quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Lei do ventre livre

Há algum tempo, discutindo com amigos sobre a relação da Igreja com o universo gay ouvi um "estou pouco me lixando para a opinião da Igreja, não preciso da aprovação deles". Fiquei um pouco chocado com o egoísmo contido numa declaração dessas. Eu também não preciso da aprovação de nenhuma Igreja e talvez você também não, mas não se pode fechar os olhos para a culpa das Igrejas (e entram aqui todas as denominações - sejam cristãs, islâmicas, ou de outra origem) como maiores e mais influentes organizações homofóbicas do mundo atual, que fazem com que milhares de homossexuais sejam perseguidos, assediados, abandonados por suas famílias, e até mortos. É preciso se lixar para a opinião da Igreja, sim, porque tem gente sendo morta por isso.

Por isso tenho visto como alentadora a pequena abertura em direção aos gays que o Papa Francisco tem promovido. É claro que a Igreja não pode e não vai mudar de posição radicalmente de uma hora para a outra em um assunto que só será bem digerido do ponto de vista religioso algumas gerações no futuro. Mas o Papa, que de burro não tem nada, certamente já percebeu que a Igreja não pode ficar indiferente às mudanças rápidas da sociedade moderna ou breve vai virar, mais uma vez, a vilã da História.

A aceitação gradual vai lembrar, em muitos aspectos, a integração racial no Brasil que culminou com a abolição da escravatura. No final de semana o Papa já demostrou preocupação com os filhos dos casais homossexuais, dando um passo para que estes se aproximem da Igreja. Seria a lei do ventre livre?

Agora, mudando totalmente de assunto, vocês viram que o atleta brasileiro Ian Matos se assumiu gay hoje publicamente durante uma entrevista, de forma quase casual? Isso é muito legal, gente!

8 comentários:

Anônimo disse...

E hoje também foi o dia de um jogador de futebol alemão sair do armário.
Você viu?
É sempre bom quando um atleta sai do armário, mas é particulamente interessante quando acontece no mundo do futebol.

http://oglobo.globo.com/esportes/ex-jogador-da-selecao-alema-assume-ser-gay-11242624

Júlio Paiva disse...

Legal, o post sobre a igreja e sobre o atleta Ian Matos ter se assumido.

Daniel Cassus disse...

Muito simples. A maioria das igrejas é contra a homossexualidade porque geralmente não gera filhos, ou seja, menos fiéis. Mas a sociedade mudou antes da Igreja. Agora são eles que tem que se adaptar à realidade pra não perder mais fiéis. E o impacto dos casais gays no numero de fieis ao longo dos séculos foi irrelevante. Esse anacronismo já tem hora pra morrer.

Anônimo disse...

Também acho legal a postura que o Papa tem adotado em vários assuntos, deixando a igreja um pouco nemos vilã. E concordo com vc, também fico chocado com o egoísmo de alguns.
Quanto aos atletas, legal, quanto mais se fala no assunto, mais normal ele tende a ficar.
Abraço !

Unknown disse...

Interessante mesmo, toda mudança é gradual com o tempo a custa de muitas etapas e muitos percalços, e quanto a saída do armário dos atletas, tudo a seu tempo e momento, amadurecimento.

Enio disse...

Eu também ligo muito pra opinião da igreja, das religiões no geral, elas fazem parte da nossa cultura e alicerce pra muitas outras opiniões. Quanto ao novo papa, eu espero o melhor.

Uma Cara Comum disse...

Pois, pra mim, esse papa é muito esperto! Ele sempre faz discursos ambíguos, que podem ser interpretados para que se modifique os pensamentos tradicionais ou apenas para que se continue do jeito que está.

Quando ele diz: "Temos que cuidar para não lhes administrar uma vacina contra a fé" fico me perguntando se ele quer promover uma verdadeira aceitação aos LGBTs ou se ele acha que "estes homossexuais imundos devem ser convertidos e não afastados da nossa igreja"...

Fazendo um apanhado de suas declarações, é possível perceber que todas têm dupla interpretação que agrada homofóbicos ao mesmo tempo que agrada quem é contra a homofobia.

Gente em cima do muro é um perigo só...

Unknown disse...

"Religião é laço", a frase não é minha. Sei exatamente o que é isto. Portanto, religião é assunto que interessa, sim. Estou por aqui, ok?