O fotógrafo italiano Federico Chiesa criou um ensaio para mostrar o que ele acha que os personagens mais apavorantes dos filmes de terror dos anos 80 devem estar fazendo hoje. Parece que as gêmeas de O Iluminado não perderam o poder de apavorar, nem com a idade. Vou ter que dormir com a luz acesa de novo.
De louco e de artista todo mundo tem um pouco. E a prova disto é o canadense Robert Wilkinson, que foi preso na última terça-feira por estar bêbado e perturbando a ordem pública. Ainda no camburão o bêbado artista/louco entreteve os policiais com uma pungente improvisação de Bohemian Rhapsody. Tenho certeza que ele ainda vai ser solto, gravar um disco, virar celebridade, e ficar muito rico.
Num determinado momento na peça Seis Aulas de Dança em Seis Semanas dona Lili (Suely Franco) diz para o instrutor de dança (Tuca Andrada): "Mas eu não conheço nenhum gay!" E ele responde: "É o que a senhora pensa!"
Nos dias de hoje é quase impossível não conhecer ninguém gay. Com mais pessoas sentindo-se seguras para se assumir, a visibilidade tem aumentado bastante. E, diferente de antigamente quando gay era só o filho da vizinha ou o colega de escola, agora gay pode ser o irmão, o tio, o pai, o filho. E muitos famosos têm entrado nesta briga para defender os direitos de seus irmãos gays queridos.
Na semana passada foi o diretor Kevin Smith que, durante uma entrevista, se irritou e mandou que a igreja parasse de se intrometer com seu irmão gay. Ele mesmo não consegue entender como seu irmão continua frequentando uma igreja que não o aceita, mas o irmão é muito religioso e ele respeita isto, deixando claro que ama o irmão e que sempre vai defendê-lo dos que não o aceitam.
E assim o número de ativistas héteros famosos que entraram nesta luta para defender os direitos de seus irmãos queridos vai crescendo, de Richard Gere a Colin Farrell a Adam Levine a Chris Evans a Catherine Zeta-Jones.
Confesso que estou chocado em esta notícia: aluno sofre bullying após aula com leitura da bíblia. Eu mesmo já falei várias vezes sobre a onda de evangelização que está acontecendo no país, mas ver isto acontecendo na prática ainda me choca. Primeiro, pelo absurdo da situação. Uma aula de História que começa todos os dias com vinte minutos de leitura da bíblia? Onde estamos?
Felizmente o pai do aluno parece esclarecido e não deixou barato. Fez um boletim de ocorrência e vai procurar o Ministério Público. E, o mais importante: fez o assunto chegar à imprensa. Está passando da hora de a sociedade dar um basta. E como eu queria conversar diretamente com esta professora para mandar ela tomar no fiofó em alto e bom som. Eu realmente estou perdendo a paciência com esta gentalha.
Não é necessária nenhuma fórmula matemática para se chegar à conclusão que George Clooney é bonito. E Richard Gere também. Mas se a gente analisar por partes vamos chegar à conclusão que o que eles têm de melhor é justamente o conjunto da obra.
A revista Star fez uma enquete sobre as partes do rosto das celebridades mais invejadas e mais requisitadas aos cirurgiões plásticos. Mas juntando o melhor das celebridades mais sexy o resultado final não vai ser muito animador. Ou será que alguém gostaria de ter esta cara?
Este rosto estranho é a combinação do cabelo do John Stamos com os olhos do Daniel Craig, o nariz do Leonardo diCaprio, as bochechas do George Clooney, o queixo do Christian Bale e os lábios do Matt Damon. Prova que na matemática da beleza as partes não fazem o todo.
Resolvi assistir ao primeiro bloco de Avenida Brasil para sentir o clima da novela nova e não consegui piscar até o final do capítulo. O quê foi aquilo? Não há outro adjetivo para descrever este capítulo senão E-LE-TRI-ZAN-TE recitado assim sílaba por sílaba. Nestas horas é que a gente vê como Fina Estampa era ruim.
Avenida Brasil começou a costurar uma história muito bem escrita. E muito bem contada. Em A FavoritaJoão Emanuel Carneiro conseguiu deixar o público durante semanas torcendo para a pessoa errada até revelar quem era a verdadeira vilã e dar uma reviravolta na trama que deixou muita gente procurando o rumo até hoje. Pois neste primeiro capítulo de Avenida Brasil não foi diferente.
E alguém sabe me dizer de onde saiu esta atriz Mel Maia? Chamar de atriz mirim seria um desrespeito. A garotinha deu um show que muita atriz com vários anos de estrada nunca conseguiu mostrar. É raro ver na televisão uma criança que escape daquele tatibitate titubeante de falas cuidadosamente decoradas, e também raro é ver um personagem tão maduro escrito para ser representado por uma criança. Mel Maia é uma atriz natural. Ah, e tenho certeza que a Adriana Esteves vai apanhar na rua antes do final desta novela.
(Alguém mais notou a homenagem? Neste primeiro capítulo Adriana Esteves empurrou o Tony Ramos na escada. Adriana Esteves foi a Nazaré Tedesco jovem na primeira fase de Senhora do Destino).
Dentro de uma hora começa Avenida Brasil. Pela sinopse da novela o ator Daniel Rocha interpreta Roniquito, um gay no armário que tem um pai homofóbico (Otávio Augusto) que sonha com o filho seguindo carreira no futebol. Misturar homossexualidade com futebol pode render uma história muitíssimo interessante se levada com coragem.
Vamos ver se João Emanuel Carneiro se redime do vexame com o personagem gay Orlandinho interpretado por Iran Malfitano em A Favorita. Naquela novela Orlandinho começou apaixonadíssimo pelo personagem de Cauã Reymond mas o autor não teve colhão de levar a história adiante e Orlandinho terminou desmunhecando ao lado de uma esposa (Deborah Secco) e um filho arrumados de última hora e que não convenceram ninguém. Será que agora vai?
No sábado passado, durante a cerimônia de entrega do prêmio GLAAD Media Awards os atores Naya Rivera (Santana em Glee) e Cory Monteith (Finn em Glee) participaram de um leilão de beijo para arrecadar fundos para a instituição que luta contra a representação preconceituosa dos gays na mídia. Animado com a ideia, John Stamos (que entrou no seriado mais recentemente no papel do Dr. Carl Howell) pulou no palco e se ofereceu para participar do leilão, fazendo os lances subirem para 5 mil dólares.
John Stamos parece ter ficado ainda mais animado quando o lance para seu beijo foi dado por outro homem. Um felizardo voltou para casa mais contente e a organização garantiu a arrecadação de 15 mil dólares em uma única tacada! Ah, se todo mundo tivesse o bom humor e o jogo de cintura de John Stamos...
Fugida rápida para Taubaté hoje. Durante uma passada no shopping para um lanche e para escapar da chuva, a descoberta de uma exposição de fotografias que me deixou maravilhado. Fotos de Alexandre Janotti com o tema "Água".
Alexandre Janotti é taubateano e tem uma coleção fantástica de fotos de vários temas, sobretudo de eventos esportivos. A exposição está na praça de eventos do Shopping Taubaté e vale uma visita.
Senti uma vergonha alheia enorme durante o último capítulo de Fina Estampa ontem. Acho que nunca na história deste país houve um último capítulo de novela das nove tão chocho e tão medíocre. A novela, por si só, já tinha gosto de comida requentada - e era até meio irritante que os próprios personagens ficassem nos lembrando disto. As grandes Renata Sorrah e Arlete Salles praticamente desapareceram no meio de tramas paralelas desinteressantes. Adriana Birolli ficou com cara de cavalo a novela toda. José Mayer, com o visual de Um Violinista no Telhado inapropriado para o personagem da novela, não convenceu como conquistador nem o mínimo necessário. Griselda não gerou nenhuma química com nenhuma das duas possibilidades de par romântico.
E a cena do barco do Pereirinha na tempestade? Horrorosa e completamente tosca realizada com o padrão SBT de qualidade dos anos 70. E o discurso moralista chatérrimo da Griselda na formatura do filho, para o qual ela ficou três anos se preparando? E a formatura do curso de medicina numa salinha com duas dezenas de gatos pingados fazendo figuração? E a Sophie Charlotte chorando aos borbotões do começo ao fim? E alguém acreditou na regeneração do filho ingrato justamente depois que a mãe ganhou na loteria e ficou milionária? E a ridícula cena final com o reaparecimento da vilã desaparecida? Fina vergonha.
Está na coluna de hoje do Ancelmo Gois em O Globo. A Câmara do Rio aprovou ontem lei do vereador Carlos Bolsonaro que proíbe matérias contra homofobia e bullying nas escolas municipais. Esta é mais ou menos uma versão tupiniquim de uma ideia que também ronda alguns estados americanos e que lá ficou conhecida como "Don't Say Gay". Os religiosos fundamentalistas estão conseguindo empurrar o problema para debaixo do tapete ao barrar a discussão e o esclarecimento. Aliás, trevas e obscurantismo parecem ter sido as melhores armas da Igreja em todos estes séculos de influência sobre a sociedade.
Que um vereador boçal tenha uma ideia ridícula é compreensível. Que uma câmara formada por várias cabeças supostamente pensantes a aprecie e aprove é inominável.
Será que não seria o caso de estender a aplicação desta lei e também proibir que se fale de pobreza, discriminação, drogas, e doenças? Desta forma poderíamos criar uma sociedade perfeita por decreto.
Eu ontem publiquei aquela foto linda da família do Ricky Martin. Coincidentemente o Tony Goes falou do mesmo assunto no blog dele e no facebook, e eu pude acompanhar os comentários e reações aqui e lá. Embora a maioria das reações tenha sido positiva eu fico sempre intrigado com um tipo de reação que invariavelmente aparece toda vez que uma foto assim é publicada. Eu me refiro àqueles que se manifestam em tom desanimador à "tentativa de imitar o padrão hétero de felicidade".
Juro que não entendo. Viver feliz ao lado de quem se ama nunca foi um anseio reservado exclusivamente aos héteros. Viver feliz ao lado de quem se ama é basicamente um anseio humano (e de outras espécies animais monogâmicas também). Os héteros simplesmente tiveram seu reconhecimento como unidade da família mais cedo.
A relutância em aceitar esta visão ideal plenamente possível me lembra um pouco esta síndrome do Aguinaldo Silva de achar que gays devem viver em guetos ou caçando homens em ruas escuras. Viver feliz ao lado de quem se ama é para todo mundo, independente de inclinação sexual, inclusive para mim e para você.
Ricky Martinabriu as portas de casa para a Vanity Fair da Espanha e posou para fotos junto dos filhos Matteo e Valentino, e do maridão Carlos. Chegou a hora de dar um descanso para la vida loca e olhar para a família. E eu estou publicando isto aqui para me lembrar sempre de como eu quero ser quando crescer.
Eu já tinha decidido que ia baixar o disco novo da Madonna de graça. Primeiro, em protesto contra a palhaçada do ECAD. Segundo porque eu já paguei muito para ouvir Madonna, muitas vezes em duplicidade. Comprei em CD os discos que já tinha em vinil, comprei em DVD os shows que já tinha em VHS. Se a gente paga mesmo é pelo direito autoral então eu deveria ter pago somente o custo do material da segunda vez em que adquiri a mesma obra em outra mídia.
Mas a razão principal é que eu já não gosto muito mais da Madonna como gostei um dia. Já fui fã incondicional, não sou mais. Deve ser da idade, ou do processo típico de mudança - nem sempre o ídolo e o fã mudam na mesma direção. Também já fui fã de Elba Ramalho, Gal Costa, Chico Buarque e Milton Nascimento, mas não gosto do que eles cantam hoje, embora continue amando de paixão as música da "fase antiga". E, com a honrosa exceção do Roberto Carlos, todo artista muda. A maioria dos fãs acompanha as mudanças de seus ídolos; alguns poucos, como eu, tomam um caminho diferente. Para não parecer que é ranzinzice minha, por outro lado comecei a gostar de muitos outros artistas que não gostava antes.
MDNA vazou hoje. Já ouvi algumas vezes com a esperança que se torne um gosto adquirido, mas até agora ainda não "bateu". Não sinto que ela está cantando para mim. Acho que fiquei muito velho para a Madonna.
Vi hoje no jornal do início da tarde a reprise da reportagem mostrada ontem no Fantástico sobre a corrupção nas licitações públicas. Nada que ninguém nunca tenha visto antes, mas achei incrível o espírito investigativo do repórter que montou o esquema e documentou tudo. No Brasil tem sido assim ultimamente: a imprensa tem feito um trabalho extraordinário de investigação e trazido à tona casos que o nosso sistema de inteligência policial jamais teria condições de ter descoberto. Todos só temos a ganhar com uma imprensa cada vez mais forte, mais livre, e mais isenta.
Infelizmente, nossos vizinhos argentinos embarcaram em um trem no sentido oposto. Sinto muito por eles, porque gosto muito de lá e gostaria que o país desse certo. Mas, na Argentina neste exato momento está proibido falar mal da presidente e de seus feitos. Quem se atreve sofre as consequências. Os índices econômicos divulgados pela presidência são tão falsos que as publicações internacionais de economia pararam de divulgá-los - e no país está terminantemente proibido contestá-los. O país está prestes a virar um reino de conto de fadas.
Na semana passada o canal C5N cortou ao meio uma entrevista ao vivo tão logo o entrevistado (um antigo assessor de Néstor Kirchner) disse, falando da presidente Cristina, que "cada vez que há algo que não gosta ela fica brava com o emissor". Foi o que bastou para o programa sair subitamente do ar.
Quando só se pode falar bem não se tem notícia, se tem propaganda. Quem viveu os tempos da censura na ditadura brasileira conhece muito bem os perigos deste caminho.
Até hoje, de repente e sem qualquer aviso, eu me pego pensando nele. E fico absorto e distraído, como hoje pela manhã durante a sessão de musculação quando a voz do professor me arrancou do devaneio e me trouxe de volta à realidade.
Eu e o Ditinho nascemos no mesmo ano, no mesmo mês, ambos numa terça-feira, ele 7 dias antes de mim. Éramos primos e morávamos na mesma rua, íamos juntos para a escola, subíamos em árvores, soltávamos papagaio, corríamos descalços, roubávamos manga do pomar da tia Taninha, nadávamos no laguinho, fumávamos escondidos atrás do muro.
No começo da adolescência minha família se mudou para Belo Horizonte. Crescemos rápido demais. Nos afastamos. Quando eu visitava Ouro Fino minha tia sempre me ligava: "Passa lá em casa para ver o Ditinho - ele adora conversar com você. Ele vive enfurnado naquele porão". A gente tomava um café, fumava um cigarro, conversava um pouco, ria das lembranças do passado. Ele tinha gestos contidos, olhar baixo, voz grave e falar suave.
O Ditinho havia montado um atelier no porão e continuava pintando - desde pequeno ele tinha um dom extraordinário para o desenho e a pintura. Também fazia móveis artesanais lindíssimos. Passava o dia todo ali trabalhando, só ele e seus pensamentos. Eu soube depois que ele tomava remédios contra a depressão, mas ele nunca falou disto comigo.
E eu ainda me lembro como se fosse hoje, quando a minha mãe me ligou numa terça-feira de manhã há cerca de cinco anos. "Acabaram de ligar de Ouro Fino. O Ditinho morreu. Ele se matou". Até hoje, de repente e sem qualquer aviso, eu me pego pensando nele.
Faz décadas que não vejo a Kathleen Turner em um bom papel, mas parece que agora vou poder matar as saudades. Em maio será lançado The Perfect Family e a história promete: Kathleen Turner é uma destas mulheres baba-ovo de igreja que acaba de ser indicada para o cobiçado prêmio de "Católica do Ano". Na história a Igreja promove algumas visitas surpresa para se certificar da realidade de lar católico da candidata indicada antes de dar o prêmio. O problema é que o marido dela bebe, o filho largou a mulher e está de caso com uma manicure, e a filha é lésbica e pretende se casar com a namorada. Ou seja, a família é completamente normal, mas a Igreja não pode saber.
E ainda tem Richard Chamberlain fazendo o papel do Monsenhor. Agora com 73 anos, ele foi lindíssimo na juventude ("um pão", dizia a tia Cotinha) e saiu do armário já na terceira idade há menos de 10 anos. Mal posso esperar.
O anúncio é muito bem bolado. Dá mesmo uma vontade incrível de voltar no tempo para a São Paulo antiga quando os entregadores de leite se vestiam assim.
Há algumas semanas a desocupação do Pinheirinho em São José dos Campos gerou uma celeuma a nível internacional amplamente inflada por interesses políticos. O acontecimento foi aumentado para muito além da proporção que merecia principalmente pela rede de ativistas a serviço dos interesses de partidos políticos. Ninguém fala mais no Pinheirinho e nem ficou sabendo do desenrolar da história. Até o senador Suplicy esteve aqui há duas semanas para ver tudo in loco e ficou surpreso por não ter encontrado o que tinham dito que ele encontraria.
Mas este é um problema de vários pesos e várias medidas. O New York Timesjá abriu os olhos para a desocupação desenfreada que está acontecendo no Rio de Janeiro pela necessidade de livrar a cidade da "feiura" da pobreza para não assustar as hordas de turistas que chegarão para os Jogos Olímpicos. A ordem é desaparecer com algumas favelas que ocupam lugares estratégicos. O jornal traz fotos interessantes das comunidades que estão sendo riscadas do mapa, e até um vídeo sobre o quê está acontecendo.
Inalva Mendes Brito, uma maratonista feliz pelos Jogos Olímpicos mas que está sendo despejada de sua casa, resumiu com "tornamo-nos vítimas de um evento que não queremos". E desta vez trata-se de terras devolutas que pertencem ao Estado e que não têm um proprietário privado, o que é ainda pior. Mas, considerando-se os interesses políticos envolvidos, desta vez os pobres desalojados certamente não contarão com o clamor conveniente da rede de ativistas de sofá.
Michel Teló já dominou o mundo. Agora só falta lançar as versões de Ai, Se Eu Te Pego em sânscrito e em anagliptografia (também conhecida como braile). Enquanto isto não vem, a turma do The Key of Awesome aproveitou para fazer uma paródia da música utilizando uma letra em inglês com tradução de máquina pelo Google Translator.
A insistência do Morrissey em sua antipatia pela realeza britânica pode ter suas razões, mas pouco interessam aos brasileiros. Só serviram para contribuir para a fama de mal-humorado do cantor.
Parece que ninguém estava interessado em dar as costas para o príncipe Harry como pediu Morrissey em cada um de seus shows na Argentina e no Brasil. Harry herdou o carisma inabalável da mãe e é capaz de iluminar quarteirões com seu sorriso. Sobrevoou o Rio, jogou vôlei, visitou favelas, assistiu shows, jogou polo, deu entrevistas, aguentou a babação de ovo dos políticos - tudo isto sem perder a gostosura e a simpatia durante um único minuto.
Já decidi que vou arrancar aquele poster do Tarcísio Meira do espelho da minha penteadeira; Harry, o lugar é teu!
Aguinaldo Silva revelou ontem que no final de Fina Estampa daqui duas semanas, Tereza Cristina (Christiane Torloni) foge e Crô (Marcelo Serrado) se tranca no armário. É Baltazar (Alexandre Nero) quem vai convencer Crô a sair do armário. E em seguida Crô funda o "Centro de Assistência ao Homossexual Pintoso", uma ONG de ajuda aos homossexuais que, como ele, "são discriminados até pelas outras bibas".
Fina Estampa é sucesso de público, e fica óbvio que Aguinaldo Silva está tentando dar um tapa com luva de pelica na cara de quem criticou o personagem espalhafatoso que ocupou a telinha depois dos gays bem resolvidos de Insensato Coração. O que Aguinaldo Silva não entende é que o sucesso talvez se deva ao fato de ele ter escrito uma novela à moda antiga, direcionada para a audiência cativa que se esparrama no sofá no final do dia e que ainda não trocou a TV pela internet ou por outras formas de entretenimento. Esta audiência fã do humor escrachado e descerebrado de programas como o Zorra Total ainda se diverte com a afirmação de estereótipos e não assimila bem os novos "modismos" culturais.
Marcelo Serrado esteve estupendo e impecável e o personagem certamente entrará para os anais dos personagens inesquecíveis da teledramaturgia brasileira, mas muito pouco ou nada contribuiu para a luta atual pela igualdade e aceitação. Aguinaldo Silva continua preso à luta de quarenta anos atrás pelo direito de ser diferente.
O Conar acatou a denúncia de racismo e decidiu que o anúncio do azeite Gallo deve parar de circular na mídia impressa. Até eu que sou mais burro associei "o vidro escuro é o segurança" com a cor dos ternos pretos dos seguranças das celebridades (men in black) e nem pensei em cor de pele. Mas nada disso teria a menor importância se não estivesse acontecendo na mesma semana em que o Ministério Público Federal determinou que o verbete "cigano" fosse retirado da versão digital do dicionário Houaiss por conter referências preconceituosas.
O absurdo não poderia ser maior. Um dicionário simplesmente registra o idioma, inclusive indicando se o verbete é de uso vulgar (palavras tabu) ou erudito, mas não acrescenta juízo de valores. A se vingar esta ideia estapafúrdia, nossos dicionários e nosso idioma automaticamente se reduzem a cerca de um terço de seu tamanho. Palavras como "vândalo" (originada do nome de um povo germânico) e "judiar" (de 'judeu') seriam automaticamente proibidas.
O excesso no politicamente correto está ficando insuportável. Pelo andar do jinriquixá, já imaginaram como será impossível no futuro contar uma história que envolva um aleijado, um mongoloide, um anão, um negão, um veadinho e uma paraíba?
O anúncio institucional foi ao ar esta semana na União Europeia mas teve que ser retirado do ar devido às críticas de misoginia, racismo e xenofobia. No anúncio, a União Europeia (azul e amarelo) é atacada pela China, India e Brasil (os países mais fortes do BRIC) e vence se fortalecendo com a entrada de outros países no bloco. Achei criativo e não me ofendi. Mas vivemos na época do politicamente correto, então bom senso e caldo de galinha nunca são demais.
Eu nunca fui fã destes joguinhos eletrônicos de ficar atirando ou derrubando alguma coisa na tela do computador. Mas no final dos anos 80 eu me rendi aos jogos de role-playing. Minha primeira paixão foi o The 7th Guest, que se passava dentro de uma casa mal-assombrada, desenvolvido em plataforma DOS. Para quem não sabe, DOS era um sistema operacional pré-Windows utilizado pelos nossos ancestrais na era Paleozóica até o fim do período Cambriano.
No começo dos anos 90 fiquei fissurado por dois jogos sensacionais: Phantasmagoria e Gabriel Knight: The Beast Within. Eu e meu namorado passávamos horas na frente do computador e perdíamos noites de sono tentando desvendar os enigmas do jogo. Perto do final de The Beast Within, depois de ficarmos alguns dias empacados sem saída em um estágio, eu pesquisei na Internet e descobri a solução - e isto quase me custou o namorado! Foi uma briga enorme.
Depois cresci e deixei os joguinhos pra trás. Mas agora voltei a ficar curioso com o lançamento de Mass Effect 3 esta semana, onde os personagens podem ter romances gays e, dependendo das decisões tomadas durante o jogo, até acabar na cama em tórridas noites de amor. Já estou com uma quedinha pelo Sheppard e pelo Cortez.
Se você tem um pouco mais de tempo, aqui tem todo o desenrolar do romance no jogo. Muito fofo.
Por outro lado, acho que os magistrados estão também querendo mandar uma mensagem aos poderes legislativo e executivo. A imiscuição da religião nos vários níveis legislativos no Brasil atingiu níveis insuportáveis para um estado laico. Vocês sabiam que em Ilhéus, na Bahia, foi aprovada e já está em vigor a lei criada por um vereador evangélico que obriga que o Pai Nosso seja rezado sempre antes do início de qualquer aula na cidade? E que na posse do ministro Crivella o discurso foi religioso com a plateia respondendo "Glória a Deus!" após cada enunciado do empossado? Neste passo, em menos de dez anos estaremos vivendo em uma teocracia.
E não existe juiz religioso fundamentalista? Claro que sim, mas a classe tenta cortar as asinhas destes. Quem não se lembra do juiz que anulou um casamento de dois homossexuais em Goiânia, ou a decisão homofóbica de um juiz que arquivou a queixa do Richarlyson sentenciando que futebol é esporte varonil e não é mesmo para gays. Mas estes casos que alcançam a imprensam acabam gerando reparos imediatos e punições administrativas rápidas. E tem também a decisão do STF, a mais alta corte do país, de maio passado sobre o status da união homossexual no Brasil - um documento louvável. Pelo menos o Judiciário ainda está a salvo.
O Voz das Comunidades, portal de comunicação das comunidades carentes da região do Rio de Janeiro, lança uma campanha bem bolada contra a homofobia. Curta e rápida, a campanha explora a constatação que todo homofóbico pode ser um homossexual enrustido.
Lucio Dalla, falecido na semana passada, era homossexual discreto e vivia com seu companheiro Marco Alemanno sem levantar bandeiras. Lucio Dalla era queridíssimo em toda a Itália e teve um funeral católico suntuoso digno de uma personalidade internacional, celebrado pelo padre Bernardo Boschi, que era amigo pessoal do cantor. Marco Alemanno ganhou destaque como único leigo a falar durante a celebração, quando declarou publicamente seu amor e respeito pelo companheiro morto em um dos momentos mais emocionantes da cerimônia. É o véu da hipocrisia da igreja católica sendo rasgado de cima a baixo, e bem perto do Vaticano.
Katie Melua é nascida na república soviética da Geórgia, mas mudou-se com toda a família para a Irlanda quando tinha sete anos. Aos quatorze anos foi para Inglaterra, onde mora até hoje. Nunca parou de fazer sucesso desde seu lançamento em 2003, depois de ter sido lançada pelo cantor e compositor Mike Batt.
Eu me apaixonei por ela da primeira vez que a ouvi, na trilha sonora de E Se Fosse Verdade (Just Like Heaven, 2005) uma comédia romântica com Mark Ruffalo e Reese Witherspoon que nos créditos finais apresenta Katie Melua cantando uma versão lenta de Just Like Heaven, a música do The Cure. Foi amor à primeira audição - saí do cinema correndo para descobrir de quem era aquela voz que me fisgara de jeito.
Katie Melua - Just Like Heaven:
Katie Melua toca guitarra, piano e violino, e sempre foi grande fã da cantora Eva Cassidy, falecida em 1996. Em dezembro de 2007, para angariar fundos para a Cruz Vermelha, foi lançado um dueto póstumo das duas cantoras aproveitando uma gravação prévia de Eva Cassidy de What A Wonderful World. O dueto foi sucesso absoluto durante o Natal e subiu para o primeiro lugar na parada da Inglaterra.
Nesta semana Katie Melua está novamente de volta às paradas com o lançamento de seu quinto álbum de estúdio, Secret Symphony, onde interpreta músicas de compositores que marcaram sua vida. Secret Symphony foi gravado diretamente com uma orquestra no estúdio sob a batuta de Mike Batt e o resultado é impressionante, lindo, tocante. Com a voz de Katie Melua seria muito difícil dar errado.
Eu achava que não era possível errar muito com um elenco que inclui Selton Mello, Milton Gonçalves, Milham Cortaz, Otávio Müller, Cássia Kiss, e Grazi Massafera. Não tinha lido nada sobre o filme e achei que na pior das hipóteses assistiria a um filme fraco mas que valeria a pena pelo elenco. Mas bastaram três minutos de filme para eu pensar comigo "tem algo de muito errado aqui".
Pouco tempo mais de filme e era fácil perceber que não tem algo errado - TUDO está errado. Billi Pig é um filme do qual nada se salva. Acho que eu nunca tinha visto antes um filme em que um espectador se levanta no meio da sessão e solta um sonoro e raivoso "putaquepariu!!" antes de sair da sala. A sala, impaciente com a fenomenal chatice de um filme mal feito com uma história estúpida, parece ter sentido vontade de aplaudi-lo. O meu desejo foi repetir o desabafo e sair atrás. Ao final do filme havia na sala menos da metade dos espectadores do início.
É impossível apontar o quê deu errado em um filme que praticamente não tem acertos. A cena em que Grazi Massafera está em um bar decadente depois de um desastrado teste para atriz e que de repente vira um número musical tosco me fez ficar morrendo de vergonha alheia. Cheguei a me beliscar para ter certeza que aquilo estava realmente acontecendo.
É impossível entender como Selton Mello, que estava em um filme recente delicioso como O Palhaço, tem seu nome associado a este desastre de proporções bíblicas. Desta vez o palhaço é o espectador.
Nunca a instituição do casamento foi tão analisada, discutida, revirada, esmiuçada e dissecada como nos dias de hoje na Califórnia na batalha legal pela manutenção ou revogação da Proposição 8 - um instituto jurídico que barra o acesso dos gays ao casamento igualitário. O que está por trás desta batalha é algo bem mais profundo: os defensores da Proposição 8 querem provar que os homossexuais não têm dignidade suficiente para o casamento, enquanto os homossexuais querem mostrar que são tão dignos e merecem tanto respeito quanto os heterossexuais. Mais do que uma questão jurídica, tornou-se uma questão de dignidade e respeito.
Quem lê os autos do processo movido por dois casais homossexuais (um casal de lésbicas que vivem juntas há quatorze anos e tem quatro filhos, e um casal formado por dois homens juntos há dez anos) tem acesso a um verdadeiro tratado sobre o papel da religião, do estado, da família, da procriação, e de vários outros elementos nesta instituição tão complexa e ao mesmo tempo tão simples que é o casamento.
O célebre julgamento pelo juiz Vaughn Walker em 2010 não pode ser televisionado. Mas Dustin Lance Black (que escreveu o roteiro de Milk), queria que o mundo visse as brilhantes defesas dos casais gays por dois dos maiores advogados americanos (David Boies e Theodore B. Olson), e que fossem revelados ao mundo os argumentos insípidos dos defensores da Proposição 8. Com base nos autos do processo e na decisão do juiz Walker, Dustin Lance Black roteirizou uma dramatização do julgamento e fez um convite público para que atores participassem da leitura inaugural da peça.
A questão se tornou tão passional na Califórnia que a resposta foi surpreendente. George Clooney, Brad Pitt, Martin Sheen, Jamie Lee Curtis, Chris Colfer, Rob Reiner, Matthew Morrison, Matt Bomer, Jane Lynch, George Takei - todos queriam participar do evento. A primeira leitura dramatizada da peça intitulada simplesmente "8" aconteceu ontem. O impacto é realmente grande e o conteúdo é espetacular. Espero que logo alguém legende a apresentação para que quem não fale inglês possa também aproveitar este texto maravilhoso.
O vídeo inclui todo o feed utilizado na transmissão, que só começa mesmo a partir do minuto 00:17:50 e vale cada segundo. Brad Pitt interpreta o juiz Walker, George Clooney e Martin Sheen interpretam os dois advogados dos casais gays. Os casais gays são interpretados por Jamie Lee Curtis e Christine Lahti, e Matthew Morrison e Matt Bomer.
A Igreja já declarou que acha melhor que uma criança permaneça no orfanato do que com um casal homossexual. Esta é certamente mais uma das declarações pela qual a Igreja estará se desculpando no futuro, da mesma forma que já foi obrigada a se desculpar por no passado ter dito que os negros não tinham alma. A lista dos pecados da Igreja aumenta muito a cada dia.
Por sorte não somos governados por leis escritas em um livro há dois mil anos como quer a bancada evangélica. E hoje o casal Mailton e Wilson, de Recife, já conseguiu registrar a filha Maria Tereza com os nomes dos dois pais na certidão de nascimento diretamente no cartório sem processo judicial. Porque o tempo... o tempo não para.
Se você é fã dos Smiths e está tirando o pó dos discos em preparação para o show do Morrissey na semana que vem,então esta é para você relembrar o quê a voz deste cara consegue fazer com a gente. Todo arrepiado aqui e sonhando acordado com este mashup de primeira linha que joga a voz do Morrissey na trilha de Videogames (de Lana del Rey). E se gostar você ainda pode baixar grátis a música direto do site do autor do mashup aqui. Will Nature make a man of me yet?
A nomeação do Crivella para Ministro da Pesca pode ser analisada de várias formas. E nenhuma delas é boa. Eu não apoiei a eleição da Dilma mas reconheci que ela tem feito um bom governo e tive a humildade de externar isto muitas vezes. Mas agora acho que ela está se abaixando tanto que vai acabar mostrando a bunda.
Justo quando achei que a nomeação da ministra Eleonora Menicucci ia começar a dar personalidade e estilo para a este governo, vem a nomeação do Crivella e faz tudo voltar ao zero a zero. O ministério pode até ser quase "de fachada", mas o Crivella não é, e está tendo agora a visibilidade que sempre quis. Isto me preocupa e muito.
Em 15 de agosto do ano passado eu escrevi um texto que chamei de "A evangelização do país" (aqui). Lá escrevi:
"Esta é só a ponta de um grande iceberg que move em perigosa rota de colisão com a evolução dos costumes no Brasil. ... A notícia ruim é que este plano de dominação está apenas começando."
Mas eu não esperava que eles fossem chegar tão longe tão depressa.
"Acho engraçado, mas a última coisa que eu faria é ficar correndo de um lado para o outro para desmentir isto. Seria injusto e deselegante com os meus grandes amigos da comunidade gay. Eu não vou deixar ninguém fazer com que ser gay pareça uma coisa feia. Minha vida pessoal é pessoal, e eu sou bastante feliz com ela. Que diferença faz se alguém acha que eu sou gay? Muito depois da minha morte muita gente ainda vai continuar dizendo que eu era gay. Estou cagando e andando para isto."