sábado, 31 de maio de 2014

Os Whittingtons

A incrível história de uma família que descobriu que a filhinha de cinco anos era transgênero e possibilitou que ela fizesse a transição de gênero nesta idade. Os Whittingtons resolveram fazer um vídeo para contar sua história, e em menos de uma semana já contam com mais de um milhão de acessos. Família iluminada.

terça-feira, 27 de maio de 2014

Praia sem futuro


A celeuma sobre pessoas que abandonaram as salas de exibição de Praia do Futuro supostamente pelas cenas tórridas de sexo entre Wagner Moura e o alemão Clemens Schick, para mim deveriam ser melhor investigadas. Desconfio que o abandono se deva simplesmente ao fato de o filme ser mesmo muito chato.

Li algumas críticas muito boas de Praia do Futuro - em especial esta publicada no Portal Forum que consegue o feito de ser melhor que o próprio filme. O diretor, talvez no afã de evitar o didatismo, acaba contando pouco demais. Em clima modorrento e cinzento o filme descreve a história de um brasileiro que vai para a Alemanha atrás de um rabo de calça e acaba ficando, largando para trás família, emprego e tudo mais. Até aí é não tem nada de diferente da história de muitas outras pessoas que eu conheço pessoalmente. Não é possível concluir pelo filme se Donato (Wagner Moura) era infeliz aqui, se sofria preconceitos, se precisava fugir para se descobrir e viver livremente - isso são apenas conclusões dos muitos críticos e analistas do filme. Entre os dois protagonistas há pouca demonstração de amor, poucos beijos, pouco carinho, e algum sexo que, ao contrário do que a repercussão fez muita gente acreditar, não mostra nada que possa assustar algum adulto desavisado. Na sessão das dez da noite o campeonato de bocejos da plateia competia por atenção com a cena na tela.

domingo, 25 de maio de 2014

O tiro que saiu pela culatra

Deu tudo errado. O tiro saiu pela culatra ou, para usar uma gíria futebolística, foi um gol contra. Num país onde o governo se encontra dividido em 39 ministérios loteados entre dezenas de partidos políticos tão diferentes entre si como xixi e vinho, com cargos importantes ocupados não por técnicos competentes mas por políticos fisiologistas, as decisões não andam. O país está travado, e qualquer grande obra pública custa hoje vinte vezes o preço inicialmente previsto (para alimentar a cadeia de corrupção política envolvida) e leva dez vezes o prazo estimado.

A reação popular de descrédito em relação à Copa do Mundo e à Olimpíada que tem deixado muita gente estupefata tem uma explicação simples: estamos na era da Internet e das redes sociais. Pela primeira vez a população não precisa ouvir a versão sanitizada da notícia no Jornal Nacional para tomar uma decisão. Hoje a informação viaja na velocidade da luz e os governantes e os políticos não conseguem contê-la ou administrá-la, por mais que tentem.

Acho hipócrita as recomendações para que tratemos bem os turistas. O brasileiro de bem sempre foi cordial com visitantes, isso é da nossa natureza. Também ando muito cansado dessa visão terceiromundista de que na hora todo mundo veste a chuteira e o milagre verde e amarelo acontece. Prefiro enxergar uma pátria de mangas arregaçadas construindo um novo país do que uma pátria de chuteiras que não tem para onde voltar depois de terminada a partida. E embora esperando sinceramente que nenhuma tragédia ocorra durante estes eventos, desejo ardentemente que deles surja uma lição tão forte que seja capaz de alterar positivamente nossas perspectivas - mesmo que esta lição venha através da imensa e inevitável vergonha de não conseguirmos realizá-los. 

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Sam Smith - In The Lonely Hour

Sam Smith completou 22 aninhos de idade na última segunda-feira e quem ganha o presente somos nós. Na próxima segunda, dia 26, chega oficialmente às lojas o álbum In The Lonely Hour com 15 faixas na edição iTunes DeLuxe.

Sam Smith, que vem lá do interior da Inglaterra, da região perto de Cambridge, tem uma voz que evoca a genialidade do registro vocal de Antony Hegarty ou James Blake.

Enquanto muito marmanjo de 22 anos de idade ainda nem deixou os cueiros, é reconfortante ver como esta nova geração vinda da Inglaterra (Maverick Sabre tem só 23 anos,  Adele completou 26 há duas semanas) está moldando o cenário musical atual com uma explosão de talento.



In the Lonely Hour inclui também a colaboração de Sam Smith com o Naughty Boy em La La La, que gerou este vídeo fantástico todo filmado na Bolívia.



terça-feira, 20 de maio de 2014

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Do Lado de Fora


Em primeiro lugar, vamos às dúvidas mais existenciais sobre o filme. Sim, o André Bankoff aparece pelado de costas e tem uma das bundas mais bonitas da galáxia. E sim, tem muito beijão na boca, inclusive entre o André Bankoff e o Marcello Airoldi.

A história: quatro homens gays de realidades bem diferentes prometem se assumir para suas famílias até a Parada Gay do próximo ano. A história é bonitinha e tem momentos engraçadinhos e é feita sob medida para agradar aos gays, mas no geral Do Lado de Fora é fraco e esquecível, embora tenha-se que reconhecer que é cheio de boas intenções.

O mais interessante são as situações com as quais qualquer um de nós vai sentir infinita familiaridade: o gay que se passa por hétero na empresa e precisa "produzir" uma esposa de mentira para os encontros sociais, o gay casado com filhos que engana a esposa e vive uma vida dupla, o gay com pais religiosos radicais, o garoto gay tímido virgem. Valeu a intenção!

domingo, 18 de maio de 2014

Vos declaro

Você já viu Vos Declaro? Realizado pelos alunos de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes da USP e lançado no ano passado, Vos Declaro faz uma boa cobertura dos casamentos homoafetivos no Brasil. Invista 25 minutinhos desse domingo modorrento para ver até o fim - vale a pena.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Primeiro beijo

Lembram do vídeo do First Kiss? Depois das 487 versões que se seguiram, o pessoal aqui de São José dos Campos resolveu criar uma versão também. A gravação foi no Parque Santos Dumont há dois domingos e ficou fofa. Gostei da graça da garota que teve o acesso de riso nervoso incontrolável. 

Superman x Batman

Breve, num cinema perto de você:

quarta-feira, 14 de maio de 2014

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Há algum tempo que a televisão tem errado mais do que acertado. Tentando brecar a fuga de espectadores para a Internet a televisão tem caído no erro mais crasso que poderia cometer que é exatamente a tentativa, sempre frustrada diga-se de passagem, de imitar a Internet. A inclusão de alguma pseudo interatividade em programas televisivos sempre resulta tosca. Nas novelas, o máximo de tecnologia moderna que tinham conseguido mostrar até o momento era gente falando pelo tablet por meio de programas como o Skype (até mesmo do interior de cavernas na Turquia) como se isso fosse o supra-sumo do atual estado da técnica.

Mas eis que estreia Geração Brasil e acerta direto bem no meio do alvo. Quem não está assistindo está começando a perder uma das melhores e mais inovadoras novelas dos últimos tempos. A primeira semana, com cenas que alternaram a ação entre Rio de Janeiro, California, e Recife teve visual caprichadíssimo, apresentou personagens super interessantes, e mostrou que os autores entendem do riscado de novela e de tecnologia. Num único capítulo havia drones e impressoras 3-D fazendo parte da ação com propriedade. É a televisão dando o melhor de si sem a esquizofrenia de tentar ser o que não é. Tudo é moderno, as cenas são curtas e rápidas, e os personagens são críveis e espertos como a maioria dos jovens de hoje em dia. Inclui sacadas muito legais como Luís Miranda fazendo papel de um transgênero que se casou com uma jogadora de basquete e, depois do nascimento do filho, mudou de sexo juntamente com a esposa (a esposa virou homem e ele mulher), Cláudia Abreu interpretando uma atriz americana de terceiro escalão, e ainda tem Renata Sorrah fazendo divinamente uma suburbana barraqueira. E tem humor na dose certa. Enfim um programa que me tem feito sair da Internet por alguns minutos por dia. 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Depois daquele beijo...


Parece que os Estados Unidos acordaram em polvorosa só porque um beijo gay foi transmitido ao vivo pela ESPN durante a cobertura da convocação dos jogadores da NFL, a liga do futebol profissional de primeiro escalão. Michael Sam, que se assumiu publicamente há cerca de três meses estava aguardando a convocação e uma equipe da ESPN acompanhava tudo ao vivo na casa do jogador que, se convocado, seria o primeiro jogador abertamente gay na liga. A ligação veio e foi seguida de uma explosão de emoções, muito choro, e o inevitável beijo no namorado.

Claro, muita gente supostamente "do bem" estava tuitando logo em seguida coisas do tipo "não tenho preconceito mas não vejo necessidade de beijar na frente das câmeras com tanta criança vendo televisão neste horário".  Pois é, santa, sai da frente porque assim caminha a humanidade...

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Chão de fábrica


Felizmente são cada vez mais frequentes as notícias de empresas que combatem o preconceito em todos os seus níveis, mas quem conhece uma linha de produção de fábrica no Brasil sabe o quão homofóbicos e machistas estes ambientes podem ser. Por isso é inspirador ver a atitude do Maximiliano Neves Galvão, daqui da minha região do Vale do Paraíba, que impetrou um processo contra a multinacional Ericsson por ter sido vítima de homofobia no período em que trabalhou na empresa. A justiça acaba dar ganho de causa a ele e definir indenização de 90 mil reais que deverá ser paga imediatamente.

Maximiliano, que é casado há dois anos com o Augusto Galvão, já é um exemplo a ser seguido na luta contra a homofobia e reafirma o papel importante que a família representa em momentos como este: "Eles me apoiaram sempre. Tenho inclusive um irmão gêmeo, já casado e com filhos. Nunca sofri na minha casa o que sofri neste trabalho".

terça-feira, 6 de maio de 2014

Natalie Merchant


Era final dos anos 1980 ou início dos anos 1990 e eu estava voltando de uma temporada de trabalho na Arábia Saudita. As viagens para lá eram frequentes e na volta era comum passar 2 ou 3 dias em uma capital europeia tomando um banho de civilização e fazendo uma espécie de "descompressão" antes de voltar para casa. Cheguei em Londres por volta das 8 da manhã, deixei as malas na recepção do hotel, e saí para a rua disposto a não perder um segundo. Lá pelas 10 da manhã eu já estava dentro da Virgin Records da Rua Oxford onde pretendia passar algumas horas explorando (e agora, enquanto escrevo, bateu uma puta saudade daquelas lojas de discos físicas enormes onde era possível passar quase um dia inteiro e ao final sair carregando tudo o que o orçamento permitia e mais um pouco).

Pois bem, mal entrei na Virgin Records e fiquei hipnotizado pela voz linda da música que tocava. Tipo assim, meu número! A música era Poison In The Well do disco Blind Man's Zoo de quando ela ainda se apresentava com a banda que tinha o curioso nome de 10,000 Maniacs, mas foi assim que eu travei conhecimento com a Natalie Merchant. De lá pra cá fui atrás de todos os discos, até das gravações raras, numa espécie de culto por esta voz que me toca profundamente.

Não é de se admirar, portanto, que eu aguardava ansioso o lançamento de Natalie Merchant, que saiu oficialmente hoje - o primeiro álbum de inéditas depois de treze anos. E é óbvio que estou ouvindo sem parar e adorando tudo. Eu sou suspeito para falar de Natalie Merchant, mas uma das vantagens do nosso mundo tecnológico é que ninguém precisa mais depender da opinião de nenhum crítico para decidir comprar um CD. É só pesquisar um pouco, ouvir, e decidir por si mesmo.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sua fala é gay?

Muita gente já deve ter levado um susto ao ouvir a própria voz em uma gravação ou um vídeo. Nossa, eu tenho voz de bicha velha! ou Minha voz é veada demais!. Se você já passou por isso, não se preocupe, você não está sozinho.

Não há dúvidas de que existe uma peculiaridade na fala de muitos gays. O ponto é se isso deveria ser motivo de preocupação. Afinal, como diz Don Savage, "a fala deve representar o quê você é, e se você é gay não há nenhum problema em falar como gay". Mas em ambientes hostis onde a exposição pode implicar riscos graves, a preocupação com o modo de falar é muito maior. Essa é a premissa do documentário Do I Sound Gay? que está em fase de idealização e coleta de fundos para produção.