O novo filme do Arnaldo Jabor é chato, mas muito chato mesmo. O que é uma pena. A Suprema Felicidade tem cenas bonitas, reconstituição de época caprichada, bons atores, uma visão idílica do Rio pós Segunda Guerra - mas é impossível assistir a mais de 2 horas de atores declamando na tela em tom teatral numa história formada por fragmentos de memória em ordem não cronológica que a gente não tem a menor ideia para onde está indo.
É mais ou menos como uma coletânea de videoclipes. Alguns são mais interessantes, outros bem menos - mas assistir a uma sequência de videoclipes acaba cansando independente da qualidade. O filme tem uma certa grandiosidade e uma marcação meio amarrada que lembra em muito um grande musical. E faz a gente sair do cinema com a sensação que ficou faltando muita coisa - exatamente como se tivesse visto um grande musical onde ninguém canta.
E tem muita puta. OK, é esperado que nas memórias de um homem haja algum tempo dedicado a prostitutas, mas o filme parece não perder uma oportunidade de colocar uma puta em cena, às vezes muitas putas, às vezes uma multidão de putas. O tempo todo. Quase todas as personagens femininos são putas.
Marco Nanini e Elke Maravilha fazem os avós do personagem principal e conseguem deixar interessantes todas as cenas em que participam. João Miguel (de Estômago) faz um pipoqueiro tarado cujas cenas também conseguem elevar o filme. Foi graças a eles que eu consegui ficar acordado durante a projeção.