terça-feira, 31 de agosto de 2010

Música, maestro!

Acho muito bacana esta ideia de levar números musicais para os lugares públicos e pegar as pessoas desprevenidas. Não há quem não se contagie por uma boa música. Este aqui aconteceu na quinta-feira passada no Queen Victoria Building em Sydney. A música é Vogue, na versão apresentada em Glee com a voz da Jane Lynch. Vontade de sair dançando e cantando assim do nada como se fosse a coisa mais natural do mundo...


A minha versão

Eu coleciono músicas e sempre estou à caça de versões diferentes ou pouco conhecidas das músicas que eu gosto. Às vezes consigo desenterrar algumas gravações antigas, outras raras, algumas que tiveram lançamentos só a nível local em alguma parte do mundo.

Antigamente as pessoas tinham um certo ranço em relação às versões não originais. Hoje em dia já é tão comum que grandes intérpretes apresentem releituras de antigos sucessos que ficou até difícil dizer qual versão é a original e qual é a cover. Mesmo porque algumas versões cover acabam ofuscando as próprias gravações originais. Veja por exemplo I Will Always Love You, que a Whitney Houston popularizou no filme O Guarda-Costas e que na época tocou até ficar insuportável. Pouca gente sabe que a música já tinha quase 20 anos quando Whitney a gravou para o filme. A versão original é de Dolly Parton, de 1973.

Outro exemplo é Don't Let Me Be Misunderstood, que estourou com o Santa Esmeralda, a quem muita gente credita a versão original sem saber que a música foi composta em 1964 especialmente para Nina Simone (a gravação dela é linda!), e depois dela ainda foi gravada pelos The Animals. A gravação do Santa Esmeralda só veio em 1977, treze anos depois da Nina Simone, com um novo arranjo misturando ritmos ciganos e flamencos que estourou nas rádios. O sucesso foi tanto que o grupo Santa Esmeralda teve que ser inventado - a gravação era solo pelo Leroy Gomez, mas um homem só no palco não rendia um visual muito bom para apresentações ao vivo. Então incluiram algumas dançarinas com roupas ciganas que só dançavam e não cantavam nada e voilà! estava criado o Santa Esmeralda. Hoje, Don't Let Me Be Misunderstood é considerado um clássico e tem versões muito bacaninhas de Cyndi Lauper, do John Legend, da Lyambiko, do Yusuf Islam (ex Cat Stevens), entre dezenas de outros. Eu tenho até uma versão cantada em árabe!


Mas a minha música favorita de todos os tempos é A Case Of You,  da qual eu já consegui desencavar 20 versões diferentes além da original da Joni Mitchell. Adoro as gravações da Maria Pia de Vito, da k. d. lang, do Prince, da Tutu Poane (que troca a palavra "Canada" por "Africa" na letra da música, um charme!). Mas nenhuma versão me derrete tanto quanto esta gravação relativamente rara cantada pelo Michael Holland, que além de tudo ainda é um gato.

Michael Holland - A Case of You:

Em time que está ganhando...

Diz o ditado que em time que está ganhando não se mexe. Mas este skit apresentado no Emmy com os personagens de Modern Family discutindo novas possibilidades para a série está absolutamente hilário. A possibilidade de transformar o casal gay em héteros ficou engraçada demais. E George Clooney sendo disputado por todos (todos!!) os casais da série também foi uma grande sacada.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Emmys



A abertura da cerimônia de entrega do Emmy ontem já foi um show por si só. Um mini-episódio de Glee com a participação de alguns dos outros concorrentes das outras séries (teve até o Jorge Garcia, que interpretava o Hurley em Lost). Simplesmente fantástico!

domingo, 29 de agosto de 2010

A vida secreta dos cowboys


Há muitas sensações estranhas rolando nas planícies do Texas. Tem uns caras que sentem coisas que não conseguem entender muito bem. E as cidades pequenas não gostam de gente indefinida. Não mesmo. As cidades pequenas não gostam de cowboy que gosta de homem.

Mas eu acredito piamente que no fundo da alma de todo homem existe o feminino. E toda mulher tem dentro uma voz masculina bem grossa. O cowboy pode até ficar contando vantagem das coisas que faz com as mulheres, mas os que falam mais alto são justamente os que são mais veados.

Os cowboys normalmente se amam em segredo. Ou você nunca desconfiou desta frescura toda de  usar selas e botas?

Não, o texto acima não é meu. É só o início da música Cowboys Are Frequently Secretly Fond Of Each Other composta em 1981 por Ned Sublette. Seria só mais uma música com tema gay se não fosse extremamente direta e se não fosse uma música country, um mercado ainda avesso às inovações dos costumes. E se não tivesse sido gravada por um cantor do naipe de Willie Nelson para mostrar que no mundo não há lugar para o preconceito.


Willie Nelson - Cowboys Are Frequently Secretly Fond Of Each Other: 


A letra original:

Cowboys Are Frequently Secretly Fond Of Each Other


Well, there's many a strange impulse out on the plains of West Texas.

There's many a young boy who feels things he can't comprehend.
And a small town don't like it when somebody falls between sexes.
No a small town don't like it when a cowboy has feelings for men.

And I believe to my soul that inside every man there's the feminine.

And inside every lady there's a deep manly voice loud and clear.
Well, a cowboy may brag about things that he's done with his women.
But the ones who brag loudest are the ones that are most likely queer.

Cowboys are frequently secretly fond of each other.

Say, what do you think all them saddles and boots was about?
And there's many a cowboy who don't understand the way that he feels for his brother.
And inside every cowboy there's a lady that'd love to slip out.

And there's always somebody who says what the others just whisper.

And mostly that someone's the first one to get shot down dead.
So when you talk to a cowboy don't treat him like he was a sister.
You can't fuck with the lady that's sleepin' in each cowboy's head.

Cowboys are frequently secretly fond of each other.

What did you think all them saddles and boots was about?
And there's many a cowboy who don't understand the way that he feels for his brother.
And inside every lady there's a cowboy who wants to come out.
And inside every cowboy there's a lady that'd love to slip out.


(Se gostou da música e quer guardar pra sempre, tem aqui).

O show do Tom


Pode-se falar qualquer coisa de Tom Cruise, menos que ele não esteja envelhecendo bem. A revista americana In Touch desta semana destaca que Tom está perdendo o vigor da juventude. Pura maldade. Ter conseguido manter o vigor da juventude aos 48 anos de idade já é um grande feito. Principalmente considerando que ele não recorreu a procedimentos cirúrgicos visíveis como a ex Nicole Kidman que está completamente embotocada.

Não dá pra negar: com quase meio século de existência nas costas Tom Cruise continua batendo um bolão.

sábado, 28 de agosto de 2010

Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é

Ken Mehlman
Até parece que alguém deu uma chacoalhada no galho dos gays famosos não assumidos nos Estados Unidos. Nas últimas semanas foi quase uma enxurrada de gente famosa ou nem tanto declarando a famosa frase "I'm gay". Teve Stephanie Miller - apresentadora de rádio que se assumiu lésbica no ar durante o programa, teve David Yost - da série Power Rangers, e teve Ken Mehlman, a saída do armário que está provocando a maior celeuma. Embora praticamente desconhecido no Brasil, Ken Mehlman é figura conhecidíssima no meio político americano; ele foi chefe da campanha presidencial de George Bush e presidente do Comitê Republicano Nacional.

Embora alguns gays famosos tenham expressado solidariedade, Ken Mehlman está sendo muito atacado porque atuou calado para um partido e uma administração notadamente homofóbicos em uma posição onde poderia ter feito mais pelos cidadãos LGBT . Nem a sua declaração de que a partir de agora se engajará ativamente na luta pela igualdade de direitos dos gays está conseguindo aplacar os ânimos.

Os americanos têm uma obsessão muito grande por definição que às vezes os torna meio chatinhos. Eles se esquecem que o processo de auto-aceitação pode ser bastante complexo. Há grandes impactos pessoais, familiares e profissionais que só quem está no meio do processo pode avaliar.

Acho que eles deveriam estar comemorando mais o fato de Ken Mehlman finalmente ter se sentido pronto, e de terem agora mais um aliado de peso na luta pela igualdade de direitos. Ele se assumiu quando achou que devia. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Goldie Hawn sorriu pra mim

Para quem mora no Rio de Janeiro ou em São Paulo a convivência com celebridades deve ser a coisa mais natural do mundo. Mas para quem é do interior, ver uma celebridade de perto é sempre uma experiência inesquecível.

Há alguns anos atrás eu estava em um restaurante de rua em Viena quando percebi um burburinho das pessoas que passavam. Na mesa ao meu lado, a menos de 1 metro, estavam Goldie Hawn e o maridão Kurt Russell. Quando me dei conta minha respiração se alterou, meu coração disparou, acho que até suei frio. Era como se o todo-poderoso tivesse se materializado ali na minha frente.

Como eu também era turista, estava com a minha máquina fotográfica pronta. Juntei toda a coragem do mundo e pedi permissão para tirar uma foto. Goldie Hawn sorriu pra mim, fez um movimento com a mão pedindo que eu esperasse um momento, tirou um batonzinho da bolsa, retocou os lábios, e fez sinal que estava pronta. Em seguida eles saíram em disparada, que uma pequena multidão já se juntava na entrada.

Sempre que conto esta história ouço um "Goldie o quê?". Enquanto não explico que ela era a recruta Benjamin meus amigos não conseguem entender a razão do meu entusiasmo.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

O direito de saber

Uma vez eu vi, na TV americana, um rapaz contando sobre o funeral de seu companheiro de mais de 20 anos de união. E a imagem mais forte que ele tinha era o fato de que ele, o irmão, o pai, e a cunhada tiveram que se sentar no fundo da igreja porque não tinham permissão para participar da cerimônia que era "somente para a família".

É sabido que muita gente não aceita os gays por absoluta falta de informação. Por isso é necessário um trabalho constante de conscientização e educação da população. Mostrar o dia a dia de famílias de pais homossexuais tem sido uma ótima estratégia, principalmente quando a família tem filhos.

Nos Estados Unidos, The Right To Love está sendo produzido para lançamento em janeiro, e é um documentário que acompanha uma família de pais gays da California - um deles é policial - com seus dois filhos, mostrando como suas vidas têm sido afetadas pela Proposição 8 e pela luta pela legalização do casamento.

Nos dias de hoje, informação e educação são armas poderosas.

Morphing

Paulo Coelho
Billy Joel
É impressão minha ou o George Michael, o Paulo Coelho, e o Billy Joel estão se transformando na mesma pessoa?


George Michael

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mais um importante passo

Em 1996 David Harrad, que é inglês, já vivia em Curitiba com o namorado brasileiro Toni Reis havia cinco anos quando teve a renovação do visto negada. O casal botou a boca no trombone e começou uma grande campanha pela permanência de David, com repercussão muito positiva na mídia. Como resultado, 42 mulheres se apresentaram dispostas a casar com David para que ele pudesse ficar no Brasil. Entre estas mulheres estava a própria mãe de Toni - a sogra de David. A campanha surtiu efeito e David ganhou um visto temporário para permanecer no país.

As pessoas e organizações que tanto defendem a santidade do casamento jamais vão conseguir me explicar porque não é permitido que duas pessoas que se amam e convivem há tanto tempo se casem, enquanto é perfeitamente possível casar com alguém completamente desconhecido e estranho desde que seja do sexo oposto.

Hoje, quase 15 anos depois, enquanto celebra 20 anos de união o casal comemora também outra vitória. Há 5 anos que eles tentam adotar uma criança. O pedido já havia sido aprovado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) em março do ano passado. O Ministério Público recorreu da decisão e o caso subiu para o STF (Supremo Tribunal Federal). Ontem, dia 24 de agosto, foi publicada a decisão do Supremo Tribunal Federal negando o recurso do Ministério Público e favorecendo a adoção pelo casal. Um grande passo para ser bem comemorado.

Eu já disse aqui antes. Nossas esperanças de igualdade estão melhor depositadas nos juízes da nossa suprema corte do que neste congresso de tiriricas e titicas que mais parece um circo de horrores.

Cada sorriso é um flash

Minha primeira máquina fotográfica era grande e pesada, made in Russia, comprada de segunda mão em uma loja em Londres quando fui estudar na Inglaterra no final da adolescência. O peso não impediu que ela se tornasse minha companheira constante por vários anos. Foi com ela que eu aprendi os conceitos de profundidade focal, velocidade do obturador, exposição, composição - todo o básico para se entender fotografia.

Fotografia era um hobby que demandava uma paciência imensurável. Havia um tempo enorme entre tirar uma foto promissora, enviar para revelação, e receber do laboratório. Dias, às vezes semanas, para se ver o resultado, algumas vezes frustrado por uma má combinação de velocidade e abertura ou por uma falha no foco.

Mais tarde, já com uma Pentax, bem mais moderna e leve, fiz várias viagens de trabalho para o Iraque, a Arábia Saudita e o Qatar. Para capturar o povo local, muito pouco simpático à ideia de ser fotografado, eu usava um conjunto de lentes em espelho que faziam ângulo de 90º. Fotografava as pessoas ao meu lado enquanto apontava a câmera para a frente - um artifício divertidíssimo que me rendeu fotos muito interessantes.

Só muito recentemente me rendi à fotografia digital. Mas não gosto das máquinas compactas totalmente automáticas que pensam e decidem tudo pelo fotógrafo. Prefiro uma câmera digital com cara de câmera analógica SLR, que tenha "pegada" de câmera antiga, e que permita que o fotógrafo controle a foto manualmente para obter o efeito que deseja. Fotografo olhando pelo visor e não pelo display LCD, hábito de fotógrafo de câmera analógica que causa estranheza em muita gente.

As duas imagens que escolhi para ilustrar esta postagem estão entre as minhas favoritas. Gosto da foto do rapaz de Curinga tirada em um domingo à tarde na Feira de Santelmo em Buenos Aires porque havíamos trocado um sorriso antes, e quando apontei a câmera ele ficou repentinamente tímido. A foto conseguiu capturar o olhar subitamente contido. Cumplicidade entre fotógrafo e fotografado pode gerar resultados surpreendentes. Gosto da foto do Congresso Argentino refletido no vidro do edifício que o ladeia pelo contraste das arquiteturas do prédio do congresso e do prédio que serviu de espelho.

Outras fotos minhas estão aqui, aqui e aqui.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Solução russa para situação ruça

Moscou parece ter resolvido revolucionar a moda nas ruas. Os habitantes e frequentadores da cidade, que até bem pouco tempo chamavam a atenção pela formalidade quase solene das roupas, renderam-se ao calor e à informalidade.

O verão trouxe temperaturas de 40º e muita fumaça das queimadas, e antes que a situação ficasse ruça a própria população achou uma solução russa: menos roupa.

Segundo o New York Times, passou a ser muito comum topar nas ruas com homens de havaianas e sem camisa, e mulheres de shorts curtíssimos e saltos altos ou em alguns casos só com a parte de cima de um biquini com shorts ou jeans. Isso em um país onde até pouquíssimo tempo atrás uma mulher jamais sairia de casa sem estar usando meias que cobrissem toda a perna.

Segundo Alexandre Vassiliev, historiador de moda e apresentador de um programa de televisão em Moscou, a nova moda é mais uma das várias facetas de uma revolução sexual dos 'filhos da perestroika' motivados pelos novos ares de liberdade.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

2nd Annual GLAAD Media Awards in Advertising



Marsha e Louise estão juntas há 20 anos e criaram 4 filhos, 2 dos quais com problemas gravíssimos de saúde. As dificuldades serviram para uni-las ainda mais, e esta é a mensagem que elas passam neste comercial institucional feito para a campanha pela igualdade no casamento no estado americano de New Jersey.

O comercial está concorrendo no 2nd Annual GLAAD Media Awards in Advertising. As outras categorias e os outros concorrentes podem ser vistos aqui. GLAAD é a Gay & Lesbian Alliance Against Defamation, uma organização não-governamental americana que monitora a maneira como a mídia trata e representa as pessoas da comunidade LGTB.

Gregory Alan Isakov

Gregory Alan Isakov nasceu na África do Sul mas foi criado em Filadélfia. Hoje mora em Boulder, no estado do Colorado, onde vive uma vida completamente normal com os pés no chão. É tímido e introspectivo, e no ano passado abriu shows para Fiona Apple, Brandi Carlisle, Alexi Murdoch e Ani DiFranco. Ele confessa ter sido bastante inspirado pela música de Ray LaMontagne.

Gregory Alan Isakov faz aquele tipo de música que parece que vai direto para o coração sem passar pelos ouvidos. A gente sente que está gostando antes de se dar conta que estava ouvindo.


"Slept high up in the Rockies
set my clock for californ-i-ey-aye
and I dreamed up somethin special to give that ocean man
she cuffs me anyway
so I’m banking on Virginia
to keep me calm and clear and straight
just like clock work seems to tell us
with every passing storm there’s just a harder hail
so light my way, Virginia May..."

Gregory Alan Isakov - Virginia May:

domingo, 22 de agosto de 2010

50% e aumentando...

Uma das argumentações dos defensores da Proposição 8, aquela que impede os casamentos entre gays na California e que agora está sendo questionada nos tribunais, é que a própria população votou pela proposição e um juiz não pode anular o voto de milhões de eleitores. Well... maybe not! A votação foi em 2008, e se fosse repetida hoje talvez o resultado fosse bem diferente. Por incrível que possa parecer, em matéria de aceitação dos direitos dos gays nos Estados Unidos, dois anos podem fazer uma diferença brutal.


O quadro acima foi publicado esta semana pelo New York Times. O resultado das pesquisas mais recentes mostra que a crescente aceitação do casamento entre pessoas do mesmo sexo acaba de atingir 50%, e daqui para a frente só vai aumentar. Alguns estados ainda têm baixa aceitação (como Utah, o estado dos mórmons, onde o índice de aceitação está hoje em 22%), mas o índice geral é puxado por estados onde a aceitação é maior e também por estados mais populosos (como a California, estado mais populoso do país, que conta com 56% de aceitação pela última pesquisa). Em alguns estados, como Massachussetts e Rhode Island, a aceitação está em níveis acima de 60%. É importante lembrar que em 1996 o índice de aceitação nacional era de apenas 25%.

A explicação, além das campanhas bem feitas que têm conseguido que muita gente mude de opinião e passe a aceitar o casamento homossexual, é também que todo ano milhares de eleitores idosos e conservadores morrem enquanto outros milhares de eleitores jovens e liberais passam a fazer parte ativa da população. Eu não tenho nenhum rancor desta gente preconceituosa e espero, sinceramente, que eles morram logo e que vão ser muito felizes lá do outro lado.



Isto é uma granada no seu bolso ou você está contente de me ver?

Eu ontem consegui passar o dia todo longe do computador. Nem me lembro mais da última vez que havia feito isso.

Acordei hoje cedo com uma certa saudade do mundo. E uma pontinha de desapontamento de perceber que o mundo continuou seu curso sem nem se dar conta da minha ausência.

Abro a página do noticiário e recebo na cara a notícia da invasão do hotel Intercontinental no Rio. Nem sei o que pensar. Por um momento chego a ter a esperança que seja só o Stallone de volta e que sejam só tiros de festim. Quem sabe ele voltou para devolver o macaco?

Hoje vou precisar de muito café.

sábado, 21 de agosto de 2010

O que é o amor?

Alguém ainda se lembra do Haddaway? Segundo o site oficial ele continua fazendo sucesso como nunca. Só esqueceram de dizer em qual churrascaria ele está se apresentando. Mas ele marcou presença nas pistas de dança na primeira metade dos anos 90, uma época em que as boates e as academias de aeróbica disputavam para ver quem tocava primeiro os últimos sucessos. O pessoal das academias, mais fino, ainda se referia a este estilo de música energética pelo refrão pump it up! enquanto nas boates já tinha degenerado para o poperô.

What Is Love? estava arrebentando em 1993 e fazia hordas de gente correrem saltitantes para o centro da pista. A música teria ficado para sempre presa nos anos 90 não fosse pela brilhante releitura acústica da Diane Birch. A gente olha para ela e não bota muita fé - Diane Birch tem cara de filha da vizinha, ou daquela prima de segundo grau que mora no interior. Mas aí ela começa a cantar e dá até um arrepio na nuca. Gente, onde ela conseguiu esta voz?




Gostou e quer guardar para sempre? Tem aqui.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Amanhã há de ser outro dia

Seus tataravós viram muito poucas mudanças nos costumes ao longo de suas vidas - eles praticamente nasceram, viveram e morreram em um mesmo mundo. A evolução social era lenta, e os costumes seguiam práticas tradicionais que permaneceram intocadas durante décadas.

No mundo atual os costumes mudam com maior velocidade. Nosso mundo já não é o mesmo de 10 anos atrás. Segundo o sociólogo americano Brian Powel, um dos autores do livro "Counted Out: Same-Sex Relations and Americans' Definitions of Family" previsto para lançamento no próximo mês, nenhum costume tem mudado tanto e tão depressa quanto a aceitação dos gays.

Quando Cristina Kirchner assinou no mês passado a lei da igualdade no casamento na Argentina, fez questão de frisar que, dentro de alguns poucos anos, vai ser difícil acreditar que os gays não podiam casar até então. A conquista de direitos civis por uma parcela da população sempre é assimilada com muita rapidez, principalmente porque o assunto é geralmente tratado como a correção tardia de uma injustiça vigente durante anos. Quando se pergunta para qualquer americano sobre o tempo em que negros eram proibidos de casar com brancos, eles geralmente acham que isso ocorreu há mais de cem anos atrás - e se surpreendem de descobrir que esta lei só foi derrubada em 1967.

religião sempre foi a principal barreira à evolução dos costumes. Não é à toa que Caetano Veloso se referiu à "incompetência da américa católica que sempre precisará de ridículos tiranos" na música cujo título resume tudo: Podres Poderes. Por isso é notável o fato de estados onde o catolicismo sempre foi bastante arraigado, como a cidade do MéxicoPortugalEspanha Argentina, já terem aprovado o casamento para os gays. Sinal evidente do enfraquecimento da igreja, o que tem permitido muitos avanços nos costumes sociais. Na Argentina, embora 92% da população se declare católica, apenas 20% realmente pratica a religião, que tem tido cada vez menos importância para as novas gerações.

As pesquisas sobre costumes da sociedade têm mostrado que os mais jovens aceitam as mudanças com muito mais facilidade, e já existe entre eles uma tendência a não enxergar o estigma que sempre acompanhou os gays. Os mais jovens tendem a considerar a orientação sexual como "uma variação benigna, de modo que a diferença entre um casal gay e um casal hétero não tem tanta importância".

Em todo o mundo é crescente o número de famílias que fazem questão que seus filhos convivam com a diversidade e participem da luta pelos direitos civis. Para estas crianças vai ser muito difícil acreditar que um dia houve preconceito contra os gays e que os gays já tiveram menos direitos que os héteros - eles vão jurar que isso só ocorria na Idade Média.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Eu

O homem mais bonito do mundo lança seu livro de memórias no dia 2 de novembro. O livro sai simultaneamente em inglês (Me) e também em edição em espanhol (Yo), e Ricky Martin promete abrir seu coração com detalhes de sua infância, do tempo com os Menudos, das novas obrigações como pai, e principalmente do processo de aceitação da homossexualidade.

Fiquei um tempão observando a foto que ilustra a capa do livro, e o único defeito que eu consegui encontrar no rosto do Ricky Martin foi uma leve curvatura no 4º cílio do olho direito.

Bem que eu avisei...

Marcelo Ebrard, prefeito da cidade do México
Eu bem que avisei que aquela despeitada com cara macilenta de broa vencida deveria ter ficado com a matraca fechada.

Ontem, quarta-feira, o prefeito da cidade do México entrou com uma ação civil de difamação contra o cardeal Sandoval Iñiguez, que chamou o casamento gay de 'aberração' e disse que os juízes da Suprema Corte certamente aceitaram propina para aprovar a igualdade dos casamentos gay e hétero.

Segundo o prefeito, "Vivemos em um estado laico e aqui, goste ou não, o país é regido de acordo com a lei. O cardeal tem que se submeter à lei do estado, como qualquer outro cidadão".

Realmente já estava passando a hora de começarem a dar um cala-a-boca nestas toupeiras que se julgam acima do bem e do mal. Prefeito Ebrard, toca aqui!!!!

Descascando a mandioca

Foi na edição australiana do Big Brother. O grandalhão gostosão Lane passou a tarde conversando sobre sexo com os outros participantes, e depois foi para o chuveiro quente cheio de amor para dar. E começou a se ensaboar, e a sentir o calor daquela mão macia... O jeito que ele até revira os olhinhos é muito sexy.

Muitas vezes o que a gente imagina é muito mais excitante do que o quê a gente vê.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sunil Pant é gente que faz

Até o Nepal, incrustado entre a China e a India aos pés do Himalaia, já passou o Brasil na corrida pela igualdade de direitos dos homossexuais. Em 2008 o país elegeu Sunil Pant para ocupar um assento no parlamento. Tudo bem, o Brasil também já tem e teve deputados gays. Mas algum deles vestiu a camisa da luta pela igualdade de direitos?

Até para os padrões americanos Sunil Pant é considerado inovador e ousado. Ele batalha incansavelmente pela causa, sabe fazer o que precisa ser feito sem perder tempo, e não tem a menor preocupação em agradar conservadores. O trabalho de Sunil Pant já repercute em toda a Ásia.

Ele acaba de lançar um programa de TV semanal direcionado à comunidade LGBT, primeira iniciativa deste tipo em todo o continente. E esta semana promoveu o primeiro casamento gay no país como forma de pressionar a aprovação, embora a situação jurídica do enlace ainda não esteja definida. No Nepal, os casamentos realizados por sacerdotes são mais respeitados que os casamentos legais.

Há exatamente um ano atrás Sunil Pant havia sido matéria de uma reportagem da TIME que credita a ele o rápido aumento da aceitação dos gays na Ásia.

Sunil Babu Pant, do Nepal, é gente que faz.

* Obrigado ao amigo Oscar Fergutz pela dica. 

Live fast, die young

É realmente difícil de acreditar que Tim Buckley tinha só 22 anos quando escreveu Song To The Siren. Baseada na lenda que diz que as sereias cantam para atrair os marinheiros para a morte, Song To The Siren é o oposto - é a música do marinheiro para a sereia, entregando-se para morrer. A letra é uma poesia densa e complexa e o autor se refere à "minha noiva, a morte" através de seu canto sombrio.

"Long afloat on shipless oceans
I did all my best to smile..."

Tim Buckley não sabia, mas seu encontro com a morte estava agendado para pouco tempo depois que compôs a música. O cantor/compositor morreu em 1975, aos 28 anos de idade, de overdose.

Quando Tim Buckley morreu, seu filho Jeff Buckley tinha só 9 anos. Jeff cresceu e também virou cantor. Uma das gravações mais bonitas de Hallelujah, o clássico de Leonard Cohen, está registrada na voz de Jeff Buckley

Mas a morte na água e o encontro com a sereia previstos pelo pai estavam reservados para o filho. Jeff Buckley morreu aos 30 anos de idade. Afogou-se enquanto nadava em um rio na cidade de Memphis, no Tennessee, em 1997.

Em 2006 Song To The Siren, em uma linda gravação de Paula Arundell, foi usada na abertura do filme australiano Candy. O filme conta a história de Dan, um rapaz de coração bom que luta desesperadamente para se livrar das drogas e ser feliz. O papel de Dan era interpretado por Heath Ledger, que morreria 2 anos depois, com 28 anos de idade.

Esta é a cena de abertura de Candy, com Heath Ledger e a música Song To The Siren. Toda vez que eu assisto eu tenho vontade de chorar. Eu acho a morte de pessoas jovens uma das maiores crueldades imagináveis.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Espantando o marasmo

Os pinguins do zoológico da Filadélfia passam o mês de agosto em um completo marasmo. O calor excessivo desta época do ano os deixa quase em estado catatônico, prostrados, sem ação, vendo a vida passar do outro lado do vidro que os separa da multidão que se apinha para vê-los. Mas tudo muda, muito de repente e sem o menor aviso, quando uma borboleta surge do nada.

Eu conheço muita gente que está precisando deixar uma borboleta entrar.


Bicho feio


Não, não é efeito de Photoshop. O animal da foto é real. Trata-se de uma toupeira-nariz-de-estrela, conhecida cientificamente pelo nome de Condylura cristata, encontrada nos Estados Unidos e Canadá.  A foto foi usada para ilustrar um artigo do New York Times sobre as sensações que fazem com que nossos cérebros provoquem reação de repugnância à vista de um bicho tão feio mas tão inofensivo e reação de admiração estética por um impala ou um jaguar que pode nos destroçar em segundos.

Estas reações têm ajudado nas pesquisas para se entender o funcionamento do cérebro humano e a formação das ideias pré-concebidas, da sensação de aversão, dos pré-conceitos. Alguns conceitos de simetria e proporcionalidade parecem ajudar na percepção do que é belo e o que é feio, mas as regras não são muito claras. O fato de que este bicho aí em cima parece que teve a cabeça arrancada e que o pescoço mais parece a saída de um moedor de carne realmente não ajuda muito.

Por outro lado, basta olhar para uma foto de um gatinho dormindo, um pinguim, ou um esquilinho no jardim para a gente se derreter todo.

No futuro, quando estas reações involuntárias forem melhor compreendidas certamente vamos poder trabalhar melhor a erradicação das aversões injustificadas e do preconceito contra as pessoas e estilos diferentes. Até lá podemos ir treinando com estes outros bichinhos aí embaixo. No final das contas você vai acabar achando a toupeira-nariz-de-estrela uma gracinha!

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Fazendo amor

A primeira vez que eu vi uma cena de dois caras se beijando em um filme de cinema foi em Fazendo Amor (Making Love, 1982). Eu fiquei completamente ruborizado e minha respiração se alterou. Dei graças a deus pela sala estar escura e ninguém notar. Mas a reação do restante do cinema também foi inesquecível. A grande maioria fez questão de externar desaprovação em voz alta, com sons de cuspidas que simulavam náusea e alguns credo, que nojo! aqui e ali. A cena era esta:




Hoje, quase 30 anos depois, parece que pouca coisa mudou. Na África do Sul as reações foram igualmente virulentas em repúdio a esta foto linda publicada esta semana na primeira página do jornal Die Matie da Universidade Stellenbosch. E olhem que lá até já existe a igualdade no casamento!

O diabo mostra o rabo

O cardeal Juan Sandoval Iñiguez, número dois da hierarquia católica do México, o mesmo que já havia dito que o casamento entre homossexuais é uma "aberração", agora apareceu na TV ainda mais desesperada afirmando que a Suprema Corte do país só pode ter recebido propina para aprovar a lei da igualdade.

Esta bicha velha despeitada com esta cara macilenta de broa vencida perdeu uma ótima oportunidade de ficar com a matraca fechada. A Suprema Corte não só decidiu que a igualdade de direitos é constitucional como também que todas as províncias do país devem reconhecer as uniões realizadas no Distrito Federal.

É nestas horas que eu fico com os dedos comichando para tirar a minha metralhadora giratória do armário.

domingo, 15 de agosto de 2010

Pelado com a mão no bolso

Imagine que você está andando pela rua e é abordado por um inspector que lhe pede para ver as notas fiscais das roupas que você está usando. Como você não carrega as notas, imediatamente você perde o direito de usar suas roupas e elas desaparecem. O inspetor vira e lhe diz: "Sentimos muito. Aconteceu um erro 417 no seu sistema", e vai embora. E você fica no meio da Avenida Paulista completamente pelado, literalmente com uma mão na frente e a outra atrás.

Surreal? Nem tanto. Este é mais ou menos o princípio do DRM (Digital Rights Management), a famigerada proteção anti-pirataria criada pela indústria fonográfica e utilizada nas músicas fornecidas por alguns sites de música legalizada na internet. Junto da música vem um programinha oculto contendo um certificado digital que é checado toda vez que a música é tocada. Qualquer problema no seu computador ou no arquivo que contém o certificado e bye-bye música - você fica pelado no meio da avenida.

Acredite, o problema é muito mais comum do que a indústria fonográfica faz os clientes acreditarem. A primeira vez que aconteceu comigo foi quando fiz um update no computador - o que transformou um montão de músicas em arquivos imprestáveis que nunca puderam ser recuperados.

Eu sou um ávido colecionador de músicas. Minha coleção de CDs ocupa uma grande área do meu apartamento, e minha coleção de músicas digitais já ultrapassou a marca de 17.000 ítens - e continua crescendo. Muitas destas músicas são compradas de sites brasileiros e estrangeiros que fornecem música com proteção. A primeira coisa que faço assim que baixo a música é tirar a proteção (há softwares para isso, e eu uso o Protected Music Converter, que recomendo com louvor).

Se você tem músicas protegidas na sua coleção, abra os olhos. Você pode acabar pelado com a mão no bolso. De consolo só a mensagem "Sentimos muito mas este arquivo não pode ser tocado". Sentem muito? Então, tá.

Agora eu sou um homem sem freio

Uma das vantagens de se ter uma irmã dentista é poder ser atendido a qualquer momento que surge um problema, mesmo sem ter hora marcada. E ontem, em pleno sábado à tarde, lá estava eu de boca aberta no consultório sendo submetido a uma microcirurgia para corrigir um problema no freio labial inferior, aquela faixa de tecido que une o lábio à gengiva. A cirurgia envolvia anestesia, cortar o freio, muito sangue, sutura - nada muito animador para uma tarde de sábado.

Mas nada disto me preocupou. Minha irmã é bastante segura e experiente, e eu não tenho muita frescura para este tipo de coisa. O meu maior problema é que a gente sempre tem muito assunto, e eu realmente nunca consegui entender como é que um dentista espera que você responda alguma coisa estando com a boca anestesiada e cheia de algodão com um tubo no canto drenando a saliva. Qualquer tentativa de dizer alguma coisa resulta em um balbucio gutural e a angustiante sensação de que a glote vai ter um espasmo. E a minha irmã continuava conversando como se estivéssemos em uma sala de visitas. Será que todo dentista é assim?

sábado, 14 de agosto de 2010

Aloka!

A revista Época aproveitou ontem para falar das novas gírias disseminadas pelos gays nos blogs e redes sociais. Só se esqueceu de explicar justamente por quê são os gays os maiores criadores dos novos modismos. Eu tenho a minha teoria: os gays normalmente gostam de escrever, normalmente escrevem bem, normalmente estão mais antenados do que a maioria da população, e têm um senso de humor cáustico e criativo. São imbatíveis.

Lembro-me que no encontro de blogueiros gays realizado no auditório da Livraria Cultura há algum tempo atrás uma "menina" perguntou porque as meninas tinham ficado de fora. E por acaso alguém conhece um montão de sapas que tenham blog e que estejam escrevendo? Meninas, fikdik.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Good bye, a-ha!

Eu devo muito ao a-ha. Quando eu estava atravessando uma separação traumática em 88 foram eles que me apoiaram incondicionalmente lançando Stay On These Roads que acabou virando a trilha sonora da minha dor-de-cotovelo. Agora que tudo passou e eu não sinto mais nenhum rancor daquele desgraçado filho-da-puta o a-ha continua me dando muita alegria.

Hoje eles lançaram o vídeo de despedida. O último vídeo da última gravação da última música inédita. E daqui pra frente aposentam o grupo. Good bye, a-ha!!

Quem redefiniu o casamento?

Os grupos que lutam contra a aprovação da igualdade de direitos para os casamentos heterossexuais e homossexuais argumentam que o casamento é uma instituição tradicional e antiga que ninguém tem o direito de redefinir. Em artigo publicado no USA Today sob o título "Quem Redefiniu o Casamento?", os historiadores Stephanie Coontz e William Doherty afirmam que a resposta é muito simples: quer saber quem redefiniu o casamento? Basta olhar no espelho.

1. Foram os heterossexuais que disseram um dia que o casamento tinha que ser voluntário e não arranjado como havia sido durante séculos. Redefiniram que o casamento deveria ser sobre amor e satisfação sexual.

2. Foram os heterossexuais que disseram um dia que as pessoas deveriam casar de livre e espontânea vontade, e que a união não deveria acontecer para atender a interesses políticos e econômicos como havia sido durante tempos.

3. Foram os heterossexuais que disseram um dia que os casais deveriam ter direito a métodos de controle de natalidade no momento em que a procriação deixou de ser um dos preceitos do casamento.

4. Foram os heterossexuais que disseram um dia que no casamento não deveriam existir papeis fixos, e que uma esposa podia muito bem trabalhar fora enquanto o marido tomava conta da casa e que ambos podiam se responsabilizar pela educação dos filhos.

O casamento vem sendo redefinido como resultado das mudanças sociais trazidas pelas conquistas resultantes da luta por integração, pelos direitos da mulher, pela simples evolução natural dos costumes.

Então não me venham com esta conversa fiada de que os gays estão tentando mudar tudo. Melhor enfiar a viola no saco e ir cantar em outra freguesia. Porque o mundo está mudando bem depressa. E não fomos nós que começamos. E quem fica parado acaba atropelado pelo bonde da história.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Pete Murray

Pete Murray é um australiano de 40 anos que continua com cara de 26. Ele tem aquele tipo atlético de quem jogou muito rugby e futebol na adolescência, e também toca violão desde bem cedo. O último disco Summer at Eureka já vendeu mais de um milhão de cópias.

O que eu mais gosto na voz dele é este jeitão não invasivo cheio de suavidade. Jeito de quem está cantando diretamente para mim. De quem entende a dor de um amor errado.



"...Found myself just the other day
In the backyard of a friend's place,
Thinkin' about you...
Thinkin' of the crowd you're in,
What you're up to, where you've been?
Just thinkin'..."






Pete Murray - So Beautiful:





I may be mad. I may be blind. I may be viciously unkind.

Duas coisas me tiram muito do sério: burrice e lerdeza. E eu  fico simplesmente possesso de ver a quantidade de burrice nas argumentações dos grupos conservadores no debate sobre a igualdade de direitos dos homossexuais no Brasil. Essa gentinha vem com argumentos que têm a profundidade de um pires! Me dá muita vontade de comprar uma metralhadora giratória e fazer um estrago daqueles!

Como bem disse a presidente da Argentina, ninguém perde nada, não tira nada de ninguém. A igualdade traz reconhecimento, respeito e dignidade para os homossexuais. A formalização da lei não aumenta ou diminui a quantidade de homossexuais existentes, não promove a homossexualidade, não faz chover sapo, não mata criancinha.

É uma grande burrice um gay ser contra a lei da igualdade, como anunciaram publicamente Karl Lagerfeld e o falecido Clodovil. VENHA PARA A LUZ, CAROLINE!! Será que alguém consegue imaginar hoje uma mulher que seja contra o voto feminino só porque não tem interesse em votar, ou alguém que seja contra o casamento interracial só porque não pretende casar com uma pessoa de outra raça? É preciso um cérebro realmente minúsculo para olhar para um assunto tão amplo e só ver o próprio umbigo. Pessoas assim têm que ter cuidado ao espirrar para o cérebro não sair pelo nariz!

Ser a favor da igualdade não significa que a pessoa tenha intenção de casar - significa ser a favor do reconhecimento e do respeito.  Eu, particularmente, nunca pensei em me casar, mas nunca duvidei, por um único segundo, da importância da aprovação da lei. Que bando de bichas burras!

Nossa, gente, acho que exagerei no café hoje!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Eu tenho que ter fé

Glee virou a sensação do momento nos Estados Unidos até entre a classe artística. Celebridades aparecem em entrevistas o tempo todo tietando o seriado. Todo mundo quer participar. Todo mundo quer ceder músicas. Todo mundo quer fazer pelo menos uma pontinha. É claro que de bobo eles não têm nada.

Paul McCartney, Britney Spears, Susan Boyle, John Barrowman - todos já confessaram publicamente a vontade de colaborar com os números musicais dos alunos da McKinley High.

Mas confirmado mesmo está George Michael, que vai ter um episódio todo dedicado a ele - exatamente como fizeram com Madonna. O episódio especial vai focar no album Faith, de 1987, e vai ser o terceiro episódio da nova temporada que começa em 21 de setembro. Faith vai ser relançado em edição comemorativa no mesmo dia de exibição do episódio especial.

Eu, que sou fã de carteirinha de glee e de George Michael, já comecei a contagem regressiva. Só para lembrar, o album Faith tem Father Figure, Kissing A Fool, I Want Your Sex, One More Try. Ainda falta muito para setembro?

"...I guess it would be nice if I could touch your body...
...Because I've got to have faith, I've got to have faith, faith, faith, faith..."

O otimismo e o berimbau

Tenho certeza que em toda a minha vida nunca vou conhecer outra pessoa tão otimista quanto a minha tia-avó Bezinha (o nome dela era Isabel). Eu era ainda criança e ela já tinha lá os seus 60 anos ou mais, viúva, sem filhos, tinha seu mundo todo dentro de uma mala e vivia viajando para longas temporadas nas casas dos parentes. Apesar da idade ela era toda moderna, usava meias de lurex bem coloridas - e não adiantava dizer para ela que não estavam combinando com o resto. As pessoas chegam numa certa idade em que quase tudo é permitido.

Ela achava homem de cabelo comprido o máximo. Enquanto minha mãe vivia digladiando comigo e com meu irmão mais velho para cortarmos aquela "indecência de cabelo", a tia Bezinha sempre saia em nossa defesa. Para ela tudo estava bom, tudo estava ótimo. Ela falava pausadamente e vivia com um sorriso enorme no rosto.

Uma vez minha prima começou a namorar um cara que tinha cara de maconheiro, não trabalhava, passava o dia inteiro em rodas de capoeira com uns amigos esquisitos e só faltava ter "malandro" tatuado na testa. Durante um almoço de família meu tio aproveitou para soltar o verbo. Minha prima chorando em um canto da mesa e meu tio, todo vermelho, chamando o namorado de "marginal" para pior. A situação já estava pra lá de preta quando a tia Bezinha levantou bem devagar, caminhou com seu passinho miúdo até o canto da mesa, passou o braço em volta da minha prima, olhou para o meu tio de forma desafiadora e disse "Ele toca um berimbau como eu nunca vi!"

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Todas as mulheres solteiras

Quando a gente pensava que já tinha visto todas as versões possíveis e imagináveis de Single Ladies (Put A Ring On It) a competentíssima Sara Bareilles aparece com esta versão acústica de arrebentar a sapucaia.





UPDATE: Atendendo a pedidos, quem quiser baixar pode pegar aqui.

Caras de Dali

Já aconteceu de você conversar com alguém que tem algum defeito grave na face e não conseguir tirar os olhos do defeito? Por mais que você tente agir naturalmente e fingir que não está nem notando, parece que os olhos não conseguem se desviar da deformidade. Meus olhos se portam sempre desta maneira, quase me matam de vergonha. Parece que meu cérebro trava e fica tentando decodificar aquilo, e tentando, e tentando, e tentando, sem sucesso. É extremamente constrangedor.

Há muito tempo atrás tínhamos um porteiro no condomínio onde eu moro que, quando menino, tinha levado um coice de um cavalo na cara. O meu constrangimento ao conversar com ele era aumentado pelo fato de ele ser extremamente educado, muito gentil mesmo. Eu vivia fugindo dele.

Estas situações têm ficado cada vez mais frequentes com o aumento de pessoas que exageram nas cirurgias plásticas e no botox. Porque estas caras alteradas travam o meu cérebro da mesma forma.

Há algum tempo atrás eu cruzei no shopping com um amigo que não via há um certo tempo e a cara dele paralisada de botox me deixou muito desconfortável. Sem contar que ele deve ter feito algum tratamento que deixou a pele com um brilho estranho, com textura de porcelana. Eu olhava para ele e lembrava de umas bonecas de porcelana que a minha tia costumava guardar em cima do guarda-roupa, e que ficavam com as perninhas pendendo para fora. Este encontro está entre os cinco minutos mais longos da minha vida.

Na rua, no prédio, na fila do cinema - tenho visto cada vez mais estas caras alteradas que deixam meu cérebro meio perdido. Será que o medo de envelhecer vai deixar todo mundo assim?

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O homem de verdade

Quando a gente é jovenzinho imagina que um dia vai encontrar um namorado com corpo de modelo, que transe feito um ator de filme pornô, que tenha o rostinho lindo de astro de Hollywood, e que seja inteligente, carinhoso e gentil . E se souber cozinhar, passar, e falar idiomas - melhor ainda.

Por isso eu acho ótima esta galeria de fotos de homens comuns, fotografados no dia a dia das ruas de Nova York.

Para lembrar que não existe príncipe encantado que chega montado no cavalo branco, mas que é possível encontrar grandes encantos nos homens reais do dia a dia. E que, por mais perfeito que seja seu namorado, ele sempre vai acordar com mau hálito, vai ter mal-humores de vez em quando, pode implicar vez ou outra sem o menor motivo, e invariavelmente vai ganhar uma barriguinha saliente com o passar do tempo. Porque a vida real não é um conto-de-fadas. Felizmente.

domingo, 8 de agosto de 2010

Para que eu quero descer

Já acordou se sentindo assim alguma vez?

Da terra do gelo

Pouco se fala sobre a Islândia. Sabemos que a pequena ilha tem vulcões de nomes impronunciáveis que soltam fumaça que consegue parar os vôos em toda a Europa e que é muito fria no inverno. Mais recentemente ficamos sabendo que o país aprovou a igualdade do casamento e que a primeira-ministra foi justamente a primeira cidadã a aproveitar a lei casando-se com sua companheira de vários anos logo após a aprovação.

Jón Gnarr, prefeito de Reiquijavique
Agora conhecemos também Jón Gnarr, prefeito de Reiquijavique, a capital do país. Foi como está na foto aí em cima, vestido de drag queen, que ele apareceu para a abertura do Festival do Orgulho Gay na cidade.

E ficamos imaginando quanto tempo será que vai demorar para chegarmos ao mesmo nível de civilização e civilidade de um país assim. Será que Gilberto Kassab ou Eduardo Paes topariam?

A Islândia pode ser boa pedida para as próximas férias. No verão, é claro.




sábado, 7 de agosto de 2010

Delírio onírico

Desde que vi o trailer pela primeira vez que eu aguardava ansiosamente pelo lançamento de A Origem (The Inception, 2010). E todo mundo sabe que a expectativa alta é o caminho mais curto para a decepção. Não me interpretem mal, eu até que curti o filme bastante. O problema é que o roteiro é tão rocambolesco que a uma determinada altura a gente é obrigado a abrir mão de tentar seguir a lógica da história. Imagine uma história que se passa dentro de um sonho que acontece dentro de outro sonho que acontece dentro de outro sonho, e em cada um destes três níveis de sonhos acontecendo simultaneamente o tempo avança em velocidades diferentes. Ah, e some-se a isto o fato que a realidade dos sonhos não segue as leis da física ou da lógica, muito menos da construção civil. Em resumo, o filme subverte as dimensões do tempo e do espaço sem a menor cerimônia.

Talvez a intenção dos realizadores tenha sido que o filme seja visto como uma obra de arte - para ser admirado mesmo que não seja compreendido. E neste ponto acerta em cheio. É, sem dúvida, um dos maiores espetáculos visuais já mostrados na tela do cinema. As cenas de Paris deixam o espectador perplexo - em uma cena a cidade é dobrada ao meio, em outra é multiplicada por espelhos que criam caminhos infinitos. E perto do final do filme há uma sequência de ação em um hotel em que a gravidade desaparece, com efeito espetacular. O diretor Christopher Nolan descreveu a realização de uma outra cena impressionante gravada em uma rua de Paris, que pode ser vista aqui com os comentários do diretor ou com o som original.

A Origem
se enquadra facilmente naquela categoria "como será que eles conseguiram fazer isso?".

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O armário de cristal

Algumas celebridades vivem no que já se convencionou chamar de "armário de cristal". Todo mundo sabe que elas são, elas dão a maior pinta, mas não admitem publicamente. E assim evitam que os jornais e revistas falem delas neste sentido - o que daria causa para processos milionários de difamação, calúnia, dano à imagem, etc, etc, etc, etc.  O armário é de vidro, está todo mundo vendo lá dentro, mas a porta continua fechada. Até o dia em que elas cansam ou - o que acontece com mais frequência - o armário se estilhaça em mil pedaços.

Queen Latifah, por exemplo, vive com Jeannette Jenkins há muito tempo. Mas, para todos os efeitos oficiais as duas são só boas amigas. E é o que provavelmente ela vai continuar dizendo ao comentar estas fotos publicadas ontem delas se divertindo durante uma volta no iate de amigos.

Houve um tempo em que o cristal era mais procurado para produzir taças, miniaturas de bichinhos, e lustres. Ou sapatinhos de princesa. Hoje em dia é muito usado na fabricação de armários. Dizem que Hollywood banca milhares destes armários. E a Rede Globo também.