A gurizada de hoje fugiu para a frente do computador, mas quem foi adolescente nos anos 70, 80 e 90 sabe da importância que as novelas da televisão tinham naquela época, e certamente vai se lembrar de quem foram Salomão Hayalla, Viuva Porcina, Odete Roitman ou Herculano Quintanilha.
Foi em Saramandaia, de 76, que eu vi uma cena que me marcou para sempre e me fez repensar uma série de coisas sobre mim mesmo. Na história, o Prof. Aristóbulo (Ary Fontoura) era um homem tímido e soturno, que escondia um grande segredo: ele virava lobisomem nas noites de lua cheia. Ele era apaixonado pela bela e fogosa Risoleta (Dina Sfat).
Lá pelo final da novela o professor resolve contar seu segredo. Os dois estão sós, e ele diz a Risoleta que tem um grande defeito e que ela certamente não vai mais querer saber dele depois disso. O rosto de Risoleta se fecha todo, os olhos abaixam, ela praticamente murcha. Há um longo silêncio, o professor se enche de coragem e finalmente confessa que vira lobisomem nas noites de lua cheia. Risoleta fica muda, imóvel, paralisada. Depois vai subindo a cabeça lentamente, abre os olhos devagar, seu rosto se ilumina novamente e ela diz "mas isso não é defeito... isso é QUALIDADE!!!!"
8 comentários:
confesso que saramandaia não é do meu tempo, apesar de ter nascido em 76, não lembro de ter visto nem no 'vale a pena ver de novo'.
Gosto muito de novela (vide meus tags), pode parecer meio last week, mas e quem disse que me importo?
Beijos, guri.
Queria MUITO ter visto Saramandaia. Mas só fui nascer alguns aninhos depois... Será que vai reprisar no Viva?
Rodrigo e CriCo,
Se tiverem a oportunidade de assistir Saramandaia algum dia, não percam. A novela era um barato viajante - tinha a D. Redonda (que come até explodir), um homem que punha formigas pelo nariz, um lobisomem, e um cara que começa a crescer asas assim sem mais nem menos.
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Saramandaia era do Dias Gomes. O mesmo autor de o Bem-Amado e Roque Santeiro. Taí um sujeito que faz falta. Tinha uma ironia fina, conhecia o Brasil e suas contradições como ninguém. Em Saramandaia, abordou ou realismo fantástico, criando personagens com um toque sobrenatural em pleno Nordeste brasileiro. Tem alguma coisa de Cem Anos de Solidão, do escritor Gabriel Garcia Marquez, em Saramandaia. A galeria de personagens é inesquecível: Dona Redonda, a mulher que engordou até explodir, interpretada pela Wilza Carla; Zico Rosado, botando formiga pelo nariz, vivido pelo ator Castro Gonzaga; João Gibão, feito por Juca de Oliveira, que tinha asas e voou no final da novela; tinha ainda a Macina, personagem da Sônia Braga, que ficava em brasa quando se excitava; tinha também Seu Cazuza, ameaçando colocar o coração pela boca; além do lobisomem que você citou. Vale a pena ver de novo.
SENSITIVITY,
Dias Gomes faz muita falta mesmo. As gerações de hoje logo vão poder assistir a O Bem Amado no cinema - espero que seja tão bom quanto foi a novela.
Dizem que Dias Gomes escreveu Saramandaia logo após a proibição de Roque Santeiro. Ficou com tanta raiva que partiu para o realismo fantástico porque sabia que os censores não iam entender nada mesmo. Deve ter dado um nó na cabeça da D. Solange.
Abraço,
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Não peguei essa safra, sou de 1978... a minha fase noveleira foi de meados dos 80 a meados dos 90. Mas "Saramandaia" é uma novela recorrente nas conversas sobre novelas marcantes da TV...
Amigão, cai sem querer no seu blog...e curti muito oq li por aqui.
Novelas foram boas até o fim da decada de 90...depois a busca desenfreada pelo ibope engessou demais os autores.
Abarção...vou segui-lo.
Rafael,
Seja bem-vindo, a casa é sua!
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