quarta-feira, 30 de maio de 2012

Fora da bolha

Eu vivo em um círculo esclarecido com uma família de mente aberta e amigos bem informados. Tenho sorte de nunca ter sido vítima de preconceito. Leio jornais e revistas que falam dos últimos avanços da luta pela igualdade de direitos. É até fácil esquecer que estou dentro de uma bolha confortável e que fora dela o mundo é muito diferente.

Nas horas em que a gente se dá conta de como o mundo lá fora pode ser cruel, dá até vontade de chorar. Como nesta cena lamentável de um garotinho de apenas 2 anos de idade incentivado a cantar "No homos gonna make it to heaven" (os homossexuais não vão para o céu) em público na igreja Apostolic Truth Tabenacle de Indiana, com o aplauso e encorajamento de toda a congregação. Depois, quando a gente denuncia que as igrejas são fábricas de homofobia e preconceito tem gente que não entende e acha que isto é só liberdade de expressão. Liberdade de expressão é o c*ralho!

8 comentários:

Anônimo disse...

Luciano, taí algo que eu sempre quis te perguntar e que você respondeu neste post, se você já teria sido vítima de preconceito. Inclusive pretendia um dia dar uma vasculhada nos arquivos do seu blog para ver se em algum você relata alguma experiência desagradável por ser gay ou como foi sua revelação para a família.
Digo isso porque dependendo do meio em que se vive, da família que se tem ou a profissão que se exerce pode ser mais fácil ou mais difícil.
Eu sei que você é Engenheiro e nisso temos algo em comum (sou Engenheiro Civil). Sou gay mas ninguém sabe. Nem minha família, nem meus amigos. E por causa de comentários tanto deles quanto da minha família em relação aos gays fica ainda mais difícil saber como, um dia revelar. Eu sei que no meio em que vivo isso pode ser realmente perigoso. Ter que trabalhar com todos os tipos de pessoas muitas vezes em lugares isolados pode não ser muito seguro para um homem homossexual, pois se por um lado a visibilidade e a aceitação está aumentando, o ódio também está por todo o lugar. Meu irmão, a quem eu amo muito e respeito e que é uma boa pessoa.É evangélico e outro dia comentou sobre o casamento igualitário "tá tudo errado nesse mundo". ele não é do tipo fanático e ignorante, mas não sei como reagiria. A colega de um amigo meu está interessada em mim e eu não sei o que fazer.
A vida realmente é muito difícil fora da bolha e solitária dentro do armário.
OBS: quanto ao vídeo, não fiz questão de ver. Posso imaginar o que tem ali. O roteiro desse filme é velho. Se é que você me entende.

M. disse...

A bolha de conforto realmente nos protege de muita coisa, mas infelizmente também nos isola, como vc bem colocou. Por mais que se informe, você já se imaginou numa situação de discriminação? Deve ser realmente horrível. Não posso nem imaginar.
Mas,mais triste que tudo isso, foi o uso que fizeram do garoto inocente, destruindo desde já seu livre arbítrio de ser como e quem quiser. Já pensou, se esse garoto num futuro se torne, ou se sinta homo? O que será desse futuro...? As instituições religiosas realmente, além de incentivarem essa prática pavorosa da homofobia(entre outras)apresentam também são uma "falsa fachada de moralidade". Coisa sabida por qualquer um que se interesse um pouco mais por informar-se.
Beijos Luciano...

Anônimo disse...

E os gays REALMENTE se importam se vão para o paraíso? Faz a enquete.

Anônimo disse...

e quem falou que eu quero ir para o mesmo ceu dessa criaturas?

railer disse...

lamentável...

Anônimo disse...

Cara,
Não sei quanto ao Luciano, mas eu já passei por tudo isso. Sou engenheiro civil, de uma cidade pequena e vindo de uma família influente e conhecida. Meu irmão é evangélico tb e nossas historias são bem parecidas....a única coisa que eu posso te falar é...it gets better!!! Precisei fazer terapia, mudar de cidade, me aceitar, me permitir ter amigos, namorar, crescer...o mundo, cara, não é tão ruim assim!! Abração!!!

Anônimo disse...

Que coisa, é uma verdadeira lavagem cerebral o que fazem nessas pessoas, ainda mais crianças, sem formação ainda, isto é um absurdo, são verdadeiras religiões como daquele reverendo Mom ou Mon da Coreia, ou aquela da década de 70 que todos foram induzidos a se suicidar,por causa de um maluco, é um abismo religioso isto sim e sem fundo não leva ninguém a nada!

Flávio disse...

Neste link, embora a temática se dirija à questão racial, achei oportuna a citação à definição de genocídio. Quando começaremos a empregá-la em relação ao que acontece com os gays no Brasil?

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-racismo-na-formacao-da-identidade-do-brasil

Trecho específico:

"RNP: O que configura uma situação de genocídio?

Jaime Amparo Alves: Esta é uma pergunta imprescindível. O movimento negro tem caracterizado como genocídio todas as políticas estatais que sistematicamente têm impactado negativamente na qualidade de vida da população negra. Se levarmos em conta o conceito de genocídio tal qual definido pela resolução de 9 de dezembro de 1948, da Assembleia Geral das Nações Unidas, o termo diz respeito a todo o ato que visa destruir, matar, limitar a reprodução física, cultural e social de um determinado grupo étnico-racial ou nacional. A resolução vai ainda mais longe e configura como genocídio as políticas que visam infringir condições de vida que põem o grupo em desvantagem social em relação a outros grupos em determinada sociedade. Na discussão que se seguiu ao conceito da ONU, o foco saiu do resultado das ações para a intencionalidade, ou seja, ao se caracterizar um ato como genocídio haveria que se provar se o Estado teve intenção de levar a cabo tais políticas ou não.

A pergunta aqui é a seguinte: do ponto de vista das vítimas importa provar a intencionalidade de um Estado genocida? O que dizer das políticas estatais que resultam em morte generalizada de um grupo social mesmo quando o Estado não prescreve tais políticas de eliminação no seu estatuto jurídico? Na era dos direitos humanos, seria quase impossível provar a existência do genocídio contra determinados grupos sociais se tivermos que provar a intenção estatal. Agora, dizer que porque não há políticas oficiais de eliminação física baseadas em raça e etnicidade não haja praticas genocidas é uma outra história."