Acabei de assistir ao programa
Conexão Repórter no
SBT sobre violência contra gays e nunca imaginei que o
Roberto Cabrini, que já foi um repórter bastante respeitado, pudesse comandar uma atração tão meia-boca. O programa se baseou em material requentado do
Profissão Repórter sobre preconceito exibido pela
Globo em maio do ano passado - este sim, muito bem feito e emocionante (e que pode ser visto na íntegra
aqui). Mostraram a mesma
D. Edite, que lidera um grupo de ajuda a pais de homossexuais e - pasme! - a mesma família
Reder! Será a única família no Brasil que tem um filho gay e que venceu o preconceito??! A novidade na família
Reder é que o Vítor já não está mais namorando o Júnior. E, é claro, o depoimento da mãe foi muito mais melodramático - com direito à encenação da suposta tentativa de suicídio. Alguém traga meus sais!
O bloco que cobriu o grupo de carecas que espalham violência pelas ruas mostrou algumas cenas chocantes de jovens gays sendo praticamente linchados nas ruas. Mas as fotos utilizadas foram as mesmas publicadas na
Folha de S. Paulo há pouco mais de uma semana. As asneiras ditas pelos carecas foram mostradas para o apresentador
Leão Lobo que fez declarações profundas do tipo "isto é um absurdo".
E houve um bloco inteiro dedicado a travestis bem baixaria que se prostituem em esquinas escuras da cidade. Este é o tipo de tema que deveria ser tratado a parte e com muito tato, principalmente neste momento que os gays tentam provar que são pessoas normais e que não vieram de Marte.
Há algum tempo atrás, quando um amigo de 30 anos se assumiu gay, o maior medo da família era que ele passasse a usar roupas de mulher ou que fosse fazer uma operação para mudar de sexo! A desinformação é muito grande e acho sempre um pouco perigoso colocar homens e mulheres gays, travestis e transexuais no mesmo pacote. Todos estes grupos merecem respeito e devem estar juntos na luta contra o preconceito, mas vivem realidades muito diferentes. Na confusão que se cria as pessoas acabam achando que qualquer homem ou mulher gay tem vontade de mudar de sexo. Eu queria, nestas horas, poder dizer que tenho muito orgulho de ser homem - um homem gay - e que nunca me passou pela cabeça ser mulher ou agir como uma.