segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Pais do mesmo sexo

A revista Valeparaibano, distribuída no Vale do Paraíba, traz na edição de dezembro uma matéria de capa sobre a situação das adoções por casais homoafetivos na região. A reportagem entrevistou Maria Auxiliadora e Elizabethe, de Taubaté, que vivem em união estável há 16 anos e acabam de ser incluídas no CNA (Cadastro Nacional de Adoção) - aguardando agora a chegada do filho ou filha que tanto esperaram. As duas futuras mamães descreveram todo o caminho percorrido até a concessão da adoção, e também o preconceito inicial das instituições. No Vale do Paraíba outro casal de mulheres também já teve aprovação para inclusão no CNA e aguarda a chegada do filho adotivo para breve. A inclusão no CNA significa que o casal foi completamente aceito e está apto para a guarda de uma criança como pais adotivos.

É interessante observar que, aqui como em todo o restante do país, têm crescido as autorizações por juízes das varas de infância e juventude para adoções por casais homoafetivos depois do longo e criterioso processo de avaliação por assistentes sociais e psicólogos das condições social, psicológica e socioeconômica dos pretendentes. O entendimento da Justiça tem sido para que sempre seja atendido o interesse do menor, que é o de ser adotado, diferentemente da igreja - que trabalha em uma campanha mundial contra a legalização da união de homossexuais. O bispo da diocese de São José dos Campos também foi entrevistado para a matéria, confirmando que a igreja prefere que crianças órfãs continuem em orfanatos em vez de entregues a famílias homoafetivas estáveis.

A reportagem relembra também o caso de Chicão, filho biológico da cantora Cássia Eller, que teve sua tutela definitiva concedida a Maria Eugênia, companheira estável de Cássia Eller que já cuidava do menino desde o nascimento. A tutela do menino foi contestada na Justiça pelo avô materno, mas parte da própria família de Cássia ajudou Maria Eugênia a obter a guarda do menino. Chicão, hoje com 15 anos, está tentando a carreira musical e dedicou seu primeiro trabalho às mães Cássia e Maria Eugênia.

É reconfortante ver que juízes e entidades da sociedade civil estão conseguindo se livrar do preconceito gerado principalmente pela visão religiosa atrasada que prefere condenar crianças ao abandono e descaso para não ter que admitir que casais homossexuais podem ser pais tão zelosos quanto casais heterossexuais.

7 comentários:

Daniel Cassus disse...

Já conversei com diversos juízes e promotores da Infância. A ordem do dia é "abrigo é pra ser provisório". No entanto, é uma situação que se eterniza. Só a igreja que não vê isso.

Thiago Lasco disse...

Falou e disse. Achei interessante o assunto ter sido pauta dessa revista, e mais ainda se a abordagem não foi preconceituosa.

Luciano disse...

@Thiago:
É uma pena que a reportagem não está disponível online, e é muito extensa para reproduzir aqui. O enfoque foi muito interessante, completamente desprovido de preconceito, e eu diria até que bastante simpatizante. Todos os casais são descritos de forma bastante simpática e positiva.
Abraço,
**

Uma Cara Comum disse...

Maravilha! Uma reportagem e uma mudança de postura das entidades governamentais favoráveis à gente são mais que bem-vindas! Abração!

ADRIANO disse...

A igreja preza muito mais seus dogmas estúpidos do que a vida humana...

Don Diego De La Vega disse...

Casais homossexuais podem ser pais tão OU MAIS zelosos q os casais heterossexuais...

Quanto casal hétero por aí q tem filho pq rasgou a camisinha e não dá a mínima pra criança?

Quanto casal hétero por aí aborta?

Quanto casal hétero por aí bate na criança mesmo bebê pra q ela pare de chorar?

Tá dia sim, dia não nos jornais....

E sobre a Igreja...ah eu tenho verdadeiro horror à Igreja. Não sei como tem gays q frequentam, já até escrevi sobre isso num post.

Ah, sobre a matéria da revista q vc cita....há casais de homens retratados tb?

TONY GOES disse...

É sempre bom lembrar que, quando Cássia Eller morreu, o troglodita do Diogo Mainardi defendeu que o filho dela fosse entregue ao avô, com quem ela não se dava, ao invés de ser mantido com a viúva da cantora, que o criava desde o nascimento.

Tomara que esse garoto cresça logo e diga em alto e bom som por aí que foi muitíssimo bem criado por uma lésbica.