Se eu fosse entrevistar o bispo Malafaia eu começaria perguntando qual o seu grau de escolaridade. A maioria dos bispos eleitos deputados não tem nem ensino médio completo (muitos nem terminaram o ensino fundamental), enquanto os ministros que compõem o STF têm, na maioria, grau de pós-doutorado. Será que isto implica em alguma coisa? Certamente que sim, e não é pouco.
A Fundação Perseu Abramo realizou no ano passado em conjunto com a Fundação Rosa Luxemburg Stiftung uma pesquisa sobre a Diversidade Sexual e Homofobia no Brasil. A apresentação dos resultados está aqui (clicando-se nos ítens no menu do Indice à direita tem-se acesso aos vários gráficos representando os resultados de vários levantamentos interessantes).
Entre os resultados há dois que me chamaram bastante a atenção:
A parcela da população que pode ser considerada homofóbica corresponde a apenas 25% das pessoas. Isto representa uma quantidade grande de pessoas, mas significa também que 75% da população não é homofóbica. E mais: o barulho todo que ouvimos sai da boca de apenas 6% da população que é fortemente homofóbica.
Mas o mais impressionante, embora não surpreendente, é o gráfico que associa homofobia ao nível de escolaridade:
As conclusões são bastante óbvias. Quanto mais ignorante, mais homofóbico. Quanto mais instruído, menos homofóbico. Ou seja: a cura para a homofobia é a educação. Simples assim. Também não precisa muito para concluir que homofobia é sinônimo de ignorância e burrice.
13 comentários:
Luciano
Todos sabemos dessa história, e não somente por causa da aversão aos gays. Quanto mais ignorante e menos instruida for a pessoa mais preconceito e rancor ela carrega. A minha pergunta é, será, que a "quadrilha santa" está realmente interessada em instruir o rebanho. Acho que não. Infelizmente vivemos em um país atrasado onde uma elite burra e nefasta faz de tudo para não perder o seu poder. Aos que como você, lutam por um Brasil para todos e de todos, essa jornada só está começando. Temos muito que evoluir e digo isso em todos os sentidos.
Abs.
Educação pra todos os males, eis o meu discurso de uma vida inteira! Eu mesmo antes de sair p/estudar fora do meu povoado (até então meu único mundinho) há 16 anos atrás sequer cogitava me aceitar, uma luta interna árdua, preconceito é como um polvo gigantesco que te puxa pro fundo do mar da ignorancia. À medida que a gente adquire bagagem e escolaridade tudo se dissipa e se consegue então voltar à tona e respirar aliviado. Homofobia só cai com investimento maciço em educação, desigualdade social e inclusão idem.
Concordo. Mas também é necessário cautela, fica parecendo aquele outro argumento de que quanto mais rico menos preconceituoso, e não é bem assim.
Acredito que a homofobia ou qualquer outro preconceito envolvem múltiplas razões, e que devem sim, ser combatidas.
Abraço,
do seu leitor de Salvador-BA.
Concordo. Mas também é necessário cautela, fica parecendo aquele outro argumento de que quanto mais rico menos preconceituoso, e não é bem assim.
Acredito que a homofobia ou qualquer outro preconceito envolvem múltiplas razões, e que devem sim, ser combatidas.
Abraço,
do seu leitor de Salvador-BA.
Ola Luciano,
Se possivel da uma olhada nesse video:http://www.muquedepeao.blogspot.com/
Um abraço
Herbert_ITZ
@Herbert_ITZ:
Ao colar a URL do vídeo você acabou colando a própria URL do Muque de Peão. Manda de novo?
Abraço,
**
A questão da renda indicar associação negativa (como a instrução) para homofobia é válida. Mas só porque - seguramente (teria que checar com os dados) - há uma associação muito forte - que sabemos que é verdade - entre renda e escolaridade. O que estou querendo dizer é que uma - renda (escolaridade) - sempre traz uma componente muito forte, automaticamente, da outra - escolaridade (renda).
Abraço
Oi Luciano,
Mil desculpas,agora vai:http://www.youtube.com/watch?v=sEK-p2QO-wY&feature=related
Um abraço e origado pela atenção,
Herbert_Itz
Concordo com o anônimo leitor de Salvador-BA. Mas tem uma consideração possível de fazer: pode ser que não exista correlação direta entre homofobia e escolaridade e sim entre escolaridade e noção de que o preconceito é algo socialmente condenável. Assim, quanto mais escolaridade, mais o indivíduo se esforçaria para não assumir o próprio preconceito e tenderia a dar respostas politicamente corretas.
Além disso, o próprio autor sugere cautela na interpretação dos dados: "Antes de mais nada, como todo achado em pesquisa social, esse percentual é a expressão não de uma realidade objetiva, mas um dado construído. Outras perguntas, frases ou outras situações de proximidade com homossexuais que fossem sugeridas, ou ainda outra forma de classificar e pontuar as respostas obtidas poderiam levar a uma taxa global de preconceito diferente – com certeza a outra distribuição das frequências na escala de preconceitos leve, mediano e forte."
Por isso, mais cautela na comemoraç~]ao: sabemos que a educação ajuda, mas sozinha ela não salva o mundo.
Abraços!!!
Oi, Luciano.
Adoro seu blog e tenho um texto ótimo da Dianna Agron de Glee que acho que cairia bem para os assuntos que trata aqui. Só está em inglês e precisa ser traduzido. Ta meu tumblr nesse endereço. Se interessar...
Segue o link: http://abacrazytech.tumblr.com/post/6453421765/felldowntherabbithole-june-2-2000-what-does
Este argumento é brilhante. Pena que no Brasil as pessoas não se incomodem de ser mal-educadas. Se alguém não estudou, é porque não teve oportunidade - mesmo que esta oportunidade tenha aparecido mais tarde muitas vezes, como no caso do Lula.
Mas o fato é que a educação no Brasil está melhorando. Junte-se a isto o fato de que o brasileiro é emotivo e que quase toda família tem um membro gay. As pessoas não vão mais querer discriminar seus entes queridos. E as igrejas vão ter que se adaptar a isto.
O malafária é bispo? Pensei que fosse só pastor. Mas enfim...
Sim, o preconceito tem múltiplas origens, como diz o anônimo ali em cima. Mas pelo viés da educação dá pra consertar quase todas elas. Não acredito que a educação esteja melhorando: queremos acreditar que sim, mas olha, é uma batalha que estamos perdendo. E feio.
Luciano, é impressionante como essa constatação salta aos olhos. É só olhar o gráfico, nem precisa de maiores explicações.
Exatamente da mesma forma como acotnece com os votos dos países membros da ONU, que apresentou hoje resolução sobre a violação de direitos humanos dos homossexuais. Veja a lista de países que votaram a favor e contra a resolução, e diga se é necessário algum comentário adicional. A lista fala por si:
A favor: Argentina, Bélgica, Brasil, Chile, Cuba, Equador, Eslováquia, Espanha, EUA, França, Guatemala, Hungria, Japão, Maurício, México, Noruega, Polônia, Reino Unido, Coreia do Sul, Suíça, Tailândia, Ucrânia,Uruguai
Contra: Angola, Arábia Saudita, Barein, Bangladesh, Camarões, Djibuti, Federação Russa, Gabão, Gana, Jordânia, Malásia, Maldivas, Mauritânia, Moldova, Nigéria, Paquistão, Qatar, Senegal, Uganda.
Abraços
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