Este vídeo fez bastante sucesso há 5 anos. Todo mundo já viu, mas vale a pena ver de novo. Tem tudo a ver com o assunto aí embaixo sobre genética e escolha.
terça-feira, 31 de janeiro de 2012
De gente e genes
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Genética ou opção?
Talvez a Cynthia Nixon tenha tido tempo para pensar mais a fundo sua declaração recente que era gay por opção. Ela, que já foi casada com homem e tem duas filhas, vive atualmente com uma mulher. Teve uma semana para repensar o assunto e se saiu bem. Disse à The Advocate que é, para o bem da verdade, bissexual, e que isto não é uma escolha. Dentro de sua bissexualidade ela sente que pode escolher ser gay ou não - mas que outras pessoas que não são bissexuais não têm esta possibilidade.
Mas, interessante mesmo foi ler o ponto de vista de Frank Bruni sobre o assunto em Genetic or Not, Gay Won't Go Away no New York Times. Frank sempre soube que era gay. E, como todos os outros, também achava importante que fosse estabelecida a determinação genética da homossexualidade, o tal gene gay. Chegando neste ponto a homossexualidade seria tão inseparável de um indivíduo quanto a sua cor de pele. E falar em opção sexual seria tão absurdo quanto falar em opção racial.
Porém, o fato de a cor da pele não ser uma opção não acabou com o racismo. E a homofobia é tão irracional quanto o racismo. Então, estabelecer se a homossexualidade é uma determinação genética ou uma opção não deve ser fator preponderante para o fim da homofobia.
Agora, o mais interessante: parece que muitos aguardam a confirmação biológica da homossexualidade para livrá-la da condenação. Mas isto não faz nenhum sentido. Basta ver que nossa legislação contém dispositivos sólidos de proteção à liberdade religiosa, e nada é tão opcional quanto a religião. Não foi preciso apresentar nenhum gene católico, budista ou evangélico para que esta proteção virasse lei.
Fé demais
No começo do ano o bispo Edyr Macedo da IURD publicou em seu blog uma postagem horrorosa atribuindo a morte de uma ex-fiel em um acidente ao fato de a garota ter deixado a igreja e zombado de deus algum tempo antes. Para ele a morte foi uma punição divina.
Hoje lemos a notícia de um trágico acidente na Flórida que vitimou 5 brasileiros que estavam nos Estados Unidos para um evento evangélico do Ministério Internacional da Restauração. Uma família toda destruída - uma coisa horrível, até difícil de ler, me deixou meio passado.
E agora eu fiquei sem entender nada. Para estas pessoas que atribuem tudo a deus, morrer é prêmio ou castigo? Será que elas não percebem que o mesmo deus que fez com que o time delas ganhasse o campeonato fez com que o outro time perdesse? Se os jogadores e torcedores dos dois lados rezassem igual, só haveria empates?
Os descendentes
Os Descendentes (The Descendants, 2012) estreia embalado por uma série de prêmios e indicações importantes. Entre os principais personagens do drama encontra-se um que não foi indicado a prêmio nenhum: o Havaí. Não existe um único minuto em que a história não nos lembre onde tudo está se passando, seja pela trilha sonora de música havaiana ou pela profusão de camisas estampadas e homens de bermuda e sandálias. Mas Os Descendentes não é um filme solar. O tempo parece estar sempre ruim, como para lembrar que a chuva cai sobre praias paradisíacas da mesma forma que a tragédia ronda mesmo as melhores famílias. O filme não nos deixa esquecer que há nuvens negras no horizonte.
O filme começa com Matt King (George Clooney) no hospital ao lado da esposa que sofreu um acidente de lancha e está em coma. Logo fica claro que o coma é irreversível e ele precisa retomar as rédeas do papel de pai das duas filhas adolescentes problemáticas. Como se isto não fosse o bastante, vem à tona um segredo que a mãe guardava - e o que restou da família vai ter que praticamente se equilibrar em um arame para não se desmoronar ainda mais.
Apesar do tema denso, o filme não é necessariamente triste. Os personagens agem de forma imprevisível mas contida. A gente espera que um deles vá se debulhar em lágrimas ou desferir um murro de raiva, mas não. Eu fiquei com a sensação que estava degustando um delicioso e doce abacaxi havaiano. Só no final é que percebi que o fruto havia sido servido com casca e tudo.
domingo, 29 de janeiro de 2012
Família disfuncional
Algumas famílias se tornam disfuncionais quando a rotina da convivência sufoca o amor. E isto pode acontecer tanto aqui quanto em Tubiacanga ou na China. Às vezes é preciso um chacoalhão para as coisas caírem novamente em seus lugares, como mostra este tocante comercial institucional chinês para o Ano Novo.
sábado, 28 de janeiro de 2012
Só no Brasil
Um rebocador chocou-se contra uma ponte ontem nos Estados Unidos, no estado de Kentucky. Felizmente não houve vítimas. O cruel é que o acidente parece muito estúpido à primeira análise. Os rebocadores deste porte têm equipamentos sofisticados de navegação, a navegação é feita com visibilidade, e os obstáculos do caminho são conhecidos.
Faz-me pensar nas hipóteses que estão sendo consideradas para explicar o adernamento do Costa Concordia na Itália. São aqueles acidentes aparentemente estúpidos que quando acontecem por aqui a gente costuma dizer "só no Brasil mesmo para acontecer uma coisa destas". E eu ainda não sei se é alívio ou pavor que eu sinto ao constatar que estas coisas podem acontecer em qualquer lugar do mundo.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
O bicho papão e a donzela
Mario Lopez esteve no programa da Ellen e aproveitou para fazer propaganda da sua nova linha de cuecas (ou underwear como preferem os mais finos). Ele é uma gracinha e tem um corpo perfeito - modelo ideal para o produto. Mas neste charminho de tira-não-tira, não foi ele quem ficou com cara de donzela?
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
2 coelhos
Pelo trailer já se podia prever um filme diferente, mas há muito tempo eu não assistia a um filme nacional que me prendesse do primeiro ao último segundo. 2 Coelhos começa com uma narrativa intrigante envolvendo alguns questionamentos existenciais do personagem central, abusando de recursos de metalinguagem e da dinâmica de videogames e de videoclipes. E quando a gente começa a achar que o recurso está excessivo, o roteiro engrena a história que desembesta morro abaixo quase sem controle e vai tomando rumos absolutamente imprevisíveis.
Se alguém se levantar para ir ao banheiro durante o filme, mesmo para uma saída curta, certamente não entenderá mais nada na volta. Não que a história seja difícil de acompanhar - Edgard, o personagem central, se encarrega de ir explicando tudo direitinho. Mas a cada 5 minutos uma nova informação omitida antes faz com que a história adquira sempre uma outra perspectiva totalmente diferente do que o espectador estava imaginando. E conforme o quebra-cabeças vai se encaixando a história vai ficando mais e mais interessante.
Edgard é muito bem interpretado por Fernando Alves Pinto (que fez o anjo Lísias em Nosso Lar) - rosto pouco presente na televisão, e o elenco traz muito boas interpretações de Marat Descartes (o Lui da novela das seis atual, A Vida da Gente), Alessandra Negrini e Caco Ciocler. E, fazendo a esposa de um deputado, Aldine Muller, que reinou na época das pornochanchadas e continua lindíssima com inacreditáveis 58 anos de idade.
Com um jeito original de contar sua história mirabolante mas muito bem amarrada, o diretor/ roteirista/ produtor/ montador Afonso Poyart (o nome dele aparece tanto nos créditos que dá a impressão que ele foi até o responsável pelo cafezinho da equipe) fez um dos filmes nacionais mais criativos dos últimos tempos.
Não perca. Mas lembre-se que se você for ao banheiro durante a sessão certamente vai sacrificar o entendimento da história.
Orquídea negra
O Malawi é um pequeno país africano incrustado entre Moçambique, a Tanzânia e a Zâmbia. Frequentou as manchetes de jornais há alguns anos pelas mãos da Madonna, que iniciou alguns movimentos de conscientização e luta contra a extrema pobreza do país.
Foi no Malawi que nasceu Malia, que depois se transferiu com a família para Londres, onde batalhou muito para se tornar a cantora reconhecida que é hoje. O primeiro disco, Yellow Daffodils, veio em 2002.
Na semana que vem chega às lojas seu quarto álbum, Black Orchid, que, imagino eu, deve elevá-la a um novo patamar no cenário musical. Neste trabalho Malia coloca sua voz negra de timbre inconfundível para homenagear Nina Simone em 13 gravações de arrepiar a alma, que incluem My Baby Just Cares For Me, Don't Explain, I Put A Spell On You, If You Go Away e Four Women. Tenho ouvido desde o início da semana e já estou completamente apaixonado pelas interpretações.
Malia - Feeling Good:
Malia - My Baby Just Cares For Me:
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
Retrato antigo
Estive na minha cidade natal no começo do mês e reencontrei meu primo Romel, que não via há muito. O Romel é bem mais novo que eu, também engenheiro, e tem como passatempo o levantamento da genealogia da família. Ele praticamente já conseguiu reconstruir o traçado da família até a segunda metade dos anos 1800, e tem histórias fascinantes para contar e uma grande coleção de documentos e registros antigos.
Não há nada tão poderoso quanto um retrato antigo. A foto de cima é do começo dos anos 50 e mostra meus pais (à esquerda), minha tia (já falecida, com o violão), e o outro casal são meus tios. Me dá um arrepio só de pensar que antigamente os homens iam para um piquenique usando calça social, camisa social de manga comprida e sapato social de couro envernizado - e certamente usando uma cueca samba-canção de cambraia por baixo. E as mulheres muito provavelmente ainda usavam combinação e anágua por baixo das saias.
Mas um dos registros fotográficos mais antigos da família é este outro aí embaixo, de 1928. Todos da foto já estão falecidos. O rapaz em pé lá em cima, o último da direita, era meu tio-avô, médico, casado com uma irmã da minha avó. Como naquela época as pessoas não sacavam o celular e saiam fotografando assim a torto e a direito como hoje (os celulares naquela época nem tinham câmera rs... rs...), a foto muito provavelmente foi feita em um Studio Photographico (dá pra notar que há um painel fazendo um fundo falso atrás). A pose deve ter sido preparada e ensaiada com extremo cuidado. E eu não me canso de reparar nos cabelos, nos sapatos, no vestido da tia Maria Ignácia, e nas polainas do tio Fábio (sentado).
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
Cheio de embófia
Pouca gente se deu ao trabalho de analisar a razão do sucesso tão repentino do meme da Luíza no Canadá, e a resposta é muito simples e traz uma excelente constatação. Aproveitar um comercial de 30 segundos para contar que a filha está no exterior e ainda tentar fazer esta informação fora de contexto soar natural deixou a frase extremamente pedante. A boa constatação é que o brasileiro não gosta de pedantismo e usou de humor para tirar um grande sarro da cara do pai da Luíza que aparentemente nem percebeu que estava sendo zombado.
O pedante é aquele que aproveita qualquer brecha para incluir uma informação desnecessária que o faça parecer superior. São aqueles que quando recebem um cumprimento do tipo "Gostei da sua camisa" em vez de dizerem simplesmente "Obrigado" emendam com um "Comprei em Amsterdam". Todos conhecemos alguém assim. Conseguir fazer um país inteiro rir da cara deles sem que eles percebam é a mais doce das vinganças.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
O coração e o cérebro
Esta foto foi feita ontem durante a reintegração de posse da área conhecida como Pinheirinho em São José dos Campos. A região do extremo sul da cidade virou uma praça de guerra que chocou a população que está muito mais acostumada a ver o nome de São Jose dos Campos em manchetes que exaltam o potencial tecnológico da cidade que abriga a Embraer, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica, o Centro Técnico Aeroespacial, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e tantas outras organizações de alta tecnologia.
Tudo começou há cerca de 8 anos, no início do primeiro mandato do governo Lula, quando parece ter se espalhado pelo pais a ideia de que invadir propriedades privadas se tornara um bom negócio que permaneceria impune. A imensa área de cerca de 1 milhão de metros quadrados em localização privilegiada dentro de um distrito industrial, pertencente a uma empresa que enfrenta um processo de falência, começou a ser ocupada por invasores estranhos à cidade recrutados por organizações de propósitos obscuros como a CONLUTAS, o MST, o PSTU, e outras.
Logo a área se transformou em uma grande favela de barracos muito rudimentares que atraiu traficantes e marginais que ali se sentiam seguros. Atraiu também famílias pobres de bem sem outra alternativa de moradia. Mas nunca conseguiu se integrar à cidade e nem aos bairros vizinhos, que se sentiam intimidados pela marginalidade, pelas ostensivas bandeiras vermelhas que reforçavam a motivação política do acampamento, e sentiam-se também prejudicados pela precariedade das instalações ilegais que "roubavam" a energia e a água do bairro.
Das quase 6.000 pessoas que habitavam a área, cerca de metade se evadiu voluntariamente nas últimas semanas quando percebeu que a execução da reintegração de posse era iminente. Ficaram os que estavam dispostos a resistir a qualquer preço, muitos dos quais têm barracos sublocados na área mas nem ali moram (como o próprio líder do movimento de resistência, conhecido como Marrom).
A luta se estendeu para além das fronteiras da área ocupada. Os resistentes invadiram casas vizinhas, depredaram escolas, queimaram carros, bloquearam avenidas. A polícia fez um trabalho digno de menção honrosa - uma única pessoa foi baleada e passa bem.
Os movimentos políticos de oposição à reintegração de posse espalharam durante o dia notícias falsas do massacre de mulheres e crianças inocentes. Mas eles não contavam com o fato de que a grande maioria da população não aprova a invasão, não está do lado dos invasores, e não se identifica com eles. Contra a reintegração de posse estavam os ministros demagogos eleitoreiros com caras que fingem choque para angariar votos, e os comunistas de sofá que inundaram as redes sociais com mensagens de apoio a uma luta suja e ilegal que desconhecem e apoiam apenas por convicção.
Eu tenho um senso de justiça social muito forte, mas ele não suplanta meu senso de propriedade. Alguém já disse antes de mim: "Se você não for comunista até os 20 anos é sinal que não tem coração. Se você for comunista depois dos 30 é sinal que não tem cérebro".
domingo, 22 de janeiro de 2012
As aventuras de Tintim
Ontem eu voltei a ser menino de novo pelas quase duas horas de duração de As Aventuras de Tintim (The Adventures of Tintin, 2012). A história não demora muito para carregar a gente para dentro da aventura frenética, e mesmo o tom juvenil não deixa o filme desinteressante para os adultos. Principalmente para aqueles que ainda têm as aventuras de Tintim bem vivas na memória afetiva.
Confesso que demorei alguns minutos para me desgrudar da técnica. Fiquei assim meio pasmo com a perfeição da animação, passeando os olhos por todos os cantos de cada cena e maravilhado com os mais pequenos detalhes. Se as técnicas de animação com as quais estávamos acostumados nos colocavam diante de um quadro, pode-se dizer que agora somos colocados na frente de uma janela. Na maior parte das cenas é difícil discernir o que é real e o que é desenho. E o 3D (que nas produções popularescas não passa de uma desculpa para fazer coisas voarem da tela em direção à sua testa) é usado de forma eficiente para dar profundidade às cenas e aperfeiçoar a sensação de tridimensionalidade. Aliás, não deveria ser este o grande propósito desta técnica?
A petizada vai, seguramente, embarcar na história desde o primeiro segundo. Tintim é cativante e inspirador. Sempre inteligente, sempre disposto, sempre tem uma solução, nunca cansa ou esmorece. O lado escuro da fraqueza de todo ser mortal normal é deixado para o Capitão Haddock, que é bom de alma mas vive bêbado feito um gambá e tem tantos defeitos que nem daria para listar todos em uma única página. Juntos os dois representam o equilíbrio ideal.
Se você ainda guarda as aventuras de Tintim na memória afetiva, então prefira a sessão dublada (a dublagem é excelente!) para não perder toda a correspondência que foi utilizada para os nomes próprios desde os primeiros lançamentos da obra de Hergé no Brasil há décadas. E prepare-se para uma ação em ritmo de quase montanha-russa. Prepare-se também para se maravilhar com um filme tecnicamente perfeito. Ainda não consigo acreditar que a cidade marroquina de Bagghar só exista em desenho.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
At last my love has come along
A Vida em Preto e Branco (Pleasantville, 1998) teve quase o efeito de uma bomba atômica sobre mim quando o vi há mais de dez anos. A história começa em preto e branco com a inocência dos programas da televisão americana dos anos 50, e os personagens vão ganhando cor conforme abandonam a inocência e descobrem o desejo. Lá pelo meio do filme convivem vários personagens coloridos com outros em preto e branco e, é claro, a convivência não vai ser pacífica. Imagine se os gays fossem verdes e você vai ter uma ideia do que estou falando. O filme é excelente e, na minha opinião, nunca ganhou a atenção que sempre mereceu.
Mas eu sempre vou lembrar também de A Vida em Preto e Branco como o momento em que fui apresentado a Etta James, que faleceu hoje aos 73 anos de idade. Foi em uma cena lindíssima em que os personagens que estão começando a se apaixonar ouvem At Last no rádio do carro e o desejo começa a aparecer, mostrado em forma de cor.
Pensem no jiló
Eu não gosto de jiló. Portanto, não como. Simples assim. Mas nunca me passou pela cabeça fazer passeata ou abaixo-assinado contra o jiló.
Isto me faz lembrar desta onda atual de ser tão visceralmente "do contra". Agora querem fazer abaixo-assinado contra tudo. De onde será que vem tanta disposição?
Eu quero que o Michel Teló faça muito sucesso e ganhe muito dinheiro. Quero que a Apple e a Microsoft sejam muito felizes. Quero que o BBB dê muito o que falar e acabe logo. Achei o meme da Luíza no Canadá engraçadíssimo enquanto durou, e acho que o Carlos Nascimento perdeu o senso de humor. Aliás, se ele acha que as pessoas deveriam passar 24 horas por dia falando dos problemas brasileiros e da solucionática para a problemática da revisonática zzzzzzzzz zzzzzzzzzzzz....
Aliás, eu também odeio o BBB. Portanto, não assisto. Simples assim.
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Michael, row the boat ashore, Hallelujah!!!
Agora é oficial: eu e o Michael Fassbender estamos namorando. É claro que ele ainda não sabe, mas isto é só um detalhe. Não há como resistir, especialmente depois desta entrevista nas revistas Hollywood Reporter e W. E ele revela que praticamente nasceu para trabalhar pelado, como comprova seu primeiro trabalho neste comercial para a SAS.
A questão do amor
A revista OUT lança sua edição anual dedicada ao amor. Na capa, Neil Patrick Harris e David Burtka em um momento de carinho. A história dos dois é uma delícia de conhecer - e descreve desde aquele primeiro encontro em que veio o friozinho na barriga e os joelhos ficaram trêmulos, até o momento atual destes dois paizões com os filhinhos gêmeos que foram a imagem com a qual eu me despedi de 2010 aqui no blog).
A revista escolheu 13 casais que geraram 26 histórias que valem a pena conhecer e que vão servir de inspiração para muita gente. Porque toda história de amor tem dois lados. E porque o amor nunca sai de moda.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Sopa do mal
Nos últimos anos tem se intensificado bastante a discussão sobre a proteção aos direitos de propriedade dos materiais divulgados pela Internet. A discussão é impulsionada principalmente pelos maiores interessados: os grandes conglomerados produtores de notícia e a indústria do entretenimento (que produz filmes e música).
A Internet alterou paradigmas estabelecidos há anos. Por que eu pagaria pela assinatura de um jornal quando tudo o que eu preciso ler eu obtenho de graça na Internet? Por que eu pagaria 9,99 dólares na iTunes Store pelo excelente disco Nó Na Orelha (do Criolo) quando o próprio site do cantor oferece o disco para baixar de graça?
A indústria produtora de conteúdo ainda não percebeu que os modelos utilizados antigamente para proteger conteúdo estão falidos e precisam ser revistos para a nova realidade. Em vez disto, continuam insistindo na manutenção do modelo antigo enquanto usam de truculência para tentar impor seus métodos, como através do forte lobby para aprovação das leis conhecidas como SOPA (Stop Online Piracy Act) e PIPA (Protect Intellectual Property Act). Estas leis, se aprovadas, poderiam significar o fim do YouTube ou da Wikipedia, por exemplo, pois dariam direitos quase ilimitados aos grandes conglomerados da indústria da informação e do entretenimento para fechar sites suspeitos de conter conteúdo protegido.
É contra a iminente aprovação destas leis que a Wikipedia e muitos outros sites estão protestando hoje, apagando a luz de suas páginas por 24 horas. Junte-se a eles e divulgue esta causa. Por uma Internet livre.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Prata no globo de ouro
Eu não sei onde eu estive estes anos todos que perdi a transformação do Matt LeBlanc de galãzinho de Friends neste maduro grisalho de fechar o comércio em véspera de feriado. Foi minha melhor surpresa na entrega do Globo de Ouro ontem.
Quanto ao resto da festa, o vídeo abaixo de pouco mais de 3 minutos resume o que aconteceu de mais inesperado. Tem até o George Clooney fazendo piada sobre o tamanho do pinto do Michael Fassbender (dizendo que ele nem precisa de taco para jogar golfe). E a resposta super-espirituosa de Madonna ao apresentador Ricky Gervais que fez troça da cantora ao dizer que ela era 'just like a virgin': "Por que você não vem até aqui e resolve logo isto, Ricky? Faz tempo que eu não beijo mulher!"
domingo, 15 de janeiro de 2012
Profissão: Crô
A Folha de S. Paulo traz hoje reportagem (aqui para assinantes) sobre peruas ricas que contratam funcionários gays para serem seus assessores para assuntos de qualquer natureza, como Val Marchiori, que aparece na foto com seu maquiador particular Duda Martins. Segundo a reportagem, Duda passa 24 horas à disposição de Val. É claro que deve have algum engano aí porque as leis trabalhistas no Brasil não permitiriam, mas isto é só um detalhe. O mais divertido da reportagem são os depoimentos:
"Por ser gay, ele me passa segurança. Sei que ele vai ser sempre sincero comigo, que nunca vai falar nada para me agradar só porque está a fim de mim, nem vai mentir para que, por competição, ele fique bem e eu passe vergonha" (Danielle França).
"É ele quem me ajuda a trocar de roupa. Sei que posso confiar" (Camila Silva).
"Eles são sinceros e conseguem fazer críticas sem serem grossos. Além disso, dá para tirar dúvidas sobre o universo masculino que nunca teríamos coragem de perguntar para um homem heterossexual. Acho que alguns homens nascem e vão ficando melhores e, quando ficam perfeitos, viram gays" (Gisele Tobias Soares).
Naqueles dias em que se acorda com a autoestima em baixa, é bom se lembrar desta última frase: Alguns homens nascem e vão ficando melhores e, quando ficam perfeitos, viram gays.
sábado, 14 de janeiro de 2012
A pilha de telefones
Poucas coisas são tão desagradáveis quanto tentar conversar com alguém que não consegue largar do celular. E o que dizer então daqueles que à mesa, entre uma garfada e um gole de vinho, aproveitam para twittar, checar as atualizações do facebook, ou responder a um e-mail? Que deselegante!
Pois a moda agora entre as pessoas realmente educadas é entregar o celular tão logo se chegue ao restaurante, da mesma forma que os inimigos entregavam as armas nos encontros de paz. Os celulares entregues são colocados no canto da mesa fazendo uma pilha. Mas chique mesmo é permanecer absolutamente impassível, não esboçar nenhuma reação, e fingir indiferença quando o celular começar a vibrar nervosamente.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Merdas que...
Marcelo Serrado dizer que não é homofóbico mas não quer que sua filhinha de 7 anos veja um beijo gay na TV é o mesmo que dizer "sou vegetariano mas como carne". O homofóbico a gente conhece pelas atitudes e pelas palavras.
A compilação abaixo faz parte da série "Merdas que..." e pode ser arquivada no capítulo "Merdas que saem da boca dos homofóbicos". Advertência: se for assistir de estômago cheio, mantenha um saco de vômito à mão para o caso de necessidade.
Você está me dirigindo louco!
Desde há algum tempo que vivem anunciando que o inglês vai acabar matando a língua portuguesa. Nada poderia estar mais longe da verdade. A língua portuguesa vai muito bem, obrigado.
É normal que neste mundo globalizado haja aquisição de estrangeirismos, e ver uma placa de SALE 50% OFF ou de DELIVERY na vitrine da loja do shopping não é motivo para ninguém sair se descabelando e pegar em armas contra a invasão estrangeira. A língua portuguesa é tão mais forte do que os vocábulos que importa que não raras vezes adapta o significado deles para a nossa realidade. Foi assim que smoking (a vestimenta), living (a dependência da casa), shopping (o centro de compras), fashion (usado como adjetivo para designar 'na moda'), e outras, adquiriram significados que só existem no Brasil.
Perigo existiria se os estrangeirismos começassem a influenciar a sintaxe da língua. O dia em que se começar a ouvir "Faz você gostar samba?" (de 'Do you like samba?') ou "A casa é não grande" (de 'The house is not big') aí sim precisamos começar a nos preocupar.
Enquanto isto, o que me deixa irritado é o que eu costumo chamar de "tradução preguiçosa". É a importação apressada e irresponsável da palavra ou termo. E os exemplos abundam. Hoje, ao fazer uma retirada em um caixa automático recebi a mensagem "Sua operação foi completada com sucesso". Em português bastaria "A operação foi concluída" - o 'sua' é vício do inglês (que abusa dos possessivos), e o 'com sucesso' é perfeitamente dispensável e soa artificial. Em português a operação é concluída ou não. Já em inglês é comum usar o 'com sucesso' (como em diplomas que trazem 'has successfully completed High School' enquanto aqui se diz simplesmente 'concluiu o Ensino Médio').
E o que dizer então desta nova tendência de dizer "cinema silencioso" onde sempre se usou "cinema mudo"? Só porque é mais parecido com 'silent movies'? É muita preguiça de pensar.
Ah, e para quem não atinou o verdadeiro signficado daquela plaquinha da foto colocada em um "restaurante serv-serv" (self-service), estavam tentando dizer "molho barbecue".
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
Pisando no freio
O caso deste rapaz em São Paulo que saiu atirando para todo lado, roubando carros e provocando acidentes parece meio sintomático deste mundo moderno onde somos muitas vezes empurrados a viver a vida em ritmo de videogame. Por isso eu recomendo que, quando você acordar se sentindo um pouco acelerado, ouça duas ou três faixas do álbum Renditions cantado pela Amelia Warner sob a alcunha de Slow Moving Millie.
Renditions tem duas faixas de autoria da cantora, e o restante são interpretações deliciosas de músicas dos anos 80 (tem Head Over Heels, dos Tears For Fears, tem também Hold Me Now, dos Thompson Twins) com arranjos e ritmo para calibrar e reajustar a velocidade de qualquer pessoa. E a voz da Amelia Warner não poderia ser mais gostosa e mais convidativa para uma pisada no freio. Veja só a versão de Please, Please, Please, Let Me Get What I Want (original dos Smiths) que abre o disco - é impossível não se apaixonar.
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
É o fim da humanidade
Agora é oficial: o Vaticano entrou em desespero. Fico imaginando aqueles sapatinhos Prada vermelhos subindo e descendo escadas com passos nervosos, muitas caras e muitas bocas. O atestado de desespero foi passado no início da semana quando o Papa discursou para os novos diplomatas designados para o Vaticano, declarando que o casamento gay significa o fim da humanidade.
Você também está tentando encontrar algum nexo nesta declaração? Não se preocupe, o apresentador Jimmy Kimmel conseguiu matar a charada e aproveitou seu programa para explicar como o casamento gay pode realmente acabar com a humanidade. Isto é incrível. Como é que só o Papa tinha imaginado isto antes?!
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Segurando as bolas
Nesta semana a FIFA apresentou na Suíça o prêmio para os melhores do futebol em 2011. Uma chatice sem tamanho, e tudo culpa das categorias premiadas. Quem está interessado em "melhor jogador" ou "gol mais bonito"? A premiação certamente faria muito mais sucesso se incluísse categorias do tipo "melhor coxa", "peito mais sexy" e "olhar mais safado". Quem sabe no próximo ano...
Enquanto isto a gente pode ir curtindo o Lance Parker (tem muito mais aqui), goleiro do FC Edmonton nos Estados Unidos. Este garoto ainda vai fazer muita gente começar a gostar de futebol.
Tiro no pé
Um dos maiores inimigos de qualquer Igreja é a informação. É quase impossível fazer com que uma população informada mantenha crenças em superstições criadas há mais de dois mil anos, e não é à toa que o número de fiéis em países desenvolvidos vem caindo dramaticamente. Nos dias de hoje em que a informação viaja mais rápido e é disseminada de forma mais ampla, a Igreja vive tempos aflitivos. O desespero tem feito a Igreja dar tiros no próprio pé.
Em discurso na semana seguinte ao Natal o bispo de Córdoba, dom Demétrio Fernandez (foto), afirmou que recebeu a notícia diretamente do Cardeal Antonelli, ministro do Vaticano para assuntos de família, sobre uma conspiração orquestrada pelas Nações Unidas para transformar 50% da população do mundo em homossexuais. Segundo o bispo e o cardeal, a UNESCO tem um programa de políticas que visa transformar metade do mundo em homossexual nos próximos vinte anos.
Eu também achei que era uma piada. Meio sem graça, mas piada. Porque é muita idiotice e burrice para uma pessoa só, principalmente para alguém que a está expondo em público. Mesmo considerando as limitações de uma pessoa imersa na Igreja, continua sendo muita burrice. Mas a notícia saiu até no El Pais (aqui). Se continuar assim, a Igreja não vai precisar de ninguém lutando contra ela. Vai se implodir e se auto-extinguir por irrelevância.
(Cá entre nós, ele está muito mal informado mesmo. O plano é transformar 80% da população (e não 50%!!) em homossexuais, e é em 10 anos (não em 20!!). Porque temos pressa. Na própria Igreja o plano já foi executado com um certo êxito. Eu digo "certo êxito" porque em vez de homossexuais dignos, parece que estes padres de saia viraram bichas burras histéricas. Deve ser problema de falta de massa cinzenta mesmo. Um hétero burro sempre vai virar uma bicha burra, e não há UNESCO que dê jeito).
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
As fotos que você jogou no lixo vão ser publicadas
Além da produção bem feita, este número não poderia ser mais apropriado para os dias de hoje em que quase todos os segredos estão guardados por alguma forma de tecnologia. Absolutamente tudo "vaza" para a internet. Já não há mais segredos. Já não há mais privacidade. Todos os seus segredos serão divulgados um dia.
Quanto às tragédias humanas e aos dramas da humanidade, ninguém mais se importa. É só do lixo humano e de restos que temos nos alimentado ultimamente.
Quanto às tragédias humanas e aos dramas da humanidade, ninguém mais se importa. É só do lixo humano e de restos que temos nos alimentado ultimamente.
Os velhos também amam
Há algum tempo alguém que eu já nem me lembro mais me deixou um comentário dizendo que minhas críticas políticas tinham a profundidade de uma novela das seis. O comentário me deixou muito lisonjeado, e eu nem sei se a pessoa tinha noção do grande elogio que me estava fazendo.
Nestes tempos em que a novela das nove é indescritivelmente chata e fútil, e a novela das sete é morna e sem empolgação, é A Vida da Gente que tem surpreendido a cada dia. O texto de Lícia Manzo respeita a inteligência do espectador na abordagem principalmente dos diferentes vértices das complexas relações entre pais e filhos e entre os próprios pais. A história é recheada de situações críveis vivenciadas por personagens com uma forte dose de realidade, onde o vilão não é uma perua psicopata que mata a bel-prazer, mas a própria imprevisibilidade da vida que vive nos pregando peças todos os dias.
Outra grande sacada da novela é mostrar os personagens na terceira idade como pessoas normais e sexuadas. Os atores veteranos, entre eles Stênio Garcia e Nicette Bruno que são namorados na trama, falam de sexo, fazem sexo e gostam de sexo. Na cena abaixo, exibida esta semana, Laudelino (Stênio Garcia) está se recuperando de uma cirurgia para a retirada de um câncer de próstata e tem que vencer o constrangimento para se informar com o médico sobre o efeito da operação em sua atividade sexual. A situação é convincente e o texto é esclarecedor.
É uma pena que até o momento não tenha personagens gays em A Vida da Gente. Lícia Manzo teria a sensibilidade e habilidade para apresentar de forma eficiente casais gays normais que também falam, fazem e gostam de sexo.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Anna Nalick
O aguardado lançamento de Broken Doll and Odds & Ends em junho do ano passado veio comprovar que o sucesso de Anna Nalick com o primeiro disco, de 2005, não era sorte de principiante. Esta californiana de 27 anos veio para ficar.
Até hoje quando ouço Breathe (2AM) no carro eu ainda me distraio com a letra cheia de verdades que eu já disse ou pensei pelo menos uma vez na vida.
Yeah, we walk through the doors. So accusing, their eyes like they have any right at all to criticize. Hypocrites! You're here for the very same reason...
...
Guys, you can't jump the track, we're like cars on a cable, and life's like an hourglass glued to the table.
No one can find the rewind button, boys...
...
And I feel like I'm naked in front of the crowd. 'Cause these words are my diary screaming out loud. And I know that you'll use them however you want to...
Anna Nalick - Breathe (2AM):
O vídeo de Car Crash, primeira música de trabalho do álbum Broken Doll and Odds & Ends, é resultado de um concurso entre os fãs que escolheu o melhor vídeo caseiro para a música.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
Bem aventurados os usuários do Crtl+C Ctrl+V pois deles é o reino dos céus
A Suécia acaba de reconhecer a Igreja do Kopimismo. O nome vem de Kopimi, palavra cunhada para soar como Copy Me, e a nova religião tem como base a crença que o compartilhamento da informação é uma virtude sagrada. O símbolo é o Ctrl+C Ctrl+V e um de seus fundamentos base é que todo seguidor deve compartilhar pelo menos um décimo de seus arquivos com o próximo. O Kopimismo é o contrário do Copyright, e pela religião todos têm o dever sagrado e inalienável de compartilhar músicas, arquivos digitais, fotos, filmes, e quaisquer outros materiais da Internet.
Parece loucura? Pois eu nunca tinha visto algo tão sensato. Se existem até religiões criadas para perseguir gays, para azucrinar adúlteros, e para atormentar adolescentes que se julgam pecadores, então por que não?
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
O pinto dos outros
Pense bem. Você conseguiria reconhecer um homem pelo pinto? Esta é a brincadeira do programa Members Only da MTV proposta para o gato Michael Fassbender, que logo estreia Shame por aqui. Em Shame, Michael Fassbender interpreta um homem viciado em sexo - então nada mais apropriado. Nunca na história do cinema eu tinha visto um homem hétero falando dos pintos de outros homens com tanta naturalidade.
Mas, cá entre nós, os pintos do Harvey Keitel, do Viggo Mortensen, e do Dr. Manhattan até eu adivinharia. Mas não espalhem...
Mas, cá entre nós, os pintos do Harvey Keitel, do Viggo Mortensen, e do Dr. Manhattan até eu adivinharia. Mas não espalhem...
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Jogando Betty Faria
De todos os presentinhos que eu me dei neste final de ano o mais surpreendente foi o AppleTV. Talvez o produto da Apple menos anunciado, menos conhecido, menos comentado, e menos compreendido. O AppleTV foi homologado para uso no Brasil há menos de um mês, e é nada mais que uma caixinha do tamanho de um maço de cigarros para se ligar a uma entrada da TV e transformar a TV em uma central de entretenimento.
O que o AppleTV faz é carregar todo o conteúdo (músicas, vídeos, podcasts, fotos) do iTunes para a rede wi-fi para ser visualizado na tela grande da TV. Dá para ouvir as playlists do iTunes com as informações da música na tela da TV (incluindo a capa do disco), dá para ver fotos armazenadas no computador (sem fios ou conexões), dá pra alugar ou comprar filmes em alta definição da loja iTunes para assistir direto na TV (quem tem conta na iTunes americana pode até ver filmes que não foram ainda lançados por aqui), além de ter uma interface super amigável para acesso super rápido ao YouTube, Vimeo, Netflix, e milhares de rádios ao redor do mundo. Mas o mais gostoso mesmo é jogar Betty Faria com azamigue.
É assim: o AppleTV espelha a imagem do iPad na tela da TV sem precisar de nenhuma conexão via cabo; tudo via wi-fi. Navegando-se na Internet as imagens vão direto para a TV para todos assistirem juntos. Daí é só entrar no facebook de um amigo do amigo do amigo, daqueles que têm a página cheia de fotos de descamisados que mais parece uma sucursal da The Week. E azamigue vão assistindo na tela da TV e votando: "eu faria", "eu não faria", "nem Betty Faria". Horas de diversão garantida.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
Dale a tu cuerpo alegría, Macarena
A única coisa que eu lamento no sucesso repentino de Ai, Se Eu Te Pego é que não sou eu a embolsar todos os direitos por trás da música. Não ligo para fama, mas não me importaria nem um pouco com uma enxurrada de dinheiro nestas alturas da vida. E Michel Teló merece cada centavo.
A música é rasa, fácil, horrível, grudenta, contagiosa - enfim, um sucesso! Muita gente tenta, muitos cantores investem pequenas fortunas e sofisticadas estratégias tentando sucesso no exterior, mas se o público não adota, então não vai mesmo. É questão de muita sorte, de momento. Não tem nada a ver com qualidade. É que nem Doritos - faz um mal danado, mas é sucesso porque todo mundo compra. Quem consome é quem escolhe.
Palmas para Michel Teló que está conseguindo ganhar dinheiro e fama no ramo que escolheu. O resto é inveja e mágoa de caboclo de quem gostaria de estar no lugar dele. Quem não se lembra da letra de We Hate It When Our Friends Become Sucessful do Morrissey?
E engana-se quem pensa que Ai, Se Eu Te Pego vai estar completamente esquecida daqui dez anos. A música tem potencial para renascer das cinzas a cada verão. Ai, Se Eu Te Pego é a nova Macarena.
Histórias cruzadas
Quando os telefones fixo e celular tocaram ontem exatamente no mesmo momento, e vi que minhas duas irmãs estavam tentando falar comigo ao mesmo tempo, já pressenti que alguma coisa grande havia acontecido. E foi falando com as duas ao mesmo tempo, um telefone em cada orelha, que eu recebi a notícia do falecimento de um tio muito próximo e muito presente em nossas vidas. Nos minutos que se seguiram experimentei um certo atordoamento até as ideias se clarearem, joguei algumas coisas essenciais dentro de uma mochila sem pensar muito, e menos de uma hora depois já estávamos na estrada rumo à minha cidade natal no sul de Minas. As mais de quatro horas de viagem foram suficientes para irmos processando a situação. Quando chegamos, tudo estava absolutamente calmo e sob controle. Minha família é toda muito prática e objetiva nestas situações.
Estas situações inesperadas sempre unem família e amigos, e eu revi parentes e colegas de infância que não encontrava há muitas décadas. Mas acho que o momento mais forte foi o reencontro com as babás que ajudaram minha mãe a cuidar de mim e meus irmãos quando éramos pequenos. A Pira, a Nâni, e a Luzia estavam lá (a Ana faleceu há cerca de dois anos). Três mulheres negras ainda muito fortes apesar da idade, de voz grave e rouca, com aquele mesmo abraço seguro de mãe que ainda estava muito vivo na minha memória apesar do tempo. Elas, surpresas de ver que o menino mirradinho virou um homão, e eu, meio atônito com a sensação de que ontem mesmo elas me davam comida na boca e me levantavam quando eu caia.
Na viagem de volta para São José dos Campos não me saía da cabeça o filme Histórias Cruzadas (The Help, 2011) que vi há duas semanas, sobre o preconceito e as humilhações a que foram submetidas as empregadas americanas negras que serviram as famílias brancas no início dos anos 60. O filme é lindo e tocante, e tem atuações magníficas. É extremamente dolorido, principalmente quando mostra as crianças brancas que inexplicavelmente se tornam adultos preconceituosos mesmo depois de terem sido criados com muito amor por babás negras que renunciavam a qualquer vida própria para servi-los. Impossível sair indiferente do filme.
E eu estou até agora pensando o quanto do que é mostrado no filme pode ter acontecido também por aqui. E minha vontade é correr de volta e envolver de novo em um abraço forte aquelas mulheres que cuidaram de mim. E ter a certeza que elas sabem do meu amor. E nos braços delas sentir de novo aquela sensação de que tudo vai ficar bem.
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
Start
Há muito que 1º de janeiro vem sendo o dia mais chato do ano. As poucas pessoas que se aventuram a sair de casa têm aquela cara amassada de quem não dormiu bem, e absolutamente nada abre por aqui - nem as onipresentes padarias! Ontem conseguimos pegar uma sessão de cinema à noite, em um shopping fechado que manteve apenas um portão e uma portinhola abertos especificamente para os frequentadores do cinema. O resto do shopping estava todo escuro, vazio, com faixas para impedir o trânsito de pedestres - uma visão típica de filme de terror. Em compensação, saí hoje da cama com energia e disposição inusitadas. Finalmente chegou ao fim a tortura das festas de final de ano e o ano novo parece se por em marcha.
Se eu tivesse tido que pegar um vôo ontem à tarde no maior aeroporto do país teria ficado muito puto. Como uma coisa destas pode acontecer? Eu estava com pena de meus amigos americanos que embarcaram de volta para casa no dia 31 e passaram o réveillon a bordo, mas agora vejo que eles tomaram a decisão mais acertada.
Enfim 2012 está aqui. Vamos tentar tirar o melhor dele.
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