sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Amanhã há de ser outro dia

Seus tataravós viram muito poucas mudanças nos costumes ao longo de suas vidas - eles praticamente nasceram, viveram e morreram em um mesmo mundo. A evolução social era lenta, e os costumes seguiam práticas tradicionais que permaneceram intocadas durante décadas.

No mundo atual os costumes mudam com maior velocidade. Nosso mundo já não é o mesmo de 10 anos atrás. Segundo o sociólogo americano Brian Powel, um dos autores do livro "Counted Out: Same-Sex Relations and Americans' Definitions of Family" previsto para lançamento no próximo mês, nenhum costume tem mudado tanto e tão depressa quanto a aceitação dos gays.

Quando Cristina Kirchner assinou no mês passado a lei da igualdade no casamento na Argentina, fez questão de frisar que, dentro de alguns poucos anos, vai ser difícil acreditar que os gays não podiam casar até então. A conquista de direitos civis por uma parcela da população sempre é assimilada com muita rapidez, principalmente porque o assunto é geralmente tratado como a correção tardia de uma injustiça vigente durante anos. Quando se pergunta para qualquer americano sobre o tempo em que negros eram proibidos de casar com brancos, eles geralmente acham que isso ocorreu há mais de cem anos atrás - e se surpreendem de descobrir que esta lei só foi derrubada em 1967.

religião sempre foi a principal barreira à evolução dos costumes. Não é à toa que Caetano Veloso se referiu à "incompetência da américa católica que sempre precisará de ridículos tiranos" na música cujo título resume tudo: Podres Poderes. Por isso é notável o fato de estados onde o catolicismo sempre foi bastante arraigado, como a cidade do MéxicoPortugalEspanha Argentina, já terem aprovado o casamento para os gays. Sinal evidente do enfraquecimento da igreja, o que tem permitido muitos avanços nos costumes sociais. Na Argentina, embora 92% da população se declare católica, apenas 20% realmente pratica a religião, que tem tido cada vez menos importância para as novas gerações.

As pesquisas sobre costumes da sociedade têm mostrado que os mais jovens aceitam as mudanças com muito mais facilidade, e já existe entre eles uma tendência a não enxergar o estigma que sempre acompanhou os gays. Os mais jovens tendem a considerar a orientação sexual como "uma variação benigna, de modo que a diferença entre um casal gay e um casal hétero não tem tanta importância".

Em todo o mundo é crescente o número de famílias que fazem questão que seus filhos convivam com a diversidade e participem da luta pelos direitos civis. Para estas crianças vai ser muito difícil acreditar que um dia houve preconceito contra os gays e que os gays já tiveram menos direitos que os héteros - eles vão jurar que isso só ocorria na Idade Média.

5 comentários:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

e estarão certíssimos ... estamos ou não estamos na Idade Média II?

bjux

;-)

Humberto disse...

Nenhum blogueiro carioca vai comentar sobre a prisão do Cabral/dealer/suicídio/TW (centro das drogas)e as drogas na noite gay????.....Quem vai ter coragem de falar???....

Thiago Lasco disse...

Parabéns pela análise, excelente (e encorajadora!)

Papai Urso do Interior disse...

Assim seja... Tenho dois lá em casa que estão crescendo e uma hora virá a fatídica conversa em que terei d abrir p/ eles o real q nem sempre é o ideal, mas é melhor q a mentira... Ser pai e gay é uma benção! Ex-mulher é q é o cão!

Luciano disse...

Papai Urso do Interior:
Perto do dia dos pais eu comentei sobre uma reportagem especial da Folha de S. Paulo sobre pais que se assumem gays para os filhos. Dê uma olhada aqui.