Gravidade (Gravity, 2013) é realmente tudo isso que estão falando por aí, e muito provavelmente o melhor filme do ano. James Cameron não exagerou, e estava até sendo modesto, ao dizer que o filme dirigido pelo colega Alfonso Cuarón é o melhor filme já feito sobre espaço. Gravidade é simplesmente fenomenal.
Fenomenal na realização dos visuais estonteantes de uma história que se passa toda no espaço, mas não no espaço profundo das aventuras estelares. O espaço de Gravidade se situa a cerca de 600 quilômetros de altura, de onde se pode ter uma visão absolutamente privilegiada do planeta Terra que permite distinguir oceanos e continentes, tufões e tempestades.
Fenomenal na direção de imagens em um ambiente onde não existem planos e o conceito de vertical ou horizontal é totalmente relativo. A câmera se movimenta continuamente e livremente pelo espaço, como se flutuasse, muitas vezes penetrando os capacetes dos astronautas em sequências sem cortes e assumindo o ponto de vista do personagem.
Fenomenal no roteiro eletrizante que consegue fazer com que uma história com apenas dois atores em cena não tenha um único minuto cansativo. Pelo contrário. Não foram poucas as vezes em que me impacientei no assento, tamanha a angústia e a intensa aflição pelo desenrolar dos acontecimentos.
O filme abre com uma equipe de astronautas executando um reparo na estação espacial americana. Alguns minutos depois a calma é quebrada por uma chuva de destroços causada por um satélite russo atingido, que destrói praticamente tudo e deixa apenas os astronautas Ryan Stone (Sandra Bullock) e Matt Kowalski (George Clooney) soltos na imensidão do espaço. A partir deste ponto tudo que pode dar errado dá. A lei de Murphy provavelmente nunca foi explorada antes na tela do cinema com tanta crueldade e infalibilidade.
Desde 2001: Uma Odisséia no Espaço, que é de 1968, não se fazia um filme tão bom sobre o espaço.