Ti-Ti-Ti chegou ao final ontem, e pode ser considerada um grande sucesso. O crítico Maurício Stycer escreve hoje no UOL, com muito conhecimento de causa, sobre como Maria Adelaide Amaral conseguiu sacudir a atual crise de audiência nas telenovelas com uma trama leve, engraçada e cativante, sem mostrar nenhum sinal de material requentado das outras novelas em que se baseou.
O personagem Julinho desempenhado pelo André Arteche é, talvez, o personagem gay mais completo já mostrado em uma telenovela brasileira. Bem resolvido, inteligente, simpático, super "do bem". Começou com um relacionamento perfeito, enfrentou a perda do companheiro, lutou contra o preconceito pela família do companheiro sem ceder um só milímetro em suas crenças, apaixonou-se pelo homem errado, conquistou o amor e a compreensão da família, e finalmente teve a oportunidade de ser novamente feliz ao encontrar um novo amor. Tudo isto foi mostrado por meio de cenas e personagens críveis com textos cuidadosamente escritos. E não há notícias de qualquer sinal de protesto pela Liga das Senhoras Católicas ou dos extremistas religiosos desmancha-prazeres de plantão. Maria Adelaide Amaral parece ter conseguido que mesmo as senhorinhas conservadores que assistem à novela logo depois da missa aprovassem o que estavam vendo.
Acho que está aí o grande mérito de Ti-Ti-Ti. Não precisou forçar ou empurrar nada na história do Julinho - o que poderia ter provocado reações opostas. Ao contrário, a autora optou por contar uma história de amor com tanta ternura e tanta dignidade que era impossível não ser cativado pelo drama de seus personagens. O público aceitou aceitando, assim meio sem perceber.
No final das contas foi até bom que não houvesse um beijo na boca entre Julinho e Thales. O assunto teria rendido repercussão que suplantaria a suavidade que a autora planejou para a história. Julinho e Thales trocaram muitos carinhos que foram aceitos pelo público com muita naturalidade (as fotos que ilustram esta postagem são de cenas apenas desta última semana!). Houve muitíssimo mais carinho explícito agora no final do que no início entre Julinho e seu falecido companheiro Osmar, sinal que a autora pressentiu o avanço nestes meses em que a novela esteve no ar e sentiu liberdade para ousar mais no final sem revolucionar. Isto tudo representa um progresso gigantesco, principalmente porque fica claro que os personagens gays eram dois homens que se amavam e que tinham uma vida sexual (ao contrário do casal interpretado por Carlos Casagrande e Sérgio Abreu em Paraíso Tropical, que pareciam perfeitos mas assexuados).
Ti-Ti-Ti vai deixar saudade. Para encerrar este texto, minha cena favorita desta última semana, que mostra aquele momento crítico de como fazer a apresentação para os amigos héteros:
14 comentários:
Amei a 'coragem' dele. E a cara dos HT's foi impagável.
Uma pena eu não ter podido acompanhar, em Niterói eu não tenho TV :/
Beijo, Lu
Realmente foi uma linda historia de amor, muito crível!
Há muito que admiro o trabalho da Maria Adelaide Amaral e agora muito mais... O que ela mostrou na novela nos faz acreditar que amor existe entre dois homens!
Outra coisa que merece destaque na cena é a linda interpretação da Alessandra Maestrini para "True Colors" linda linda!
Beijo!
Caro Luciano,
Obrigado pelo seu lindo texto...gosto muito do seu blog e concordo com cada palavra sua sobre Thales & Julinho um grande marco na nossa TV depois de Sandrinho e Jefferson. Foi brilhante cada situação criada por MAA...vou sentir falta que venha novas histórias. E mais uma vez obrigado pelos seus lindos textos.
Will
Que lindas fotos.
já tô sentindo falta dessa novela...e a última cena do casal thales-julinho, que teve esse beijo no rosto da foto, foi o máximo!! mais do que abraços tímidos, comuns quando se coloca homossexualidade em cena, esse beijão no rosto passou longe de um beijo de amigo ou de irmão, ficou um beijão de namorido mesmo, daqueles de casal bem apaixonado, pra mim valeu tanto quanto um beijo na boca.
Tá bom. Sua argumentação me fez pensar que talvez o beijo na boca teria desviado a atenção da suavidade e naturalidade que a autora criou essa história de amor entre dois homens... Mas que a cena em que Thales se declara pra Julinho pedia mais que um abraço, ah isso pedia!!! E aí, ficou falso com aquele abraço de "amigão". Tinha que rolar nem que fosse um beijo no rosto com muito carinho...
Nota 9.9... hehehe
Abração!!
Realmente é uma abertura muito grande para o horário e com certeza foi uma das cenas mais encantadoras e espontâneas... engraçadas são as reações dos amigos: o primeiro não responde, o segundo cumprimenta e o terceiro.. bom... ficou com vontade... rs.
Foi uma trama bonita, agora só espero que os atores que interpretaram os papéis não fiquem aí se justificando "ad eternum" que não são gays em entrevistas que a midia de fofoca fará com eles. Espero que sejam inteligentes em dar respostas, não como a Cláudia Jimenez fez.
Sim, eu tb fiquei pensando em como seria a vida destes atores pós-novela, se ficariam rotulados por este papel em Tititi, se conseguiriam outros, etc.
Espero que sim, que os tempos sejam outros, mas imagino que até eles mesmos devem ter medo.
E existe coisa mais linda que esse Babaioff? Estou completa e perdidamente apaixonado pela voz dele, pelo jeito dele falar.
Foi demais esses dois personagens, foi lindo , foi excelente, ai esse Babaioff era tudo o que eu queria na minha vida, como é difícíl achar um, agora ouço direto a musica tema: HEARTY BREAK WAREFARE.
Não precisou de beijo algum no dia que o Thales se declarou ao Julinho, ele enfrentou uma montanha como EVEREST para fazer aquilo, e a cena final também não precisou de beijo algum, foi muito verdadeiro, cabe a todos imaginar a noite a primeira noite linda dos dois, agora juntos.
Pena que acabou vai deixar saudades.
Caramba eu perdi essa cena, foi na última semana? Que bom que vi agora, linda cena, sente-se a paixão cumplicidade.
Adorei.
Ricardo-DF
ps. eu que escrevi o post acima.
CHOREI DE EMOÇAO NO FINAL.
Pena nao ter havido beijo!!!
Postar um comentário