domingo, 6 de maio de 2012

Um dia vivi a ilusão de que o voto bastaria

Há alguns dias ouvi alguém dizer durante uma entrevista na TV: "Se quer mudar o país, use o seu voto. Passeata na Paulista não adianta". Um dia eu também vivi a ilusão de que o voto bastaria, mas nada pode estar mais longe da verdade nos dias de hoje.

Ainda acho que o voto deve continuar obrigatório e que todos devem votar de forma consciente. Mas o voto só seria uma arma realmente poderosa se os derrotados fossem automaticamente exilados na ilha de Lost por pelo menos dez anos. Só para ficar com um único exemplo recente: Ideli Salvatti se candidatou a governadora de Santa Catarina. Perdeu a eleição. Mas a mensagem das urnas nunca foi entendida como um "não queremos você!". Muito pelo contrário, Ideli Salvatti é hoje a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, o que pode ser encarado como prêmio e não como castigo.

Enquanto tivermos um sistema que permite que políticos construam carreiras vitalícias e partidos políticos que  fingem não entender a mensagem das urnas, nunca nos livraremos deste problema. Ou alguém acha que Paulo Maluf, Renan Calheiros ou Sarney simplesmente sairiam de cena se perdessem uma eleição?

Por outro lado, cresce a importância das mobilizações populares nas avenidas e nas redes virtuais. A população tem encontrado novos meios de gritar a sua indignação e o efeito tem sido mais imediato. Mas eu ainda acho que deveriam adotar a minha ideia de exílio político na ilha de Lost.

6 comentários:

M. disse...

Nunca assisti Lost...mas ainda acho ser uma ilha boa demais. Que tal a ilha do Jurassic Park?, com os bichos soltos, é claro!
Abraços Luciano

railer disse...

também acho que o povo unido pode fazer diferença.

Daniel disse...

O voto é o reflexo do povo, logo...
E qto às mobilizações das redes virtuais, é tudo uma grande merda por ser feita pela classe média. A classe média é o cancer desse país. É a classe wanna be, a que não sabe nada mas finge tudo, finge que sabe, finge que é politizada, finge que é pós-graduada, finge que é bem comida, finge que é realizada, finge que é articulada, finge que é educada e my ass!

Daniel Cassus disse...

A 'carreira vitalícia' surge exatamente do voto obrigatório. se o voto fosse facultativo, todo esse establishement do "PMT-SDEMB" que não se renova teria que rebolar MUITO para provar que merece mais 4 ou 8 anos.

P. Florindo disse...

Concordo com o comentário do Daniel acima mas acho que ninguém pode se limitar que exercer a cidadania achando que é simplesmente votar de má vontade porque é obrigado e pensar "agora eu lavo as minhas mãos". É preciso PARTICIPAR, não simplesmente votar e esperar que os políticos eleitos façam a parte deles. Se não fosse por essa indiferença em relação a política por grande parte da população, a gente não precisaria de leis como a da Ficha Limpa como um listão de quem não cumpriu com suas obrigações enquanto nós estávamos preocupados demais com futilidades e inutilidades. E logicamente, a corrupção não seria tanta e muito menos seria aceita como algo aceitável porque "sempre foi assim".

dino costa disse...

To rindo até agora (do exílio na ilha de Lost). Voto facultativo não funciona. Mania de brasileiro querer copiar tudo que acontece nos "isteitis". Aqui o voto é facultativo, e o que acontece é que a maioria dos votantes são os velhos aposentados que tem tempo livre para ir votar e não tem mais nada para fazer. Isso faz com que o país pareça muito mais conservador do que a maioria das pessoas realmente são, porque as leis são feitas por quem esses eleitores de 70 anos escolhem. Para convencer jovens a votar, rios de dinheiro são gastos em campanha...