As coincidências entre os personagens Nina, de Avenida Brasil, e Lisbeth, da trilogia Millennium, sempre foram bastante claras desde o início. Embora as duas histórias sejam substancialmente diferentes, as duas heroínas lutam contra membros da própria família para vingar o passado, movimentam-se pela cidade sobre duas rodas, não se vestem como as mocinhas típicas dos romances, foram enterradas vivas, e em sua sede de vingança são alimentadas pela mesma garra e tenacidade de seus algozes.
A estrutura da narrativa de João Emanuel Carneiro também obedece a uma divisão em três partes: a primeira com o cerco de Nina ainda incógnita na mansão de Carminha, a segunda com a queda das máscaras e o embate corpo a corpo das duas antagonistas, e a terceira parte que começa agora: a queda do castelo.
No terceiro segmento da obra de Stieg Larsson a heroína está de mãos atadas e praticamente observa seus inimigos sucumbirem ao seu redor com o efeito de tudo que ela havia plantado. Parece que em Avenida Brasil também vai ser assim. Nina e Jorginho já repetiram ad nauseam a história que soa inverossímil para a família, mas conseguiram plantar na cabeça do leso Tufão uma semente de dúvida que começa a germinar. Nesta semana o casal de mocinhos não vai precisar fazer muito para que Carminha e Max se autodestruam e todo o castelo da farsa caia por terra.
A tradução literal do título do terceiro livro de Larsson é "o castelo de ar que explodiu". Nos países de língua inglesa foi chamado de "a garota que chutou a casa de marimbondos". Qualquer destes títulos é bastante apropriado para descrever o clima na mansão dos Tufão nesta semana.