Talvez a Cynthia Nixon tenha tido tempo para pensar mais a fundo sua declaração recente que era gay por opção. Ela, que já foi casada com homem e tem duas filhas, vive atualmente com uma mulher. Teve uma semana para repensar o assunto e se saiu bem. Disse à The Advocate que é, para o bem da verdade, bissexual, e que isto não é uma escolha. Dentro de sua bissexualidade ela sente que pode escolher ser gay ou não - mas que outras pessoas que não são bissexuais não têm esta possibilidade.
Mas, interessante mesmo foi ler o ponto de vista de Frank Bruni sobre o assunto em Genetic or Not, Gay Won't Go Away no New York Times. Frank sempre soube que era gay. E, como todos os outros, também achava importante que fosse estabelecida a determinação genética da homossexualidade, o tal gene gay. Chegando neste ponto a homossexualidade seria tão inseparável de um indivíduo quanto a sua cor de pele. E falar em opção sexual seria tão absurdo quanto falar em opção racial.
Porém, o fato de a cor da pele não ser uma opção não acabou com o racismo. E a homofobia é tão irracional quanto o racismo. Então, estabelecer se a homossexualidade é uma determinação genética ou uma opção não deve ser fator preponderante para o fim da homofobia.
Agora, o mais interessante: parece que muitos aguardam a confirmação biológica da homossexualidade para livrá-la da condenação. Mas isto não faz nenhum sentido. Basta ver que nossa legislação contém dispositivos sólidos de proteção à liberdade religiosa, e nada é tão opcional quanto a religião. Não foi preciso apresentar nenhum gene católico, budista ou evangélico para que esta proteção virasse lei.
5 comentários:
Bem observado! Mesmo que fosse opção, as pessoas deviam ser respeitadas em suas escolhas. Se os religiosos podem ser protegidos por lei, porque não os demais..
A questão da confirmação biológica me assusta, porque se acontecer de acharem um gene gay, muitos pais vão fazer exames para abortar fetos com esse tipo de "defeito"...
A cada dia que passa estou mais convencido de que a homossexualidade não é biológica nem causada por influência do meio, mas sim algo da "alma" mesmo (ou mente, ou espírito, como quiserem chamar).
detesto essa eterna discussão sobre as possíveis "causas da homossexualidade". Será que algum dia as pessoas - e sobretudo os gays - vão entender que a discussão não deveria jamais, em hipótese alguma, ser essa? Que não interessa a causa, se é que existe alguma, e que o importante é o respeito humano, independentemente de quem faz o que, como ou por quê?
Por que ninguém discute as causas da heterossexualidade tambem? Discutir se homossexualidade é genética ou não é passar atestado de que o certo e natural mesmo é ser hetero, e que o resto é aberração genética mal disfarçada mesmo. E isso é uma postura lamentável quando vinda justamente dos gays, que continuam insistindo em se defender dessa maneira errada.
dane-se a genética: eu sou viado porque gosto, e exijo respeito.
ivan
Luciano...
escrevi sobre essa declaração da Cynthia, e apoiei a declaração. Existe avanço maior que alguém ter sido hétero e escolher ser gay? Esse papo de "born this way", "gene da homossexualidade" acho por fora. Acho que a gente não precisa mais ficar dando explicações à sociedade. Existimos e ponto final – por orientação, por opção ou o que seja.
abs.
Luciano, opção acho que não é não.
Eu por exemplo, não escolhi ser gay. Desde que me conheço por gente 5, 6, 7 anos de idade, eu sentia sub-conscientemente que tinha algo de diferente em mim, em relação á atração sexual.
Pode ser genético?, pode. Tem relação com influências socio-culturais? Pode ser. Só não admito dizerem que isso é coisa do demo, por que não é...
Abraço...
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