Qual a diferença entre dizer "
Metade da população rejeita os gays" e "
Metade da população aceita os gays"? Matematicamente, nenhuma. Mas, psicologicamente, existe uma grande diferença entre enfatizar a rejeição ou a aceitação.
Este é o problema com a divulgação da pesquisa realizada pelo IBOPE sobre a aceitação do casamento gay no Brasil e divulgada hoje. As manchetes tanto do
UOL quanto do
G1, os maiores portais de notícia do Brasil, se apressaram em divulgar que "
55% da população reprova união gay" sem se dar conta que isto significa que "
45% da população é favorável à união gay"- o que é um índice ótimo!! Basta considerar que a aceitação no estado de Nova York hoje é de 53% mas era de apenas 27% em 1996!
45% de aceitação no Brasil na atual situação é muito bom, é um índice para comemorar! Principalmente levando-se em conta que a aceitação é crescente, que as lutas têm conquistado bons resultados, que a população mais jovem tende a ser mais liberal e que a população mais velha e conservadora vai diminuindo naturalmente em número.
Além disso, a pesquisa (que pode ser consultada na íntegra
aqui) traz outros resultados que não representam nenhuma surpresa: que a aceitação é maior entre os níveis de escolaridade mais altos, que é maior entre os mais jovens, menor entre os evangélicos, etc. Nada surpreendente.
Agora, os jornais bem que poderiam ter dado a notícia em um tom menos pessimista. O esperado de uma publicação seria posicionar-se ao lado da luta pela conquista de direitos humanos. Mesmo que a diferença seja só psicológica.