras. O que realmente a jogou no chão foi a incompetência administrativa. A má gestão levou a empresa a amargar prejuízos de cerca de 21 bilhões e meio (o que representa perdas de aproximadamente 50 bilhões de reais desde 2008) e a contrair endividamento da ordem de 300 bilhões de reais. 

Entregar a Petrobras para ser administrada pelo PT foi mais ou menos como dar um carro de corrida para ser pilotado por uma criança de dois meses de idade - um desastre absoluto e de proporções quase bíblicas.

E se tudo isso parece muito longe da sua realidade, lembre-se que é exatamente por causa disso que falta asfalto nas estradas, vagas nas escolas, médicos nos postos de saúde, segurança nas ruas, salário para os professores. No mundo dos serviços públicos falta tudo porque quem deveria estar tomando conta está ou embolsando o dinheiro ou deixando o dinheiro fluir pelo ralo pela mais absoluta e crassa incompetência.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

John Moreland - High on Tulsa Heat

Às vezes eu sou levado a acreditar não apenas que Deus existe mas também que ele gosta de mim. Hoje, por exemplo, foi um desses dias. Cheguei em casa cansado no meio da tarde depois de ter enfrentado filas, chuva, trânsito, mais chuva, conversas complicadas por telefone (odeio falar ao telefone!), gente chata, mais chuva... enfim, aquelas coisas que roubam a energia da gente. Joguei-me na cama e fiquei imóvel e com os olhos fechados por cerca de meia hora esperando a mente chegar. Às vezes tenho a impressão que o corpo chegou em casa primeiro e a mente ainda está a caminho.

Ainda em estado semi-catatônico eu me sentei para continuar os trabalhos e o dia. E foi então que eu vi que o disco novo do John Moreland tinha saído, e fui ouvindo, e fui ouvindo, e aquela era exatamente a música que eu precisava para me recompor. Alguém lá em cima gosta de mim, e muito!

Em High on Tulsa Heat (que significa algo mais ou menos como 'sentir barato com o calor de Tulsa') John Moreland canta a tristeza e o baixo-astral com a característica voz grave e ácida que eu adoro. Era exatamente desse tipo de melodia elegante que eu estava precisando.

terça-feira, 21 de abril de 2015

Bolsonaro do Brasil

O ignóbil deputado Jair Bolsonaro anunciou na semana passada que estava deixando seu partido porque planeja alçar vôos mais altos, ou seja, precisa de uma legenda que possa lançá-lo como candidato à presidência do Brasil em 2018.

Bolsonaro poderia ser apenas mais um candidato folclórico. Mas - segurem-se! - ele tem condições reais de ser eleito e a culpa é do PT!

A mal planejada e mal executada guinada para a esquerda que o PT tenta dar ao país está saindo muito pior do que a encomenda. Especialmente devido aos resultados catastróficos do governo Dilma 2, é apenas natural que surja uma reação igual e contrária e que a direita mão-de-ferro se fortaleça bastante. O Brasil é tradicionalmente um país conservador e resistente a mudanças drásticas. Os primeiros resultados já podem ser sentidos: nas últimas eleições diplomamos talvez um dos congressos mais conservadores de todos os tempos.

Neste feriado de hoje, por exemplo, o governo mineiro do PT ofereceu a comenda da Inconfidência a João Pedro Stédile, líder do MST, entre outros agraciados. Forçações de barra como essa, completamente dispensáveis e que mais parecem deboche, garantem uma enormidade de votos para a extrema direita radical. É bom apertar os cintos porque a jornada vai ser turbulenta!

Babilônia e a Praia do Futuro


O Tony Goes descreveu um diagnóstico certeiro para os problemas que acometem Babilônia. Concordo com tudo e acrescento algo mais: Babilônia está sofrendo do efeito Praia do Futuro, aquele filme que muita gente reclamou que estava sendo vítima do preconceito mas que na verdade só era muito chato mesmo.

Tanto em um quanto em outro, as partes são maiores do que o todo: elenco bom, diretor bom, ideia boa - mas quando se coloca tudo junto o caldo não dá liga. Babilônia está ficando chata. Os maus só faltam começar a roubar doce de criancinha na rua e os bons são um porre de chatos. E o casal de lésbicas só falta aparecer em cena com um cartaz "olha só como nós somos bacanas". Desse jeito a gente fica até desejando que elas morram na explosão de algum shopping.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Gloria in Excelsis Deo


Esta foto feita na extinta TV Excelsior no final dos anos 1960 reúne as grandes damas da teledramaturgia na época: Rosamaria Murtinho, Regina Duarte, Leila Diniz, Fernanda Montenegro e Natália Thimberg. Quem poderia imaginar que quase cinquenta anos depois três destes monstros sagrados estariam interpretando papeis de lésbicas na TV ao mesmo tempo?

Sussurros


A primeira coisa que fiz pela manhã, antes mesmo de lavar o rosto ou tomar café, foi ligar o computador e baixar o novo álbum do Passenger, Whispers II, lançado mundialmente à zero hora de hoje. Alguns segundos depois, ainda bocejando e com os olhos cheios de ramela, já estava ouvindo o disco novo e me enchendo de energia boa com as músicas novas do meu cantor favorito, contente também por ter podido contribuir com uma boa causa. Mike Rosenberg (o cantor por trás do nome artístico Passenger) decidiu reverter toda a renda das vendas do álbum para o UNICEF. O álbum está disponível em formato digital nas lojas iTunes e Google Play.

Eu uso livros digitais já há algum tempo, mas ainda não posso dizer que "fiz a passagem". Ainda gosto de segurar um livro de papel e não tenho nenhum problema em manipular e utilizar obras literárias nesse formato que era muito utilizado até o último século. Mas, em relação à música digital, encontro-me completa e irremediavelmente convertido.

Ainda tenho uma enorme coleção de CD's enfeitando a minha sala, mas hoje cumprem mais a função de acumular pó. Estão quase todos digitalizados e perfeitamente acondicionados dentro do disco rígido do meu computador, no meu iPod, no meu celular, e em duas plataformas diferentes de nuvens. Eu consigo acessar qualquer música em questão de segundos - diferentemente de quando decido ouvir um CD físico para 'matar as saudades' e quase já não me lembro mais de como programar o tocador de CD's ou, pior ainda, muitas vezes não consigo localizar aquele disco na coleção de quase dois mil títulos.

Mas, voltando ao Whispers II, do Passenger. Eu sou suspeito para falar, porque gosto tanto da voz dele que compraria até um disco em que ele recitasse a lista telefônica. Então vou poupar meu tempo em tentar convencê-lo. Com a tecnologia de hoje, você mesmo pode ouvir as faixas do disco e assistir aos vídeos no YouTube e decidir se essa é a sua praia. E ainda vai poder ajudar a uma grande causa mundial sem sair de casa.


sábado, 18 de abril de 2015

Sangue de Jesus tem poder!

Eles entoam cânticos enquanto esperam a porta abrir, alguns ali desde a noite anterior esperando ansiosamente na fila. Chegam a usar de violência para defender sua crença. E como em qualquer outra seita, ninguém conseguiria demovê-los da ideia de que são seres privilegiados que fazem parte de um grupo pequeno e seleto dos que descobriram o nirvana. Mas esta não é apenas mais uma seita religiosa de fanáticos como dezenas de outras que aparecem todos os dias - estes são os applemaníacos como os que compareceram à inauguração da Loja Apple no Shopping Morumbi em São Paulo hoje, a segunda loja inaugurada no Brasil.

A Apple decididamente merece o troféu de melhor marketing da História e conseguiu - como nenhuma outra empresa em toda a história do Marketing - atrelar a seus usuários a característica de "descolados" e vanguardistas e a seus produtos o mais alto grau de "cool factor". Desfilar com um dos caríssimos produtos da Apple é indiscutível sinal de status.

Eu também gosto muito dos produtos da Apple. Tenho um iPhone modelo antigo que uso para finalidades alternativas, um iPad que eu adoro para leitura na cama, três iPods (ainda o melhor armazenador e tocador de mp3 do mercado) e uma AppleTV para espelhar tudo isso na tela da TV. Mas fiquei com uma certa raivinha da Apple ao comprar um smartphone Note 4 da Samsung no ano passado e descobrir que a tela é melhor que a tela da Apple, o sistema é melhor que o da Apple, a câmera é melhor que a da Apple, tem mais recursos que o iPhone, permite mais personalização, enfim, está alguns graus acima, embora custe muitos dinheiros abaixo. Foi só aí que percebi o quanto eu também estava afetado pelo efeito seita da Apple e quando finalmente consegui entender o quê Steve Jobs queria dizer com "pense diferente".

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sete vidas, duas mães

Para quem não está assistindo Sete Vidas, a novela das 6 da tarde na Globo, um resuminho rápido de uma historinha interessante. Tem uma família (papai, mamãe e um casal de filhos) muito bacana que acaba de receber a visita da avó (interpretada por Regina Duarte) que veio do exterior para ficar com eles. As duas crianças nunca souberam que a avó era casada com outra mulher e que o pai deles foi criado por duas mães. O pai (Thiago Rodrigues) é super legal, mas a mãe é afetada e preconceituosa e sempre escondeu das crianças a verdade sobre as duas avós. No capítulo de ontem o pai resolveu contar a verdadeira história para os filhos mesmo tendo sido proibido pela esposa de fazê-lo. A cena foi bonita, delicada e natural. Veja aqui.

Mais adiante, no mesmo capítulo de ontem, as crianças vão conversar com a avó. E veio outra cena absolutamente verdadeira e emocionante. Palmas para Sete Vidas!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Hillary, o recomeço

Gostei do vídeo que a Hillary Clinton divulgou ontem para anunciar oficialmente a candidatura a presidente dos Estados Unidos em 2016. Parece milimetricamente planejado para incluir toda a imensa diversidade que compõe a população dos Estados Unidos hoje, passando por brancos, hispânicos, negros, asiáticos, idosos, mulheres, e obviamente... gays e lésbicas! Por conta do casal gay e do casal de lésbicas o vídeo foi exibido na Rússia com advertência de "impróprio para menores de dezoito anos".

domingo, 12 de abril de 2015

Na rua


Hoje fomos novamente para a rua, quase um mês depois da primeira grande manifestação contra o governo Dilma. A força da indignação popular, agora dividida por mais de 400 cidades que tiveram movimentos organizados no dia de hoje, é grande, é forte, e não deve arrefecer - principalmente considerando que nos próximos meses os indicadores ruins da economia só podem piorar.

Décadas no futuro estaremos estudando nos livros de História como a incompetência de um governante aliada à falta de escrúpulos dos partidos de sua base aliada podem levar um país à beira da ruína. No momento só nos resta lutar para tentar conter os danos, que já são grandes demais para uma nação do tamanho do Brasil.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Pausa

Senta que o assunto é sério: andropausa. Sim, para todo homem normal chega uma hora na vida em que ele não sente mais vontade de fazer sexo cinco vezes por dia.

Eu estou passando para a segunda metade da década dos cinquenta anos e sinto os efeitos da andropausa em praticamente tudo que faço. Dificuldade para criar músculos, facilidade para engordar, diminuição da libido, fadiga, dificuldade para concentrar, ereções menos firmes, calores, diminuição de desejo sexual. Eu mencionei diminuição do interesse por sexo?

Neste mundo de cobranças de juventude eterna, e principalmente no ambiente gay de valorização exacerbada do vigor físico jovem, envelhecer pode se tornar um pesadelo pirante. Eu, felizmente, consigo me apoiar na premissa que envelhecer é um privilégio, e toda vez que sinto algum sintoma da idade me lembro dos amigos que morreram jovens e não puderam chegar até aqui.

Aliás, gostei muito daquela entrevista da Elke Maravilha à revista Sexy no ano passado. Tem mais ensinamento prático ali do que em muitos compêndios de psicologia. Tudo tem seu tempo e o certo é aproveitar as coisas ao máximo na sua hora certa. Gostaria de poder chegar com boa saúde aos noventa anos, mas nunca tive mesmo a intenção de ser um velho de noventa anos tarado.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

São tantas emoções

As letras do alfabeto já não são mais suficientes para expressar toda a gama de sentimentos e emoções demandados pela nova era da comunicação escrita e das mensagens curtas trocadas pelas redes sociais. Emoticons, emojis, e smileys já fazem parte das textos de grande parte das mensagens trocadas pela Internet.

A atualização 8.3 do sistema operacional da Apple liberada ontem já introduz no teclado de emojis alguns símbolos para representar famílias de pais gays e namorados gays em status de relacionamento. Bora usar com os amigos!



 

Ghosttown

Às vezes eu até esqueço que já fui fã da Madonna - não gosto muito do que ela produziu nos últimos anos. Mas Ghosttown me fez lembrar da Madonna que gostei um dia.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

A nova geração

Dois rapazes do ensino médio se beijam no recreio e são suspensos das aulas. Colegas e outros alunos da escola se reúnem e fazem protesto contra a atitude homofóbica da diretoria do estabelecimento de ensino. Aconteceu em São José do Rio Preto, no oeste do estado de São Paulo.

São acontecimentos como este que mudam o mundo e dão forma ao novo futuro, e têm mais alcance e resultado prático do que quaisquer políticas inclusivas impostas pelo governo. Porque o combate à homofobia é mais eficaz quando feito de dentro para fora, movido por convicções pessoais e amparado no anseio de um futuro melhor para todos.

Fotografia

O sonho de qualquer fotógrafo é ter uma câmera suficientemente boa, leve e pequena que ele possa carregar junto de si o tempo todo. São especificações quase incompatíveis entre si uma vez que uma boa câmera tende a ser grande e pesada e necessitar de lentes que ocupam espaço. No entanto, este sonho está cada vez mais perto se considerarmos as câmeras de um bom smartphone de hoje, cada vez melhores e com mais recursos. Eu, que embora não seja fotógrafo adoro fotografar, costumo dar muita importância às especificações da câmera quando analiso um smartphone.

Atualmente tenho um Samsung Galaxy Note 4 com câmera de 16 Mpixels com a qual tenho feito fotos bastante satisfatórias. Há quatro ou cinco anos atrás não era possível obter este tipo de resultado com a câmera de um smartphone.






sexta-feira, 3 de abril de 2015

O que está acontecendo com Jean Wyllys?

Eu queria muito amar e idolatrar o Jean Wyllys como já o admirei um dia. Mas não consigo mais entender o que aconteceu com ele. Deixei de segui-lo no facebook depois de ser maltratado em uma discussão em que eu o havia cumprimentado por algo que já nem me lembro mais. A equipe de assessores dele parece sentir prazer em disparar impropérios contra qualquer pessoa que tente participar de qualquer discussão civilizada na página do deputado. E eu estava tentando cumprimentá-lo, imagine então se eu tivesse entrado para criticar!

No início da carreira política o deputado abraçou a luta pela igualdade e conseguiu dar visibilidade a muitas causas nobres. Enfrentou preconceitos e oposições com tenacidade. Mas ultimamente se transformou em um radical chato, um político quase folclórico.

Foi com uma certa decepção que constatei hoje que, nesta resposta que o Kim Kataguiri (do Movimento Brasil Livre) divulgou para o Jean Wyllys ontem, eu me identifico muito mais com o Kim do que com o Jean.

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Não atendemos gays

Não há nada mais vergonhoso para a sociedade americana do que lembrar do apartheid racial que vigorava em muitos estados até pouco mais de cinquenta anos atrás. Havia bebedouros separados para brancos e para negros, cinema só para brancos ou só para negros, assentos reservados para negros no fundo dos ônibus. A cara da segregação é muito feia, por isso o preconceito só prospera nos dias de hoje quando é dissimulado.

Foi baseando-se nesta premissa que a deputada americana Emily Virgin teve uma ideia brilhante. O estado de Oklahoma está prestes a aprovar uma lei odiosa que permitiria que estabelecimentos comerciais recusem serviço aos gays com base em convicções religiosas. A deputada Emily Virgin propôs então uma emenda: caso a lei seja aprovada, os estabelecimentos que não concordam em atender aos gays deverão fixar uma placa na entrada e mencionar em todas as suas propagandas "não atendemos gays" para evitar o constrangimento de um homossexual entrar no estabelecimento e ser desprezado. Foi o que bastou para os legisladores do estado entrarem em polvorosa.

A identificação clara dos estabelecimentos homofóbicos permitiria que os simpatizantes e amigos dos homossexuais também identificassem e boicotassem estes lugares, e numa sociedade cada vez mais liberal e permissiva isso seria o mesmo que decretar a própria ruína.

Uma loja elegante dos Jardins em São Paulo cometer um ato de racismo contra uma criança negra, como aconteceu esta semana, é uma coisa. Ostentar na porta um cartaz dizendo "não atendemos negros" é outra coisa bem diferente.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Unidos

Eu não participei de movimentos ou passeatas pelas DIRETAS JÁ ou pelo IMPEACHMENT DO COLLOR. Por uma razão muito simples: estas manifestações só aconteciam nas capitais e nas grandes cidades do país. Mesmo nos meus anos frequentando os bancos da faculdade de engenharia, que sempre foi bastante politizada, as demonstrações políticas eram muito restritas.

Tudo mudou com o advento das redes sociais. O Mark Zuckerberg certamente não tinha a menor ideia, quando começou o facebook, que estava contribuindo mais pela integração nacional do que a soma dos esforços de todos os governos que nos administraram até aqui.



Prova disso foram as bem sucedidas manifestações do último dia 15 de março convocadas pelas redes sociais. Embora as televisões tenham focado nos movimentos das grandes cidades, há relatos de que o Brasil inteiro se mexeu, até mesmo nos grotões mais remotos. A minha cidade de São José dos Campos, por exemplo, que passou calmamente pelas DIRETAS JÁ e pelo IMPEACHMENT DO COLLOR colocou nas ruas no último dia 15 uma multidão estimada em dez mil pessoas. Eu estava lá. E era muita gente, muita gente mesmo.

E pelas redes sociais eu vi fotos de manifestações nos lugares mais impensados. Até na minha cidadezinha natal de Ouro Fino, no sul de Minas, cuja população não passa de 32 mil habitantes (foto acima). As pessoas combinaram pelo facebook, se vestiram de verde e amarelo, se encontraram em frente à prefeitura e marcharam pela cidade gritando palavras de ordem.

A informação hoje viaja mais rápido e chega mais longe. Existe um anseio forte, mesmo nos lugares menores e mais remotos, de participar de tudo que está acontecendo, e isso é muito bom. No próximo dia 12 de abril eu saio de novo às ruas. Onde quer que eu esteja.