Em muitos aspectos a aprovação do casamento entre cônjuges do mesmo sexo nos Estados Unidos segue trajetória parecida com a aprovação do casamento inter-racial. E eu não tenho a menor dúvida que o resultado vai ser exatamente o mesmo: mais cedo ou mais tarde o assunto chega à Suprema Corte que derruba as proibições estaduais e o casamento igualitário passa a ser permitido em todos os 50 estados americanos.
O casal da foto é Richard Loving e Mildred Jeter, símbolos da luta pela derrubada da lei anti-miscigenação. Richard e Mildred eram do estado da Virginia, onde negros não podiam se casar com brancos. Viajaram para se casar no estado de Washington, onde o casamento já era permitido, mas quando retornaram foram acordados em casa pela polícia às 2 da manhã e presos pelo crime de estarem casados. Foram condenados a um ano de prisão e a pena foi suspensa com a promessa de que o casal deixasse o estado e não retornasse por um período de 25 anos. Nove anos depois, em 1967, o processo interposto pelo casal finalmente chegou à Suprema Corte, que decidiu unanimemente pela suspensão da proibição dos casamentos inter-raciais a nível federal.
Mas a memória da sociedade é curta demais. Apesar da imensa vergonha que a história acima nos causa ante a constatação de como o ser humano pode ser infinitamente cruel, vivemos no presente casos muito parecidos de casais que se amam mas são vistos pela sociedade como uma "abominação", exatamente como eram Richard e Mildred em um passado tão recente. Richard e Mildred tiveram três filhos, oito netos e onze bisnetos. Richard faleceu em 1975, aos 45 anos de idade, em um acidente de carro provocado por um motorista bêbado. Mildred faleceu em 2008, aos 68 anos de idade, de pneumonia. A história deles me comove e me inspira.
2 comentários:
Realmente a memória é curta, principalmente a americana. A história do casal é inspiradora e triste Luciano. E é mais triste pensar que, para que se chegue a um consenso sensato sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teremos de ver e ouvir muitos casos como esse, cheios de intolerância, preconceito e desinformação. Mas, parece que a humanidade sempre prefere aprender pelo modo mais difícil. Então, vamos aguardar.
Abraços Luciano.
nossa, lendo uma coisa dessas me dá uma raiva e ao mesmo tempo pena dessa gente cruel que existe por aí.
histórias como essa não devem ser esquecidas e tomara que sirvam de lição para as novas gerações aprenderem mais a se respeitar.
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