sábado, 16 de outubro de 2010

Overdoses

Nem bem me curei desta overdose de política que tem me deixado quase doente, encontro-me agora exposto à overdose de família. Estou em Minas, lutando com um wi-fi lento, o cansaço pela festa de família de ontem e os preparativos para o casamento de hoje.

Foi quando recebi o convite com o meu nome cuidadosamente caligrafado que comecei a me dar conta da grande importância que as familias em geral atribuem a este rito de passagem. É quase uma obrigação para a família toda participar - e você acaba sempre encontrando com aquela ala estendida da família que só se vê em casamentos e enterros.

Eu passei as últimas horas cumprimentando as tias velhas, fingindo atenção ao ouvir cada um dos nomes dos filhos dos primos que ainda não conhecia, e repetindo sem parar "nossa, quanto tempo!", "nossa, como o tempo passa!". Não é que não seja bom. É gostoso rever todo mundo. Mas, considerando que sou extremamente antissocial, este não é o programa que eu normalmente escolheria para o meu final de semana.

Uma mulher que se preze jamais repete um vestido em casamentos. Casamento é festa que requer roupa nova e inédita. E elas sabem que as amigas vão reparar e lembrar exatamente onde foi que o vestido mostrou a cara antes. O que comprova que as mulheres se vestem para as outras mulheres e não para os homens, que normalmente não prestam atenção a este tipo de coisa. Tenho certeza que vou me divertir um pouco com os arroubos de criatividade feminina: os grandes casamentos sempre têm pelo menos uma mulher vestida com algo que lembra um abajur.

8 comentários:

Daniel Cassus disse...

Fui ao casamento de uma prima no sábado passado. Foi exatamente como você descreveu. um monte de gente que eu nem lembrava mais. Casamento católico é o apogeu da cerimonialização do machismo, não acha? O pai entregando sua filhinha a outro varão.

Anônimo disse...

Seu texto me fez desejar reencontrar num casamento desses, aquele priminho de infância, ainda mais lindo, e ter oportunidade de retomar as brincadeirinhas que fazíamos escondidos quando estávamos em férias...

Guilherme.

Lucas disse...

Pois é, só gosto de um tipo de casamento: o que ou o noivo ou a noiva são RICOS e tem bom gosto.

Se tiver o priminho da infância (evoluido para o bem, de preferência), melhor ainda.

[ joe ] disse...

Hahaha. tambem sou desses, antissocial demais pra rever muita gente. Quando 'tenho' que ir a almoço de familia e entro e vejo aquelas pessoas incontaveis e sei que tenho que falar com cada uma delas e tentar explicar brevemente porquê 'eu sumi', me dá um mix de preguiça com falta de paciência. hehe você não está só nessa. pelo menos vai se divertir com os vestidos e carões das mulheres da família casamento é outra história mesmo. casamento ain't no almoço de família.

divirta-se em Minas, fim de semana que vem eu que estarei por ai!

boa semana!

[j]

AliKerouak disse...

Depois conta como foi tudo! Histórias, causos, babados familiares, etc. Ainda te perguntam "quando vc vai se casar?" "cadê a namorada?"
Odeio isso!

Papai Urso do Interior disse...

Gosto de 'cagamentos', só por causa daquela esperança que há nos olhos de quem está prestes a se 'cagar' pelo resto da vida (pelo menos naquele momento)... Acham mesmo que vão se tolerar e se respeitar a vida toda, que as contas vencidas não interferirão no jogo sexual, que os filhos serão sempre compreensivos quando não puderem ganhar o PlayStation 7 ou 8 ou sei lá que modelo aquela droga estiver sendo comercializada no momento... enfim, e eu lá, presenciando a coisa toda, embora acredite que tal sacramento seja como submarino e ônibus lotado... rsrsrs... Ui, escorreu uma gota de ácido sulfúrico do cantinho de minha boquinha pequenina... rsrsrs...

Rodrigo disse...

aff... nem me fale, tenho um casamento pra ir, em uma pousada na praia do rosa em novembro, tem tudo pra ser show de bola, só espero que as parentas não transformem em um shô de horrores.

CriCo disse...

Me inclua fora dessa!