Uma semana depois de ter participado da minha primeira parada gay, ainda estou digerindo a experiência. Eu tinha uma ideia diferente antes - a noção de que era mais importante dar mais visibilidade aos participantes com caras mais convencionais, embora a imprensa sempre preferisse ir atrás dos participantes mais exóticos e chamativos.
Foi quando vi as travestis lindas e exuberantes que percebi que elas representam o ápice do movimento - a ponta do iceberg que fica fora d'água. São elas que mais contribuem para diminuir a sensação de estranheza frente ao diferente, para apresentar a diversidade em sua forma mais clara e sem disfarces. É como em um desfile de moda em que as modelos desfilam roupas extravagantes que ninguém usaria na rua, mas que servem para representar os traços fortes da tendência do autor.
Vi crianças pequenas e famílias querendo ser fotografadas junto delas e sendo atendidas com toda a paciência e educação. Um gesto bonito e cheio de significado, das duas partes. Depois de algumas horas de festa parece que as diferenças tinham desaparecido. Éramos todos só seres humanos.
7 comentários:
Vivendo e aprendendo né Luciano!!?? Essa é a nossa estrada!
Abraços
Ps: Foto linda.
é esse o sentimento. Somos todos só seres humanos meu deus.
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Muito bom o teu comentário. A experiência é só para quem a vive na primeira pessoa.
Imagina ser diferente 24 hs por dia? Como se camufla uma poc-poc? É cara pra bater todo dia. Esses que não podem se esconder por serem óbvios é que são responsáveis, podem acreditar, por 90% dos simpatizantes que os gays tem. Por que estão conosco em qualquer lugar, indisfarçáveis. São esses que apanham, morrem, sofrem o tempo todo. Vi um documentário," Rainhas" no canal brasil. Comovente. Ser esquisito em Rondônia, Acre, Piauí,isso é que é luta. Mas o preconceito está morrendo com a minha geração. Certeza.
Muito gay enrustido acha que as paradas gays mais prejudicam do que contribuem para o avanço da causa LGBT. Que as pessoas "noramis" ficariam chocadas ao ver tamanha devassidão.
Pau no cu dessa gente. Não há país em que a causa tenha avançado sem que as paradas gays tenham representado um papel fundamental.
E os travestis, sempre tão criticados, são os mais corajosos entre nós. Os primeiros a cara a cara a bater, os primeiros a morrer. Todo meu respeito e reverência a eles.
Tb não é uma questão de ser gay enrustido, mas pensar da mesma forma que o Luciano disse no início do texto. A questão de que gay é qualquer um, não só o afeminado, a bicha louca...
E gostei da comparação que vc fez com os desfiles de moda, interessante. Também, a minha reverência a todo gay corajoso que se assume e acredita em um mundo melhor, fazendo acontecer. Minha reverência a vc, Luciano!!!
ai bee demorou, tava achando que a vida é apenas o modelo hetero que vc finge se encaixar?
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