Neste mundinho restrito em que convivemos, você já parou para pensar quantas pessoas já beijou por tabela? Já pensou que entre eu e você podem existir bem menos do que seis graus de separação?
Esta montagem abaixo unindo James Franco a Anne Hathaway por beijos ficou uma delícia. Lembrei-me até da cena final de Cinema Paradiso. Por que beijar é bom demais. E me animo de saber que, por tabela, talvez eu também já tenha beijado até o James Franco.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Por tabela
O Oscar e o futebol
Eu nunca consegui entender a paixão irracional dos homens fanáticos por futebol. A idolatria pelo time, as discussões intermináveis sobre se estava ou não impedido, e a impressionante memória para lembrar a escalação de todo o escrete do Corinthians naquele jogo contra o Piracicaba numa tarde de sábado de 1992. Francamente, isto é demais para a minha cabeça.
Mas acho que consegui encontrar um paralelo no mundo gay. O futebol do mundo gay é o Oscar. Nas últimas semanas eu presenciei a paixão irracional pelo cinema sacudir os fanáticos com a mesma intensidade que a bola sacode a rede na hora do gol. E ouvi comentários tão insensatos e absurdos quanto os proferidos pelos torcedores do Corinthians ou do Piracicaba.
Ouvi amigos saindo do cinema depois de O Cisne Negro decretando que estava ali o vencedor do Oscar. Mas quando questionados sobre como este filme se compara com os demais concorrentes não sabiam responder pelo simples motivo de não terem visto nenhum dos outros. Hello-o-o-o!!!
O filme que a gente acha que deve ganhar é sempre aquele que a gente adotou por puro gosto pessoal. Só isso. Opinião pura e absolutamente pessoal. Quando alguém escreve que houve injustiça, isso só significa mesmo que o filme que ganhou não foi o que ele queria que ganhasse. Basta comparar os palpites publicados por quem entende de cinema e que realmente viu todos os filmes e ver que não há o menor consenso. Exatamente como no futebol, em que o time que deve ganhar é sempre o time para o qual se torce independente de como ele jogue.
De qualquer forma, eu, pessoalmente, não gostei nem de O Cisne Negro nem de A Rede Social - achei ambos muito chatos. E adorei O Discurso do Rei. Então estou contente que o meu gosto pessoal tenha coincidido com o resultado.
Agora, de tudo isto, só não entendo porque a Rede Globo continua comprando os direitos de transmissão para apresentar aquela porcaria vergonhosa que ninguém assiste mesmo. A transmissão já começa no meio da festa. O foco principal são os dois comentaristas no estúdio, com José Wilker fazendo cara de José Wilker e dizendo obviedades do tipo "este filme é muito bom mesmo". Pelo menos as transmissões do futebol demonstram mais respeito pelo espectador.
Desconhecido
Desconhecido é daqueles filmes que fazem os apreciadores de filmes cabeça de alta cultura torcerem o nariz porque é cheio de ação e tem cenas vertiginosas de perseguição. Já chega com o carimbo de "proibido gostar" nestes tempos de Oscar e de filmes pretensamente herméticos e cheios de diálogos incompreensíveis que fazem a cabeça das plateias eruditas. Mas o filme não perde de vista durante um único segundo o principal objetivo do cinema: entretenimento. Um ingrediente muitas vezes esquecido no "cinema arte".
domingo, 27 de fevereiro de 2011
Agora vai
O deputado Jean Wyllys está chegando com muita vontade de lutar pelos direitos LGBT, e o melhor de tudo: ele está escolhendo as armas certas. Nesta semana a frente parlamentar evangélica está preparando uma ofensiva para reverter o direito concedido aos casais homossexuais de incluirem o parceiro na declaração de imposto de renda. Vocês acham que o Jean Wyllys pegou o microfone da câmara e fez um discurso lindíssimo para aquele público de toupeiras ignorantes sobre como somos dignos, e bonitinhos, e cheirosos, e merecemos o respeito de todos, e pagamos impostos, e somos discriminados, e patati patatá patatá patacolá?
Não. O Jean Wyllys resolveu usar o mesmo argumento legal dos colegas evangélicos para questionar o fato de as igrejas não prestarem contas à população sobre a imunidade fiscal de que gozam. Bravo! Bravíssimo! Em primeiro lugar, porque se as atividades das igrejas são financiadas com o dinheiro que sai do meu bolso eu quero saber como isto está acontecendo. Em segundo, porque esta é uma estratégia realmente inteligente e que pode surtir efeito.
Já está todo mundo cansado de ficar falando com um bando de ignorantes que têm a inteligência de uma ameba e que ouvem tanto quanto uma porta de aço. A notícia completa está aqui.
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Bruna Surfistinha
Enquanto eu estava assistindo a Bruna Surfistinha fiquei pensando naquele tempo em que filme nacional era sinônimo de enredo sem pé nem cabeça, fotografia ruim e som péssimo - e como o cinema nacional evoluiu nos últimos anos.
Bruna Surfistinha é um filme competente. Embora todo mundo já conheça a história da garota de classe média que larga tudo para ser garota de programa, o enredo não deixa a história ficar maçante. A única exceção são as poucas partes em que há alguma tentativa de atribuir culpa à família ou de tentar justificar o comportamento da protagonista com alguma teoria psicológica da busca por 'sentir-se amada'. Pura balela que não convence. Felizmente estes momentos são poucos. Quando Raquel Pacheco Pinto resolveu despirocar legal e virar Bruna ela sabia muito bem o que estava fazendo e sua motivação era unicamente a grana.
Déborah Secco é muito mais bonita que a Bruna verdadeira e tem um semblante mais digno, o que ajuda o filme a não resvalar para a vulgaridade apesar de mostrar cenas de sexo praticamente o tempo todo. Seu desempenho é corajoso. Mas o filme também é de Drica Moraes - a gerente do bordelzinho no centro de São Paulo onde Bruna arruma seu primeiro emprego, e Fabiula Nascimento - uma prostituta de personalidade forte, ambas em desempenhos memoráveis.
Uma cena ótima é quando as "meninas" estão em um salão de beleza e as outras clientes se sentem constrangidas com o vocabulário vulgar. Após a primeira reclamação as garotas rodam a baiana com toda a baixaria que lhes é peculiar - comprovando que uma puta emputecida é sempre um grande perigo.
O filme termina, apropriadamente, ao som de Radiohead com Fake Plastic Trees. "...She looks like the real thing / She tastes like the real thing / My fake plastic love / But I can't help the feeling / I could blow through the ceiling / If I just turn and run..."
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Ninguém merece...
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Eu também, Mark
Eu tenho medo de cruzar com o Mark Ruffalo pela frente algum dia pois sei que vou dar o maior vexame. Eu vou querer agarrá-lo e não soltar mais. Este olhar de me-abraça-e-toma-conta-de-mim é dos mais fortes e sinceros que já vi.
A felizarda da esposa dele tem um nome lindo: Sunrise. Os dois gravaram um vídeo divulgado hoje para a campanha da igualdade no casamento no estado de Nova York. Eles querem um mundo mais justo para seus três filhos. Eu também, Mark. Eu também.
Santa Claudia Raia da pá virada
Ti-ti-ti é cheia de encantos. Além da deliciosa história de amor que está se desenvolvendo entre o Julinho (André Arteche) e o Thales (Armando Babaioff) a novela tem personagens responsáveis por verdadeiros shows. Como Claudia Raia.
Claudia Raia tem um papel escrito sob medida para comportar toda a sua histrionice, o que tem rendido cenas muitíssimo mais engraçadas que qualquer programa de humor no ar atualmente. No começo da semana, quando alguém lhe perguntou se ela não se preocupava com sua reputação ela soltou "minha filha, desde aquele fatídico réveillon no Boqueirão em 1989 que a palavra "reputação" foi expurgada do meu dicionário!". Impagável.
Na trama ela sabe que o marido Thales é gay e está apaixonado por alguém, mas nem desconfiava que o objeto da paixão do "marido" era justamente o amigo Julinho. Até ontem, quando caiu a ficha - em uma cena engraçadíssima.
A cena começa com Julinho chateado ao ver que o dr. Eduardo, por quem ele curtia uma paixonite, está de namorada nova. Sai chateadinho do hospital e dá de cara com a Jaqueline, que é sempre como um furacão por onde passa. Depois de ver a cena, você ainda vai ficar aí parado com o cotovelo cheio de calos?
(Se a postagem do video der erro, assista aqui).
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
O rei está nu
Já assistiu a O Discurso do Rei? Notou alguma coisa familiar? Algumas das locações usadas no filme, principalmente o consultório de Lionel Logue (Geoffrey Rush), já foram utilizadas há alguns anos atrás pela UK Hot Naked Men, uma produtora de filmes pornôs gays. A prova está aqui.
Impressão minha ou o consultório ficou, assim de repente, muito mais interessante?
Dois pesos, uma medida
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) julga hoje ação que visa estender o instituto da união estável aos casais homossexuais no Brasil. Atualmente, juridicamente falando, as uniões de pessoas do mesmo sexo são consideradas sociedades comerciais e não familiares. Já houve várias decisões favoráveis a partilha de bens e adoção, em diversos tribunais, mas são decisões pontuais.
A relatoria coube à ministra Nancy Andrighi, que é favorável ao reconhecimento, e que declarou que o julgamento dará definição mais clara aos direitos dos homossexuais.
Há indícios fortes que a decisão será favorável ao reconhecimento. Com a união estável juridicamente reconhecida será possível, por exemplo, incluir o parceiro no plano de saúde e estender a ele os direitos de partilha e herança.
A ação de hoje se originou no Rio Grande do Sul, onde um casal homossexual se separou depois de 11 anos e um dos cônjuges conseguiu na justiça de primeira instância a partilha de bens e pensão alimentícia, mas a pensão alimentícia acabou revogada pelo Tribunal de Justiça do Estado. O parceiro derrotado recorreu então ao Superior Tribunal de Justiça, que é um dos órgãos máximos do Poder Judiciário no país, cuja função primordial é zelar pela uniformidade de interpretações da legislação brasileira. A decisão de hoje vincula todas as cortes abaixo do STJ e passa a valer para todo o país.
Mesmo que nada disto lhe interesse, a decisão tem, no mínimo, o valor simbólico de reconhecer a sua relação com seu namorado como uma família e não uma lojinha. Isto se chama RESPEITO.
ATUALIZAÇÕES:
08:30 - O tema deve gerar muito interesse da mídia durante o dia. O R7 já menciona a decisão de hoje como "histórica".
17:00 - A votação foi suspensa devido ao pedido de vista do ministro Raul Araújo e não há prazo para que o processo seja levado novamente a plenário. Até o pedido de vista a votação estava em 4 a favor e apenas 2 contra.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
Celebrando a diversidade
Houve um tempo em que os comerciais de produtos de beleza só mostravam seres absolutamente perfeitos até no último cílio do olho esquerdo. Nos dias de hoje em que o planeta se contorce freneticamente para adotar uma nova ordem mundial para as coisas, com déspotas tiranos caindo à taxa de 3 por mês e populações que antes viviam no escuro mostrando a cara com orgulho, a propaganda do novo perfume do Thierry Mugler é uma celebração à diversidade. A estrela principal do belíssimo comercial do A*Men é Oscar Pistorius, 24 anos, sul-africano, campeão paraolímpico de atletismo, que tem as duas pernas amputadas desde os 11 anos de idade.
Trans parente
O argentino Alejandro e a brasileira Lea T. |
Só muito recentemente os transexuais têm recebido alguma exposição. O Big Brother argentino continua em andamento e o transexual Alejandro continua no páreo. Alejandro espera vencer o programa para poder custear a cirurgia de mudança de sexo com o implante de uma prótese. E mais recentemente os olhos do mundo todo se voltaram para a modelo internacional brasileira Lea T.
Na entrevista que Lea T. deu ao Fantástico (abaixo) achei muito bacana a forma carinhosa como ela se refere ao pai, o jogador Toninho Cerezo. Na época em que Lea T. estava despontando circularam rumores que o jogador seria homofóbico e que renegava a filha, o que aparentemente não é verdade. É também tocante a forma franca como ela cita a falta de perspectiva que os transexuais vivem - invariavelmente recorrendo à prostituição como forma de subsistência.
Por último, uma constatação que não me ocorria até assistir à entrevista. Ela não se considera homossexual, e demorou muito para começar a namorar porque não tinha vontade de sair com gays. Ela não sente atração pelo mesmo sexo - ela está no corpo errado! Isto é bastante complexo e requer uma dose extra de compreensão.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Baixo demais?
Eu acho legal esta moda variação do sagging - a tendência dos caras usarem a calça com o cós baixo. Desde que esta moda viralizou tem aumentado muito a oferta de cuecas transadas e menos monótonas que as cuecas do tempo do papai. Além disso, roupa de baixo sempre foi um fetiche poderoso, e a simples visão de uma pequena nesga da cueca ou da pele de um cara gostosão tem um efeito lúbrico impressionante.
Mas, nem tudo é perfeito. Acho absolutamente ridículo aquele sagging exagerado dos cantores americanos de hip hop que deixam a calça nas coxas. Nada a ver. E, como toda moda, também não é para todos. Obesos, idosos e gente sem estilo precisam aumentar a dose de semancol e pedirem que alguém os amarre em casa se começarem a sentir vontade de adotar a moda.
Nos Estados Unidos o sagging é proibido em escolas, e algumas cidades já têm leis especiais há mais de cinco anos criminalizando o sagging nas ruas. Na maior parte das vezes eles estão se referindo ao sagging exagerado que deixa às vezes a calça mais baixa do que o limite inferior da cueca.
Na tentativa de achar o limite da decência muita gente tem discutido até que altura as calças podem baixar. Se perguntassem para mim eu diria que depende. Para estes três rapazes que ilustram a postagem, por exemplo, seria um crime e um pecado impor qualquer limite.
domingo, 20 de fevereiro de 2011
Orgulho no Brasil
Thiago e João |
Algo assim era impensável há 10 anos. Independente de o fato ter tido final feliz pela sorte da localização geográfica como bem lembrou o Daniel, o fato em si e a repercussão toda são muito positivos. É muito bom ver gente lutando por seus direitos. É muito bom ver que o Brasil inteiro está lendo sobre isto. É muito bom ver que o cinema pediu desculpas e que hoje em dia ninguém quer ser associado à homofobia, que já está assimilada pela população como algo vil e cruel.
Aqui na minha cidade de São José dos Campos, estado de São Paulo, a rede CineSystem promove toda quinta-feira o "dia do beijo". O casal que se beija na boca na hora da compra dos ingressos leva dois ingressos pelo preço de um. Já perguntei e me confirmaram: a promoção também é válida para casais do mesmo sexo - o beijo gay aqui está liberado e ainda rende ingresso de graça!
sábado, 19 de fevereiro de 2011
A etiqueta do pinto
Uma amiga minha se apaixonou por um pinto. Mas, como ela mesmo dizia, o problema é que o pinto vinha com um grande babaca acoplado na extremidade e o conjunto completo não valia a pena.
Mas o meu objetivo nesta postagem é outro. É falar da etiqueta do pinto. Porque, que eu saiba, ninguém ainda lançou um manual com dicas úteis tipo usar para a direita ou para a esquerda, ou para cima ou para baixo. Danusa, Glorinha - quando sai o próximo manual?
Para o bonitão Jon Hamm, quanto mais evidente melhor. Eu já falei dele aqui. Ele gosta de deixar as pessoas incomodadas com aquela coisa gritando lá dentro da calça. Impossível não notar.
Mas, para Lea T., a filha do Toninho Cerezo, primeira modelo internacional transexual, o problema é o oposto. Oprah Winfrey entrevistou a modelo na quinta-feira passada e quis saber como ela faz para esconder o pinto em uma sessão de fotos ou na passarela. E ela respondeu.
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
Contos de fadas
Você já experimentou repensar os problemas que tinha há 10 ou 20 anos e descobriu que, com a maturidade, os problemas adquiriram uma perspectiva completamente diferente? Alguns não mudaram nada, mas deixaram de ser problemas - o que já é um grande progresso.
É sempre interessante reler o passado com a experiência do presente. Por isso eu gosto destas novas interpretações que são dadas aos tradicionais contos de fadas. Quando ouvimos estas histórias pela primeira vez éramos muito crianças para conseguir entender toda a complexidade e todas as perspectivas que estas histórias podem ter.
A Bela e a Fera e Chapeuzinho Vermelho são dois contos que tiveram versões recentes para adultos. Nos dois casos as tradicionais histórias infantis ganharam cores de horror. Quero ver.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Breve nas melhores casas do ramo
Se você é normal, então certamente já experimentou uma noite de sexo selvagem daquelas que começam no banco do carro, passam para o sofá da sala e terminam no tapete. E depois voltou para casa com os cotovelos e joelhos ralados e nem se lembra como isso foi acontecer. A cena é familiar? Pois então seus problemas acabaram.
A Diesel da India acabou de lançar, em tempo para os países que comemoraram o dia dos namorados no dia de São Valentim em fevereiro, o Knee-J - protetor para joelhos. O nome do produto foi estrategicamente escolhido para rimar com BJ em inglês, a sigla para blowjob, que atende em bom português pelo nome de boquete, chupeta, ou outras denominações.
Por enquanto o produto estará disponível apenas na cor preto-felação. Garanta já o seu e diga adeus aos joelhos ralados!
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Priscilla
Se você tem viagem marcada para Nova York nos próximos meses anota aí: a montagem teatral de Priscilla, Queen of the Desert estreia na Broadway daqui duas semanas, no dia 28 de fevereiro. A trilha sonora é imperdível e inclui sucessos inesquecíveis dos anos 70 (Venus, MacArthur Park, Go West, Don't Leave Me This Way...).
Parece diversão garantida tipo "recupere seu alto astral ou seu dinheiro de volta". Muita viadagem, muita bichice, muita alegria, muita música boa. Se só o teaser aí embaixo já levanta o dia, imagine assistir à peça toda.
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
É a mãe!
Há muito tempo atrás eu li um texto no blog do Tony Goes que me chamou bastante a atenção e com o qual eu concordo integralmente. O Tony discorria sobre como o movimento pela conquista de direitos pela comunidade GLBT precisava mostrar uma cara mais familiar. Que a adesão por partes mais conservadoras da população aumentaria quando o movimento começasse a mostrar os pais, os avós, os irmãos, os filhos, enfim - as famílias, da população GLBT para reforçar a ideia de que somos pessoas absolutamente normais. Se não me engano, o assunto originou de um comentário sobre como a Parada do Orgulho Gay no Brasil atrai atenção normalmente sobre os gays mais exóticos e fantasiados - reforçando justamente os estereótipos.
É reconfortante ver que nos Estados Unidos o movimento já está nesta fase de os familiares dos gays saírem do armário. Há duas semanas o garotão Zach Wahls apareceu em uma audiência pública no estado de Iowa para defender brilhantemente suas duas mães e a educação que recebeu delas. O discurso de Zach foi tão inspirador que outros familiares resolveram pegar em armas para defender seus entes queridos. Como esta simpática senhora de 80 anos de idade que fez este vídeo para falar do filho, que vive com o parceiro há 30 anos. Ela explica sobre o processo de aceitação que teve que atravessar, que não foi fácil. Ela diz que ama o filho, sente orgulho dele, e exige respeito!
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Bravura indômita
Eu estava cheio de preconceito com Bravura Indômita (True Grit, 2010). Para começar, não gosto muito de faroeste. Além disso, acho o Jeff Bridges chato. E, convenhamos, algo que se chama 'bravura indômita' também não anima muito. Tudo bem que eles tinham que ser fiéis ao título do romance e da versão filmada em 69 com o John Wayne, mas você por acaso já ouviu sua vizinha comentar sobre algum cachorro indômito, por exemplo? Ainda bem que venci o preconceito e fui assistir ao filme, que é empolgante do começo ao fim.
O filme é realmente de Hailee Steinfeld, que interpreta Mattie Ross, a garota de 14 anos que contrata um agente federal e sai pelo Oeste selvagem à procura do assassino de seu pai. Hailee Steinfeld, que tem mesmo 14 anos na vida real, só foi indicada ao Oscar como atriz coadjuvante para que suas chances aumentassem, mas ela é praticamente a única personagem feminina e sem dúvida alguma a grande estrela do filme. É implacável, rápida com as palavras, esperta, sagaz, muito teimosa, e absolutamente destemida. Faz um grande contraste na presença dos homens sujos, bêbados, rudes e sebosos do velho Oeste. Tão sujos e sebosos que Jeff Bridges, Matt Damon e Josh Brolin ficam quase irreconhecíveis.
Em uma cena memorável e muito bem desenvolvida a garota negocia com um banqueiro que ela acredita estar roubando de seu falecido pai. Usando a mesma lógica tortuosa do banqueiro em frases rápidas e certeiras ela consegue levar a melhor na negociação. A perspicácia e a coragem inabalável desta menina de 14 anos em uma terra onde só se vence pela força bruta são a grande graça do filme.
domingo, 13 de fevereiro de 2011
O discurso do rei
Uma das grandes dificuldades de qualquer filme é a criação de personagens que convençam como humanos. Esta dúvida não existe em O Discurso do Rei, e talvez seja este um dos maiores trunfos do filme: os personagens são decididamente de carne e osso.
Outro trunfo do filme está no trio excepcional de atores, todos em desempenhos com indicações para Oscar. Colin Firth é o Duque de York que mais tarde se torna Rei George VI, um homem tímido e hesitante que tem um problema seriíssimo de gagueira psicológica, Geoffrey Rush é o terapeuta plebeu que vai tratar o problema do rei e com quem vai desenvolver uma amizade que é o mote principal do filme, e Helena Bonham Carter é Elizabeth, a fiel e compreensiva esposa do rei que atua como o equilíbrio que possibilita a adoção da solução plebeia para o problema real.
Os personagens são facilmente identificáveis no cenário histórico mundial. George VI era o pai da Helen Mirren, oops!, da Rainha Elizabeth II (que aparece criança no filme ao lado da irmã Margaret), e Helena Bonham Carter é a rainha Elizabeth, mãe de Elizabeth II, que foi muito querida pelos ingleses e ficou conhecida como Rainha Mãe depois da coroação da filha, tendo falecido em 2002 aos 101 anos de idade.
O filme tem alguns pequenos detalhes deliciosos: quando estão sozinhos a realeza tem dificuldade até para fechar uma simples porta de elevador (reis não estão acostumados a abrir e fechar portas porque sempre alguém o faz para eles). E Elizabeth tem sempre uma balinha de açúcar na bolsa, o que justifica o fato de ter se tornado a Rainha Mãe roliça que todos viemos a conhecer.
Helena Bonham Carter é a rainha mãe. |
O excelente roteiro, que também recebeu indicação ao Oscar para melhor roteiro original, consegue a proeza de desenvolver uma história cativante envolvendo reis, sucessão e guerras, onde o único vilão é o microfone.
sábado, 12 de fevereiro de 2011
Burlesque
Burlesque é como um sundae de caramelo cheio de calda de chocolate e salpicado de amêndoas e groselha, sem valor nutritivo nenhum e ferozmente condenado, mas que a gente ingere por puro prazer mesmo que fique com uma pontinha de culpa depois. Porque se o cinema fosse feito só dos delírios obsessivos de uma bailarina maluca ou da seriedade dos dramas insolúveis de gente que parece que nasceu para sofrer, então a vida não teria a menor graça.
Uma pena que o filme tenha flopado feio nos Estados Unidos - acho que faltou um pouco de senso de humor no público. Sim, Christina Aguilera atua com a naturalidade de uma rosa de plástico. Sim, Cher parece um efeito especial de computação gráfica. Sim, as mocinhas do cabaré têm a inocência de noviças de um convento. Sim, o roteiro tem a profundidade de um pires. Mas banalidade e inocência são justamente os dois mais fortes ingredientes do camp. Depois que começar a fazer sucesso em DVD o filme tem tudo para virar o novo Xanadu.
Eu achei tudo divertido - os números musicais, as coreografias, as músicas. Christina Aguilera tem uma voz impressionante! E o filme ainda é bastante generoso com o super-gato Cam Gigandet, que fez o vampiro James em Crepúsculo e que atraía Bella para um casarão vazio e no final morria estraçalhado e queimado. Em Burlesque ele é Jack, o barman do cabaré que ajuda a personagem da Christina Aguilera quando ela chega em Los Angeles com uma mão na frente e a outra também. Cam Gigandet virou um gato de fechar o comércio.
A sessão estava cheia de bibinhas novas. Eu não sabia que Cher continuava fazendo sucesso entre a nova geração. Ou estariam lá pela Christina Aguilera? De qualquer forma, com esta cara a Cher pode até fazer par romântico com Justin Bieber no próximo filme. Se não a conhecesse eu diria que ela tem no máximo 14 anos. As bibinhas conheciam várias das músicas de cor e chegaram a aplaudir algumas cenas. Mais um sinal que o filme tem tudo para fazer carreira, embora não a carreira originalmente planejada.
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Cara nova para o facebook
Você já imaginou abrir sua página no facebook como se fosse um jornal? O navegador Chrome lançou um aplicativo gratuito que faz exatamente isto. O PostPost é baixado e se autoinstala em 3 segundos. A partir daí, é só fazer o login com seus dados do facebook e voilà! - ao acessar o site aparece o jornal escrito pelos seus amigos e contatos que se autoatualiza constantemente com as postagens mais recentes em cima.
Qual a vantagem? É muito mais legalzinho para os olhos (em vez do salsichão da página do facebook) e você ainda pode separar vídeos, links, fotos, etc. Agora, o melhor de tudo: o PostPost tem um campo de busca no canto superior esquerdo que, além de buscar nas notas publicadas pelos seus contatos, busca a informação também no conteúdo das páginas linkadas mesmo que delas conste apenas o link. Magavilha!
Daqui a pouco vão lançar outro jornalzinho destes com o conteúdo dos blogs que a gente segue. Pensando bem, melhor não. Gosto de receber visitas aqui.
Conselho de amiga
Eu já falei aqui mais de uma vez sobre a delícia que é o texto de Ti-ti-ti e a forma como os personagens gays são tratados. Mas, nunca é demais repetir.
Ontem, para todo o Brasil, numa cena lindíssima ao som de John Mayer cantando Heartbreak Warfare, o personagem indeciso vivido pelo gato Armando Babaioff ouviu o melhor conselho que se pode ouvir de uma amiga verdadeira. Porque os amigos sempre sabem. Eles só esperam a melhor hora para tocar no assunto.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Cisne negro
Acho que eu era a única pessoa deste lado da galáxia que ainda não tinha visto Cisne Negro. Vi hoje à noite. Agora o filme já pode sair de cartaz porque aparentemente todo mundo já viu.
Gostei, sem muita empolgação. Achei um bom filme - só isto. Não é cinemão, muito pelo contrário - o filme vai ficar muito bem em vídeo sem perder nada. Não tem fotografia bonita e não é muito agradável de ver, e para mim passou muito longe de ser um filme perturbador como soem ser os filmes sobre a loucura. Em alguns momentos me lembrou Psicose, do Hitchcock, mas sem conseguir o mesmo envolvimento. Fiquei com a sensação de ter assistido a um bom filme de televisão.
Acho também que o filme carrega o peso de ter sido lançado muito perto da entrega do Oscar. Algumas críticas que eu li estavam mais preocupadas em justificar porque o filme merecia o Oscar ou não, ou porque a Natalie Portman merecia o Oscar ou não. Ficou difícil separar as duas coisas. O Oscar virou um peso para o filme.
A reação do público não me pareceu muito positiva. Acho que o filme vai ter carreira curta nos cinemas - não vai passar no teste da propaganda boca a boca do grande público.
Minha vida é uma novela
Nos anos 70 não havia uma oferta tão grande de músicas, cantores e estilos musicais como hoje. Não havia internet, os filmes de cinema demoravam até 6 meses para estrear por aqui, a televisão estava começando a ganhar cores. O acesso ao novo era limitado. Uma das portas de entrada para uma música fazer sucesso era a trilha sonora de uma novela.
Os discos com as trilhas das novelas eram também excelente veículo para os cantores de um sucesso só. Vários nomes sem rosto explodiram da noite para o dia para nunca mais conseguir voltar à parada de sucessos.
Eu não entendo porque a Som Livre nunca reeditou estes discos em CD. Eles só existem na versão original em vinil da época. Considerando que a maioria dos fãs desta época são hoje respeitáveis senhores e senhoras na faixa dos 50 anos com situação financeira estabilizada e que gostam de ter o disco físico, a reedição provavelmente seria um sucesso comercial.
Mas nem tudo está perdido. Alguns fãs saudosos se deram ao incrível trabalho de recuperar e remasterizar estas trilhas sonoras e disponibilizá-las de graça em blogs e sites dedicados à memória afetiva de quem curtiu esta época. É uma das belezas da internet, que permite que muita gente se dedique a disponibilizar conteúdo com a mesma dedicação de um emprego, embora sem salário, pelo puro tesão de fazerem o que gostam.
Dá só uma espiada no que fazia a cabeça das pessoas naquela época:
Mason & Dixon - Acapulco Gold (da trilha sonora de "O Cafona", 1971):
Laurent & Mardi Gras - Mary Blind Mary (da trilha sonora de "Selva de Pedra, 1972):
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
O espólio de Lula
Com um mês de governo novo já é possível olhar com isenção a herança deixada pelo antecessor. O espólio do governo Lula é, sem dúvida, positivo. Mas acho que há uma herança maldita da qual ainda vamos nos arrepender muito no futuro: a aniquilação da oposição.
O governo Lula conseguiu transformar a oposição em um fiapo sem voz e sem força. O que sobrou da oposição são alguns nomes isolados, desorganizados e desarticulados. O governo tem força para brecar qualquer tentativa de CPI e para aprovar o que lhe der na telha.
Sinto saudades do tempo do PT na oposição. Brigavam por nada. Implicavam com tudo. Agora lemos notas no jornal sobre os passaportes diplomáticos da família do ex-presidente, pequenos escândalos aqui e acolá que não conseguem alçar vôo, problemas com a nossa política energética que geram apagões, coisas assim. Mais parecem notas de rodapé. Os problemas não ganham momentum quando não há oposição gritando.
E de pensar que o PT havia sugerido o impeachment do FHC quando houve o apagão no governo dele. No apagão de agora, menos de uma semana depois, até a notícia se apagou...
DST acaba com a gente
Não, eu não estou falando de doenças sexualmente transmissíveis mas do horário de verão, conhecido internacionalmente por DST (de daylight saving time). Já comprovaram que é bom para o país, que há uma grande economia de energia, etc. e tal. Tudo bem, mas será que precisava durar tanto tempo? No início e no final do período, quando os dias já não são mais tão longos quanto no apogeu do verão, a diferença de horário é muito mais difícil de suportar. E estes últimos dias têm sido realmente de lascar.
Esta sensação constante de jet lag quando a gente já acorda cansado e com a impressão que está perdendo a hora, e depois não sente sono à noite na hora em que deveria ir para a cama. Esta dificuldade de concentração que nem dezenas de cafezinhos resolvem. É sinal que o relógio biológico está reclamando.
Se fizessem um estudo talvez descobrissem que toda a economia feita durante o horário de verão é perdida com a diminuição do rendimento das pessoas no início e do final. Eu olho para o calendário e ainda faltam mais de dez dias... dai-me força! Será que é só comigo?
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Miojo gourmet
Em artigo muito bem humorado publicado na Folha de S. Paulo de hoje sob o título "Preguiça de papo gourmet" (texto completo nos comentários), Iara Biderman destroi a falácia da comida gourmet. Segundo ela, e eu concordo, comida é para comer e ficar satisfeito, não para ficar falando. E prato gourmet só faz sentido na descrição. Baseia-se mais na cuidadosa escolha das palavras para descrever o prato do que na comida em si.
A colunista lembra uma pergunta de Nina Horta, dona do bufê Ginger: "Você já entrou na casa da sua vizinha e viu ela comendo javali com molho de blueberry e agrião doce?" Realmente, uma descrição destas é de encher os ouvidos e o prato talvez seja de encher os olhos - mas, e o estômago? Comida gourmet é mesmo como uma obra de arte - alimenta o espírito. Mas muita gente sai do restaurante chique e vai correndo comer um sanduíche de pão com mortadela para conseguir parar em pé o resto do dia.
Mas o ponto do artigo é mesmo avisar que a turma do frango, dobradinha, farofa, macarronada, bife, arroz, feijão, linguiça - ou seja, comida de gente - está saindo do armário e perdendo o medo de confessar que gosta de se alimentar com algo mais do que palavras.
Lembrei-me muito de quando ofereci café com bolo de fubá para uns amigos enquanto assistíamos a um filme aqui em casa. Notei que torceram o nariz. Mas quando mudei o nome para bolo de milho aceitaram sem hesitar.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Santuário
Por que será que todo filme de ação e aventura tem que incluir personagens chatérrimos que ficam discutindo a relação o tempo todo? E famílias partidas que vão se redescobrir ao lutarem juntas pela sobrevivência?
Santuário (Sanctum, 2011) tem cenas lindíssimas filmadas embaixo d'água em 3D (com o mesmo equipamento utilizado em Avatar, lembra o cartaz do filme), muito perigo em situações claustrofóbicas com os personagens tendo que escapar por passagens submersas de diâmetro pouco maior do que o do próprio corpo e chegando do outro lado com o último fôlego, técnica 3D bem aproveitada (que pela primeira vez não me cansou os olhos) e páginas e mais páginas de diálogos intragáveis proferidos por personagens insuportáveis que felizmente vão morrendo à taxa de um a cada cinco minutos. Em um determinado momento eu cheguei a pensar que não haveria sobreviventes, mas é claro que sempre tem que sobreviver pelo menos um para contar a história.
O enredo é baseado em relatos reais de uma expedição que se encontrava no interior da maior caverna do mundo na Papua Nova Guiné quando foi surpreendida por um furacão e teve que se embrenhar pelos lagos, rios e passagens da caverna à procura de uma outra saída. Uma sugestão: tome um chá de camomila antes, leve seu iPod com uma trilha new age, e curta só o visual do filme como um longo videoclipe 3D.
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Não se reprima
Para a grande maioria dos mortais, sair do armário é um processo que pode ser bastante longo. Mas a regra não se aplica às celebridades. Para uma celebridade, sair do armário significa estampar a capa de alguma revista de circulação razoável com os dizeres "Sou gay" abaixo da foto. Ou, nas versões mais recentes, pelo Twitter ou facebook. Não importa se a pessoa em questão leva uma vida completamente aberta com os amigos e a família - enquanto ela não se assume publicamente a imprensa não a trata como gay assumida. Medo de processos por difamação e calúnia por parte da imprensa, medo de danos à carreira por parte da pessoa. Queen Latifah, por exemplo, vive com a parceira Jeanette Jenkins há muito tempo. São vistas juntas o tempo todo. Mas, para todos os efeitos, Queen Latifah não é assumida.
Nas últimas semanas foi oficialmente noticiado que os cantores Jonathan Knight (foto) do New Kids on the Block e Clay Aiken são gays. Quando procurados pela imprensa, eles vieram com a mesma explicação - que sempre tiveram uma vida aberta e nunca esconderam de ninguém o fato de serem gays. Melhor assim. Pelo menos daqui pra frente acaba a especulação.
O fato é que as celebridades têm se sentido muito mais à vontade para tratar do assunto. Não há mais necessidade de ficar se explicando, justificando ou desculpando. Até me impressiono com a franqueza com que o próprio Ricky Martin passou a tratar o assunto, como nesta entrevista recente para a TV brasileira:
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Como a asa da graúna
No futuro, quando o conhecimento for mais avançado do que hoje, certamente os cientistas vão encontrar uma explicação para o fato de alguns homens desenvolverem apego doentio ao poder. E certamente vão também conseguir explicar a relação entre este apego e a perda do senso de ridículo.
Eu tenho uma teoria. Estive analisando alguns homens com as características acima e verifiquei que todos eles usam a mesma tintura de cabelo. Acho que os cientistas deveriam começar por aí.
Ou vocês achavam que um homem consegue chegar nesta idade e ter os cabelos naturalmente negros como a asa da graúna?
Na foto: Zelaya (Honduras), Chávez (Venezuela), Mubarak (Egito), Sadam Hussein (Iraque), Berlusconi (Itália), Zine El Abidine Ben Ali (Tunísia).
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Mudando o mundo
Esta senhora de cabelos brancos e aparência frágil é a Dra. Nawal El Saadawi, fotografada ontem na Praça Tahrir, no Cairo, onde estão centralizadas as manifestações contra o ditador Mubarak. A Dra. Nawal é escritora, física, médica psiquiatra e ativista feminista com livros publicados sobre o papel da mulher no islamismo, e milita contra a prática islâmica da mutilação genital feminina.
Esta senhora de 80 anos poderia estar em casa brincando com os netos, com a consciência tranquila por já ter dado a sua contribuição para a sociedade. Em vez disso, ela fez questão de estar no centro da batalha por uma sociedade mais justa. Porque as pessoas que têm no sangue o gene da luta por um mundo melhor não conseguem descansar enquanto existe mesmo que um único pedido de socorro ecoando no espaço.
Muitas vezes temos que optar entre tomar uma atitude ou continuar sentados no sofá em frente à TV. Gritar bem alto, ou continuar omisso. Sentar e esperar que as coisas mudem, ou correr para a rua e mudá-las com as próprias mãos. Nestas horas é bom lembrar da Dra. Nawal.
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Isso não está cheirando bem
Você também acha o nosso Congresso uma desgraça? Tem piores. No Malawi, aquele país africano onde a Madonna foi adotar, o Congresso está debatendo a criminalização da flatulência. Não, isso não é uma piada.
Como se o assunto não fosse surreal por si só, já começou no país um debate sobre as consequências da nova lei. Primeiro, porque sendo muito difícil de identificar o "criminoso" com precisão, a população já começa a temer acusações injustas. Segundo, porque acredita-se que as crianças, quando acusadas, irão invariavelmente culpar os mais velhos na sala, o que poderia causar conflitos culturais constrangedores.
O Malawi é um dos países menos desenvolvidos e mais densamente povoados do mundo, e que tem os maiores índices de infecção pela AIDS. A expectativa de vida dos habitantes do país é de 50 anos. Mas, pelo nível das discussões e pela importância que estão dando à aprovação da nova lei, é de se achar que todos os outros problemas do país já tenham sido resolvidos.
Don Diego avisa
O amigo Diego do ótimo blog do Don Diego manda avisar que está vivo e muito bem. Ele está tendo alguns problemas com o Blogger e o blog está temporariamente fora do ar, mas retorna logo.
O Diego está subindo pelas paredes com a crise de abstinência por não ter podido postar nestes últimos dias e avisa aos amigos que reativou o Twitter (DieguitoRio).
Força, Diego!
Angus & Julia Stone
Eles são australianos, são irmãos, e a família toda sempre foi envolvida com música. O pai tinha uma banda que apresentava covers de sucessos consagrados, e Angus, Julia e a irmã mais velha apareciam às vezes, ainda pequenos, cantando com o pai. Em 2006 Angus & Julia Stone fizeram o primeiro lançamento oficial: um EP com cinco músicas. De lá pra cá não pararam mais, e a carreira já conta com três albums completos e oito EPs que incluem dois lançamentos exclusivos pelo iTunes: iTunes Live Session (Exclusive) e iTunes Live From Sydney.
É Angus Stone quem canta aquela belíssima versão de River, da Joni Mitchell, que fechou o episódio 10 (feriado de Ação de Graças) da atual temporada de Brothers & Sisters e que emocionou muita gente.
Angus & Julia Stone - And The Boys
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
The kid is all right
O estado americano de Iowa, que teve a igualdade no casamento reconhecida em 2009 pela via jurídica por meio de votação da suprema corte estadual está prestes a sofrer um retrocesso. A campanha contra os gays e contra os juízes que votaram a favor do casamento igualitário foi tão grande que o estado começou a rever o processo. Ontem promoveram uma audiência pública sobre o assunto. Entre as pessoas agendadas para falar estava Zack Wahls, de 19 anos, que fez um belíssimo discurso.
"Boa noite, Sr. Presidente, meu nome é Zach Wahls, sou da 6a. geração nascida em Iowa, estudante de engenharia na Universidade de Iowa, e fui criado por duas mulheres", começou ele. Zach tem duas mães e é uma pessoa perfeitamente normal. Eu um dado momento ele consegue resumir tudo com uma lucidez estonteante: "Seu voto não vai produzir nenhum efeito sobre suas famílias. Seu voto vai ter efeito sobre a minha". E mais: "A orientação sexual das minhas mães não teve nenhum efeito sobre o conteúdo do meu caráter".