quinta-feira, 31 de março de 2011
Cega e não sabia
Ah, se eu Fosse...
Quando eu assisti Burlesque, há algumas semanas atrás, fiquei admirado com a influência clara de Bob Fosse - mesmo mais de 20 anos após sua morte. Alguns artistas são dotados de uma genialidade tão grande e extraordinária que marcam todo um período.
Por isso é interessante comparar estas imagens de Bob Fosse no filme O Pequeno Príncipe, de 1974 - quando Michael Jackson ainda não passava de um garotinho de 16 anos mas já era uma estrela - e comprovar como um grande gênio como Michael Jackson consegue beber das águas de outro grande gênio como Bob Fosse para elevar a arte à máxima potência. Poucas mentes com este nível de genialidade circulam entre gente comum como nós a cada geração.
E muitíssimo obrigado ao amigo Dimas pela dica. Dimas, eu ainda vou passar uns dias neste paraíso de Jijoca de Jericoacoara que vocês escolheram para lar para sentarmos com as pernas dentro do lago enquanto o sol se põe e ficar jogando conversa fora. Grande abraço!
terça-feira, 29 de março de 2011
Rolando nas profundezas com John Legend
Eu adoro o John Legend. Ele tem uma das vozes da atualidade que mais me tocam. E também adoro o disco novo da Adele, que está vendendo mais do que coca-cola. Então não tinha como não ficar extremamente grato por este presentão que o John Legend está dando para todos os fãs: uma gravação a capela de Rolling In The Deep, do disco novo da Adele. Linda, luxo, cheia de soul. De chorar.
Este presentão pode ser baixado clicando-se na setinha de download abaixo da palavra "info" na barra da música. Para curtir, curtir, e curtir...
John Legend - Rolling in the Deep (Adele Cover) by johnlegend
Rob LOVE
Dá pra acreditar que Rob Lowe completou 47 aninhos há apenas duas semanas? Pena que ele tenha morrido na última temporada de Brothers & Sisters - a presença dele dava charme à série, que anda meio caída.
Neste último número da Vanity Fair Rob Lowe revela trechos de sua autobiografia, que deve ser publicada em breve. Ele conta historinhas pitorescas envolvendo famosos do naipe de Tom Cruise, Charlie Sheen, Demi Moore e Patrick Swayze. Conta até como Tom Cruise costumava ficar alterado, parecendo lobotomizado, na presença de Patrick Swayze. Pelo visto vai virar leitura obrigatória nos salões de cabeleireiro.
Se eu chegar aos 47 com metade desta forma física já vou me dar por satisfeito.
Dolly darling
domingo, 27 de março de 2011
VIPs
"Era um garoto que como eu amava os Beatles e o Legião Urbana..."
Marcelo Nascimento da Rocha se passaria por um garoto comum, como eu ou você, se não fosse um psicopata. Não destes que a gente vê em filmes cortando pessoas em pedaços sem sentir nenhum remorso, mas de um tipo não violento mas não menos perigoso. O rapaz tem um desvio caracterológico que aparentemente o impede de sentir medo e o faz viver em realidades imaginadas cuidadosamente arquitetadas. Carismático e bem articulado, ele faz com que todos ao seu redor embarquem nas mirabolâncias de sua mente sem desconfiar do embuste. As histórias das fraudes arquitetadas e praticadas por este homem que hoje cumpre pena em uma prisão federal são contadas em VIPs.
Marcelo ganhou notoriedade principalmente pelo episódio em que se fez passar por filho do dono da empresa aérea Gol em 2001, enganando inclusive ao apresentador de TV Amaury Jr. - que faz uma ponta no filme reproduzindo a famosa cena da entrevista com o impostor.
Esta história divertida e empolgante ganha credibilidade na pele do ator Wagner Moura, em desempenho absolutamente excepcional. Wagner Moura e Marcelo Rocha têm algo em comum: ambos conseguem encarnar um personagem de forma quase mediúnica convencendo a todos que são aquela pessoa. Com a diferença, é claro, que Wagner Moura tem controle sobre sua transformação, enquanto Marcelo Rocha parece entrar em transe acreditando que realmente é quem pretende ser e sem saber como parar.
sábado, 26 de março de 2011
Rainha Elizabeth
A reação que Elizabeth Taylor provocava toda vez que entrava em algum recinto pode ser avaliada por este vídeo de 2000 quando ela recebeu o prêmio Vanguard GLAAD pelo ativismo pelos direitos dos gays e pela incansável luta pela conscientização da AIDS. Elizabeth Taylor já não estava bem de saúde e não é preciso fazer esforço para perceber sua dificuldade para caminhar.
As palavras de seu discurso deveriam ser escritas em pedra e expostas para todo o mundo. Adoro quando ela faz aquela cara irônica e diz "As pessoas que são contra o casamento gay ficam dizendo por aí que casamento só deveria existir entre um homem e uma mulher. Bem, não existe ninguém melhor do que EU para saber que isto nem sempre funciona!"
"All of my life I've spent a lot of time with gay men—Montgomery Clift, Jimmy Dean, Rock Hudson—who were my colleagues, co-workers, confidantes, my closest friends, but I never thought of whom they slept with, they were just the people I loved. I could never understand why they couldn't be afforded the same rights and protections as all of the rest of us. There is no gay agenda—it's a human agenda."
"What it comes down to, ultimately, is love. How can anything bad come out of love? The bad stuff comes out of mistrust, misunderstanding and, God knows, from hate and from ignorance."
sexta-feira, 25 de março de 2011
Um filme histérico
Minhas últimas semanas não foram nada fáceis, então decidi que precisava desligar meu cérebro por algumas horas. Ver a Terra sendo destruída pela vigésima-sétima vez comendo pipoca e tomando refrigerante me pareceu uma boa ideia.
Acho que nunca antes havia visto um filme tão histérico. Não há palavra melhor para descrever Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles (Battle: Los Angeles, 2011). São praticamente duas horas de gritaria, explosões e tiros com cenas filmadas com câmera de mão mostrando soldados correndo de um lado para o outro em meio a muita fumaça (a fumaça é providencial e serve o propósito de economizar nos efeitos especiais). Saí do cinema com a perna direita tremendo como se tivesse tomado dez cafés expressos seguidos. E tão cedo não devo olhar para um videogame. E o filme ainda termina sem que se consiga sequer ter uma boa visão da aparência dos ETs.
Os diálogos consistem basicamente de frases de uma única palavra do tipo "Corram!!", "Abaixem-se!!", "Cuidado!!" ou então "Eles estão atacando pelos fundos!!!" e "A próxima saída está tomada!!!" que não fazem o menor sentido porque a gente não tem nenhuma noção da geometria dos locais ou da localização dos personagens.
Quando a Michelle Rodriguez apareceu na tela, mais uma vez interpretando uma soldada durona dando tiros para todo lado, me lembrei da entrevista dela na estreia do filme dizendo que não é lésbica e que gosta mesmo é de salsicha. Tá bom, todo mundo acreditou. E eu sou Carmen Miranda.
Ainda bem que o Aaron Eckhart é sempre um colírio. Mesmo correndo e gritando, todo sujo de sangue e poeira, dando tiros sem parar. Mesmo no meio de muita fumaça.
quinta-feira, 24 de março de 2011
O que você faria?
Os programas de câmera indiscreta chegaram ao nível 2.0. Agora, em vez de simplesmente mostrarem incautos em situações risíveis ou embaraçosas, os novos programas jogam com as opiniões das pessoas, principalmente sobre temas polêmicos.
A rede de TV americana ABC tem um programa chamado O Que Você Faria? que encena situações provocantes com a ajuda de atores desconhecidos e registra a reação das pessoas do local. Em um programa recente eles colocaram dois soldados americanos trocando carícias em um bar - e um terceiro ator entra em cena para reclamar da conduta dos soldados e incitar a manifestação dos presentes. O assunto não poderia ser mais atual. Usar as palavras gay e forças armadas na mesma frase em qualquer lugar do mundo faz muita gente pegar em armas. Mas o resultado é surpreendente:
quarta-feira, 23 de março de 2011
Papai dorme com outro homem
O autor Walcyr Carrasco acaba de estrear a nova novela das 7 na Globo. Mas o que pouca gente sabe é que desde o ano passado já se encontra a venda seu livro infantil "Meus Dois Pais" que aborda a questão do pai gay em linguagem para crianças pequenas.
Crianças aceitam as verdades contadas pelos adultos sem contestação. São os adultos que complicam as coisas. Explicar para um garoto de 4 anos que o pai se separou da mãe e agora mora com um amigo e que dorme com o amigo na mesma cama não é muito complicado, desde que os pais saibam passar a informação com naturalidade.
Na minha infância o dilema era a separação. Diziam que os filhos de pais separados cresceriam traumatizados e que toda mulher separada era leviana e fácil. Mas isto já é um tipo de falácia que ficou no passado, da mesma forma que o trauma do pai gay um dia também deixará de ser problema.
O amigo leitor Red do blog bissexto oyagi complex enviou ontem notícias de um livro infantil alemão "O Amigo do Papai", publicado em 1994, sobre o mesmo assunto. O livro é uma gracinha, e explica o que deve que ser explicado para uma criança pequena sem criar dramas desnecessários. Uma versão completa com legendas em inglês está postada aqui.
A aceitação deste tipo de literatura ainda é irregular e enfrenta bastante objeção, principalmente nos Estados Unidos onde algumas bibliotecas públicas tentaram disponibilizar livros semelhantes e enfrentaram oposição ferrenha de pais conservadores e grupos religiosos. Felizmente é só questão de tempo até que esta geração preconceituosa bata as botas e deixe o lugar para uma nova geração de cabeça bem melhor.
terça-feira, 22 de março de 2011
William Fitzsimmons
William Fitzsimmons não tem uma aparência muito convencional. Cultiva uma barba espessa há muito tempo, e na capa de seu disco mais recente, Gold in the Shadow, com lançamento programado para a próxima sexta-feira, aparece com a cabeça raspada. Tudo isto ajuda a lembrar que a vida do cantor realmente não tem nada de convencional.
William Fitzsimmons é da Pensilvânia, e é filho de pais cegos. Tem mestrado em terapia de saúde da mente, e até muito pouco tempo atrás trabalhava com doentes mentais. Quando suas músicas começaram a ganhar destaque após aparecerem em episódios de Grey's Anatomy, Brothers & Sisters, One Tree Hill, e outras séries americanas, William Fitzsimmons mudou-se para Illinois para dedicar-se à carreira musical.
Suas composições têm um traço autobiográfico forte. The Sparrow and the Crow, seu disco de 2008, por exemplo, foi utilizado para cantar seu divórcio. Neste novo trabalho que chega esta semana, William Fitzsimmons parece questionar a sanidade da humanidade (Psychastenia) e ainda demonstrar saudades de antigos amores (The Winter From Her Leaving). Mas não se deixe influenciar pelos temas pesados. Como todos os outros trabalhos de William Fitzsimmons, este disco novo é leve como o sono em uma tarde de outono, e ainda inclui uma grata surpresa: um lindo dueto com Leigh Nash (erroneamente creditada abaixo como Julia Stone) na faixa Let You Break.
segunda-feira, 21 de março de 2011
Uma semente
Quem acessar a página oficial da Casa Branca dos Estados Unidos e ler o original da declaração conjunta emitida pelos presidentes Obama e Dilma vai perceber ali a presença de uma semente muito importante plantada lá no meio do texto, na seção que trata de Democracia, Direitos Humanos, Igualdade Racial, e Inclusão Social.
O texto em português publicado na página oficial do Ministério das Relações Exteriores diz:
"Concordaram em cooperar na promoção da democracia, dos direitos humanos e da liberdade para todos os povos, bilateralmente e por meio das Nações Unidas e de outros foros multilaterais, inclusive assegurando o respeito aos direitos humanos no contexto de movimentos e transições democráticos; fortalecendo o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, como demonstrado recentemente no caso da criação de uma Comissão de Inquérito sobre a situação na Líbia; promovendo o respeito pelos direitos humanos de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros, por meio do estabelecimento de uma Relatoria Especial na OEA e aprimorando a realização de eleições livres e justas nas esferas regional e global, inclusive por meio da promoção dos direitos humanos no contexto de eleições e do aumento da acessibilidade para indivíduos portadores de necessidades especiais." (O grifo é meu).
Tudo isto confirma as notícias da reunião especial que Hillary Clinton teve com Dilma na época da posse para tratar de assuntos da luta contra a homofobia, entre outros. Pode parecer pouco, mas é uma semente muito forte e com chances reais de crescer e dar muitos frutos.
Pica pau
Parece que agora ficou finalmente esclarecido aquele episódio de o Obama passar a chamar o Lula de "o cara". Dizem que o Lula chegou para o Obama e mostrou o gráfico de tamanhos de pênis por regiões do mundo e tascou "nossos pintos são maiores do que os seus!".
Um amigo hétero já me confessou que todos examinam sorrateiramente o tamanho do pinto dos outros no vestiário. Assim meio que para fazer uma autoclassificação em relação à concorrência. E que um cara pintudo ganha inconscientemente mais respeito dos outros passando automaticamente a "macho alfa" da turma.
Quando eu trabalhava em empresas era comum chamarmos os poderosos da diretoria de "picas grossas", o que comprova o sentimento mais ou menos generalizado de atribuir poder ao tamanho do pinto. Mais isto não explica porque os africanos, quase todos agrupados no tamanho XL no gráfico, continuam mandando tão pouco. E como os chineses, tradicionais tamanho XS, continuam cada vez mais poderosos.
Também fico morrendo de curiosidade de saber como são feitos estes levantamentos. No último recenseamento ninguém perguntou o tamanho do meu pinto. Será que saem por aí medindo o pinto dos outros? Ou será que fazem uma enquete por telefone? E se a enquete for feita por telefone, tenho certeza que aqui no Brasil todo mundo mente. Porque, por telefone, nenhum homem tem pinto menor do que 30 cm. Em repouso.
domingo, 20 de março de 2011
O deus da cidade
Eu estou adorando a visita do Obama. Embora tenha me decepcionado muito com ele e ele tenha frustrado muito as minhas expectativas, acho ele, a Michelle e as filhas muito dignos. E extremamente simpáticos. Ficam sempre ótimos em qualquer foto.
Mas acho que a cobertura pela imprensa não está conseguindo esconder um certo ar de deslumbramento. Cada vez que leio alguma coisa fico assim com uma impressão tipo "D. Vitória Drummond visita Eunice no subúrbio". Saca a Eunice, personagem de Deborah Evelyn em Insensato Coração - aquela deslumbrada que se sente finalmente na classe A? Algo assim.
sábado, 19 de março de 2011
Cenas dos próximos capítulos
Ti-Ti-Ti chegou ao final ontem, e pode ser considerada um grande sucesso. O crítico Maurício Stycer escreve hoje no UOL, com muito conhecimento de causa, sobre como Maria Adelaide Amaral conseguiu sacudir a atual crise de audiência nas telenovelas com uma trama leve, engraçada e cativante, sem mostrar nenhum sinal de material requentado das outras novelas em que se baseou.
O personagem Julinho desempenhado pelo André Arteche é, talvez, o personagem gay mais completo já mostrado em uma telenovela brasileira. Bem resolvido, inteligente, simpático, super "do bem". Começou com um relacionamento perfeito, enfrentou a perda do companheiro, lutou contra o preconceito pela família do companheiro sem ceder um só milímetro em suas crenças, apaixonou-se pelo homem errado, conquistou o amor e a compreensão da família, e finalmente teve a oportunidade de ser novamente feliz ao encontrar um novo amor. Tudo isto foi mostrado por meio de cenas e personagens críveis com textos cuidadosamente escritos. E não há notícias de qualquer sinal de protesto pela Liga das Senhoras Católicas ou dos extremistas religiosos desmancha-prazeres de plantão. Maria Adelaide Amaral parece ter conseguido que mesmo as senhorinhas conservadores que assistem à novela logo depois da missa aprovassem o que estavam vendo.
Acho que está aí o grande mérito de Ti-Ti-Ti. Não precisou forçar ou empurrar nada na história do Julinho - o que poderia ter provocado reações opostas. Ao contrário, a autora optou por contar uma história de amor com tanta ternura e tanta dignidade que era impossível não ser cativado pelo drama de seus personagens. O público aceitou aceitando, assim meio sem perceber.
No final das contas foi até bom que não houvesse um beijo na boca entre Julinho e Thales. O assunto teria rendido repercussão que suplantaria a suavidade que a autora planejou para a história. Julinho e Thales trocaram muitos carinhos que foram aceitos pelo público com muita naturalidade (as fotos que ilustram esta postagem são de cenas apenas desta última semana!). Houve muitíssimo mais carinho explícito agora no final do que no início entre Julinho e seu falecido companheiro Osmar, sinal que a autora pressentiu o avanço nestes meses em que a novela esteve no ar e sentiu liberdade para ousar mais no final sem revolucionar. Isto tudo representa um progresso gigantesco, principalmente porque fica claro que os personagens gays eram dois homens que se amavam e que tinham uma vida sexual (ao contrário do casal interpretado por Carlos Casagrande e Sérgio Abreu em Paraíso Tropical, que pareciam perfeitos mas assexuados).
Ti-Ti-Ti vai deixar saudade. Para encerrar este texto, minha cena favorita desta última semana, que mostra aquele momento crítico de como fazer a apresentação para os amigos héteros:
sexta-feira, 18 de março de 2011
Qual é o seu número?
No futuro talvez não falemos de homos e heterossexuais, mas dos vários graus de sexualidade segundo os quais é possível classificar uma pessoa. Se a escala proposta por Alfred Kinsey na primeira metade do século passado tivesse sido adotada por todos, hoje estaríamos falando de pessoas de grau 0 a 6, indo de exclusivamente heterossexual até exclusivamente homossexual e considerando todas as etapas intermediárias de comportamento.
Kinsey foi praticamente o primeiro homem a documentar relatos de experiências sexuais. Até publicar seu relatório, sexo era um grande mistério. A sociedade em geral nutria um enorme sentimento de culpa em relação aos desejos sexuais. Após a publicação do Relatório Kinsey muita gente pôde finalmente respirar aliviada: eu sou normal!
Esta história imperdível é mostrada no filme Kinsey, de 2004, disponível em DVD. Se você nunca viu, corra e assista. É um filme imprescindível. A gente fica sabendo, por exemplo, que nas famílias muito católicas do passado era comum amarrar o braço do garoto adolescente durante a noite para evitar que ele se masturbasse (isto é mostrado também no filme alemão A Fita Branca). Kinsey era heterossexual e casado, mas você vai se surpreender com a flexibilidade do sexólogo quando ele e seu assistente dividem um quarto de hotel durante uma viagem, e o assistente o questiona sobre como Kinsey se autoclassificaria na escala de 0 a 6 (mas, convenhamos, com o Peter Sarsgaard até eu perderia a cabeça!):
Eu já assisti a este filme várias vezes. E sempre me emociono muito em uma cena perto do final, quando Kinsey fala com uma desconhecida logo após dar uma palestra. Nesta cena emocionante, Lynn Redgrave (que era tia de Natasha Richardson, esposa de Liam Neeson na época do filme) é uma senhora que confessa um amor lésbico que mudou sua vida depois de ler o Relatório Kinsey.
quinta-feira, 17 de março de 2011
A voz do dono e o dono da voz
Quando eu vi o vídeo desta garota transexual se apresentando no programa Thailand's Got Talent eu pensei em duas coisas.
Primeiro, como é incrível a quantidade de transexuais na Tailândia e nas Filipinas. O componente cultural envolvido nas várias manifestações sexuais é bastante forte. Há um ano atrás o Tony fez uma postagem muito interessante sobre as fa'afafine das Ilhas Samoa - uma manifestação sexual típica de lá. Já na Tailândia e nas Filipinas parece existir uma grande quantidade de bibinhas delicadas ou transexuais organizadas em times, que participam de concursos, que vivem em hordas que vão acabar dominando tudo por lá e depois o mundo.
Segundo, é impossível não pensar na voz, não notar o pequeno esforço que qualquer transexual feminina faz para impostar a voz quando fala. Que obviamente não deve ser muito diferente do mesmo esforço que um homem gay faz para esconder a voz de Pato Donald quando está tentando passar por homem-hétero-bofe-pegador.
Tudo isto torna este vídeo ainda mais fascinante. A garota transexual, que por sinal é linda, começa cantando como mulher e depois de um ponto passa a cantar como homem - para delírio da plateia. São raras as pessoas que conseguem fazer dueto consigo mesmas.
quarta-feira, 16 de março de 2011
O beijo não psicológico
** A imagem do filme está espelhada em relação à imagem original. Este expediente é usado para dificultar a localização do filme e consequente retirada pelos donos dos direitos autorais.
terça-feira, 15 de março de 2011
O beijo psicológico
No capítulo de ontem de Ti-Ti-Ti finalmente Julinho (André Arteche) e Thales (Armando Babaioff) se acertaram. A cena teve um clima quase apoteótico e se deu durante a festa de casamento de um outro personagem - com quase todo o elenco reunido no mesmo local. É lindo que isto tenha sido mostrado para milhões de pessoas às 7 da noite. (Cá entre nós, cata só a cara da perua de rosa lá no fundo!)
A cena, como não poderia deixar de ser, terminou em beijo. Psicológico. Ou seja: todo mundo entendeu que o beijo deveria estar ali, mas teve que usar a imaginação. Há alguns meses atrás eu também me despedi de meu namorado no aeroporto com um beijo psicológico. Até quando?
segunda-feira, 14 de março de 2011
Big in Japan
Eu acho admirável a forma organizada, disciplinada e prática como o povo japonês encara e reage às tragédias. Parece que no minuto seguinte já estão todos imbuídos do espírito de "o-quê-eu-posso-fazer-para-ajudar?". Em meio à profusão de imagens da catástrofe da semana passada não vi uma única que mostrasse pessoas chorando desesperadas com cara de "por-que-eu?" à espera de alguém que fosse fazer algo por elas.
São diferenças culturais muito grandes, com as quais deveríamos aprender muito. Eu me canso um pouco da visão paternalista e assistencialista das autoridades aqui no Brasil em relação às populações carentes ou impactadas por tragédias. Existe aí uma certa pitada de desdobramentos da fé católica com a noção de que a privação e o calvário atraem a atenção dos santos para interceder em favor dos que sofrem. Neste ponto estou com os japoneses e sua filosofia de arregaçar as mangas e ir para o trabalho.
Com tudo isto acontecendo esta semana me lembrei muito de Big In Japan, sucesso de 1984 do Alphaville. "Neon on my naked skin, passing silhouettes of strange illuminated mannequins...". Nossa, como eu curti isto! Nesta versão da Ane Brun fica ainda mais especial.
Ane Brun - Big In Japan:
domingo, 13 de março de 2011
Gente como a gente
Minhas fotos de monumentos ficam com cara de cartão postal - e eu digo isso no mau sentido. Eu prefiro fotografar gente. Mas também não gosto de gente posando, olhando para a câmara. Gosto mais das fotos em que o fotógrafo consegue ficar invisível e imperceptível, sem interferir na cena. Há algum tempo atrás fiz umas fotos de rua aqui na região.
Mas nada se compara ao trabalho da fotógrafa americana Vivian Maier, que percorria as ruas de Chicago fazendo fotos maravilhosas há sessenta anos! Vivian Maier faleceu há 2 anos aos 83 anos de idade, e ganhou na semana passada uma exposição em Chicago à altura de seu talento. Algumas das fotos expostas podem ser vistas aqui.
sábado, 12 de março de 2011
Mundo cruel
Todas as vezes que eu me vejo frente a uma catástrofe natural de proporções bíblicas eu fico quase hipnotizado olhando para aquilo tudo - como se estivesse sob o efeito de um encanto. Pesquiso fotos, artigos, depoimentos. Acho que a minha mente fica tentando conceber e processar o tamanho de algo tão imensurável e trágico.
Nos últimos dois anos fiquei assim com as imagens do terremoto do Haiti, depois com o terremoto do Chile, depois os deslizamentos na região serrana do Rio, o terremoto na Nova Zelândia, e agora com a tragédia no Japão.
Acho que nunca houve uma tragédia desta proporção que fosse tão documentada, registrada, filmada, e fotografada como agora. São absolutamente espetaculares as imagens da onda gigante varrendo as cidades costeiras. A foto que ilustra esta postagem mais parece uma obra de arte abstrata formada por dominós quando vista de longe, mas são contêineres arrastados e amontoados no porto da cidade de Sendai.
Será que as catástrofes naturais estão ficando mais frequentes ou estão simplesmente sendo melhor documentadas? Será que nossos pais ou avós conseguiriam se lembrar de tantas tragédias de nível mundial acontecidas no passado no curto intervalo de menos de 2 anos?
sexta-feira, 11 de março de 2011
Japão urgente
Meu irmão mais velho mora no Japão há 12 anos. Hoje de manhã a família toda estava ansiosa por notícias, e as ligações para o Japão não completavam.
No final da manhã minha cunhada finalmente conseguiu ligar e explicar que estavam bem, e que a situação por lá é gravíssima. Na hora do tremor ela estava trabalhando em um escritório que fica no 8º andar e teve a sensação que o prédio ia desabar. Meu irmão e minha cunhada moram em um subúrbio de Tóquio, e no caminho para casa viram destruição e alguns incêndios. A casa estava revirada como se alguém tivesse colocado o prédio de cabeça para baixo e depois voltado à posição normal. Como eles normalmente já fixam itens pesados à parede por precaução, não tiveram grandes danos nos aparelhos eletrônicos, TV, computador, armários, etc.
As comunicações estão precárias e eles estão tendo dificuldades para completar chamadas por telefone. Quando ligaram estavam se preparando para passar a noite dormindo em um colchonete embaixo de uma mesa reforçada. Iam dormir de roupa e sapatos para o caso de precisarem sair correndo no meio da noite.
Alguém mais pensou em 2012, o filme?
Os graus do processo de se assumir
Um homem gay tímido pode realmente se sentir constrangido ao lado do namorado muito atirado. Por isso faz muito sentido o argumento do personagem Julinho (André Arteche) na cena de hoje (mostrada abaixo do texto) de Ti-ti-ti para não aceitar o amor de Thales (Armando Babaioff). Thales é muito tímido - a timidez excessiva pode ser um entrave para quem pretende viver uma vida às claras.
Este mesmo argumento foi utilizado na primeira temporada de Brothers & Sisters. O Scotty não tinha problemas em demonstrar afeto em público. O Kevin, apesar de assumido para a família, não se sentia à vontade com demonstrações de afeto em público. Por isso eles discutiram e se separaram. Depois ficaram novamente numa boa e até acabaram se casando na terceira temporada, e estão juntos até hoje.
O casal gay de Modern Family passa pelo mesmo. O Cameron é mais atirado e o Mitchell mais tímido. O segundo episódio desta segunda temporada foi exatamente "The Kiss", que explicava as razões para Mitchell ser esquivo a demonstrações de afeto em público.
De qualquer forma, é claro que na novela, antes do final feliz no último capítulo, é preciso criar assuntos para que a trama se desenvolva. E é interessante que em um programa das 7 da noite esteja sendo discutido este assunto dos diferentes graus do processo de se assumir. Como a torcida é para que os dois terminem juntos, as pessoas inconscientemente torcem para que o Thales ache as forças necessárias para avançar no processo de se assumir para finalmente ser feliz.
quinta-feira, 10 de março de 2011
Selah Sue
Selah Sue tem apenas 21 anos e vem da Bélgica. Ela escreve letra e música da maior parte de suas canções. No ano passado já deu uma palhinha em uma faixa do disco do Cee-Lo.
O disco que vazou esta semana na internet está prestes a ser lançado na Europa e ainda não tem data para chegar ao mercado americano, mas já dá para ver que vai causar um grande rebuliço.
Selah Sue - Summertime
quarta-feira, 9 de março de 2011
Do mestre, com carinho
Ah, se eu tivesse tido um professor como o William Schuester de Glee, interpretado pelo gostosão Matthew Morrison... Ele não só canta e encanta como também dança bem e consegue derreter um iceberg com aquele olhar de homem carente.
No início de maio ele estará lançando um album solo longe da turma do Glee. E hoje já saiu o primeiro single: Summer Rain. Ótimo para animar a quarta-feira de cinzas.
terça-feira, 8 de março de 2011
Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós
Se o recente entrevero com o Galliano tivesse acontecido em Nova York a repercussão teria sido a mesma, ou talvez até maior. O espetáculo foi lamentável e condenável. Mas se o Galliano estivesse sendo julgado pela Suprema Corte dos Estados Unidos ele seria absolvido sem dúvida nenhuma.
Há uma semana atrás a Suprema Corte americana apresentou a decisão relativa a um caso iniciado há alguns anos. O pai de um soldado morto no Afeganistão processou a Westboro Baptist Church pela demonstração durante o funeral de seu filho com os cartazes e gritos de ordem que diziam que os soldados não merecem perdão, que os gays devem morrer, e aquelas outras loucuras de sempre.
Mas a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu a favor da igreja, pois segundo a Corte a Westboro Baptist Chuch tem o direito de dizer o que quiser com base em um dos valores mais preciosos da sociedade americana: o direito à liberdade de expressão garantido pelo First Amendment. A ameaça a este valor máximo colocaria em risco um dos pilares da sociedade. Para a justiça americana não importa o quão abjeto, vil, cruel, e baixo seja o pronunciamento público - a liberdade de expressão ainda está acima da dor e da revolta que ele possa provocar.
Isto não significa que a Suprema Corte endossa estes atos baixos. A imprensa e a sociedade já se encarregam de repudiá-los. Isto é possível em sociedades avançadas porque há uma autorregulação natural, e a Suprema Corte pode se encarregar de proteger os mais altos e intangíveis valores enquanto a própria sociedade se encarrega de coibir as baixezas que esta liberdade permite. É assim que funciona uma sociedade democrática com instituições fortes e em pleno estado de direito.
segunda-feira, 7 de março de 2011
O ritual
Dá pra acreditar que já se passaram 37 anos desde que Linda Blair virou o pescoço e vomitou verde deixando todo mundo com o cu na mão em O Exorcista? Ainda me lembro da comoção que o filme causou na época e de como eu fiquei uns 3 dias dormindo com a luz do quarto acesa.
Se há um tipo de filme que me mete muito medo são os filme do sobrenatural. Possessão demoníaca, gente virando os olhos e falando com voz tenebrosa. Adoro! Mas morro de medo, nunca vejo se estou só.
O Ritual (The Rite, 2011) estava sendo vendido como o novo O Exorcista e só a presença de Anthony Hopkins já me motivava bastante a enfrentar o medo. Em Silêncio dos Inocentes ele já me tinha aterrorizado e causado pesadelos - imaginei que colocando seu talento colossal a serviço do diabo o terror fosse se apresentar na sua quinta-essência. Mas eu não poderia estar mais enganado.
A história do padre americano sem fé (o bonitinho Colin O'Donoghue) que vai para Roma fazer um curso de especialização em exorcismo é mostrada com fotografia caprichada. Os interiores das salas, casas, hospitais, bibliotecas - a maioria escolhidos em locações na Hungria - são primorosos e impressionantes. Mas talvez seja este o único ponto positivo do filme além de dar a Anthony Hopkins a oportunidade única de dar uma aula sobre como interpretar um exorcista (no começo) e um possuído (no final). E não estou estragando nenhuma surpresa - tudo isto está no trailer.
Infelizmente, o filme falha no mais importante: não consegue criar clima. A história demora para engrenar e depois mostra a possessão como se fosse algo que se espalha feito gripe. E sem conseguir colocar o espectador no clima nada faz sentido. Os personagens estavam lá virando o pescoço e falando em línguas e eu não conseguia deixar de pensar na lasanha que eu tinha deixado preparadinha para comer depois do filme. Ou será que fui eu que, finalmente, perdi o medo do capeta?
domingo, 6 de março de 2011
A família perfeita
Não sei se este é um fenômeno que está acontecendo só aqui na minha cidade ou se está se espalhando pelo país inteiro como doença contagiosa. Mas, por aqui, onde quer que se olhe no trânsito, os carros cada vez mais ostentam na traseira adesivos que anunciam a conformação da família proprietária.
São figuras representando famílias felizes muitas vezes acompanhadas de cachorros, gatos, e até peixinhos no aquário. Parecem aquelas famílias de comercial de margarina - papai, mamãe e 2,6 filhos vendendo felicidade por todos os poros. É de uma perfeição irritante.
Estou quase me rendendo ao modismo. Ontem finalmente tive um tempinho para sentar e desenhar a minha versão de família perfeita. Talvez eu também a cole na traseira do meu carro e saia por aí. Será que vão gostar do cachorrinho?
sábado, 5 de março de 2011
O porno avô
O Japão é um dos países onde mais se consome pornografia (só perde para os Estados Unidos), e que tem a população mais velha do mundo. Então não é supresa que tenha surgido no Japão um novo gênero de filmes adultos: o "elder porn" - algo como pornografia para idosos. Filmes pornográficos onde o velhinho safado sempre acaba comendo a garotinha virgem bobinha. E o rei do elder porn é Shigeo Tokuda, um simpático senhorzinho de 76 anos que só recentemente revelou para a família sua vida dupla de ator pornô. Trabalhando no horário comercial como agente de viagem, nas horas extras Tokuda já participou de mais de 350 filmes pornôs.
Há alguns anos atrás Tokuda sofreu um ataque cardíaco - não durante as filmagens, ele sempre deixa bem claro. No emprego ele foi transferido para um escritório onde não conseguia mais dar suas escapadas para filmar. Foi o fim de sua carreira. Carreira de agente de viagens, bem entendido. Tokuda é agora ator pornô em tempo integral e virou estrela em todo o país. E tem o apoio da esposa, que acha ótimo ele ter algo para fazer nesta idade.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Isto aqui agora virou lugar de boiola?
Ti-ti-ti está em seus capítulos finais, o que significa que está chegando a hora de Julinho (André Arteche) e Thales (Armando Babaioff) pararem de ficar fazendo cu-doce porque ninguém aguenta mais tanta indecisão. Esta fase de não-dá-nem-desce está ficando muito comprida. Mas como Maria Adelaide não costuma dar ponto sem nó, o final promete compensar a espera.
Enquanto isto Insensato Coração começa a engrenar a cruzada contra a homofobia, e já mostrou ontem um primeiro ataque homofóbico do personagem Kléber (Cássio Gabus Mendes) que entra em um bar, vê alguns gays e já solta "Isto aqui agora virou lugar de boiola, hein?!"
A cena foi bastante didática, terminando com um discurso do personagem Roni (Leonardo Miggiorin). Achei que tudo ficou em um tom assim meio institucional sala-de-aula, mas a mensagem foi muito boa e a oportunidade também. Principalmente considerando que havia milhões de bofes da seita do Marcelo Dourado assistindo à novela enquanto esperavam pelo futebol de quarta-feira que começou dez minutos depois.
(Se o seu browser não reproduzir o vídeo, a cena pode ser vista aqui).
A fábrica de sonhos
Annie Leibovitz tem sido notícia nos últimos anos mais pelos seus apuros financeiros do que pelas suas belas fotografias. Mas isto não impediu que ela retomasse o projeto de fotos dos clássicos da Disney com celebridades iniciado em 2007. Na foto que ilustra esta postagem Jeff Bridges e Penelope Cruz em cena de A Bela e a Fera.
Na foto menor, Olivia Wilde (de Tron) vira a Rainha Má de Branca de Neve, com Alec Baldwin fazendo o espelho mágico. O projeto inclui também uma foto inspirada de Queen Latifah como Ursula de A Pequena Sereia.
A ideia de juntar Hollywood com contos de fadas é mais velha do que andar para trás, mas sempre funciona. As verdadeiras fábricas de sonhos são as nossas mentes. Só precisam de um empurrãozinho.
quarta-feira, 2 de março de 2011
Os misóginos
Com o mesmo título desta postagem o Tony publicou um artigo brilhante no UOL hoje sobre a aversão a mulheres demonstrada por alguns dos participantes do Big Brother. Rapazes fortes, sarados e machões que provavelmente não são gays, mas que não gostam de mulheres. Tenho certeza que muita gente deve ter achado estranho, alguns talvez até absurdo, por não se darem conta que a misoginia é um sentimento de raízes profundas entranhado na nossa própria cultura. Como outros tipos de preconceito.
Embora nas Américas, na Europa e na Oceania muitas mulheres gozem de liberdade e tenham alcançado posições de poder (nossa presidente é mulher!), em quase todo o restante do mundo a mulher ainda é um ser inferior. E mesmo por aqui algumas mulheres ainda não aprenderam a usar a independência que conquistaram e acabam inconscientemente se infantilizando ou se objectificando para atrair a atenção dos homens.
Embora possa existir muita misoginia também entre os gays, acho que não existe grupo entre os homens para melhor entender as mulheres. Em geral os gays conhecem tão bem as mulheres - para se esquivarem de investidas ou para oferecer solidariedade - que são capazes de se tornarem grandes amigos delas como nenhum hétero consegue. Conhecem-nas tão bem que as enxergam por uma ótica absolutamente diferenciada. O papo de dois gays sobre uma mulher é capaz de revelar perspectivas da mulher que são completamente invisíveis para os homens héteros ou para as próprias mulheres.
Quando eu trabalhava na Arábia, conheci um rapaz saudita em um treinamento que estava radiante com o nascimento do primeiro filho, que seria naquela semana. Eles normalmente não falam nada de esposa, família ou filhos - é muito raro alguém fazer algum comentário sobre a intimidade doméstica. Dois dias depois o rapaz chegou completamente arrasado e todos pensamos que havia acontecido algo de muito trágico no parto da esposa dele. E aconteceu mesmo. A criança era do sexo feminino. O assunto virou tabu e ninguém mais falou sobre isto. Eles ainda vivem uma sociedade de casamentos arranjados, dotes, mulheres tratadas como mercadoria, homens que só convivem com homens embora possam ter até quatro esposas. Eles ririam se alguém falasse de misoginia - para eles, esta é a regra.
terça-feira, 1 de março de 2011
Bromance antigo
Muitos perderam a transmissão da entrega do Oscar no último domingo à noite porque, sentados à frente da TV até as 3 da manhã, não perceberam que já tinha começado. Difícil de acreditar que aquele programa chocho era o show esperado durante um ano todo.
Já os bastidores e a ação no palco parecem ter sido muito mais interessantes do que mostrou a transmissão, como comprova este animado beijo de Javier Bardem e Josh Brolin.
E não adianta dizer que isto é fogo de palha. É bromance antigo mesmo. Como mostram estas fotos do Oscar de 2008.
Laurent Ghilain e Peter Meurrens são gente que faz
O casal Laurent Ghilain e Peter Meurrens, de nacionalidade belga e que moram no sul da França, finalmente puderam chegar ao tão esperado final feliz após dois anos de separação do filho recém-nascido. O garoto foi concebido por uma mãe contratada em Kiev, e depois teve o passaporte negado pela Embaixada da Bélgica devido a indefinições na legislação belga sobre barrigas de aluguel.
Após dois anos mantido em Kiev, o pequeno Samuel pode finalmente se reencontrar com seus pais. Laurent, Peter e Samuel formam uma família linda, e o vídeo do casal junto do filho é de emocionar - mesmo para quem não fala francês e não entende uma palavra do que está sendo dito. O amor não tem idioma.