Enquanto eu estava assistindo a Bruna Surfistinha fiquei pensando naquele tempo em que filme nacional era sinônimo de enredo sem pé nem cabeça, fotografia ruim e som péssimo - e como o cinema nacional evoluiu nos últimos anos.
Bruna Surfistinha é um filme competente. Embora todo mundo já conheça a história da garota de classe média que larga tudo para ser garota de programa, o enredo não deixa a história ficar maçante. A única exceção são as poucas partes em que há alguma tentativa de atribuir culpa à família ou de tentar justificar o comportamento da protagonista com alguma teoria psicológica da busca por 'sentir-se amada'. Pura balela que não convence. Felizmente estes momentos são poucos. Quando Raquel Pacheco Pinto resolveu despirocar legal e virar Bruna ela sabia muito bem o que estava fazendo e sua motivação era unicamente a grana.
Déborah Secco é muito mais bonita que a Bruna verdadeira e tem um semblante mais digno, o que ajuda o filme a não resvalar para a vulgaridade apesar de mostrar cenas de sexo praticamente o tempo todo. Seu desempenho é corajoso. Mas o filme também é de Drica Moraes - a gerente do bordelzinho no centro de São Paulo onde Bruna arruma seu primeiro emprego, e Fabiula Nascimento - uma prostituta de personalidade forte, ambas em desempenhos memoráveis.
Uma cena ótima é quando as "meninas" estão em um salão de beleza e as outras clientes se sentem constrangidas com o vocabulário vulgar. Após a primeira reclamação as garotas rodam a baiana com toda a baixaria que lhes é peculiar - comprovando que uma puta emputecida é sempre um grande perigo.
O filme termina, apropriadamente, ao som de Radiohead com Fake Plastic Trees. "...She looks like the real thing / She tastes like the real thing / My fake plastic love / But I can't help the feeling / I could blow through the ceiling / If I just turn and run..."
4 comentários:
só rindo do seu post, um homen tao inteligente com um gosto tao duvidoso para cinema.
@Anônimo:
Obrigado pelo "homem inteligente".
Abraço,
**
Num fode que tem o Radiohead e a lindíssima Fake Plastic Trees?! Putz! que desperdício... Não gostei não, Luciano, mas ñ tem nada a ver c/ historia em si, mas justamente escolha de Secco p/ papel-título, vi entrevista c/ Raquel Pacheco, a real B.S., e descobri algo: ela ñ tem perfil de ex-prostituta, já a atriz parece ter encontrado o papel de sua vida que se confunde tb c/ sua vida pessoal: vulgaridade, capas de publicações de nu feminino e programas do Faustão que, claro enche a bola dela, enfim Secco fez c/ que eu ficasse em casa... Já cogito comprar os livros da ex-B. S. original, coisa impensada tempos atrás... Já Secco vai seguir mesmo sem mim p/ assisti-la arfando e arrashhhtando ashhh falashhhh e batendo cabelo e coisa e tal. Talvez o filme seja um sucesso porque como já disse acho a cara dela.
Ah.. agora vou revelar meus preconceitos: Globo filmes e Debora Secco... difícil pra mim, mesmo.
Abç!
Postar um comentário