domingo, 30 de setembro de 2012

A rainha do castelo de ar


As coincidências entre os personagens Nina, de Avenida Brasil, e Lisbeth, da trilogia Millennium, sempre foram bastante claras desde o início. Embora as duas histórias sejam substancialmente diferentes, as duas heroínas lutam contra membros da própria família para vingar o passado, movimentam-se pela cidade sobre duas rodas, não se vestem como as mocinhas típicas dos romances, foram enterradas vivas, e em sua sede de vingança são alimentadas pela mesma garra e tenacidade de seus algozes.

A estrutura da narrativa de João Emanuel Carneiro também obedece a uma divisão em três partes: a primeira com o cerco de Nina ainda incógnita na mansão de Carminha, a segunda com a queda das máscaras e o embate corpo a corpo das duas antagonistas, e a terceira parte que começa agora: a queda do castelo.

No terceiro segmento da obra de Stieg Larsson a heroína está de mãos atadas e praticamente observa seus inimigos sucumbirem ao seu redor com o efeito de tudo que ela havia plantado. Parece que em Avenida Brasil também vai ser assim. Nina e Jorginho já repetiram ad nauseam a história que soa inverossímil para a família, mas conseguiram plantar na cabeça do leso Tufão uma semente de dúvida que começa a germinar. Nesta semana o casal de mocinhos não vai precisar fazer muito para que Carminha e Max se autodestruam e todo o castelo da farsa caia por terra.

A tradução literal do título do terceiro livro de Larsson é "o castelo de ar que explodiu". Nos países de língua inglesa foi chamado de "a garota que chutou a casa de marimbondos". Qualquer destes títulos é bastante apropriado para descrever o clima na mansão dos Tufão nesta semana.

sábado, 29 de setembro de 2012

Cruz credo

A revista Placar publica capa com foto de Neymar crucificado. Agora os cristãos vão começar a invadir embaixadas e espalhar terror, morte e destruição pelas ruas. Só que não.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Esbanjando charme

Cheias de Charme termina hoje. Vai ser lembrada, entre outras coisas, como a telenovela que melhor utilizou a integração das mídias (internet e a própria programação da TV) para contar a história. Leve, divertida, colorida e cheia de música (o capítulo da última segunda-feira, por exemplo, foi quase inteiro nos bastidores de um prêmio de música), a novela mostrou desde o início ter boa "pegada".

E que delícia de personagem o pai gay feito pelo ótimo Daniel Dantas. Lembro-me de quanto me marcou o personagem gay que ele interpretou em um episódio de Malu Mulher no final dos anos 70 em que descobria o amor ao lado de Buza Ferraz. Aquela história ficou na minha mente por décadas.

Em Cheias de Charme ele é pai da Rosário (Leandra Leal), uma das protagonistas. Adotou a menina quando ela era ainda pequena, e viveu um grande amor ao lado do companheiro mas já estava viúvo no início da novela (cenas dos dois foram mostradas em flashback). Foi um personagem muito bonito, pai carinhoso, mostrado de forma muito positiva, e que ganhou aceitação imediata pelo jeito amoroso e gentil. Na reta final encontrou um novo amor e a novela não tem economizado nas cenas de carinho sutil entre os dois. Mais um ponto para Cheias de Charme, que deixa um saldo muito positivo e vai deixar muita saudade.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Proposta indecente

Gigi Chao tem 33 anos, é riquíssima, bonita, inteligente, formada pela Universidade de Manchester. O pai de Gigi, o bilionário chinês da construção civil Cecil Chao Sze-tsung está oferecendo 65 milhões de dólares para o homem que casar com sua filha, não importa se ele seja pobre ou rico - o único requisito é que seja gentil e generoso.

Tudo porque o empresário descobriu que Gigi é lésbica e que está só esperando a aprovação da lei do casamento na França, onde mora, para atar o nó com sua companheira.

Ei, sogrão, será que dava pra mandar um adiantamento para eu comprar uma passagem para a China para amanhã?

Égalité

François Hollande parece realmente disposto a dar uma banana para os apelos do Vaticano aprovando o casamento igualitário na França e promovendo guerra contra a homofobia. A França já tem um tipo de contrato de parceria civil que é inclusive utilizado por muitos casais héteros, mas ainda não tem igualdade total no casamento, e o Vaticano tem feito críticas severas para evitar que a França siga a mesma direção da Espanha. Parece que os tradicionais países católicos europeus finalmente estão vendo a luz, embora a situação na Itália ainda seja considerada crítica para os homossexuais.

A certeza do engajamento de François Hollande veio com seu discurso ontem no plenário das Nações Unidas. "A França confirma seu compromisso de continuar engajada nestas lutas: pela abolição da pena de morte, pelo direito da mulher à igualdade e dignidade, pela descriminalização universal da homossexualidade, que não deve ser considerada um crime, mas, ao contrário, reconhecida como orientação sexual".

Ahmadinejad, do Irã, estava lá. Dilma, do Brasil, também. Será que aprenderam alguma coisa?

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Intocáveis


Eu sempre gostei mais das histórias de grandes amizades do que das histórias de grandes amores.  As grandes paixões levam a estados alterados que normalmente envolvem posse e ciúme acompanhados de processos dolorosos. Já as amizades são despretensiosas, não implicam cobranças exageradas, e não requerem exclusividade.

Intocáveis é a história de uma grande amizade, nascida de forma improvável entre um francês tetraplégico podre de rico e um rapaz negro pobre que vive à margem da sociedade. O filme se vale da fórmula super batida milionário-vive-vida-monótona-até-pobretão-lhe-mostrar-a-verdadeira-razão-de-viver-através-das-coisas-simples-da-vida, mas isto não lhe serve de demérito. O desempenho dos dois protagonistas é tão bom que cativa desde o primeiro instante, e a história é leve e edificante sem ser piegas. O fato de ser inspirada em um caso real também a deixa mais interessante.

Durante todo o filme fiquei pensando na condição dos inválidos e dos idosos, que acabam se tornando figuras invisíveis com as quais evitamos contato olho no olho por não sabermos como lidar com eles. Costumo acompanhar meus pais idosos às consultas médicas e é realmente incrível como os médicos em geral os tratam como crianças, falando no diminutivo e demonstrando condescendência.

A grande amizade de Intocáveis começa justamente quando Phillipe (François Cluzet) percebe que Driss (Omar Sy) o trata como um igual, sem se intimidar pela sua condição física ou financeira. É um filme delicioso. Não perca!


sábado, 22 de setembro de 2012

Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais

Só na última semana eu li pelo menos três artigos diferentes exaltando a qualidade da música brasileira produzida por volta dos anos 70 e lamentando o vazio musical do presente. Embora eu concorde em parte com todos eles, não posso deixar de notar que todos foram escritos por analistas com mais de 40 anos.

A evolução faz mesmo com que tenhamos cada vez mais dificuldade para entender e aceitar o novo, ao mesmo tempo em que transforma as experiências vividas na mocidade em algo extremamente visceral e profundo. Eu também sou assim. Para mim também a música brasileira do final dos anos 60 até meio dos 80 não encontra paralelo em nada que foi feito depois. Mas meu pai não pensa assim. Nem meu sobrinho de vinte e poucos anos.

Para o meu pai, nada de bom surgiu depois de Lamartine Babo, Noel Rosa, Vicente Celestino ou Francisco Alves. Ele não consegue gostar muito de Elis Regina porque na opinião dele nunca haverá intérprete melhor do que Dalva de Oliveira. A Tropicália ou a Jovem Guarda aconteceram quando a geração dele estava ocupada demais criando filhos. Eles não tinham tempo para estas bobagens de gente jovem reunida com muitas ideias na cabeça e vontade de mudar o mundo. Para eles, era coisa de um bando de desocupados cabeludos com caras de sujos.

Já o meu sobrinho nem havia nascido quando tudo aquilo acontecia nos anos 60 ou 70. Não dá para exigir dele que tenha qualquer relação com aquilo. E, embora achemos que esta garotada de hoje não tem nada na cabeça, esta geração que nasceu no final dos anos 80 já terminou a faculdade, já está casando e tendo filhos. São jovens adultos que sabem muito bem o que querem sim, mas expressam isto de outra forma mais condizente com os tempos que estão vivendo.

Em resumo, período musical realmente relevante e efervescente é aquele que vivenciamos em nossa mocidade, quer ela tenha acontecido nos anos 50, 70 ou no início deste novo século. Por isto é sempre bom analisar qualquer cenário cultural pela relatividade da idade. Conforme envelhecemos, nossa memória afetiva se fixa na mocidade e cria uma efervescência que talvez só tenha existido para os nossos olhos.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

O efeito ripple

Parece que as figuras públicas ainda não se deram conta que vivemos na era da comunicação, quando uma coisinha qualquer dita sem qualquer pretensão em um momento de descuido reverbera por todo o universo com a velocidade da luz. É a era da internet rápida, das redes sociais, do compartilhamento, do milagre da multiplicação.

Nesta semana foram Rupert Everett, Paris Hilton e Mitt Romney que vieram com bobagens colossais sobre a incapacidade de casais gays cuidarem bem dos filhos, sobre a AIDS ser um castigo para os gays, e sobre 47% da população americana ser formada por "encostados". Paris Hilton nem tem nível para estar aqui neste blog, mas este tipo de declaração é muito baixo venha de quem vier. Quem dera alguém em um futuro próximo invente um filtro de ideias para as figuras públicas de pouca massa cinzenta.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Good night, Rachel

Achei sensacional este comercial americano com a Jennifer Aniston, como se fosse feito a partir de imagens secretas roubadas das câmeras de segurança da casa da atriz. Acho um barato quando um ator ou atriz tem senso de humor para rir de si mesmo.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Posso ser franco?

Quando a gente vê um comercial de margarina não para para pensar que a casa é um cenário de papelão, o casal não se conhecia até uma hora antes e o cachorro é alugado por hora. A gente quer ser enganado, quer viver a ilusão. Dá raiva só de imaginar que depois que o diretor grita "corta!" a Adriana Esteves e a Débora Falabella se abraçam e vão juntas ao banheiro.

Por isso eu adoro esta brincadeira de desligar a máquina da ilusão de vez em quando. Já imaginou como seriam a televisão e o cinema se resolvessem ser absolutamente francos? Esta turma que faz os honest trailers bolou umas jogadas sensacionais. O trailer de Jogos Vorazes, por exemplo, seria assim:


E antes de escolher os seus candidatos na próxima eleição, tente imaginar a propaganda política nesta realidade paralela da franqueza obrigatória. Seria muito mais útil e mais esclarecedor:

domingo, 16 de setembro de 2012

Surra de pica

A ótima revista Trip dedica a edição de setembro todinha ao melhor amigo de qualquer homem, seja hétero ou gay: o pinto. Entre as várias reportagens e entrevistas muitíssimo interessantes, um artigo relembrando o livro Homens, de Vânia Toledo, o primeiro a desnudar nomes conhecidos em um "tempo em que artistas não eram celebridades, a nudez não era um produto de marketing, e o mundo era muito menos careta".

Tem também uma entrevista com o jornalista Jorge Kajuru que explica como é conviver com uma prótese que deixa o pênis ereto 24 horas por dia, e um artigo de Luiz Alberto Mendes descrevendo a relação com "seu melhor amigo" durante os 30 anos que passou na prisão. Também muito interessante é o artigo "Por que não há Grindr para héteros?" - você já tinha pensado nisto?

E esta ninguém pode deixar de ler: uma reportagem sobre uma sessão de fotos de cuecas para descobrir qual pose, luz e ângulo privilegiam a anatomia masculina. Ah, e tem também uma seção sobre o uso linguístico do pênis para a relembrar os outros nomes pelos quais se apresenta o caralho, pica, rola, vara...

Uma boa notícia: a revista Trip é disponibilizada grátis e na íntegra no iPad.


sábado, 15 de setembro de 2012

Usa gola V? É gay


O Jorginho, personagem de Cauã Reymond em Avenida Brasil, é provavelmente gay segundo o ministro da educação da Malásia. O personagem da novela aparece comumente usando camisetas com gola V, um dos itens listados em uma cartilha de autoria do ministro para ajudar os alunos do país a detetar e se proteger dos homens gays. Corpos musculosos, roupa justa e colorida, camisas sem manga e bolsas grandes são outros indicadores para se ter em mente. Algumas entidades se revoltaram e já existe uma página no facebook criando o National Wear V-Neck Day.

A nossa sorte é que para detetar gente burra não é preciso nenhuma cartilha. Burrice é praticamente impossível de se esconder, como o próprio caso está servindo para mostrar.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Porque hoje é assim

A garota de Santa Catarina que denunciou as más condições da escola postando fotos no facebook deixou uma ótima lição. Esta garotada começa a usar de forma eficiente os canais disponibilizados pelas novas tecnologias e ainda tem muito a ensinar para todo o país e o mundo. É esta a mensagem neste outro vídeo de uma declaração de amor entre dois rapazes feito em uma escola e com a ajuda dos colegas. Não tenho informação sobre onde foi feito, mas o vídeo tem tudo para viralizar e servir de recado para os políticos evangélicos que eles podem enfiar o tal 'kit gay' no cu - esta criançada não precisa mais dele.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Foi pênalti?

O ambiente do futebol profissional ainda é extremamente homofóbico. A novela Avenida Brasil mostrou há pouco tempo um jogador que deixou de ser escolhido por um olheiro devido aos rumores de homossexualidade. Mas está chegando a hora de os jogadores gays se assumirem sem problemas.

A chanceler Angela Merkel, juntamente com a Federação Alemã de Futebol e o Bayern de Munique, garantiram hoje total apoio para que jogadores de futebol homossexuais se assumam. Segundo eles, o futebol precisa espelhar a sociedade aberta e tolerante da Alemanha.

Certamente na Alemanha não existe um grupo de deputados pastores fazendo cara de nojinho para as declarações da chefe de governo. E o Brasil, que já foi a terra do futebol (hoje não está nem entre os dez melhores do mundo) vai ter agora a chance de aprender mais um pouco com os alemães.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Barbra Streisand - Release Me


Dizer que a voz da Barbra Streisand é perfeita é pouco. Eu me sinto sangrar quando a ouço cantando - como se esta voz mais-que-perfeita tivesse o poder de uma lâmina. E estou comemorando o fato de que ela resolveu revirar o baú onde guarda em perfeito estado todas as gravações que já fez em toda a vida para escolher algumas músicas inéditas para seu novo disco que chega às lojas no início de outubro.

Release Me é composto de 11 gravações inéditas feitas entre 1963 e o presente, basicamente músicas que acabaram sendo cortadas no último minuto por falta de espaço nos discos, ou partes de projetos que não decolaram. A relação das músicas escolhidas para finalmente ver a luz do dia pode ser conferida aqui, e eu estou salivando só de pensar na interpretação de Home (de O Mágico Inesquecível (The Wiz). Minha outra favorita, I Think It's Going To Rain Today (que estava guardada desde 1971), já foi liberada como aperitivo, e já me deixou ainda com mais vontade de devorar Release Me inteiro...




Levando o Jon Hamm para passear

Se você ainda não conhece a fama do Jon Hamm, então comece lendo por aqui. Isto mesmo, ele não tem o menor pudor em exibir os atributos que carrega no meio das pernas e parece dizer o tempo todo "eu tenho um pinto enorme e gostoso, sim, viva com isto!".

Pois ontem o pinto do Jon Hamm saiu para passear um pouco pelas ruas de Nova York, e ainda levou o Jon Hamm e a namorada a tiracolo. Fontes não confirmadas afirmaram que o comércio fechou em plena 5a. Avenida.


segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O Rio está muito perigoso


A novela Lado a Lado que estreou hoje, além dos conflitos e dramas românticos obrigatórios, faz uma análise histórica romanceada da sociedade carioca do começo do século passado que a deixa extremamente interessante e que ajuda a entender porquê somos como somos hoje. A história se passa em 1903, época de grandes mudanças com os recentes fim da monarquia e abolição da escravatura, quando os negros buscam formas de se inserir na sociedade produtiva e os barões do café enfrentam o declínio de prestígio.

"O Rio está muito perigoso" foi uma frase ótima dita por um dos personagens no primeiro capítulo, servindo para destruir nossa visão normalmente idealizada do passado. "Esta batucada africana que chamam de samba nunca vai ter qualquer significação para a música brasileira" foi outra frase memorável para mostrar quão ridículas podem ser algumas profecias feitas no início do século passado quando analisadas em retrospecto.

A novela pretende mostrar também o surgimento da primeira favela no Rio como consequência direta da demolição dos cortiços, e a popularização do futebol entre os rapazes da sociedade que até então se dedicavam ao críquete. A elite carioca vivia nos elegantes bairros do Catete e Botafogo, e nem podia imaginar que mais de cem anos depois a disputa por status na novela das 9 seria entre a Zona Sul e o fictício bairro do Divino.

Mas que calor ô ô ô ô ô!!!


Fui ao centro da cidade hoje pela manhã e o assunto em todos os lugares parecia ser um só: nunca se viu tanto calor em um dia de inverno. Os meteorologistas confirmam que há 56 anos não se registrava tanto calor nesta época do ano.

Isto me fez lembrar desta foto linda do sol, acima, que a NASA publicou há uma semana retratando um efeito raro que é o desprendimento de um filamento solar. Aconteceu no último dia 31 de agosto e não gerou nenhuma tragédia e nem significou o fim do mundo. Parece pouco? Então olhe esta outra foto, abaixo, que mostra o nosso minúsculo planeta Terra em escala comparada com o filamento desprendido. Não é de dar medo? Especialmente neste ano de 2012...


sábado, 8 de setembro de 2012

Perto do céu


Ontem fui passar o dia em São Francisco Xavier, aos pés da Mantiqueira, e no caminho parei na cidadezinha de Monteiro Lobato. Eu já estive ali algumas vezes mas nunca tinha tido a oportunidade de entrar na igreja matriz, que fica no alto de uma colina íngreme. Subi a ladeira sob o sol escaldante do meio-dia e fiquei maravilhado com o que vi lá em cima. Fiquei um tempo sentado nos bancos da igreja me recuperando da insolação e me maravilhando com toda esta arte estampada nas paredes e no teto da igreja que, pela simplicidade do exterior, não denuncia a presença de um interior tão ornado e interessante.

Apesar de ateu de carteirinha, sou grande admirador da arte sacra. Para mim, igrejas são museus. Acho absolutamente incrível como vilarejos pequenos e simples aqui no Brasil conseguem reunir tanta arte em suas igrejas.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Underwear intervention


Por que será que os homens héteros normalmente são tão relaxados com a roupa de baixo? Basta observar os caras se vestindo no vestiário da academia para ver que grande parte dos héteros usam cuecas frouxas, de elástico solto, encardidas, furadas, descosturadas. E como é que uma esposa pode ser tão desmazelada e deixar o marido usar aquilo?

É claro que existem exceções, mas os homens gays normalmente têm uma fixação especial na escolha de roupas de baixo atraentes e sexy. Por isto, se você é hétero, chame seu melhor amigo gay quando for comprar cuecas novas e evite dar vexame na frente da namorada - tenho certeza que muita gente vai querer ajudar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

When all the salt is taken from the sea
I stand dethroned
I'm naked and I bleed...



Se você também acha que Freddie Mercury foi uma das melhores coisas que já aconteceu em toda a história da música, então vai ter uma razão para comemorar. Está chegando esta semana às lojas Barcelona Special Edition, edição comemorativa de 25 anos do último registro solo do cantor que inclui três CDs e um DVD. Além do disco com as gravações originais de 1988, a edição especial inclui um CD com takes alternativos (incluindo uma linda versão de How Can I Go On com arranjo de piano), e um terceiro disco que refaz todo o disco original substituindo os arranjos de sintetizadores por orquestra. Ouvi e me emocionei muito.

Freddie Mercury faleceu em 1991 sem ter conseguido realizar o sonho de cantar com Montserrat Caballé na abertura dos Jogos Olímpicos de Barcelona no ano seguinte. Ele completaria 66 anos de idade hoje.

Roubando o show


O fato aconteceu no final do ano passado mas está tendo mais repercussão agora que Mitt Romney foi confirmado como candidato republicano para a presidência dos Estados Unidos. O candidato estava em campanha em New Hampshire quando entrou em uma pequena lanchonete e se sentiu atraído por um veterano de guerra. Velhinhos simpáticos, principalmente ex-militares que lutaram pelo país, rendem bons momentos de campanha e votos. Mitt Romney se senta sem cerimônia e conversa animadamente com o ex-soldado que pergunta sobre a posição do candidato em relação aos casais homossexuais. Mitt Romney, obviamente, reforça sua visão preconceituosa que casamento só pode existir entre um homem e uma mulher.

O que Mitt Romney não poderia ter adivinhado é que Bob Garon, o ex-militar, é gay. A partir daí o caldo desanda para Mitt Romney, e Bob Garon rouba completamente o show numa linda demonstração de orgulho.





terça-feira, 4 de setembro de 2012

Pernambuco te quer, e muito


Eu tenho um amigo que costuma dizer que no nordeste todo mundo é mais ou menos bissexual. Exageros à parte, existe no nordeste, sim, uma grande aceitação da diversidade e uma maior fluidez entre as várias tendências sexuais. Especialmente por isto, é extremamente injusto que uma organização de disseminação de ódio homofóbico use o nome do estado de Pernambuco.

O anúncio acima foi veiculado em algumas publicações do estado e imediatamente gerou revolta nas redes sociais. Além de cair no velho erro de equiparar a homossexualidade com crimes como a pedofilia ou a prostituição, a organização fala em nome do estado sem ter recebido autorização para isto. O endereço mostrado no anúncio leva à página de uma organização de nome JAVÉ, seja lá que raios isto signifique. O site é um conjunto de asneiras, burrices e idiotices tão grandes que nem dá para comentar aqui (mas lendo-se o artigo Você é a favor da discriminação aos homossexuais? dá para se ter uma ideia do naipe da coisa).

Apesar de tudo, não consigo desejar a eles nenhum mal. Apenas gostaria que eles morressem de gangrena no cérebro. Lentamente.


segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Vingador / Ditador / Procura-se

Há algum tempo não vejo um filme daqueles que tocam e fazem a gente ficar dias digerindo o que viu. Os três últimos filmes que vi no cinema perdem fácil para os capítulos eletrizantes de Avenida Brasil.

A nova versão de O Vingador do Futuro perde para a versão de 1990 com Arnold Schwarzenegger. É claro que a tecnologia 22 anos depois permite que o filme tenha um visual mais elaborado - a cenografia é realmente exuberante e a representação futurística do planeta é de encher os olhos. Mas isto não salva o filme. A história é interessante, inspirada em um conto de Philip K. Dick, mas o filme ficou devendo. Parece ter copiado descaradamente algumas soluções visuais de A Origem.

O Ditador sofre do maior mal que pode acometer um filme: é chato. As piadas são rasteiras e antes da metade a gente já está olhando para o relógio impacientemente. Há uma cena com uma mulher grávida em trabalho de parto que me fez mentalizar com força para que terminasse logo porque o constrangimento beirava o insuportável. Sasha Baron Cohen já provou ser excelente ator e deveria considerar investir em uma carreira de filmes sérios.

Procura-se Um Amigo Para o Fim do Mundo é bonitinho, mas anda em círculos sem conseguir se decidir se é uma comédia romântica ou um romance de humor negro. Tem a vantagem de partir de uma premissa interessante: em três semanas a Terra será destruída por um asteroide gigante e todo mundo tem que decidir como quer passar os últimos dias. O tema da destruição do planeta, que normalmente gera filmes de ficção científica cheios de efeitos pirotécnicos, fica aqui concentrado nas pessoas, principalmente nos personagens de Steve Carell e Keira Knightley, dois perdidos à procura de um sentido para a vida nestes últimos dias. 



domingo, 2 de setembro de 2012

Rumer

Rumer nasceu no Paquistão, filha de um engenheiro inglês que trabalhava em Islamabad na construção de uma represa. Foi só depois que a família já havia se transferido de volta a Londres e que os pais haviam se separado que Rumer descobriu que seu pai legítimo era um cozinheiro paquistanês amigo da família.

Há mais de dez anos que Rumer vem mostrando sua voz doce em várias formações diferentes de grupos musicais, mas só mais recentemente foi alçada à fama. Sua voz é frequentemente comparada à de Karen Carpenter, e Rumer foi escolhida por Burt Bacharach e Hal David como a intérprete atual para suas composições que vêm embalando gerações há várias décadas.

Hal David faleceu ontem aos 91 anos de idade, mas teve a oportunidade de ver Rumer cantando no evento realizado em maio último na Casa Branca, quando ele e David Bacharach receberam o Prêmio Gershwin. Rumer foi uma escolha pessoal da dupla de compositores para o evento.



Rumer lançou o álbum Boys Don't Cry há cerca de quatro meses, só com músicas escritas nos anos 70 por compositores homens. Sara Smile, Travelin' Boy, Home Thoughts From Abroad são apenas algumas das músicas que ganharam nova interpretação na voz de Rumer.

sábado, 1 de setembro de 2012

Subgente


Estou aqui lendo, horrorizado, a história da garotinha de cerca de 11 anos de idade que usou algumas folhas velhas de papel para acender uma fogueira em Islamabad, no Paquistão (aqui, aqui e aqui). Muito pobre, com um pouco de atraso mental e analfabeta, a garotinha não podia adivinhar que aqueles papeis continham folhas do Corão. Resultado: ela está presa, separada da família (que está escondida com medo de retaliações). Durante a semana uma multidão de pessoas se juntou, não para exigir a libertação da garotinha, mas para tentar linchá-la por ter cometido uma blasfêmia tão grande.

Nestas horas alguns pensamentos horríveis passam pela minha cabeça. Que muitos povos não têm mesmo conserto, e que muita gente é mesmo inferior ao que costumamos definir como ser humano.