A foto do soldado americano reencontrando com o namorado após a separação de seis meses enquanto servia no Afeganistão foi publicada no facebook há três dias e a notícia se alastrou mais rápido do que fogo em canavial seco. E certamente não foi só pelo beijo. Foi pela sinceridade do ato, pela força da imagem, pela emoção do reencontro - sentimentos universais em qualquer cultura independente de orientação sexual.
Hoje, Brendan Morgan e Dalan Wells falaram sobre a repercussão da foto. O mundo está mudando e eu adoro as pessoas que contribuem para que isto aconteça mais depressa.
Se há uma categoria da arte gráfica onde parece que criatividade não é pré-requisito é a dos cartazes de filmes de cinema. Aparentemente os artistas gráficos jogam os elementos em um computador e depois simplesmente escolhem entre opções esdrúxulas como "costa com costa visto de lado", "cabeção flutuando sobre gente miúda com fundo de praia", "por entre as coxas", "correndo inclinado e tingido de azul" ou outra das pouco mais de uma dezena de opções disponíveis. Duvida? Veja aqui.
O Rio de Janeiro não combina com pressa. Mas vendo um dia na vida da cidade em rotação acelerada a gente consegue entender muita coisa e até quase enxergar um balé improvisado na rotina dos habitantes. E à noite... à noite é carnaval, e o balé ganha seu verdadeiro ritmo.
A Folha de S. Paulo de hoje (aqui para assinantes) traz reportagem sobre projeto de lei proposto pela frente parlamentar evangélica para reverter uma decisão do Conselho Federal de Psicologia e instituir no Brasil a "cura de gays". Os evangélicos querem que a homossexualidade seja considerada uma "doença" e portanto passível de cura.
Ser evangélico obscurantista é uma opção perfeitamente passível de reversão. Precisamos urgentemente começar a nos compadecer destes cidadãos para forçar o governo a instituir com urgência programas de saúde pública para a "cura de evangélicos".
Ele é um adolescente americano que tem uma conta no YouTube com o pseudônimo Mallow610 onde posta vídeos da família e dos amigos. Há três dias ele resolveu fazer uma coisa diferente: esconder a câmera na cozinha e filmar a reação da mãe quando ele contar para ela que é gay.
Nos primeiros segundos ele está impaciente e nervoso aguardando a chegada da mãe. A mãe chega e logo percebe que algo está errado (mães têm sexto sentido, lembram disto?). Ele fica tão nervoso que agarra o celular e não tira os olhos da telinha do aparelho (versão moderna para o antigo "roer as unhas") e nem consegue olhar no rosto da mãe. Parece que vai amarelar. Dá quase para sentir o coração do garoto palpitando. Ele provavelmente está suando frio.
Aos 2:20 minutos ele consegue dizer, com um fiapo de voz, "I'm gay". A partir daí a vida real segue seu curso.
Tudo pronto para a celebração da entrega do Oscar no domingo. Até o esquilo Scrat, de A Era do Gelo, resolveu homenagear O Artista enquanto anuncia o próximo filme da série.
Minhas fotos costumavam ser bastante fatuais. Nunca havia usado efeitos especiais, à exceção de pequenas correções de foco e cores para melhorar o aspecto documental da foto. Só há poucas semanas me rendi aos efeitos especiais e estou animado com o resultado. Consegui deixar algumas fotos mais pessoais, com um aspecto mais onírico e menos real. Estou gostando muito de transformar a realidade.
Muito chocante este desastre de trem emBuenos Airesontem. Quando de minha última viagem àArgentina, há 3 meses, comentamos várias vezes de como era cada vez mais evidente aSíndrome de Laurinha Figueiroa em todo lugar da cidade. Para quem não se lembra,Laurinha Figueiroaera a personagem deGlória Menezesna novelaRainha da Sucata(1990) deSilvio de Abreu.Laurinha Figueiroaera de família paulistana quatrocentona que perdera tudo menos a pose, e vivia em uma mansão onde não tinha dinheiro nem para pagar a conta de luz.
AArgentina tem um sistema lindíssimo de trens, metrôs, estações, e prédios públicos construídos à imagem e semelhança de sistemas europeus. Mas, em épocas de vacas magras, manter tudo isto acaba se tornando um fardo pesado demais. Eu usei trens e metrôs em Buenos Aires com bastante frequência e a falta de manutenção salta aos olhos. São portas que não fecham, estruturas carcomidas pela ação do tempo e muitos solavancos não programados. É muito triste ver tudo isto caindo aos pedaços em uma cidade tão bonita. E o pior é antever que este mal deve acometer muitos países europeus novos-pobres que têm conjuntos arquitetônicos e históricos valiosíssimos que demandam manutenção de alto custo - na hora de apertar o cinto estão entre as primeiras despesas a ser cortadas. Nesta história toda o Brasil acabou se tornando aMaria do Carmo, personagem deRegina Duarte. Sem classe, sem tradição, sem pose, mas com dinheiro no bolso e as contas em dia.
Eu tiro o chapéu e me curvo para o Antonio Darden. Cabeleireiro requisitado de Santa Fe, capital do estado do Novo México, Antonio Darden já foi chamado várias vezes para atender a governadora do estado. Mas ontem ele disse "não, não vou!". Antonio vive com seu parceiro há 15 anos em um estado onde ainda não podem se casar e onde a governadora não move uma palha para mudar esta situação. E sentiu que seria hipocrisia atender uma cliente que o considera um cidadão de segunda classe, mesmo que esta cliente seja a governadora do estado.
Já imaginou a revolução que poderíamos fazer se passássemos a cuidar só de quem nos considera? Acho a atitude do Antonio Darden muitíssimo mais digna que a do cabeleireiro do Carlos Apolinário que se dispôs a posar para a foto junto do vereador pastor evangélico homofóbico como se fossem dois velhos amigos. Amigos verdadeiros querem que a gente melhore, e lutam por isto.
Os psicanalistas sabem de longa data que um homossexual pode sentir uma rejeição tão grande pela própria condição que acaba se tornando um homofóbico. Isto não é novidade em nenhum aspecto das condições humanas, e não raras vezes vemos ferrenhos defensores da moral sendo desmascarados como pessoas devassas. A verdade é que quase todo mundo exibe um lado teórico idealizado para ganhar aceitação social enquanto tem um lado prático escondido mas que não consegue sufocar.
Por isto é tão nociva a condenação que a sociedade impõe a padrões tão naturais como a homossexualidade. São esta condenação e o medo de execração pública que fazem com que muita gente relute em aceitar a própria condição, dando causa a dramas pessoais que conhecemos tão bem.
O caso mais recente nos Estados Unidos é o do xerife Paul Babeu. Xerife nos Estados Unidos é um cargo muito respeitado - uma espécie de delegado de polícia com alguns poderes de oficial de justiça, eleito pela população do condado onde vai atuar. Paul Babeu é um xerife do tipo durão e era um dos pilares da campanha do ultraconservador Mitt Romney à presidência dos Estados Unidos. Tudo isto no Arizona, o estado americano que tem as mais severas leis contra a imigração ilegal.
Não tardou muito para a fachada desmoronar. Nas últimas semanas descobriu-se não somente que Paul Babeu é gay, mas que durante muito tempo namorou um imigrante mexicano ilegal. O caso virou o incêndio politico do momento.
Apesar de lançado só agora, Reis e Ratos foi feito em 2009, filmado em poucos dias para aproveitar a equipe técnica e os cenários de O Bem Amado e viabilizar o projeto. Mas a produção bem cuidada nem deixa transparecer que o filme foi feito de sobras.
O projeto é uma grande piada. A ação se passa nos anos que antecedem o golpe militar de 64 e é contada com visual de film noir e caracterizações impagáveis com os personagens falando com sotaque de dublagem de filme americano antigo. Mas parecem ter exagerado um pouco na maquiagem de Rodrigo Santoro,tão demasiadamente asqueroso que seu personagem ficou extremamente repulsivo.
Infelizmente não há piada que se sustente por duas horas, e depois dos dez primeiros minutos a brincadeira começa a ficar cansativa. No final da primeira hora muitas pessoas deixaram a sala. A segunda metade do filme virou um suplício interminável. Duas ou três tiradas engraçadas tiravam algum sorriso da plateia, mas era impossível disfarçar a sucessão de bocejos. Tive que tomar um café forte na saída para conseguir dirigir de volta para casa em segurança.
Quem procurou o cartório de registro civil da prefeitura de San Francisco na terça-feira da semana passada teve uma surpresa: uma manifestação a favor da igualdade no casamento impedia o acesso à sala do oficial de registros. Mas a surpresa maior era constatar que a manifestação era feita por padres e reverendos de várias denominações religiosas que têm repetido o ato todo ano no dia em que se celebra o Valentine's Day, uma espécie de dia dos namorados nos Estados Unidos.
O New York Timesdestacou nesta semana esta luta silenciosa que tem acontecido dentro das igrejas: a batalha de pastores protestantes liberais pela ordenação e pela celebração do casamento de homossexuais. Pode parecer um contrassenso, mas não é. Ao contrário das igrejas cristãs evangélicas, as várias denominações protestantes não fazem uma leitura literal da bíblia e não se baseiam em uma relação pessoal do fiel com Jesus, permitindo uma melhor adequação de seus ensinamentos com o mundo real e atual.
Muitas destas igrejas já conseguiram grandes vitórias, e padres homossexuais assumidos já estão sendo ordenados. Algumas igrejas já celebram casamentos de casais homossexuais. Enquanto isto, outras igrejas continuam usando a leitura literal da bíblia como desculpa para disseminar o ódio e a discórdia.
A Invenção de Hugo Cabret (Hugo, 2012) é talvez um dos filmes mais bonitos que eu já vi. A beleza das imagens com detalhamentos apurados que remetem à perfeição das ilustrações de livros infantis é impressionante, alguns movimentos de câmera chegam a ser vertiginosos, e o uso do 3D é feito com perfeição absoluta. Mas o filme não empolga - parece estar o tempo todo engatado na primeira, esperando uma mudança de marcha que nunca vem. E no final acaba ficando com jeito de filme Denorex: parece aventura mas não é, parece filme infantil mas não é, parece ficção científica mas não é.
O que o filme é na verdade é uma grande homenagem ao cinema, àquelas pessoas que se dão de corpo e alma para que um filme aconteça. Em alguns aspectos me lembrou Cinema Paradiso com o menino órfão que amava cinema e que acaba por "desenterrar" um grande tesouro na forma de filmes que muita gente não tinha podido ver.
É uma pena este filme tão lindo ter este ritmo tão capenga. Muitos pais desavisados levaram a prole numerosa para ver um filme que vendeu aventura no trailer e tiveram que sair para o corredor no meio do filme para distrair as crianças que não aguentavam o desconforto.
Mas eu ainda acho que vale a pena atravessar os 126 minutos pelo visual. Que é realmente espetacular e exuberante. E pelo elenco. O garoto Asa Butterfield (que faz o Hugo e que já tinha brilhado antes no tocante O Menino do Pijama Listrado) e a menina Chloë Grace Moretz são tão fofos e tão competentes que dá vontade de levar pra casa e terminar de criar.
A evolução dos costumes acontece naturalmente com o amadurecimento da sociedade, mas às vezes encontra alguns percalços - como o atual intrometimento da religião na política e na vida civil dos cidadãos. Nunca na história deste país houve um lobbying tão forte quando o impetrado pela Frente Parlamentar Evangélica eleita nas últimas eleições. Em uma única semana vimos um ministro pedindo desculpas por declarações dadas no Forum Social Mundial, e a própria presidente tentando apaziguar os ânimos após a nomeação da ministra Eleonora Menicucci que é abertamente a favor do aborto.
Os principais alvos da Frente Parlamentar Evangélica são os direitos dos homossexuais e a liberação do aborto. Estes senhores de cabelos pintados e cérebros subdesenvolvidos, que recebem salários pagos pelo nosso próprio dinheiro, são normalmente religiosos sem fé que não acreditam que os fiéis de suas religiões sejam capazes de segui-las por convicção e portanto precisam transformar suas crenças em leis. Eles não acreditam que o aborto seja uma questão de saúde pública mesmo sabendo do número de mulheres que morrem em clínicas clandestinas. Eles negam a existência da homofobia na sociedade, e não conseguem ver o casamento dos homossexuais como um legítimo direito civil.
Eles deveriam ver o excelente Bill Maher conversando com o Jay Lenno sobre o conservador Rick Santorum, candidato a candidato a presidente dos Estados Unidos pelo partido republicano. "Ele acredita que a vida começa com a ereção". Não dá para não rir.
Há dois meses Jane Fonda fez uma apresentação direcionada para mulheres, mas que serve para qualquer um dos cinco ou mais sexos, para falar sobre a aquisição da sabedoria e do conhecimento na terceira fase da vida. Dura pouco mais de dez minutinhos, mas faz muito bem ver que a Barbarella de 44 anos atrás ainda está batendo um bolão aos 74 anos de idade.
Está certo que ninguém escolhe como vai morrer, mas na minha lista de mortes que eu não gostaria de ter entrou agora afogamento em banheira. Passar a vida praticamente matando um leão por dia para morrer afogado em uma banheira não combina comigo.
Sorte mesmo teve Zelda Kaplan. Socialite de Nova York, aficionada por moda, 95 anos de idade, Zelda Kaplan fazia muito sucesso no blog Advanced Style, especializado em moda para a terceira idade. Esta foto aí do lado foi feita ontem pouco antes do início do desfile de Joanna Mastroianni no Lincoln Center. Alguns minutos depois Zelda Kaplan caiu morta assim sem mais nem menos - como se alguém a tivesse desligado da tomada.
A morte é só mais uma etapa da vida, mas é muito triste quando chega de forma prematura. Por isto Zelda Kaplan pode se sentir uma privilegiada. Alguém lá em cima deve gostar muito dela.
Até algumas décadas atrás a honra de um homem valia mais que a vida de uma mulher. As mulheres tinham pouquíssimo valor patrimonial na sociedade - podiam ser apenas mães, irmãs e filhas. E o homem podia invocar a "defesa da honra" para acabar com a vida de uma mulher adúltera.
Felizmente a evolução dos costumes nos fez enxergar a realidade destes "maridos violentos". E não deixa de ser irônico neste caso de Santo André que o réu Lindemberg Alves - que matou a namorada por ter seu orgulho de macho ferido - tenha seu destino comandado exatamente por três mulheres. A advogada de defesa é mulher, a promotora é mulher, e a juíza é mulher. Os tempos estão mudando.
O melhor do programa Mulheres Ricas é a sátira em formato de série lançada recentemente na internet. Mulheres Pobres mostra mulheres com nomes como Maráia, Evellynn e Esthephany no dia a dia de suas vidas Orkutianas sem perder o humor.
Se você é daqueles que não conseguem se cansar da Madonna, então você vai gostar disto. Não, não é o lançamento oficial da apresentação no Super Bowl (apesar do nome); é só um super remix muito bem feito por um fã. Para ir ouvindo enquando MDNA não chega, ou se você precisar de algo para abafar a batucada do carnaval. Dá pra ouvir aí embaixo e baixar aqui em ótima qualidade.
Glee já estava se preparando para homenagear Whitney Houston. Com a morte da cantora a homenagem foi antecipada e mostrada no episódio exibido ontem nos Estados Unidos. A escolha do personagem Mercedes Jones (Amber Riley) para interpretar I Will Always Love You não poderia ter sido mais acertada. Desde o início da série que eu estou de olho nesta garota...
Eu sempre fui fascinado por tecnologia. Sempre gostei muito de tentar entender como as coisas funcionam.
Esta postagem experimental está testando um método de postagem por voz utilizando o aplicativo Dragon Dictation para iPad. Em seguida o texto é transformado em caracteres e inserido no aplicativo Blogsy, utilizado para formatação e publicação na internet. O Blogsy permite a estruturação do texto e a introduçäo de figuras e hyperlinks.
Desta desta forma é possível fazer postagens diretamente de uma mesa de restaurante ou do assento de um ônibus ou avião, ou mesmo enquanto se dirige - sem utilizar digitação. Ou até mesmo recostado no sofá, como estou agora.
George Clooney e Colin Firth são dois queridos. Além do Rin-Tin-Tin e da Lassie, acho que eles são as únicas personalidades do cinema que depois do sucesso continuaram simpáticos e humildes e não ficaram mascarados. Ver os dois chegando assim de mãozinhas dadas na entrega do BAFTA na semana passada é um colírio para olhos cansados. Gostoso feito um casadinho de camarão.
Até agora não entendi qual é a desta advogada que está defendendo o réu no caso do assassinato da garota Eloá em Santo André. Este, junto com o caso dos Nardoni, é um dos crimes que gerou mais comoção e repercussão popular nos últimos anos. O julgamento é emblemático e está certamente sendo observado por muitos advogados, juízes, e pessoas ligadas ao estudo do Direito - sem contar a própria população.
É aí que entra a dra. Ana Lúcia Assad. Jovem, bonita, cheia de curvas (a foto é da página dela no facebook). Ela se movimenta na tribuna como se estivesse em uma passarela. Joga os cabelos longos e soltos para todos os lados. Hoje, ao ser contrariada ela deu um piti e ameaçou abandonar a sala, o que invalidaria o julgamento. E depois gritou com a juíza dizendo que ela, a juíza, deveria voltar a estudar - o que quase deu causa para um processo por desacato.
Não deve ser tarefa fácil defender um rapaz desequilibrado acusado da morte de uma garota de 15 anos, principalmente quando o assassinato aconteceu praticamente em frente às câmeras de TV em rede nacional. Todo este mise-en-scène faz parte da estratégia da defesa? Ou será que ela já está se sentindo como uma participante do Big Brother? Será que amanhã ela vai chegar ao forum dando gritinhos de iarrúúúúúúú!!?
Não, eu não estou planejando transformar o Muque de Peão em um álbum de vídeos de casamentos. Mas estas cenas do casamento de Chandler e Amir no ano passado são realmente inspiradoras e merecem ser divulgadas. Os noivos idealizaram um casamento bem alto astral com participação dos amigos e da família, reunindo elementos das fés cristã e judaica.
Quando eu vejo um filme assim eu sempre penso comigo: eles se conheceram, se apaixonaram, resolveram viver a vida juntos - e quiseram compartilhar este momento com os amigos e a família. Estas pessoas são de verdade, isto não é ficção.
Era a metade dos anos 80 e eu estava na Arábia Saudita trabalhando como engenheiro. Os dias eram vazios depois do trabalho, num lugar onde praticamente inexiste diversão. O consolo eram a música e a leitura. Eu passava horas lendo e ouvindo música. E olhando para o teto. E ouvindo Whitney Houston.
Whitney Houston não parecia fazer esforço para cantar - dava a impressão de simplesmente abrir a boca e soltar aquela voz extraordinária. Os técnicos têm explicações complicadas sobre sua voz, que alcança três oitavas - feito impossível para a maioria dos mortais comuns, etc. Para os fãs, era só mesmo uma voz excepcional interpretando músicas que fizeram parte da vida de todos que viveram nos anos 80 e 90. Acho que não há uma pessoa que não tenha vivido aquela época e que não tenha cantado junto em I Will Always Love You, a música de Dolly Parton que foi ressuscitada por Whitney Houston na trilha de O Guardacostas e que conseguia estar em todos os lugares ao mesmo tempo naquela época.
A decadência atribuída às drogas, ao álcool, e ao casamento desastroso com Bobby Brown também foi publicada, televisionada, filmada, e exibida - como tudo neste mundo atual de alta exposição. A própria cantora parecia assustada e desorientada com o fato de que aquele dom a tinha abandonado.
O tempo vai se encarregar de suavizar as lembranças do final patético e Whitney Houston certamente será lembrada no futuro pelos inesquecíveis sucessos dos anos 80 e 90. Eu gosto sempre de revê-la nesta primeira apresentação pública, com apenas 19 anos de idade (a apresentação é de 1983 e não de 1985 como diz o letreiro inicial), com um rostinho quase assustado de adolescente, quando ela certamente não tinha a menor ideia do que viria pela frente nos próximos anos.
Acaba de ser anunciada nos Estados Unidos a morte de Whitney Houston. Ao som de suas músicas eu cantei, dancei, chorei, sofri, amei, enfim...vivi. Que ela descanse em paz.
Você já tentou, alguma vez, discutir direitos dos gays com um fanático religioso? Nem tente. É uma discussão viciada que entra em um vórtice circular e fica se repetindo feito um disco riscado gerando uma preguiça mental paralisante. Mais ou menos como tentar conversar sobre princípios de botânica com uma porta de aço. Mas, se você acabar inadvertidamente caindo neste vórtice, use este manual para encontrar a saída:
Para visualizar com maior legibilidade clique aqui.
Eu fui assistir a A Dama de Ferro (The Iron Lady, 2012) preparado para ver um filme chato que faz um retrato confuso da ex primeira-ministra britânica (conforme laudo da crítica especializada), mas animado para ver Meryl Streep em mais um desempenho excepcional. Surpreendi-me duplamente. Achei o filme interessante e nada chato, mas não vi Meryl Streep.
A história começa com Margaret Thatcher já idosa, em alguma época perto da atual, sofrendo de um tipo de demência que a faz confundir a realidade. Ela se sente culpada por ter negligenciado a família a vida toda em prol da política, conversa com o fantasma do marido já falecido, e tem flashes de memórias que servem para contar sua trajetória de filha de quitandeiro a primeira-ministra mais dura que o mundo já conheceu. Com isto o filme ficou mais humano e a mulher de ferro ficou mais mulher e menos ferro.
Quem convive com idosos vai sentir uma pontada no coração com a realização, mais uma vez, de que o final da vida pode ser muito cruel. Margaret Thatcher não queria viver a vida lavando louça na cozinha de forma insignificante como sua mãe - mas nada garantia que ela não terminasse a vida assim.
De resto, o filme pode servir de exemplo para muitos dos políticos de hoje que entortam seus princípios ao sabor do vento. Margaret Thatcher fazia o que acreditava ser certo e não tinha medo da opinião pública. Populismo era palavra que não existia em seu dicionário. Tinha mais colhão que toda sua equipe de homens. Era rápida e sagaz (preste atenção na resposta que ela dá ao ministro americano quando ele tenta dissuadí-la de começar a guerra das Malvinas com o argumento que aquelas ilhas não tinham muita importância).
Algumas das frases que ela diz no filme (não sei se estas citações são reais) ajudam muito a entender os princípios desta mulher inquebrável, como quando ela diz com uma certa nostalgia do passado: "No meu tempo o importante era fazer alguma coisa; nos dias de hoje o importante é ser alguém".
Quanto à Meryl Streep, não vi. Ela está tão engolida pelo personagem, tão perfeitamente desaparecida sob a Margaret Thatcher nos maneirismos, no sotaque, na boca, na entonação, nos gestos, que eu tive que prestar muita atenção para tentar enxergá-la. É um caso para ser analisado à luz da mediunidade.
Você é do tipo que chora em casamentos? Eu conheço muita gente assim, embora não seja meu caso. Nem penso em me casar, mas é claro que já pensei em como seria meu casamento. Quem nunca? Eu optaria por compartilhar este momento com a família e os melhores amigos em um encontro bem informal onde todo mundo ficasse bem à vontade. Acho uma delícia aquele estilo de casamento escolhido pelo Patrick e pelo Scott - confesso que dou uma espiadinha no vídeo de vez em quando e fico contagiado pela felicidade deles, e me emociono todas as vezes.
Casar já é uma realidade possível para muita gente. E o que não se tem economizado é criatividade na hora de bolar a cerimônia. O site Towleroad, que é um agregador de notícias de tudo de interesse da comunidade gay, vai começar a publicar vídeos de casamentos interessantes. E começou com o casamento do Ruben com o Joaquin, em Washington D.C., onde a lei da igualdade foi aprovada há pouco tempo. O quê que você está esperando?
O Ministério da Saúde aprovou o vídeo. Mas depois achou que era pesado demais e retirou o vídeo do site do Ministério na Internet. Da Internet!! Não estamos nem falando de televisão. Realmente, estamos precisando de gente com mais colhões neste governo.
O meme da Luíza no Canadá não foi o primeiro e nem será o último da Internet. Com a rede interligando o mundo a gente sente uma necessidade de se mostrar antenado - de gritar "presente!" para confirmar que estamos acompanhando tudo. E tem ainda o adicional de poder rir um pouco de quem não está entendendo nada. Os memes são tão rápidos que quem passou o final de semana em um sítio sem Internet volta na segunda-feira completamente por fora quando todos os colegas de trabalho estão usando o mesmo jargão ("Aham, Cláudia, senta lá!", "puta falta de sacanagem") ou repetindo a mesma pose.
A moda hoje é o Bradying (acima), iniciado de forma involuntária pelo Tom Brady, maridão da Gisele Bundchen, que fez a pose logo após a derrota durante o Super Bowl. O Bradying está tomando o lugar do Tebowing (abaixo), a moda de imitar o jogador americano Tim Tebow em sua pose clássica antes e depois de cada jogo para obtenção da graça divina.
Você já fez seu Bradying e postou no facebook hoje? O verbo do momento é "viralizar".
A polarização nos Estados Unidos entre os que apoiam e os que são contra a igualdade no casamento começa a encrudescer. E não são só as pessoas físicas que saem à luta, mas também as grandes corporações.
Apple, Google, Microsoft - todos estes grandes nomes já contribuíram a favor da luta pelos direitos LGBT. Mas no centro da polêmica atual estão a Starbucks, que declarou apoio publicamente à aprovação da igualdade do casamento no estado de Washington (e praticamente detonou uma guerra contra os cristãos conservadores), e a tradicional JCPenney, que escolheu Ellen DeGeneres para porta-voz (uma espécie de embaixadora) da empresa.
O round mais recente desta guerra é o movimento iniciado por uma organização que se autodenomina One Million Moms e que de diz defensora dos "valores tradicionais" e que pediu a cabeça de Ellen DeGeneres à JCPenney sob pena de nunca mais comprar lá. A resposta: a JCPenney reiterou que não abre mão da Ellen, e Ellen preparou uma resposta à altura que vai ao ar hoje. Bem humorada como sempre, Ellen aproveita para dar uma aula sobre o que realmente são valores tradicionais.
Eu olho estas fotos do prédio que desmoronou parcialmente em São Bernardo do Campo ontem à noite e não consigo afastar da cabeça a imagem típica de filmes de ficção ou desenhos animados de edifícios atingidos por objetos que caem do espaço. O prédio parece ter sido atravessado de cima a baixo por algo descendo ou subindo em grande velocidade. Mas, infelizmente, esta tragédia não é ficção ou animação.
O único consolo que nos resta é saber que destas tragédias tiramos lições que evitarão outras perdas de vida no futuro. Grande parte da legislação de dispositivos obrigatórios contra incêndio e dos recursos utilizados pelo corpo de bombeiros no Brasil nos dias de hoje surgiram após os grandes incêndios do Joelma e do Andraus. Após este acidente em São Bernardo e o desmoronamento no Rio na semana passada os conselhos de engenharia civil certamente vão reavaliar os os procedimentos em vigor para a inspeção de construções. Aos poucos vamos aprendendo...
Maverick Sabre (o nome de batismo é Michael Stafford) tem só 21 aninhos de idade. Praticamente recém-saído dos cueiros. Mas tem uma voz rara que, colocada a serviço da música, resulta formidável. Desde três ou quatro anos atrás que ele vinha postando alguns vídeos no YouTube, mas ainda com uma pegada amadora e uma voz que carecia de amadurecimento. Neste tempo ele conseguiu uma série de participações especiais em discos de rappers ingleses, mas o reconhecimento só veio mesmo a partir de 2010 quando ele apresentou sua versão de Wonderwall (do Oasis) no programa Later... with Jools Holland da BBC Radio 1.
Esta semana ele está entregando às lojas seu primeiro álbum: Lonely Are The Brave. É difícil tentar colocar este disco dentro de alguma classificação fechada. O estilo do garoto tem muito soul, às vezes lembra suas raízes do rap, e chega a flertar com o reggae. Mas a grande atração mesmo é sua voz rara e agradável.
Entre as 14 faixas do álbum, uma grata surpresa: uma versão acústica de A Change Is Gonna Come, o clássico de Sam Cooke que nunca sai de moda. E tem também a gostosinha I Need, do single que já estava disponível desde novembro.
Maverick Sabre - A Change Is Gonna Come (acoustic version):
O estado de desenvolvimento tecnológico e econômico dos Estados Unidos é admirável. Por isto eu sempre me espanto com a constatação cada vez mais evidente que os americanos são uma sociedade emocionalmente muito imatura. Apesar de todos os percalços, os brasileiros são um povo emocionalmente mais safo.
Esta imaturidade emocional dos americanos fica muito evidente na batalha atual pela aceitação dos direitos dos homossexuais. Para os americanos o centro da questão é a definição de uma série de aspectos legais de ordem civil. Embora a luta seja muito importante e devamos todos apoiá-la, para a maioria dos brasileiros representa muito mais uma questão de reconhecimento e aceitação.
Embora no Brasil exista muita homofobia e violência contra gays, um sentimento muito comum nas famílias mais esclarecidas é a aceitação tácita. Todos se portam educadamente, se respeitam, os laços afetivos são subentendidos, e ninguém fica perguntando nada. Este é o sentimento predominante na minha roda de amigos e no círculo em que convivo. Existe aceitação sem necessidade de ficar discutindo a relação em público na mesa de jantar.
Os americanos não se sentem muito à vontade com este tipo de acordo que aqui funciona tão bem. Eles sentem necessidade de colocar os pingos nos i's, colocar etiquetas em tudo, dar nomes aos bois. Por isto a batalha pelos direitos é tão intensa, e a reação dos inimigos muito mais violenta.
Com a proximidade da eleição para presidente, a questão dos direitos LGBT assumiu uma posição central nos debates por lá. E o nível emocional de alguns candidatos a candidato é tão baixo que a comunidade LGBT se sente tomada de um enorme sentimento de desesperança.
O amigo Red, que escreve o Oyaji Complex, me indicou este link para uma reportagem da Rolling Stone (em inglês) que me deixou passado. O artigo descreve a guerra cruel e desumana que a sociedade americana vem impingindo a seus adolescentes gays e que tem sido a causa da onda de suicídios que temos lido nos jornais. É revoltante ler sobre como a comunidade evangélica da região da ex-candidata a candidata Michele Bachmann trata seus próprios adolescentes. É muito triste. É muito cruel. E é muito contraditório ver este comportamento primitivo em uma sociedade tecnologicamente tão evoluída. O ser humano pode ser muito bizarro às vezes.
Esta versão americana de Os Homens Que Não Amavam As Mulheres (The Girl With The Dragon Tatoo, 2012) consegue ser tão boa quanto a versão sueca. Impossível ficar comparando porque a tendência é, obviamente, gostar mais da primeira versão que se vê - da segunda vez muito do impacto é perdido pela antecipação. Lembro-me bem do quanto me impactou o desempenho de Noomi Rapace (que também pode ser vista no papel da cigana Sinza Heron na nova versão de Sherlock Holmes que está em cartaz). Rooney Mara, que faz a Lisbeth na versão americana, é igualmente boa, mas eu já sabia o que esperar e não fiquei tão impressionado quanto da primeira vez. Noomi Rapace me convenceu mais como a fodona fragilizada por abusos do passado.
Os títulos, tanto em português quanto em inglês, ficam devendo. O autor Stieg Larsson, que era traumatizado por ter presenciado um estupro na adolescência, escreveu um livro que é uma denúncia bastante clara da misoginia nas famílias e na sociedade. O título original sueco Homens Que Odeiam Mulheres encaixa feito uma luva neste libelo contra a misoginia. Em inglês optaram por um nome mais comercial e desapareceram com a denúncia do título. Em português erraram menos, mas "não amar" não é sinônimo de "odiar", e o significado pretendido acabou se perdendo - muita gente acha que o filme é sobre um grupo de homossexuais.
Não é fácil para um filme de 2 horas e 40 minutos de duração ser tão empolgante do começo ao fim, mas esta tarefa é conseguida com facilidade. Principalmente porque o filme começa como duas histórias aparentemente sem conexão que acabam se fundindo lá pelo meio quando os dois personagens principais já provaram a que vieram. E mostra uma das mais horripilantes famílias ricas de toda a história. Perto dos Vanger qualquer outra família é uma bênção.
Os Homens Que Não Amavam As Mulheres é diversão de primeira qualidade. Agora estou ainda mais ansioso para ver os outros dois filmes que fecham a trilogia. Vou procurar as versões suecas, que já estão disponíveis desde 2010 e que têm a melhor versão da heroína na minha opinião. Mesmo porque a versão americana do segundo livro não deve ser lançada antes de 2013.
Todo mundo deve ter acompanhado a celeuma criada pelo cartunista Laerte na semana passada. Laerte, que escolheu viver vestido de mulher, começou a brigar pelo direito de usar o banheiro feminino. A confusão começou exatamente quando ele foi reconhecido dentro do banheiro por algumas senhoras, que reclamaram da intrusão.
Será que Laerte deveria ter o direito de usar o banheiro feminino? Qualquer resposta a esta pergunta vai sempre cair no terreno do 'achismo'. Não adianta ficar achando nada, porque a situação é muito complexa e envolve variáveis que nós ainda não entendemos plenamente. Mas, uma coisa é certa: foi-se o tempo em que as pessoas eram divididas simplesmente em homens ou mulheres.
Sobre isto escreveu, mais uma vez brilhantemente, o dr. Contardo Calligaris na Folha de S. Paulo de hoje. Ele também não tem respostas prontas. Mas consegue enxergar a questão com a clareza que falta a muita gente. O artigo segue depois do pulo.
Há várias formas de sair do armário com estilo. Zachary Quinto e Marco Nanini usaram uma frase dita em tom indiferente no meio de uma entrevista. O repórter Dan Kloeffler assumiu-se ao vivo durante o noticiário na TV. O comediante Oliver Callan revelou-se também durante uma entrevista. O diretor australiano Stephen Elliott preferiu sair do armário durante um discurso em frente a uma plateia lotada. Ricky Martin preferiu o Twitter.
Já o cantor country canadense Drake Jensen resolveu dedicar uma música de seu último disco a Jamie Hubley, o garoto gay que se matou em outubro depois de ser alvo de bullying na escola. No vídeo lançado há duas semanas o cantor aproveita para sair do armário e apresentar o maridão, que faz uma ponta no final.
O fato de Stephen Elliott ter dirigido Priscilla, A Rainha do Deserto em 1994 não era suficiente para se desconfiar de sua orientação sexual. Afinal, Ang Lee dirigiu com força e alma O Segredo de Brokeback Mountain e não é gay.
"Eu fiquei na minha por muitos, muitos anos, por uma outra razão. Basicamente, foi por que eu tinha medo de quem eu era. Eu tinha muito medo do fato de ser gay. Mesmo depois de ter dirigido Priscilla eu continuei no armário basicamente porque eu tinha medo da minha família. Mas hoje, nesta noite, eu estou me assumindo."
Os jornais contam que a confissão foi seguida pelo aplauso ensurdecedor de uma plateia com olhares divididos entre a surpresa e o choque. Em seguida, com lágrimas nos olhos, Stephen Elliott pediu que os representantes da indústria cinematográfica da Austrália apoiem a igualdade do casamento. E eu, aqui, quase do outro lado do mundo, fiquei com um nó na garganta só de ler a notícia.