domingo, 3 de maio de 2015

Entre Abelhas


O distúrbio psicológico realmente existe e tem o nome científico de prosopagnosia, que significa em grego "incapacidade de reconhecer caras". A cegueira seletiva limitada a feições foi coberta em um dos intrigantes contos do livro "O Homem Que Confundiu Sua Mulher Com Um Chapeu" (The Man Who Mistook His Wife For A Hat), do célebre neurocientista inglês Oliver Sacks, cujos relatos baseados em casos clínicos raros já renderam outros filmes interessantíssimos como Tempo de Despertar e Rain Man.

Essas referências científicas nunca são mencionadas em Entre Abelhas, que aborda o problema de um ponto de vista mais pessoal e menos médico. No filme, o protagonista Bruno (Fábio Porchat), sob o estresse da separação recente de sua ex-esposa, de quem ainda gosta, começa gradativamente a deixar de enxergar as pessoas. O que a princípio é um pequeno incômodo começa a ficar cada vez mais sério conforme as pessoas vão desaparecendo da percepção de Bruno em ritmo cada vez mais rápido.

Com excelentes desempenhos e muito bom desenvolvimento, Entre Abelhas lembra muito os filmes do bom cinema argentino atual. Com a grande vantagem de ter, atrelado ao drama do protagonista, o humor tipicamente brasileiro. Entre Abelhas não é comédia, mas tem momentos de descontração inteligentes proporcionados pela própria graça dos personagens, pela ironia natural de alguns diálogos, e pelo absurdo da situação em si.

Entre Abelhas é cinema brasileiro em boa fase, com jeito de produto bem acabado, ótimo roteiro e boa diversão.

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