quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Cada sorriso é um flash

Minha primeira máquina fotográfica era grande e pesada, made in Russia, comprada de segunda mão em uma loja em Londres quando fui estudar na Inglaterra no final da adolescência. O peso não impediu que ela se tornasse minha companheira constante por vários anos. Foi com ela que eu aprendi os conceitos de profundidade focal, velocidade do obturador, exposição, composição - todo o básico para se entender fotografia.

Fotografia era um hobby que demandava uma paciência imensurável. Havia um tempo enorme entre tirar uma foto promissora, enviar para revelação, e receber do laboratório. Dias, às vezes semanas, para se ver o resultado, algumas vezes frustrado por uma má combinação de velocidade e abertura ou por uma falha no foco.

Mais tarde, já com uma Pentax, bem mais moderna e leve, fiz várias viagens de trabalho para o Iraque, a Arábia Saudita e o Qatar. Para capturar o povo local, muito pouco simpático à ideia de ser fotografado, eu usava um conjunto de lentes em espelho que faziam ângulo de 90º. Fotografava as pessoas ao meu lado enquanto apontava a câmera para a frente - um artifício divertidíssimo que me rendeu fotos muito interessantes.

Só muito recentemente me rendi à fotografia digital. Mas não gosto das máquinas compactas totalmente automáticas que pensam e decidem tudo pelo fotógrafo. Prefiro uma câmera digital com cara de câmera analógica SLR, que tenha "pegada" de câmera antiga, e que permita que o fotógrafo controle a foto manualmente para obter o efeito que deseja. Fotografo olhando pelo visor e não pelo display LCD, hábito de fotógrafo de câmera analógica que causa estranheza em muita gente.

As duas imagens que escolhi para ilustrar esta postagem estão entre as minhas favoritas. Gosto da foto do rapaz de Curinga tirada em um domingo à tarde na Feira de Santelmo em Buenos Aires porque havíamos trocado um sorriso antes, e quando apontei a câmera ele ficou repentinamente tímido. A foto conseguiu capturar o olhar subitamente contido. Cumplicidade entre fotógrafo e fotografado pode gerar resultados surpreendentes. Gosto da foto do Congresso Argentino refletido no vidro do edifício que o ladeia pelo contraste das arquiteturas do prédio do congresso e do prédio que serviu de espelho.

Outras fotos minhas estão aqui, aqui e aqui.

Um comentário:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

belíssimos exemplos de que a fotografia é uma arte mesmo ... eu não tenho muita paciência com o fotografar mas adoro ver fotos ...

bjux

;-)