Era final dos anos 1980 ou início dos anos 1990 e eu estava voltando de uma temporada de trabalho na Arábia Saudita. As viagens para lá eram frequentes e na volta era comum passar 2 ou 3 dias em uma capital europeia tomando um banho de civilização e fazendo uma espécie de "descompressão" antes de voltar para casa. Cheguei em Londres por volta das 8 da manhã, deixei as malas na recepção do hotel, e saí para a rua disposto a não perder um segundo. Lá pelas 10 da manhã eu já estava dentro da Virgin Records da Rua Oxford onde pretendia passar algumas horas explorando (e agora, enquanto escrevo, bateu uma puta saudade daquelas lojas de discos físicas enormes onde era possível passar quase um dia inteiro e ao final sair carregando tudo o que o orçamento permitia e mais um pouco).
Pois bem, mal entrei na Virgin Records e fiquei hipnotizado pela voz linda da música que tocava. Tipo assim, meu número! A música era Poison In The Well do disco Blind Man's Zoo de quando ela ainda se apresentava com a banda que tinha o curioso nome de 10,000 Maniacs, mas foi assim que eu travei conhecimento com a Natalie Merchant. De lá pra cá fui atrás de todos os discos, até das gravações raras, numa espécie de culto por esta voz que me toca profundamente.
Não é de se admirar, portanto, que eu aguardava ansioso o lançamento de Natalie Merchant, que saiu oficialmente hoje - o primeiro álbum de inéditas depois de treze anos. E é óbvio que estou ouvindo sem parar e adorando tudo. Eu sou suspeito para falar de Natalie Merchant, mas uma das vantagens do nosso mundo tecnológico é que ninguém precisa mais depender da opinião de nenhum crítico para decidir comprar um CD. É só pesquisar um pouco, ouvir, e decidir por si mesmo.