Um dos resultados da reunião de blogueiros do último sábado, segundo o
Tony, foi a sábia decisão de se adotar uma estratégia que há muito já é utilizada nas várias campanhas estaduais nos Estados Unidos e que se provou também vitoriosa na campanha argentina pela igualdade de direitos nos casamentos hetero e homossexuais. É preciso que passemos a dar nomes corretos aos bois, e isto é muito mais do que uma simples questão de semântica.
"Casamento gay" é uma expressão a ser evitada, e é fácil compreender porquê. Os homossexuais não querem que seja estabelecida uma nova instituição para cobrir as suas reivindicações. Ninguém espera que os legisladores se sentem durante anos para estabelecer um novo instituto legal que proteja os interesses dos homossexuais. O que os homossexuais querem é bem mais simples: a extensão do já estabelecido estatuto do casamento, sem uma vírgula a mais ou a menos, para os casais formados por dois cônjuges do mesmo sexo. Com isso, o reconhecimento que uma família formada por dois cônjuges do mesmo sexo merece a mesma proteção do estado. E que uma família de cônjuges homossexuais não é uma família de segunda classe, não é uma coisa menor, não é um desvario passageiro de duas mentes insanas.
O que se busca é simplesmente RECONHECIMENTO. RESPEITO. DIGNIDADE. IGUALDADE. JÁ!
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UPDATE (08:15 h) - Ótima notícia ver que a FOLHA DE S. PAULO publicou hoje um editorial com o título "Casamento Gay". Apesar de usar a expressão equivocada, o editorial é simpatizante. E termina assim:
"Curiosamente, países onde se imagina ser mais forte do que aqui a influência do clero - como Portugal, Espanha e a própria Argentina- foram mais rápidos em aprovar o casamento homossexual do que uma nação supostamente liberal em termos de costumes, como o Brasil.
O elogio da informalidade, a indiferença pelas formas jurídicas, tantas vezes presentes nos discursos apologéticos sobre o país, esconde aqui um lastro de timidez e subserviência ao preconceito que cobra, de muitos casais de homens e mulheres, o preço de dificuldades na vida prática e de uma semiclandestinidade no mundo legal sem nenhuma justificativa, exceto o obscurantismo religioso".
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Na mesma edição de hoje da FOLHA, excelente artigo de Alexandre Vidal Porto, diplomata de carreira, mestre em Direito por Harvard e autor de "Matias na Cidade", sob o título "Chore Por Nós, Argentina", traz:
"Mas as autoridades brasileiras insistem em continuar de olhos fechados para essa questão. O Congresso se recusa a discutir qualquer direito homossexual. É como se os legisladores decretassem a inexistência dos homossexuais no Brasil. Acontece que eles existem e estão em toda parte. São homens e mulheres, filhos e irmãos. Têm amigos. Dedicam-se a todas as profissões. Pertencem a todas as classes sociais e grupos étnicos. Pagam impostos, votam e contribuem para o progresso."
E termina assim:
"Para um homossexual, tanto faz viver no Brasil ou no país mais subdesenvolvido do mundo. O país continuará a envergonhar seus cidadãos enquanto as minorias continuarem no abandono".