terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Trans parente

O argentino Alejandro e a brasileira Lea T.
Quer se adote a sigla LGBT ou LGBTQ, o grupo menos compreendido dentro desta salada de letras é o representado pela letra T - os transexuais. Se os homossexuais já sofrem com o preconceito por sentirem atração pelo mesmo sexo, imagine o pesadelo de nascer com o corpo do sexo oposto.

Só muito recentemente os transexuais têm recebido alguma exposição. O Big Brother argentino continua em andamento e o transexual Alejandro continua no páreo. Alejandro espera vencer o programa para poder custear a cirurgia de mudança de sexo com o implante de uma prótese. E mais recentemente os olhos do mundo todo se voltaram para a modelo internacional brasileira Lea T.

Na entrevista que Lea T. deu ao Fantástico (abaixo) achei muito bacana a forma carinhosa como ela se refere ao pai, o jogador Toninho Cerezo. Na época em que Lea T. estava despontando circularam rumores que o jogador seria homofóbico e que renegava a filha, o que aparentemente não é verdade. É também tocante a forma franca como ela cita a falta de perspectiva que os transexuais vivem - invariavelmente recorrendo à prostituição como forma de subsistência.

Por último, uma constatação que não me ocorria até assistir à entrevista. Ela não se considera homossexual, e demorou muito para começar a namorar porque não tinha vontade de sair com gays. Ela não sente atração pelo mesmo sexo - ela está no corpo errado! Isto é bastante complexo e requer uma dose extra de compreensão.


12 comentários:

Daniel Cassus disse...

Exato!
É aí que eu acho que a Lea T e a tal da Ariadna do BBB são diferentes. Não é nem porque a Ariadna caiu no mundo da prostituição e a Lea T é modelo. Mas eu simplesmente não 'captei' na Ariadna esse erro da natureza. É sutil e subjetivo, eu sei, mas é apenas uma opinião minha não-informada.

Enfim, a Ariadna operou e trocou seus documentos (ih, saiu engraçado isso), então, para todos os efeitos legais, ela é mais mulher do que a Lea T.

S.A.M disse...

Eu ia comentar, mas li o coment do Daniel e nao havia prestado atenção nesse detalhe: uma é operada e a outra não.
Mas acho tão simplista dividir só nisso. Lea T. pode até não ser 'legimitamente anatomicamente' uma mulher, mas seu estado de espírio é tal.

E achei muito bacana sua entrevista.
Desejo sucesso a ela e que ela possa ser algo como uma referencia positiva pra muita gente por ai.

Abração!

Gui disse...

Eu discordo do Daniel nesse ponto: acho que ambas caem nesse mesmo caso. A diferença é que uma se privou de algo e a outra não. O que não faz diferença pra melhor ou pra pior.

Não acho que ninguém que faça essa cirurgia não se sinta como mulher ou homem (no caso de Alejandro) por dentro.

Marco disse...

Uma coisa é a identidade de gênero outra a orientação sexual.
Tanto que existem "homens" que após a cirurgia continuam sentindo atração única e exclusivamente por mulheres.

PS.: Perceberam que as transex tem a orgã, como diria Cleycianne, projetada pra frente? Quase pendurada. Não existe aquela concavidade comum do corpo feminino, por isso que na praia dá pra descobrir se uma mulher é original de fábrica, ou se é um recall do SUS.

Lobo disse...

Lá na faculdade, uma das meninas que estudava conosco vivia um caso que deixava todos os coleguinhas em parafuso: Ela era uma trans lésbica. Uma mulher em corpo de homem, mas que sentia atração por mulheres. Se ser trans já é complexo e exige uma dose extra de compreensão, imagina neste caso?

Só mostra como que a sexualidade é uma coisa muito, muito, muuuuuuuito ampla...

Anônimo disse...

É facil. Homossexualidade refere-se à orientação sexual. Já a transexualidade refere-se ao gênero.

Papai Urso do Interior disse...

Mutilação é o nome que se dá para o extirpamento de órgaos vitais do ponto de vista biológico, logo seja trans gay ou lésbica, eis o nome real deste processo que não traz garantia nenhuma de que as tais terminações nervosas possam proporcionar orgasmo tal qual o que tinham... Complicadíssimo falar disso, soa preconceituoso, mas é uma agressão grande demais e só consigo me lembrar do que Nany People falou certa vez numa entrevista, ela disse que p/ ela foi assim: deu vontade e depois passou, especialmente após um pedido de sua mãe p/ que não fizesse, será que um pênis ou vagina incomodam tanto assim? Não seria tudo reflexo de um hedonismo desenfreado que tomou a todos de assalto? de só se fazer o que se gosta? o que se tem vontade? e no entanto continuar vazio de conteúdo?!! Aqui me lembrei tb que é alto o número de suicídios em quem faz tal 'escolha', geralmente passam a vida toda com um psico-alguma-coisa à tiracolo p/ não pirar o cabeção de vez... Sei devo sofrer da síndrome da bichinha interiorana e católica, só isso explica eu achar esse assunto tãããõ absurdo que por vezes deixo de fora da roda de conversas p/ não chatear amigues que se montam desde os 16 e guardam cada centavo p/ a tão sonhada operação... Sou gay, gosto tanto de homem, de ser homem, de ter pinto, barba, pelo aqui, ali... que nenhuma explicação simplista me convence, bem faz Lea T, devem pintar paranóias, e deprês que a tal Ariadna jamais confessaria, por exemplo. O trágico sempre se traveste de glamour p/ não admitir a miséria do que é de fato... Rostos maquiados, postura altiva e feliz, mas... e depois da festa/espetáculo? quem suporta a vida real? Filosofei geral!

Fausto disse...

Daniel
Não entendi bem o que voce quis dizer sobre a diferença entre as duas. Eu não vejo muita diferença já que "aparentemente" a Ariadna seguiu todo o protocolo comum a operações oficiais de trans, que necessita de acompanhamento psicologico para saber se aquilo é algo verdadeiro ou apenas para uso "comercial". A não ser que Ariadna mentiu sobre este acompanhamento, então ela é um trans "verdadeiro", assim como a Lea T aparenta ser.

Para quem se interessar sobre estes assuntos de sexualidade de trans, hermafroditas e afins, que normalmente são menos divulgados, recomendo ler esta materia:
http://revistapesquisa.fapesp.br/?art=4095&bd=1&pg=1

Luciano disse...

@Fausto:
Obrigado pelo link. Esta reportagem da Revista Pesquisa é interessantíssima.
Abraço,
**

Paulo disse...

A sexualidade humana é muito diversa, isto é um fato inegável. O que percebi e pesquei na Lea T é que ela gosta sexualmente de mulheres também, por isto ela falou que fazer a operação definitiva mexeria muito com a dor psicológica e física. Acredito que talvez ela não faça. Quanto a Ariadna acredito que ela se sinta mulher e resolveu fazer, vi uma foto dela e a vagina dela parecia perfeita, aliás dizem que na Tailândia fazem elas bem anatômicas...rsrsr. Mas aqui em Porto Alegre tem um médico muito famoso(não me recordo o nome no momento) em fazer este tipo de cirurgia, pois ele desenvolveu uma técnica que permite que a trans tenha 50% de sensisbilidade orgástica na região da neo vagina depois de operada.Parece que ele constrói um clitóris com uma parte da ponta do prepúlcio onde tem as terminaçãoes nervosas. A trans Maite Sheneider, de Curitiba em seu site "Casa da Maite" explica e dialóga muito sobre isto e o drama que ela passou fisicamente com o pós operatório mal feito, etc. A dica do Fausto é muito boa também.

Anônimo disse...

Avisa ao Papai Urso que a Nany People fez sim a operação, apenas não divulga publicamente. Virou mulher.

[ joe ] disse...

assisti à entrevista no Fantástico, achei ela fofa, mas fiquei chocado quando ela disse que as coisas nunca são fáceis pra ela, que "não tem um lado bom em ser transexual". fiquei sentido.

[j]