Eu sempre morro de ódio quando um disco que eu já comprei é relançado com uma ou mais faixas adicionais. Já comprei muitos discos duas vezes simplesmente pelas faixas adicionais - não sem antes esbravejar bastante internamente. Felizmente, para compensar, eu tenho também um disco que foi posteriormente relançado com uma faixa a menos: o excelente In My Tribe, dos 10,000 Maniacs, que teve a faixa Peace Train retirada das edições posteriores quando Cat Stevens declarou apoio à perseguição que o regime iraniano empreendeu contra o escritor Salmon Rushdie. Sendo fã de carteirinha eu comprei o disco logo após o lançamento e tenho hoje a rara edição que inclui a música cortada.
Quem acaba de relançar um disco turbinado é Ellie Goulding. O disco de estreia Lights, lançado no início do ano, está chegando novamente às lojas no início de dezembro, desta vez com o título Bright Lights. Pelo menos este caso é mais justo - são 6 faixas adicionais que acabam compensando o preço do disco novo. E principalmente porque entre estas 6 novas faixas está uma versão deliciosa de Your Song, o clássico de Elton John e Bernie Taupin que nunca sai de moda. O single de Your Song já é segundo lugar no "UK Top 10" desta semana.
Ellie Goulding - Your Song:
terça-feira, 30 de novembro de 2010
O segredo do Gerson
Finalmente revelaram o segredo do Gerson na novela Passione. Um segredo que o atormentava desesperadamente, que fez com que ele fosse chantageado pelo irmão mais velho, que fez sua ex-mulher sentir náuseas quando descobriu, que fez o Gerson abandonar a namorada e sair correndo para a frente do computador... E o segredo é que ele se excita com uma coleção de pornografia no computador?
Tanto piti para isso? O Gerson deveria vir ver a minha coleção de pornografia e depois certamente iria se sentir mais casto que Madre Teresa de Calcutá. Francamente...
Tanto piti para isso? O Gerson deveria vir ver a minha coleção de pornografia e depois certamente iria se sentir mais casto que Madre Teresa de Calcutá. Francamente...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Justiça seja feita
Você já parou para pensar que em todo aquele enorme território do Canadá vivem pouco mais de 30 milhões de habitantes enquanto naquela pequenina ilha do Japão espremem-se quase 130 milhões de pessoas?
Como seria o mundo se houvesse uma redistribuição de territórios de acordo com a população, e as maiores populações fossem alocadas nos maiores países? Alguém com bastante tempo sobrando já pensou nisto e apresentou a nova distribuição de áreas compatíveis com a população. Curiosamente, só 4 países não precisaram ser relocados: o Brasil, os Estados Unidos, o Iêmen e a Irlanda.
Como seria o mundo se houvesse uma redistribuição de territórios de acordo com a população, e as maiores populações fossem alocadas nos maiores países? Alguém com bastante tempo sobrando já pensou nisto e apresentou a nova distribuição de áreas compatíveis com a população. Curiosamente, só 4 países não precisaram ser relocados: o Brasil, os Estados Unidos, o Iêmen e a Irlanda.
Você aceita se unir civilmente comigo?
Algumas pessoas acharam que oferecer uma alternativa meia-boca de união para os gays - a tal "união civil" - calaria a boca desse pessoal barulhento e os faria parar com esta maldita insistência de redefinir o casamento, esta instituição que deve ser reservada apenas para um casal de primeira classe formado por um homem e uma mulher.
O vídeo abaixo usa de bastante sarcasmo para esclarecer definitivamente que "união civil" e "casamento" não são a mesma coisa. Minhas cenas favoritas: o rapaz pedindo de joelhos "você aceita se unir civilmente comigo?" e a mocinha romântica: "meus filmes favoritos são todos sobre união civil: Quatro Uniões Civis e Um Funeral, .... (etc)"
Tem vezes que o sarcasmo é a melhor arma!
O vídeo abaixo usa de bastante sarcasmo para esclarecer definitivamente que "união civil" e "casamento" não são a mesma coisa. Minhas cenas favoritas: o rapaz pedindo de joelhos "você aceita se unir civilmente comigo?" e a mocinha romântica: "meus filmes favoritos são todos sobre união civil: Quatro Uniões Civis e Um Funeral, .... (etc)"
Tem vezes que o sarcasmo é a melhor arma!
O super-heroi de carne e osso
O documentário Senna, produção do Japão e Reino Unido dirigida pelo inglês Asif Kapadia, resgata o período de dez anos - de 1984 a 1994 - quando o mundo, e principalmente os brasileiros, conheceram este ídolo obstinado que muitas vezes logrou fazer o impossível.
Eu estava preparado para o ritmo mais lento e monótono típico dos documentários e me surpreendi com a montagem eficiente que utiliza a rivalidade Ayrton Senna x Alain Prost para criar um enredo que funciona extremamente bem com até uma certa pitada de suspense - mesmo quando se conhece o desfecho de antemão.
A parte do filme que narra o esforço sobre-humano de Ayrton Senna para garantir a primeira vitória em um Grande Prêmio no Brasil culmina com cenas impressionantes de Ayrton levantando o troféu com muita dor e dificuldade. Bateu uma puta saudade daquele tempo em que a gente passava as manhãs de domingo vendo o Senna correr. Eu chorei neste ponto, mas não fui o único a me emocionar no cinema.
Eu estava preparado para o ritmo mais lento e monótono típico dos documentários e me surpreendi com a montagem eficiente que utiliza a rivalidade Ayrton Senna x Alain Prost para criar um enredo que funciona extremamente bem com até uma certa pitada de suspense - mesmo quando se conhece o desfecho de antemão.
A parte do filme que narra o esforço sobre-humano de Ayrton Senna para garantir a primeira vitória em um Grande Prêmio no Brasil culmina com cenas impressionantes de Ayrton levantando o troféu com muita dor e dificuldade. Bateu uma puta saudade daquele tempo em que a gente passava as manhãs de domingo vendo o Senna correr. Eu chorei neste ponto, mas não fui o único a me emocionar no cinema.
domingo, 28 de novembro de 2010
Folha pisa no tomate ao falar da lei da homofobia
Um editorial sobre a lei da homofobia abre a Folha de S. Paulo de hoje, e eu nunca vi um editorial tão meia-boca feito este. A Folha costuma produzir bons editoriais com posições firmes, mas desta vez pisa no tomate, e feio. O texto, diferente do que já é tradicional no jornal de maior circulação no país, nem está tão bem escrito. Em vez de expressar uma opinião, parece se posicionar sobre o muro. Tenta ter um tom simpatizante, mas no fundo é um baita empata-foda para todos que têm acompanhado o debate.
O artigo alerta que a legislação deve punir os atos de ataques a homossexuais, mas precisa ser equilibrada para não ferir a liberdade de opinião. Confesso que não entendi esta postura da Folha em cima do muro. É óbvio que a liberdade de opinião é um bem precioso que não pode ser ameaçado. Mas o texto traveste de "liberdade de opinião" a permissão que os religiosos querem continuar tendo de atacar a homossexualidade e consequentemente continuar aumentando o preconceito que é a raiz da homofobia.
O artigo fala que se a nova lei impedir as pessoas de consideraram o "homossexualismo (sic) atentatório à vontade de Deus, até a Bíblia teria de ser censurada" - o que eu considero, no mínimo, de uma burrice cavalar. A abolição da escravatura no Brasil aconteceu há mais de um século atrás e a Bíblia nunca precisou ser censurada por falar em escravos.
Primordialmente, o texto incorre em um erro muito básico - esquece da separação que deve existir entre igreja e estado. Leis devem ser dirigidas à população civil de um estado laico. Nenhuma lei pode procurar respaldo na Bíblia ou em ensinamentos religiosos. O artigo peca ao atribuir muita importância à posição religiosa da extrema direita em um debate que é da sociedade civil.
O artigo alerta que a legislação deve punir os atos de ataques a homossexuais, mas precisa ser equilibrada para não ferir a liberdade de opinião. Confesso que não entendi esta postura da Folha em cima do muro. É óbvio que a liberdade de opinião é um bem precioso que não pode ser ameaçado. Mas o texto traveste de "liberdade de opinião" a permissão que os religiosos querem continuar tendo de atacar a homossexualidade e consequentemente continuar aumentando o preconceito que é a raiz da homofobia.
O artigo fala que se a nova lei impedir as pessoas de consideraram o "homossexualismo (sic) atentatório à vontade de Deus, até a Bíblia teria de ser censurada" - o que eu considero, no mínimo, de uma burrice cavalar. A abolição da escravatura no Brasil aconteceu há mais de um século atrás e a Bíblia nunca precisou ser censurada por falar em escravos.
Primordialmente, o texto incorre em um erro muito básico - esquece da separação que deve existir entre igreja e estado. Leis devem ser dirigidas à população civil de um estado laico. Nenhuma lei pode procurar respaldo na Bíblia ou em ensinamentos religiosos. O artigo peca ao atribuir muita importância à posição religiosa da extrema direita em um debate que é da sociedade civil.
sábado, 27 de novembro de 2010
Proibido cuspir no chão
Nem sempre a gente se dá conta de que o mundo está mudando, principalmente porque temos o hábito de apagar o passado. Mas é justamente quando o passado vem bater de frente com a nossa cara que percebemos que as coisas mudaram... e como!
Em Buenos Aires a gente vive se encontrando com o passado. Como quando se entra no bar anexo ao Mercado San Telmo. O mercado, por si só, já é uma viagem - com uma estrutura metálica de mais de um século atrás. O bar provavelmente não passou por nenhuma alteração. O único sinal de modernidade é o dono atual - com o cabelo comprido, o braço cheio de tatuagens e cara de pirata. O resto deve estar lá desde a inauguração, inclusive os balcões e as prateleiras. Mas o que mais me chamou a atenção foi o aviso na parede: "Proibido Cuspir no Chão. Lei Municipal de abril de 1902".
Fiquei imaginando a reação que deve ter havido na época - talvez parecida com a provocada pela lei anti-fumo que temos no presente. Como? Não pode mais cuspir no chão? Que absurdo!!! Agora estes políticos querem mandar na gente? Isto é o fim do mundo!! Isso só pode ser coisa deste bando de políticos maricas educados na Europa!
Em Buenos Aires a gente vive se encontrando com o passado. Como quando se entra no bar anexo ao Mercado San Telmo. O mercado, por si só, já é uma viagem - com uma estrutura metálica de mais de um século atrás. O bar provavelmente não passou por nenhuma alteração. O único sinal de modernidade é o dono atual - com o cabelo comprido, o braço cheio de tatuagens e cara de pirata. O resto deve estar lá desde a inauguração, inclusive os balcões e as prateleiras. Mas o que mais me chamou a atenção foi o aviso na parede: "Proibido Cuspir no Chão. Lei Municipal de abril de 1902".
Fiquei imaginando a reação que deve ter havido na época - talvez parecida com a provocada pela lei anti-fumo que temos no presente. Como? Não pode mais cuspir no chão? Que absurdo!!! Agora estes políticos querem mandar na gente? Isto é o fim do mundo!! Isso só pode ser coisa deste bando de políticos maricas educados na Europa!
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Boçalidade por osmose
O deputado Jair Bolsonaro, do PP do Rio de Janeiro, re-eleito recentemente, afirmou em um programa de televisão que um filho que vai virando "gayzinho" precisa de uma surra para endireitar.
Segundo o deputado "Se o garoto anda com maconheiro ele vai acabar cheirando, e se anda com gay vai virar boiola com toda certeza". Se isto é verdade, então significa que quem anda com Bolsonaro também vai acabar virando idiota, burro e boçal?
Segundo o deputado "Se o garoto anda com maconheiro ele vai acabar cheirando, e se anda com gay vai virar boiola com toda certeza". Se isto é verdade, então significa que quem anda com Bolsonaro também vai acabar virando idiota, burro e boçal?
De coisas e mulheres veadas
Dizem que os esquimós têm dezenas de palavras diferentes para se referirem à neve e ao gelo. Para quem vive em um mundo cercado de neve e gelo é preciso distinguir as várias nuances e sutilezas destes elementos, imperceptíveis para os forasteiros. Isto é verdade em qualquer cultura. Experimente explicar para um americano a diferença entre banana-nanica, banana-prata, banana-maçã, banana-ouro, banana-do-brejo, banana-da-terra, e banana-d'água - e ele certamente vai dizer que você está louco.
O mesmo é verdade para a cultura gay, se é que se pode dizer que existe uma. Várias palavras que foram originalmente criadas para agredir e ofender os gays adquiriram um novo sentido quando utilizadas pelos próprios. Meu amigo Hernâni adorava usar a palavra "veada" (assim mesmo, no feminino) para se referir a tudo que tem aquela afetação exagerada - sem nenhuma conotação sexual e geralmente com sentido positivo. Para ele, Cláudia Raia era muito veada. Hebe Camargo também. Mas o supra-sumo, a quinta-essência da mulher veada, o troféu absoluto, sempre foi da Carmen Verônica (quem não se lembra daquela novela em que ela chamava o personagem da Camila Pitanga assim - ô Môôôôônica!!!!). Carmen Verônica sempre foi veadíssima! E é justamente isto que a faz única e ótima.
Na semana passada, quando passeávamos pelo Caminito em Buenos Aires, demos com esta estátua que eu fotografei exatamente no momento em que uma pomba apareceu do nada. Nós nos entreolhamos e rimos muito, sem precisar falar nada. O que todo mundo pensou foi "pode existir coisa mais veada que isso?"
O mesmo é verdade para a cultura gay, se é que se pode dizer que existe uma. Várias palavras que foram originalmente criadas para agredir e ofender os gays adquiriram um novo sentido quando utilizadas pelos próprios. Meu amigo Hernâni adorava usar a palavra "veada" (assim mesmo, no feminino) para se referir a tudo que tem aquela afetação exagerada - sem nenhuma conotação sexual e geralmente com sentido positivo. Para ele, Cláudia Raia era muito veada. Hebe Camargo também. Mas o supra-sumo, a quinta-essência da mulher veada, o troféu absoluto, sempre foi da Carmen Verônica (quem não se lembra daquela novela em que ela chamava o personagem da Camila Pitanga assim - ô Môôôôônica!!!!). Carmen Verônica sempre foi veadíssima! E é justamente isto que a faz única e ótima.
Na semana passada, quando passeávamos pelo Caminito em Buenos Aires, demos com esta estátua que eu fotografei exatamente no momento em que uma pomba apareceu do nada. Nós nos entreolhamos e rimos muito, sem precisar falar nada. O que todo mundo pensou foi "pode existir coisa mais veada que isso?"
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
Eternamente
Duffy surgiu praticamente do nada em 2008 e tomou o mundo de assalto. Seu disco de estreia Rockferry foi o mais vendido no Reino Unido naquele ano e elevou as músicas Mercy e Warwick Avenue à estratosfera do sucesso. No ano seguinte Duffy ganhou o Grammy de melhor disco pop por Rockferry e a carreira de grandes prêmios não parou mais.
Por tudo isto seu próximo lançamento era amplamente aguardado. Endlessly tem lançamento oficial marcado para 7 de dezembro. Vazou hoje na internet, e basta uma primeira audição para se constatar que esta gaulesa de pegada soul forte veio para ficar.
O álbum tem 10 faixas deliciosas. Em Breath Away Duffy lembra muito o estilão de Amy Winehouse, mas com personalidade própria. E cada faixa é uma nova oportunidade de ouvir o que esta garota linda consegue produzir com a voz. Já é possível afirmar sem dúvida que o êxito de Rockferry não foi simples sorte de principiante, e que Endlessly tem tudo para seguir o mesmo caminho de sucesso.
Duffy - Endlessly:
Duffy - Breath Away:
Por tudo isto seu próximo lançamento era amplamente aguardado. Endlessly tem lançamento oficial marcado para 7 de dezembro. Vazou hoje na internet, e basta uma primeira audição para se constatar que esta gaulesa de pegada soul forte veio para ficar.
O álbum tem 10 faixas deliciosas. Em Breath Away Duffy lembra muito o estilão de Amy Winehouse, mas com personalidade própria. E cada faixa é uma nova oportunidade de ouvir o que esta garota linda consegue produzir com a voz. Já é possível afirmar sem dúvida que o êxito de Rockferry não foi simples sorte de principiante, e que Endlessly tem tudo para seguir o mesmo caminho de sucesso.
Duffy - Endlessly:
Duffy - Breath Away:
De olho no mundo
Havia muita especulação no ar desde que o Daniel do blog Chato no Ar desaparecera. Hoje, misteriosamente, o Daniel reapareceu com o Mundo em Meus Olhos.
Mas uma mensagem cifrada na FOLHA de hoje, que pode ser conferida pegando-se só a primeira letra do título de cada uma das reportagens, de trás pra frente, informa que o verdadeiro Daniel está na ilha de Lost e só reaparecerá lá pelo final da quinta temporada, e que este é um clone que será desmascarado no 34º episódio. Será?
Daniel, bom retorno!
Mas uma mensagem cifrada na FOLHA de hoje, que pode ser conferida pegando-se só a primeira letra do título de cada uma das reportagens, de trás pra frente, informa que o verdadeiro Daniel está na ilha de Lost e só reaparecerá lá pelo final da quinta temporada, e que este é um clone que será desmascarado no 34º episódio. Será?
Daniel, bom retorno!
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
O papa e a camisinha
A igreja católica está em rebuliço esta semana com os novos esclarecimentos do papa referentes ao uso de preservativos. A declaração apareceu no livro "Luz do Mundo: o Papa, a Igreja, e os Sinais dos Tempos" que está sendo lançado pelo papa e já começou com uma polêmica. Em algumas edições europeias o livro traz que o uso da camisinha pode ser justificado em alguns casos por garotos de programa contaminados pelo vírus HIV. Na edição em italiano os "garotos de programa" foram substituídos por "prostitutas". Erro de tradução, segundo o Vaticano, que será corrigido nas próximas edições.
Não é mesmo incrível que um assunto tão importante somente desperte na igreja uma polêmica em relação à semântica da declaração? E que absolutamente nada seja dito em relação ao genocídio sancionado pela igreja durante décadas ao condenar o uso de preservativos, principalmente em regiões pobres da África com alto grau de contaminação pelo HIV?
Muitos estão vendo a declaração do papa como um progresso. Então, tá. Com base na velocidade em que este progresso foi alcançado, pode-se estimar que por volta do ano 3.946 a igreja aprove também o uso de preservativos como forma de controle de natalidade, e talvez lá pelo ano 5.768 passe a considerar a homossexualidade como algo natural. Então, gente, vamos marcar lá na folhinha: lá pelo século 58 a igreja católica deve começar a fazer casamentos entre pessoas do mesmo sexo!!! Vamos comemorar?
Não é mesmo incrível que um assunto tão importante somente desperte na igreja uma polêmica em relação à semântica da declaração? E que absolutamente nada seja dito em relação ao genocídio sancionado pela igreja durante décadas ao condenar o uso de preservativos, principalmente em regiões pobres da África com alto grau de contaminação pelo HIV?
Muitos estão vendo a declaração do papa como um progresso. Então, tá. Com base na velocidade em que este progresso foi alcançado, pode-se estimar que por volta do ano 3.946 a igreja aprove também o uso de preservativos como forma de controle de natalidade, e talvez lá pelo ano 5.768 passe a considerar a homossexualidade como algo natural. Então, gente, vamos marcar lá na folhinha: lá pelo século 58 a igreja católica deve começar a fazer casamentos entre pessoas do mesmo sexo!!! Vamos comemorar?
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Matt Nathanson
Matt Nathanson está preparando seu sétimo disco de estúdio para lançamento no início de 2011. É difícil de acreditar que sua carreira já se estende por quase 20 anos.
Formado em literatura mundial, vive uma vida bastante pacata com a esposa na California. Seus versos falam de amor, de família, de sexo, de reencontros... enfim, estas coisas que quando se juntam todas a gente dá o nome coletivo de "vida".
"I remember hearts that beat (yeah, yeah)
I remember you and me (yeah, oh yeah)
Tangled in hotel sheets
You wore me out...
You wore me out...
I remember honey lips and words so true
I remember nonstop earthquake dreams of you
You're coming on fast like good dreams do
All night long..."
Formado em literatura mundial, vive uma vida bastante pacata com a esposa na California. Seus versos falam de amor, de família, de sexo, de reencontros... enfim, estas coisas que quando se juntam todas a gente dá o nome coletivo de "vida".
"I remember hearts that beat (yeah, yeah)
I remember you and me (yeah, oh yeah)
Tangled in hotel sheets
You wore me out...
You wore me out...
I remember honey lips and words so true
I remember nonstop earthquake dreams of you
You're coming on fast like good dreams do
All night long..."
Matt Nathanson - Still:
Poderooooooooooosa!
Que a Oprah é poderosa ninguém duvida. Há algumas semanas atrás ela presenteou cada pessoa do auditório com um iPad. Disposta a superar a si mesma, ela resolveu desta vez presentear cada pessoa do auditório com algo um pouquinho maior... um carro! Será que depois desta o Silvio Santos ainda vai continuar gritando "quem quer dinheiro?" enquanto distribui notas de 50 e 100 reais atiradas em forma de aviãozinho para as mocinhas histéricas da primeira fila?
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
Medo de ser engolido
Conheci esta sensação avassaladora na primeira vez em que vi o mar. Vivi em Minas toda a minha infância e vi o mar pela primeira vez quando tinha 7 ou 8 anos passando férias com a família em Santos. Fiquei totalmente paralisado. Não conseguia me mover. Fui dominado por uma mistura de pavor e fascínio. Nunca antes me sentira tão pequeno perto de algo tão poderoso, e tinha a sensação que o mar me "puxava". Fui tomado por uma sensação de deslumbramento que é impossível descrever.
A segunda vez foi quando já adulto, trabalhando como engenheiro na Arábia Saudita, visitei este lugar da foto - perto de Khamis Mushayt. Imagine-se dirigindo numa estrada empoeirada e sem muita vegetação e de repente o mundo acaba! Sem o menor aviso, sem nenhuma sinalização, sem qualquer advertência, o chão some - para continuar 1.500 metros abaixo! É um abismo vertical de 1 quilômetro e meio de altura. Lá embaixo, um vilarejo bem ao lado da muralha e algumas carcaças de carros que - segundo contam - despencaram em dias de pouca visibilidade.
Era um feriado de sexta-feira e nós fizemos um piquenique ali com amigos. Eu mesmo tirei a foto. Tive que segurar a respiração para evitar que a câmera tremesse porque eu fiquei o tempo todo meio ofegante e tomado pela mesma mistura de pavor e fascínio de quando vi o mar. Não era acrofobia - era aquele mesmo medo de que o mundo ia me engolir.
domingo, 21 de novembro de 2010
"Sempre que um grupo de seres humanos é tratado como inferior por outro, o ódio e a intolerância triunfam"
A frase que serve de título para esta postagem é do arcebispo emérito Desmond Tutu e faz parte do excelente artigo assinado por Navi Pillay, alta comissária das Nações Unidas para os direitos humanos, publicado na Folha de S. Paulo de hoje. O artigo pode ser lido aqui (para assinantes).
Uma das prioridades de Navi Pillay no momento é a luta pela descriminalização da homossexualidade. "Ainda que importante, a descriminalização é apenas o primeiro passo. A experiência mostra que são necessários maiores esforços para combater a discriminação e a homofobia.
Infelizmente, acontece com demasiada frequência que aqueles que deveriam usar de moderação ou exercer a sua influência para promover a tolerância fazem exatamente o contrário, reforçando os preconceitos."
Uma das prioridades de Navi Pillay no momento é a luta pela descriminalização da homossexualidade. "Ainda que importante, a descriminalização é apenas o primeiro passo. A experiência mostra que são necessários maiores esforços para combater a discriminação e a homofobia.
Infelizmente, acontece com demasiada frequência que aqueles que deveriam usar de moderação ou exercer a sua influência para promover a tolerância fazem exatamente o contrário, reforçando os preconceitos."
Na semana que passou o Brasil desceu a níveis inimagináveis de barbárie e covardice contra homossexuais. Navi Pillay chama toda a população a lutar contra o preconceito: "Compete a todos nós exigir a igualdade para nossos semelhantes, independentemente de orientação sexual e de identidade de gênero".
sábado, 20 de novembro de 2010
Os melhores destinos gays
Se você está programando férias e ainda não decidiu onde ir vale a pena dar uma olhadinha no site GayCities, que está listando os melhores destinos gays aos redor do mundo, divididos por categorias: melhores hoteis, melhores praias, melhores eventos, melhores saunas, melhores lojas... A arte que ilustra o projeto é de autoria de Wendy MacNaughton.
sexta-feira, 19 de novembro de 2010
Chegou a hora de reclamar com o bispo
Em uma única semana um rapaz é atacado brutalmente em São Paulo e outro leva um tiro de um militar no Rio de Janeiro - os dois casos motivados pelo simples fato de as vítimas serem gays. Será que está amentando a violência contra os gays?
Eu acho que não. Sempre foi assim; coisas muito piores já aconteceram e ninguém nem ficou sabendo. O que está aumentando é a VISIBILIDADE, e isso é uma coisa boa. Por vergonha, muitos gays não formalizavam queixas, muitas famílias abafavam os casos. A polícia não levava a sério, a imprensa não se importava. Afinal, a religião sempre tentou incutir nas mentes das pessoas que os homossexuais são mesmo um bando de degenerados, uma aberração da natureza - estavam pedindo para serem atacados.
Há novos ventos soprando. A imprensa tem mostrado os gays por um ângulo mais favorável, as novas gerações são mais simpatizantes, a violência tem tido repercussão e recebido repúdio. É chegada a hora de aproveitar os bons ventos para se começar a brecar a disseminação do preconceito em suas raízes. Principalmente na educação religiosa que começa a incutir ideias e visões preconceituosas nos indivíduos desde a mais tenra idade.
A bancada evangélica foi o grupo que mais cresceu no congresso brasileiro com a última eleição - praticamente triplicou de tamanho. Um enorme retrocesso para os defensores das garantias e liberdades individuais. Certamente será mais difícil aprovar leis que criminalizem a homofobia e protejam os gays.
A organização Faith in America já existe desde 2005 com o propósito de denunciar o preconceito contra a comunidade LGBT motivado pela religião nos Estados Unidos. Precisamos de mais iniciativas assim. Chegou a hora de tirar satisfações com o bispo, o padre, o cardeal, o papa. Não dá mais para deixar estes homens de saia e mentalidade de Idade Média influenciarem governos e políticas públicas.
Eu acho que não. Sempre foi assim; coisas muito piores já aconteceram e ninguém nem ficou sabendo. O que está aumentando é a VISIBILIDADE, e isso é uma coisa boa. Por vergonha, muitos gays não formalizavam queixas, muitas famílias abafavam os casos. A polícia não levava a sério, a imprensa não se importava. Afinal, a religião sempre tentou incutir nas mentes das pessoas que os homossexuais são mesmo um bando de degenerados, uma aberração da natureza - estavam pedindo para serem atacados.
Há novos ventos soprando. A imprensa tem mostrado os gays por um ângulo mais favorável, as novas gerações são mais simpatizantes, a violência tem tido repercussão e recebido repúdio. É chegada a hora de aproveitar os bons ventos para se começar a brecar a disseminação do preconceito em suas raízes. Principalmente na educação religiosa que começa a incutir ideias e visões preconceituosas nos indivíduos desde a mais tenra idade.
A bancada evangélica foi o grupo que mais cresceu no congresso brasileiro com a última eleição - praticamente triplicou de tamanho. Um enorme retrocesso para os defensores das garantias e liberdades individuais. Certamente será mais difícil aprovar leis que criminalizem a homofobia e protejam os gays.
A organização Faith in America já existe desde 2005 com o propósito de denunciar o preconceito contra a comunidade LGBT motivado pela religião nos Estados Unidos. Precisamos de mais iniciativas assim. Chegou a hora de tirar satisfações com o bispo, o padre, o cardeal, o papa. Não dá mais para deixar estes homens de saia e mentalidade de Idade Média influenciarem governos e políticas públicas.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
Ricky Martin em frente e verso
Comprei o livro do Ricky Martin no aeroporto de Buenos Aires para ler no avião. Eu queria mesmo ler o livro em espanhol. Apesar de Ricky Martin atualmente ser bilíngue, acredito que o projeto original tenha começado em espanhol - que é a primeira língua dele.
Eu gosto do Ricky Martin. Acho ele bonito, charmoso, sexy, gostoso, simpático, e gosto de muitas das músicas que ele canta. Se ele me desse bola eu toparia até morar com ele em um iglu no Polo Norte. Passei a admirá-lo ainda mais depois da saída do armário. Assumir-se é um passo difícil para qualquer mortal, imagine então para alguém que vive sob o constante escrutínio de milhões de fãs, revistas, e jornais. Não dá nem para imaginar a pressão. Ricky Martin tem cara de bom moço, e é ótima referência para os adolescentes que estão descobrindo a sexualidade e que se vêem perguntado "por que eu?".
Logo na terceira página ele menciona de passagem a homossexualidade: "Por isso senti a necessidade de acabar com um segredo que vinha guardando há muitos anos: Tomei a decisão de revelar ao mundo a minha homossexualidade e comemoro este presente que a vida me deu".
O livro começa em tom informal de confidência, como uma conversa de amigos sentados na praia em volta de uma fogueira em uma noite estrelada. "Meu nome verdadeiro é Enrique Martin Morales, mas a grande maioria das pessoas me conhece como Ricky Martin: músico e cantor, compositor, filantropo, e talvez existam algumas pessoas que se lembrem que também sou ator. Eu sou todas estas coisas, mas também sou muito mais. As pessoas mais próximas me conhecem por Kiki (apelido carinhoso que vem de Enrique) e, além de ser artista, para eles sou também filho, irmão, amigo e - mais recentemente - pai."
Nos próximos dias vou estar na boa companhia do Ricky. Sem precisar me mudar para um iglu no Polo Norte.
Eu gosto do Ricky Martin. Acho ele bonito, charmoso, sexy, gostoso, simpático, e gosto de muitas das músicas que ele canta. Se ele me desse bola eu toparia até morar com ele em um iglu no Polo Norte. Passei a admirá-lo ainda mais depois da saída do armário. Assumir-se é um passo difícil para qualquer mortal, imagine então para alguém que vive sob o constante escrutínio de milhões de fãs, revistas, e jornais. Não dá nem para imaginar a pressão. Ricky Martin tem cara de bom moço, e é ótima referência para os adolescentes que estão descobrindo a sexualidade e que se vêem perguntado "por que eu?".
Logo na terceira página ele menciona de passagem a homossexualidade: "Por isso senti a necessidade de acabar com um segredo que vinha guardando há muitos anos: Tomei a decisão de revelar ao mundo a minha homossexualidade e comemoro este presente que a vida me deu".
O livro começa em tom informal de confidência, como uma conversa de amigos sentados na praia em volta de uma fogueira em uma noite estrelada. "Meu nome verdadeiro é Enrique Martin Morales, mas a grande maioria das pessoas me conhece como Ricky Martin: músico e cantor, compositor, filantropo, e talvez existam algumas pessoas que se lembrem que também sou ator. Eu sou todas estas coisas, mas também sou muito mais. As pessoas mais próximas me conhecem por Kiki (apelido carinhoso que vem de Enrique) e, além de ser artista, para eles sou também filho, irmão, amigo e - mais recentemente - pai."
Nos próximos dias vou estar na boa companhia do Ricky. Sem precisar me mudar para um iglu no Polo Norte.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010
Design para tortura
Existe um novo tipo de câmara de tortura de turistas incautos que atende pelo nome de "hotel design". Teoricamente, um hotel design é um hotel que tem uma linguagem visual específica diferente do convencional. Em português claro, no hotel design o interruptor não tem cara de interruptor, a chave não tem cara de chave, e a pia não tem cara de pia. Os elementos têm um design exclusivo que transformam o hotel praticamente em uma obra de arte. É um efeito realmente fantástico que desafia a mente e agrada aos olhos. Até que você se hospede em um. Aí você descobre que admirar uma obra de arte é uma coisa - tentar viver dentro de uma obra de arte é outra coisa bem diferente.
Eu fiquei hospedado em Buenos Aires em um hotel design. Quando fiz as reservas, foi amor à primeira vista pelas fotos do saguão ultra "clean", as paredes metálicas no salão do café, o piso de vidro transparente na recepção, o quarto com uma parede toda de vidro com Buenos Aires lá embaixo, os móveis minimalistas - tudo muito sedutor nas fotos do catálogo. Mas basta entrar na obra de arte para os problemas começarem...
Chaves em forma de cartão magnético já não são novidade há mais de 20 anos. Mas a do hotel era um cartão quadrado branco com um microchip visível no meio. Entender o funcionamento correto para abrir a porta do quarto leva mais de 10 minutos da primeira vez. A gente tenta passar na frente do painel, deslizar como um leitor de cartão de crédito, esfregar no painel... e nada! Eu estava prestes a dizer "Abre-te, Sésamo!" três vezes em voz alta para ver se funcionava - só não o fiz porque a gente sempre tenta reter um pouquinho da dignidade. Eu tenho certeza que deve ter um monte de câmeras ocultas filmando os hóspedes enquanto um bando de sádicos está rolando de tanto rir na sala ao lado.
Depois teve a pia do banheiro em formato de caiaque - lindíssima na foto, mas nem um pouco prática na hora em que a gente precisa fazer coisas simples como lavar as mãos ou escovar os dentes. Ou a porta do banheiro toda de vidro - que deixa o quarto iluminado se o seu companheiro de quarto está usando o banheiro no meio da noite. Ah, e tem também o vaso sanitário - que deve ter sido projetado para bundas design, que não é o caso da minha.
Um certo dia eu vi um casal apostando se a estrutura metálica ao lado do elevador era um bebedouro ou um cinzeiro. Eles saíram sem entender. Fui verificar - era um cinzeiro mesmo.
Por fim, o cúmulo: a "atitude design". Todo o staff do hotel tem um ar blasé e não olha na cara dos hóspedes. A gente vai chegando perto e eles começam a olhar para o chão. Quanto mais a gente aproxima, mais para baixo eles olham.
O tempo todo eu me lembrava daquele episódio da primeira temporada de Ugly Betty em que ela passa um final de semana em um hotel design em Nova York. Parece piada, mas é assim mesmo:
Eu fiquei hospedado em Buenos Aires em um hotel design. Quando fiz as reservas, foi amor à primeira vista pelas fotos do saguão ultra "clean", as paredes metálicas no salão do café, o piso de vidro transparente na recepção, o quarto com uma parede toda de vidro com Buenos Aires lá embaixo, os móveis minimalistas - tudo muito sedutor nas fotos do catálogo. Mas basta entrar na obra de arte para os problemas começarem...
Chaves em forma de cartão magnético já não são novidade há mais de 20 anos. Mas a do hotel era um cartão quadrado branco com um microchip visível no meio. Entender o funcionamento correto para abrir a porta do quarto leva mais de 10 minutos da primeira vez. A gente tenta passar na frente do painel, deslizar como um leitor de cartão de crédito, esfregar no painel... e nada! Eu estava prestes a dizer "Abre-te, Sésamo!" três vezes em voz alta para ver se funcionava - só não o fiz porque a gente sempre tenta reter um pouquinho da dignidade. Eu tenho certeza que deve ter um monte de câmeras ocultas filmando os hóspedes enquanto um bando de sádicos está rolando de tanto rir na sala ao lado.
Depois teve a pia do banheiro em formato de caiaque - lindíssima na foto, mas nem um pouco prática na hora em que a gente precisa fazer coisas simples como lavar as mãos ou escovar os dentes. Ou a porta do banheiro toda de vidro - que deixa o quarto iluminado se o seu companheiro de quarto está usando o banheiro no meio da noite. Ah, e tem também o vaso sanitário - que deve ter sido projetado para bundas design, que não é o caso da minha.
Um certo dia eu vi um casal apostando se a estrutura metálica ao lado do elevador era um bebedouro ou um cinzeiro. Eles saíram sem entender. Fui verificar - era um cinzeiro mesmo.
Por fim, o cúmulo: a "atitude design". Todo o staff do hotel tem um ar blasé e não olha na cara dos hóspedes. A gente vai chegando perto e eles começam a olhar para o chão. Quanto mais a gente aproxima, mais para baixo eles olham.
O tempo todo eu me lembrava daquele episódio da primeira temporada de Ugly Betty em que ela passa um final de semana em um hotel design em Nova York. Parece piada, mas é assim mesmo:
terça-feira, 16 de novembro de 2010
Santelmo
Quando minha irmã perguntou sobre a Feira de Santelmo eu disse a ela: "Imagine um monte de velhinhos que tenham fumado um grande baseado antes de sair de casa. É isso."
Na primeira vez que estive na Feira de Santelmo eu custei a perceber que era uma feira de antiguidades. Aquele monte de quinquilharia nem me chamou a atenção. Também nem acho que alguém compre algo daquele monte de coisa velha encardida - nunca vi ninguém comprando. O grande barato daquele pessoal parece ser sair de casa e ser o centro das atenções em uma grande festa. Uma coisa assim meio bloco de carnaval antigo.
O melhor da Feira de Santelmo realmente é o povo. Eles estão curtindo o maior barato e convidam a gente para curtir com eles. Um barato viajante...
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
Cruzei o rio e dei em terras uruguaias
Hoje foi o dia de descansar de Buenos Aires um pouquinho. Pegamos a barca bem cedinho e depois de uma hora de travessia fomos dar em terras uruguaias. O duplo sentido é proposital para efeito de humor, mas a viagem não poderia ter sido mais casta e inocente.
Colonia del Sacramento é uma cidadezinha histórica que mescla sinais da colonização espanhola e portuguêsa. É considerada patrimônio universal pela UNESCO. Aqui, o tempo parou - mas isto não é uma coisa ruim.
A cidade é uma maravilha para quem gosta de fotografar. Eu quase surtei. Muitas cores, ângulos, composições. Infinitas possibilidades. Um pequeno paraíso.
Colonia del Sacramento é uma cidadezinha histórica que mescla sinais da colonização espanhola e portuguêsa. É considerada patrimônio universal pela UNESCO. Aqui, o tempo parou - mas isto não é uma coisa ruim.
A cidade é uma maravilha para quem gosta de fotografar. Eu quase surtei. Muitas cores, ângulos, composições. Infinitas possibilidades. Um pequeno paraíso.
domingo, 14 de novembro de 2010
A Casa Rosada
Eu nunca tinha entrado na Casa Rosada antes. É bem menos luxuosa do que eu esperava, alguns compartimentos são - para dizer a verdade - feios. Mas é sempre interessante ver de perto os lugares onde momentos históricos ocorreram. Há muitas referências e quadros dedicados a grandes nomes da história da América Latina, incluindo ex-presidentes argentinos e de outras nações, como Getúlio Vargas. Os presidentes que não deixaram muitas saudades, como Isabelita e Menem, foram solenemente ignorados.
Gostei de conhecer bem de pertinho o gabinete pessoal da presidenta.
Gostei de ver a Plaza de Mayo - uma vista incomum a partir do balcão da Casa Rosada, de onde Madonna cantou Don't Cry For Me, Argentina em Evita.
E, principalmente, gostei dos guardinhas do palácio, escolhidos a dedo. Muito alegres, bastante risonhos, dispostos a posar para fotos com todos os turistas. Em resumo, bastaaaaaaaante dados.
Gostei de conhecer bem de pertinho o gabinete pessoal da presidenta.
Gostei de ver a Plaza de Mayo - uma vista incomum a partir do balcão da Casa Rosada, de onde Madonna cantou Don't Cry For Me, Argentina em Evita.
E, principalmente, gostei dos guardinhas do palácio, escolhidos a dedo. Muito alegres, bastante risonhos, dispostos a posar para fotos com todos os turistas. Em resumo, bastaaaaaaaante dados.
Nada se cambia
sábado, 13 de novembro de 2010
Lugar de respeito
Ontem caminhei até o Congresso aproveitando a tarde ensolarada. Enquanto caminhava fui me lembrando de todas as notícias que eu havia lido em julho quando a lei igualando os direitos dos gays aos dos héteros no casamento estava prestes a ser votada aqui na Argentina. Eu já havia visitado o lugar várias vezes, mas desta vez olhei o Congresso com outros olhos. Ali havia sido travada uma batalha recente e, no meio de discursos acalorados, pressões religiosas, movimentação popular, o Congresso decidiu que na Argentina os gays não valem menos que os héteros, e concedeu-lhes os mesmos direitos civis no casamento. Olhei para o prédio com mais respeito.
Aproveitei para fotografar o Congresso por um ângulo que eu adoro vê-lo: refletido na face espelhada do prédio moderno ao lado.
Aproveitei para fotografar o Congresso por um ângulo que eu adoro vê-lo: refletido na face espelhada do prédio moderno ao lado.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010
Tempo bom
Uma das grandes vantagens de Buenos Aires nesta segunda semana de novembro é o tempo. Nos últimos três anos sempre tive tempo quente com sol aberto sem nenhuma nuvem no céu. No ano passado eu peguei chuva em um dia - uma chuva torrencial que parecia que o mundo ia acabar. Eu e o Mr. Ed nos refugiamos no Shopping Alto Palermo e ao sair notamos que a estação de metrô estava completamente alagada e várias árvores haviam caído na cidade. Mas no dia seguinte o sol brilhou de novo e nenhuma gota voltou a cair.
Desta vez o tempo confirmou a tradição - céu azul sem uma única nuvem, sol brilhante, calor agradável durante o dia, um friozinho leve à note. Não poderia ser melhor. Eu subestimei o sol na caminhada do primeiro dia e agora estou vermelho feito um camarão.
O bom é que o calor faz as pessoas ficarem mais interessantes. Estas fotos foram feitas na Plaza de Mayo há 3 horas atrás - a gente até esquece de olhar para a Casa Rosada.
Desta vez o tempo confirmou a tradição - céu azul sem uma única nuvem, sol brilhante, calor agradável durante o dia, um friozinho leve à note. Não poderia ser melhor. Eu subestimei o sol na caminhada do primeiro dia e agora estou vermelho feito um camarão.
O bom é que o calor faz as pessoas ficarem mais interessantes. Estas fotos foram feitas na Plaza de Mayo há 3 horas atrás - a gente até esquece de olhar para a Casa Rosada.
Show do Kevin
Minha irmã e minha prima não conheciam o Kevin Johansen - eu tive que mostrar um vídeo dele no YouTube para convencê-las a ir ao show. Agora são as mais novas fãs de carteirinha, já compraram todos os discos, e querem fundar um fã clube no Brasil. OK, a parte do fã clube eu inventei, mas elas A-MA-RAM o show!
Impossível não gostar. Lotação esgotada de 3.600 lugares com todo mundo cantando junto, uma energia deliciosa, e o Kevin inspiradíssimo - ele conversa bastante com o público, conta coisas muito engraçadas, desce e abraça as pessoas, recebe convidados especiais no palco, fala das 3 filhas - um fofo! Dá vontade de levar para casa. Depois de 3 horas ele avisa que vai fazer um intervalo antes da segunda metade - mas é só uma piada, é o final mesmo e todo mundo está pronto para voltar para casa em estado de graça.
É legal observar como ele recebe as pessoas e cumprimenta os carinhas da banda - com um abraço muito apertado e um beijão no rosto. Ele distribui muitos beijos para todos que passam pelo palco. E quando fala faz questão de incluir observações livres de gêneros, do tipo "...pensando na amada, ou amado" que o tornam muito especial. Realmente ele não parece ter nada de sexista, e aparenta ser bastante simpatizante.
No meio daquelas 3.600 pessoas eu senti que ele cantava só para mim.
Impossível não gostar. Lotação esgotada de 3.600 lugares com todo mundo cantando junto, uma energia deliciosa, e o Kevin inspiradíssimo - ele conversa bastante com o público, conta coisas muito engraçadas, desce e abraça as pessoas, recebe convidados especiais no palco, fala das 3 filhas - um fofo! Dá vontade de levar para casa. Depois de 3 horas ele avisa que vai fazer um intervalo antes da segunda metade - mas é só uma piada, é o final mesmo e todo mundo está pronto para voltar para casa em estado de graça.
É legal observar como ele recebe as pessoas e cumprimenta os carinhas da banda - com um abraço muito apertado e um beijão no rosto. Ele distribui muitos beijos para todos que passam pelo palco. E quando fala faz questão de incluir observações livres de gêneros, do tipo "...pensando na amada, ou amado" que o tornam muito especial. Realmente ele não parece ter nada de sexista, e aparenta ser bastante simpatizante.
No meio daquelas 3.600 pessoas eu senti que ele cantava só para mim.
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Buenos Aires hoje
Kevin Johansen |
Ao sair para a primeira caminhada, quase tive um ataque cardíaco ao descobrir que Kevin Johansen faz show único na cidade justamente hoje, após retornar de uma turnê pela Europa! Logo que vi ontem o primeiro cartaz do show corremos até a bilheteria do Gran Rex e compramos o ingresso. Vai ser uma delícia encerrar o dia de hoje vendo o bonitão de perto. Eu não poderia ter esperado uma semana de aniversário melhor!!
Acho que ningém cantou melhor o caso de amor secreto entre brasileiros e argentinos do que Kevin Johansen na belíssima Glass (I"m So Brazilian) - escrita em forma de diálogo, que ele interpreta com a Paula Toller. Brasileiros e argentinos sempre se admiraram em segredo enquanto em público fingem se odiar. Existe uma admiração recíproca inconfessada, uma vontade de ser o outro, que nenhum dos dois lados revela.
Kevin Johansen & Paula Toller - Glass (I'm So Brazilian)
The Argentinian: "You seem to touch things, turn them into gold. If I try the same thing they turn into stone".
The Brazilian: "You're so resilient. You don't break at the seams. And I'm so Brazilian - always on extremes".
Both: "And I seem to break like glass. I break just like that..."
The Argentinian: "You stir opinion by raising just a brow. But I'm Argentinian and I'd like to know how".
The Brazilian: "How without effort things seem to go your way. While it's such a struggle and I just seem to break..."
(a gravação ao vivo, que também é linda, está aqui com legendas em português).
Apesar do nome, Kevin Johansen tem alma bem argentina. Filho de pai americano e mãe argentina, nasceu no Alasca mas a partir dos 12 anos fixou-se com a família em Buenos Aires. E tem uma voz de provocar arrepios na espinha. Meus sonhos para hoje à noite depois do show já estão reservados.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
I'm going where the sun keeps shining through the pouring rain,
Going where the weather suits my clothes...
Eu fui a Buenos Aires pela primeira vez a trabalho há muitos anos atrás e foi amor à primeira vista. Eu trabalhava para uma multinacional alemã e voava com frequência para lá para compromissos curtos.
O trabalho na empresa alemã terminou, o amor pela cidade não. Eu sempre senti um prazer enorme de "estar" lá, mesmo que não estivesse fazendo nada de especial. Adoro sentar num café e puxar conversa com algum frequentador. Os argentinos adoram conversar! Já conversei com um rapaz que adorava Guimarães Rosa, um senhor que conhecia uma lista de palavrões em português embora nunca tivesse vindo ao Brasil (ele aprendera quando conviveu com um grupo de brasileiros em um kibutz em Israel), e com outras figuras impagáveis.
Além de tudo isso, Buenos Aires é excelente para quem curte fotografia - dias claros de sol, ruas largas, edifícios e monumentos lindíssimos. Mas, a despeito de toda a beleza do lugar, foram mesmo os habitantes que me cativaram. Buenos Aires guarda uma fauna riquíssima de personagens que fizeram da cidade seu habitat natural. Como alguns que eu fotografei e que ilustram este post.
Nos últimos anos é para lá que eu tenho fugido com o Mr. Ed na semana do meu aniversário - já virou quase uma tradição. Mas este ano o grupo cresceu: minha irmã e minha prima estão vindo pela primeira vez. Vai ser uma delícia para mim e para o Mr. Ed tentar mostrar a cidade para elas por uma perspectiva diferente.
Dentro de meia hora estamos saindo para o aeroporto. Nesta semana de descanso o blog entra em férias comigo. Vou tentar postar alguma coisa de lá sem compromisso, mas a atividade no blog deve estar bem menos intensa. Retorno no dia 16 à noite com nova idade e talvez um pouco mais de juízo. Talvez.
¡Hasta pronto, Buenos Aires!
O trabalho na empresa alemã terminou, o amor pela cidade não. Eu sempre senti um prazer enorme de "estar" lá, mesmo que não estivesse fazendo nada de especial. Adoro sentar num café e puxar conversa com algum frequentador. Os argentinos adoram conversar! Já conversei com um rapaz que adorava Guimarães Rosa, um senhor que conhecia uma lista de palavrões em português embora nunca tivesse vindo ao Brasil (ele aprendera quando conviveu com um grupo de brasileiros em um kibutz em Israel), e com outras figuras impagáveis.
Além de tudo isso, Buenos Aires é excelente para quem curte fotografia - dias claros de sol, ruas largas, edifícios e monumentos lindíssimos. Mas, a despeito de toda a beleza do lugar, foram mesmo os habitantes que me cativaram. Buenos Aires guarda uma fauna riquíssima de personagens que fizeram da cidade seu habitat natural. Como alguns que eu fotografei e que ilustram este post.
Nos últimos anos é para lá que eu tenho fugido com o Mr. Ed na semana do meu aniversário - já virou quase uma tradição. Mas este ano o grupo cresceu: minha irmã e minha prima estão vindo pela primeira vez. Vai ser uma delícia para mim e para o Mr. Ed tentar mostrar a cidade para elas por uma perspectiva diferente.
Dentro de meia hora estamos saindo para o aeroporto. Nesta semana de descanso o blog entra em férias comigo. Vou tentar postar alguma coisa de lá sem compromisso, mas a atividade no blog deve estar bem menos intensa. Retorno no dia 16 à noite com nova idade e talvez um pouco mais de juízo. Talvez.
¡Hasta pronto, Buenos Aires!
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Uma onda de amor vinda de Barcelona
Vários casais reuniram-se ontem em Barcelona para enviar uma grande onda de amor para o mundo por meio de um beijaço coletivo. O evento foi considerado um grande sucesso.
Durante o evento um indivíduo ainda não identificado, usando uma longa túnica prateada e sapatos Prada vermelhos - provavelmente despeitado por não ter quem beijar - tentou roubar a atenção circulando na praça em um carrinho bastante chamativo feito de vidro transparente. Ninguém deu muita atenção para o incidente, e a polícia disse que em um evento desta magnitude é natural que apareçam indivíduos tentando chamar a atenção sobre si.
Ao final do dia a onda de amor já havia dado uma volta completa no planeta e a Terra havia se transformado em um lugar melhor.
Durante o evento um indivíduo ainda não identificado, usando uma longa túnica prateada e sapatos Prada vermelhos - provavelmente despeitado por não ter quem beijar - tentou roubar a atenção circulando na praça em um carrinho bastante chamativo feito de vidro transparente. Ninguém deu muita atenção para o incidente, e a polícia disse que em um evento desta magnitude é natural que apareçam indivíduos tentando chamar a atenção sobre si.
Ao final do dia a onda de amor já havia dado uma volta completa no planeta e a Terra havia se transformado em um lugar melhor.