domingo, 26 de junho de 2011

Cuidado. Eu mordo.


Eu já critiquei muito a parada gay pela carnavalização e por achar que aquela gente eufórica demais não me representava. Também julgava estranha a princípio a ideia de casamento gay por achar que estavam almejando a cópia de uma instituição heterossexual imperfeita.

Foi preciso amadurecer um pouco para perceber que o movimento gay não gira ao redor do meu umbigo. Que tudo isto que está acontecendo é muito maior. Que precisamos antes provar que somos gente, que merecemos respeito, que temos direitos. Que tudo isto é o resultado de um movimento iniciado por quem teve a coragem de ir lá primeiro e dar a cara a tapa para ser reconhecido, para provar que os homossexuais não são uma aberração da natureza, um monte de lixo, uns trastes que podem ser pisoteados, mortos e mutilados em esquinas escuras a tijoladas e golpes de marretas.

É preciso gritar bem alto que não aceitamos mais isto. Por isto a melhor mensagem que eu vi nas fotos da parada de São Paulo foi esta estampada em uma camiseta, que eu espero esteja sendo lida por todos os religiosos radicais, pelos juízes homofóbicos, pelos machões ignorantes, e por toda a sociedade que ainda vive na hipocrisia: Cuidado. Eu mordo.

6 comentários:

dino costa disse...

rrrrrrrr-au!

varzo disse...

pois é... o bacana é sempre podermos perceber que sempre há algo depois de nossos umbigos. Sem dúvida nenhuma, existem vários lados da parada, mas sem dúvida nenhuma a mais importante é a visibilidade. Nossa luta não é parecida como o direito ao voto de mulheres e dos negros? Sempre vai existir dois lados da moeda não é mesmo?

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

é isto querido ... com ou sem carnavalização o movimento existe e tem o seu valor ...

Anônimo disse...

Esse lance da carnavalização ainda me deixa reticente em relação a Parada gay. Ela alimenta aquilo que até os piores dos homofóbicos aceitam, porque podem rir deles: a bichinha louca, de preferência com um toque de bizarro.

Não que elas não mereçam respeito e a tal da visibilidade, mas talvez o que me incomode, seja justamente o fato que essas pessoas terem(e só elas podem) uma visibilidade que eu não possuo.

Porque um advogado, filho, irmão, tio, classe média para lá de convencional e gay, parece não ter espaço nessas paradas.

Uma pena, já que eu gostaria tanto de fazer parte!

Julio Miau disse...

Se fossem todos de preto em protesto e luto pelo indecente primeiro lugar do ranking mundial de assassinatos homofóbicos eu dava um jeito de me deslocar até aí, muito digno e todo trabalhado no pretinho básico, mas pra isso, é mais do mesmo... Justo esse ano que tinha tudo pra bombar e ser mais politizado por conta de gentalha gospel, bolsonazi e todo hype sobre decisão do STF, foi justamente assim meia-boca...

Uma Cara Comum disse...

Pois é... Difícil agradar a todos ao organizar um evento que traz tanta diversidade, né??

Penso que a visibilidade é o principal, mas que precisa de ficar mais evidente na mídia quando se trata de invisíveis como o caso do Anônimo (que é advogado, filho, irmão...). Por isso, as pessoas que não se sentem representadas são as que mais deveriam aparecer em eventos assim, para se representarem. se todos os invisíveis fizessem isso, talvez eles apareceriam mais aos olhos da sociedade.

Além da visibilidade, acho muito bacana o efeito que uma Parada Gay pode propiciar para a gente: o sentimento de não estar sozinho, que existem 4 milhões de pessoas que estão próximas de vc... Fora as outras pelo Brasil a fora e aquelas que não foram... Enfim, essa "minoria" não é meia dúzia. E juntos, somos fortes!

Abraços!!

PS: não é a toa que eu tenho um leão como avatar. Eu tb mordo...