sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

From Doha with love

Fiquei contente com a escolha do Catar para sediar a Copa do Mundo de 2022. Eu estive no Catar a trabalho várias vezes e sempre achei o país muito simpático e a população muito hospitaleira. O Catar foi protetorado britânico durante muitos anos e a gente logo percebe a marca inglesa na organização do trânsito - principalmente nos sinais e nos vários roundabouts, aquelas rotatórias que são típicas da Inglaterra. E foi no Catar que eu vivi uma história extraordinária.

Eu estava ajustando o tripé e a objetiva da minha câmera para fazer uma foto de um palácio de mármore branco incrivelmente bonito e nem me dei conta dos dois soldados que se aproximaram. Levei um susto quando, já do meu lado, eles gritaram comigo muito agitados. Eu só conseguia dizer que era brasileiro e que não falava árabe. Com muito esforço eu consegui entender que aquele era o palácio do Emir e que não pode ser fotografado por questões de segurança. Pronto, eu estava detido. Os soldados pediram que eu os acompanhasse. Atravessamos a rua e entramos em uma casamata do lado de fora dos portões, de onde os soldados começaram a disparar um monte de telefonemas nervosos. Na minha mente só vinham imagens de O Expresso da Meia-Noite e eu já me via apodrecendo em uma prisão do Oriente Médio para o resto da vida.

O lugar não tinha janelas e tinha o ar condicionado ligado no máximo. Eu estava parado em pé aguardando e morrendo de medo, e o frio começou a me incomodar. Foi quando aconteceu algo incrível. Inconscientemente eu comecei a esfregar a mão uma na outra da forma como a gente faz para se aquecer. Nesta hora o soldado largou o telefone, caminhou até mim, tirou o próprio casaco que estava usando e o colocou nas minhas costas. E neste exato momento eu tive a certeza que não corria nenhum perigo.

From Doha with love

5 comentários:

Daniel Cassus disse...

e cadê o fim da história?
ah.. peraí... ele te deu o casaco e foi aí que rolou o expresso da meia-noite, né? hmmmm...

Thiago Lasco disse...

Comigo aconteceu a mesma coisa. Eu estava na República Dominicana, fazendo pegação em um parque público, quando fui surpreendido por dois policiais, ambos deuses de ébano, que me levaram para a delegacia. Enquanto um deles ligava para a embaixada brasileira no México, bateu um vento frio de noroeste e eu me encolhi todo. Foi então que o outro cafuçu veio por trás de mim e me abraçou, e senti a mala dele me cutucando por baixo da farda. Acordei do sonho dez minutos depois, todo melado! ;)

SG disse...

Seu texto aguçou minha imaginação...

Gui disse...

Que romântico. Como vc não apaixonou?

Delicadeza é tudo, não?

Anônimo disse...

como dizia blanche "SEMPRE DEPENDI DA BONDADE DE ESTRANHOS"