terça-feira, 10 de julho de 2012

O fim da "cultura gay"

Há três semanas o New York Times voltou a tocar na tecla do fim da "cultura gay", assunto que pelo menos desde 2005 vem aguçando a curiosidade dos americanos. A ideia é simples. Convencionou-se chamar de "cultura gay" ao conjunto de práticas e comportamentos típicos dos homossexuais da atualidade, resultados do desenvolvimento de uma série de sinais de afirmação no meio de uma cultura hostil. Ao mesmo tempo em que os gays americanos são cada vez mais assimilados de forma natural pela sociedade, os próprios héteros incorporam muitos dos sinais que eram exclusividade dos gays. Gays e héteros se mesclam cada vez mais.

O que os antropólogos preveem é que no ritmo em que as coisas andam, a "cultura gay" deixará de existir naturalmente e no futuro talvez não haja necessidade de diferenciações. Talvez neste futuro as pessoas possam flertar livremente e publicamente, e a tendência sexual só seja percebida pela receptividade ou não ao flerte.

9 comentários:

Cocada.g disse...

Não sei se cabe nessa pauta mas com essa coisa de metrossexualidade eu tenho me confundido muito sobre a sexualidade de muito cara... cada vez mais vejo caras que se vestem e cuidam do corpo como muitos outros gays ainda assim são heterossexuais. Espero que o dia que um casal homossexual possa mostrar afeto em publico sem ser agredido ou ofendido chegue logo.

Bruno Etílico disse...

penso que sempre haverá necessidade de diferenciação de cultura, como sempre há com tribos urbanas (que já existem e as tantas que se criam sempre e mais).
é uma marca, são invenções de identidades.
não vejo essa suposição do nyt como justificável o suficiente para eu repensar essa minha ideia

Fernando disse...

Claro, Luciano. Os americanos tem consideráveis problemas relacionados a igualdade entre sexos (let's remember: nao existe auxilio maternidade nos EUA), grupos como negros ou latinos ainda sao integrados de forma mal-ajambrada na sociedade americana... mas os gays podem afirmar que o processo de conquista de direitos ja caminha para o fim da cultura de gueto. Claro...

Tem uma diferença gritante entre assimilaçao e normatizacao. Assimilacao envolve respeito verdadeiro de diferenças, intercâmbio entre dois grupos e (talvez) a criaçao de uma cultura comum terceira. E normatização é forçar a minoria a um padrao mainstream. Seria o negro sendo exposto a toda a bateria de comerciais de "Seja negra, mas com cabelo de branca-loira!" (otimo para ver como a sociedade americana é saudavel nesse aspecto é o documentario "Good Hair", do Chris Rock), o judeu que se tornou laico, mudou sobrenome e mesmo assim acabou sendo perseguido e morto durante a Segunda Guerra Mundial... ou um casal de gays com casinha branca, gramado ao redor, SUV na garagem e duas criancinhas vestindo Ralph Lauren Baby.

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

Amém! Que assim seja!

marcelo disse...

Aqui em Brasília já é mais ou menos assim... não existem propriamente "lugares gays", e na verdade, não existem porque não precisa - claro que alguns lugares atraem mais a tribo, outros repelem, mas é pelo estilo, modismo, etc. Confesso que fui muito bem surpreendido quando me mudei pra ca e constatei essa característica aberta e tolerante da capital. Acho que quem é de fora não imagina que Brasília possa ser tão friendly!

((ADRIANO)) disse...

Luciano,
Que tal num futuro não tão distante, um programa matutino de comportamento discutindo os seguintes temas relacionados aos adolescentes:

**"Sou hétero, mas sofro pressão dos meus amigos por ainda não ter tido uma relação gay, me sinto diminuido... O que fazer?"

**"Meus pais acham que deveria experimentar o sexo gay e hétero, para autoconhecimento, tenho dúvidas... E agora Doutor??"

**"Cura do heterossexualismo : Mito ou realidade ? O psicólogo Mario Lobão responde."

**"Meu pai acha que por ser gay ele quer que eu seja Estilista, mas meu sonho é ser jogador de futebol. O psicanalista vai analisar hoje se o pai não projeta no filho sua ambição financeira."

Anônimo disse...

Eu concordo com o New York Times.

Aldo disse...

Deus os ouçam.

P. Florindo disse...

Concordo que o fim da "cultura gay" será uma questão de tempo em determinados lugares, lugares estes onde os homossexuais não são tão mal vistos, como nos grandes centros urbanos, por exemplo. Nestes locais, sair do armário não é tabu então, gays e heteros acabam se misturando em uma mesma cultura.

É importante lembrar que a "cultura gay" carrega muito dos estereótipos, tratando os homossexuais como pessoas que pensam e agem de maneira igual ou muito parecida. E há VÁRIOS tipos de homossexuais: os afeminados, as drags, o bombado da academia, o enrustido casado com mulher, o homofóbico que procura se sentir mais "homem" com piadinhas e agressões, o gay que não se dá conta de que é gay e por aí vai...