segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cansei de ficar pedindo perdão

No último sábado o cantor mexicano Christian Chávez recebeu em Los Angeles o prêmio de melhor artista musical em língua espanhola da GLAAD (Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação). Eu não gosto do Christian Chávez, nunca assisti à novela mexicana Rebelde e não conheço a banda RBD, e também não faço a menor questão de tentar descobrir o que tenho perdido com isto. Realmente, não é a minha praia. Mas eu aplaudo de pé quando um artista gay usa sua condição de celebridade para lutar pelo que acredita, batendo de frente com a sociedade e principalmente com a igreja.

Então eu confesso que adorei, muito mesmo, os 35 segundos iniciais do vídeo da música Libertad. O resto do vídeo pode até ser um lixo, mas o diálogo de confessionário nestes segundos iniciais é brilhante:
- Perdoe-me, pai, porque pequei.
- A graça e o perdão de nosso senhor não têm limite. Confessa teus pecados e serás livre.
- Este é o problema, padre. Já não há nada para confessar. Cansei de ficar pedindo perdão.



5 comentários:

Papai Urso do Interior disse...

Idem e ibidem sobre carreira anterior e musical do artista (RBD sucks, tb não sei nem nunca vou saber o que 'perdi', rsrs) mas acho mesmo q as pessoas tem má vontade c/ artistas latinos q não são pré-manufaturados nos EUA, mesmo o cara enfrentando barra de se assumir em cultura de moral cristã-repressora, quebrar c/ tabus e por cabeça a premio (é sempre um tiro no escurro, talvez ele grave d novo, talvez nunca mais se gravadoras d lá acharem q não é comercialmente rentável...). Acho Libertad suprassumo do outting q ele fez, mas é a tal coisa: dança-se qualquer droga c/ letras (absurdas most of times) em inglês, mas em espanhol ou português todos fazem cara d nojinho aristocrático, esse vídeo (Libertad), c/ exceção da licença fechadérrima do figurino é muito lindo pq bota no caldeirão tudo que tira a paz da maioria dos gays latinos: igreja, solidão e crimes de ódio em manchetes de jornal. Desse Chávez dá pra ter orgulho, mesmo sem nunca te-lo visto ou sabido direito sobre.

S.A.M disse...

Até que em vista de outros, não os vejo com essa coisa toda. Mas esse clipe de fato foi o mais interessante deles.

Curto musica latina, mas nao esse pop chiclete deles.

Abração!

TONY GOES disse...

É curioso como países católicos mais repressores geram celebridades gays mais militantes e radicais que o permissivo Brasil.

OK, tivemos Cazuza e Renato Russo, mas cadê músicas abertamente homoeróticas que no repertório deles?

Enquanto isto, o caretíssimo Peru já tem há nos o apresentador de TV e escritor Jaime Bayly. Algo como um Jô Soares mais jovem, mais magro, mais bonito, mais politizado e abertamente gay (OK, não é o Jô Soares).

O México também tem alguns exemplos. Mas no Brasil só as cantoras podem sair do armário, como Ana Carolina ou Maria Gadú.

A se pensar.

Luciano disse...

@TONY:
Eu já pensei muito sobre isto também. Acho que em matéria de auto-aceitação não evoluímos na mesma velocidade que outros países da América católica.

O caso do Ricky Martin é icônico, e acho que o Christian Chávez também - eles não só sairam do armário como usam toda a força que acumularam para virar ativistas da causa gay. Vc consegue imaginar algum cantor ou ator de primeira grandeza no Brasil passando por este processo? Aqui estamos ainda todos na fase da "negação". Alguém vai ter que ser o primeiro.
**

Horny Anonymous disse...

Gianecchini podia ser o primeiro, mas é um cagão! Na música há pérolas descaradamente (adoro!) gays como "Rubens" do Premeditando o Breque, regravada posteriormente por Cássia Eller que jogou mais pimenta em trechos como "O tempo todo sonhando com a tua pica na minha". Ui, arrepiou!